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1 A carga alostática

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CA D. S A Ú D E C O L E T . , R I O D E JA N E I R O , 15 (2 ) : 257 - 274, 2007 – 257
A CARGA ALOSTÁTICA: UMA REVISÃO
Allostatic load: a review
Silvio da Rocha Carvalho1
RESUMO
O objetivo deste artigo é rever e discutir o conceito de carga alostática, enfatizando
seus fundamentos histórico-conceituais e operacionais, mecanismos de ação e potenciais
implicações para o processo saúde-doença.
PALAVRAS-CHAVE
Carga alostática, estresse, epidemiologia
ABSTRACT
The objective of this paper is to review and describe the concept of allostatic load,
emphasizing its historical, conceptual and operational basis, mechanisms of action
and potential implications for disease causation.
KEY WORDS
Allostatis load, stress, epidemiology
1. INTRODUÇÃO
Diante de uma situação cotidiana de vida, um animal pode expressar diversos
comportamentos que variarão de acordo com fatores genéticos, experiências
anteriores, capacidade física de resposta – o ato de correr para fugir – e capacidade
fisiológica para a resposta – via secreção de hormônios que preparam o organismo
para a resposta. Desta forma, um grande número de inter-relações se forma
visando, dentro das possíveis escolhas condicionadas por esta série de fatores, a
resposta mais apropriada para aquele determinado momento. Portanto, os
organismos, de acordo com as suas diferenças, lidam de modo distinto com as
situações e estas expressões de resposta geram benefícios para a espécie
(Korte et al., 2005). Em uma palavra, adaptação.
O mecanismo de adaptação tem sua expressão individual em cada espécie, ou
em cada um dos seres de uma mesma espécie. Considerando a resposta individual,
1 Mestre em Clínica Médica. Médico do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira. Universidade
Federal do Rio de Janeiro. End.: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Inst i tuto de Puericultura
e Pediat r ia Martagão Geste i ra. Rua Bruno Lobo, 50 - Cidade Univers i tár ia - Campus do Fundão
CEP: 21941-912 - Rio de Janei ro - E-mai l : s i lv iocarva lho@ufr j .br
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é possível concluir que, diante de um estímulo, o padrão comportamental da
espécie pode ser o mesmo (por exemplo, a fuga diante de um predador) ativado
pelos mesmos sistemas fisiológicos (como a secreção de adrenalina), porém sempre
adicionado de características próprias do indivíduo, as quais estarão sob a
influência dos fatores acima citados (McEwen & Seeman, 1999).
Assim posto, as respostas diante de um estímulo podem ser as fisiológicas, que
são aquelas produzidas pelo sistema nervoso simpático e eixo hipotálamo-
hipófise-adrenal, e as comportamentais, que no ser humano podem se relacionar
à saúde: aumento do apetite, consumo de álcool, fumo e outros abusos de
substâncias. Da mesma forma, o aumento do estado de vigilância, que é fruto da
ansiedade, é uma resposta que se relaciona à saúde (McEwen & Wingfield, 2003).
Aquelas relativas ao comportamento diante de situações de estresse, exacerbam
a resposta dos mediadores fisiológicos. Neste sentido, a amplificação das respostas
dos mediadores, seja em termos de intensidade ou de duração, coloca em foco
suas possíveis conseqüências: as repercussões sobre a saúde e mecanismos de
doença (Korte et al., 2005).
2. CONCEITUAÇÃO
Historicamente, o termo homeostase foi usado para definir a “estabilidade do sistema
fisiológico que mantém a vida” (McEwen & Wingfield, 2003). A temperatura
corporal é um exemplo: é mantida em seus níveis estreitos, mesmo com flutuações
térmicas externas. É um sistema de ações que estabiliza o meio interno do
organismo. O termo, então, define um processo que se mantém rígido, dentro de
pequena amplitude, cujos limites, quando ultrapassados, provocam o rompimento
do equilíbrio, levando à incompatibilidade com a vida. É, portanto, um conceito
que beira a estática e que postula um funcionamento ideal para a manutenção do
meio interno.
A concepção de alostase agrega a flexibilização, rompendo com a estática
adaptativa (Goldstein & McEwen, 2002), tornando essa necessidade um ato mais
bem sucedido (Seeman et al., 2001). Este conceito foi concebido por Peter Sterling
e Joseph Eyer, tendo como propósito caracterizar a estabilidade na mudança.
A partir dele, o foco se volta para uma dinâmica da adaptação interna
(Seeman et al., 1997a).
Alostase, então, difere do conceito de homeostase, não na essência, mas em
termos dinâmicos: é o momento que se alcança a estabilidade no processo de
mudança (McEwen & Wingfield, 2003); é o ajuste orgânico aos eventos previsíveis
e imprevisíveis. A mobilidade do sistema interno do organismo ocorre à medida
que, submetido a um estímulo do meio ambiente, os sistemas fisiológicos
reguladores exibem níveis flutuantes de respostas e, como produto final, geram
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a adaptação às demandas. Define-se uma faixa ótima de operação fisiológica –
e não um ponto ótimo – demonstrado por um estado ativo e adaptativo que
mantém a estabilidade integrando os elementos sob comando da homeostase
(Goldstein & McEwen, 2002).
Esse processo adaptativo conduz a um relacionamento cambiante entre saúde
e doença (Korte et al., 2005). Uma alteração fisiológica adaptativa (alostática)
que dure um pequeno intervalo de tempo é um modo adequado de resposta a
um estímulo ambiental. Esta mesma resposta mantendo-se por longo prazo ou
de modo freqüente ultrapassa a adaptação e a saúde, podendo gerar desequilíbrio
e doença.
O exemplo clássico de alostase citado por Sterling e Eyer é o da pressão
sanguínea: ela sobe quando nos levantamos da cama e o fluxo sanguíneo é mantido
para o cérebro quando nos colocamos em pé para mantermos a consciência. Este
tipo de adaptação ajuda a manter a tensão de oxigênio no cérebro.
Na Figura 1, a linha pontilhada indica o nível apropriado de equilíbrio
homeostático. A linha escura contínua mostra a tentativa de alcançar o equilíbrio
(alostase). Devido a constantes necessidades de mudança, o equilíbrio nunca é
mantido, caracterizando o dinamismo do processo (Stewart, 2006).
Figura 1
Mecanismo alostático. Adaptado de Stewart (2006).
Toda resposta é fruto de um estímulo. No caso de uma ação sobre o indivíduo,
seja ela de origem psicológica ou física, a resposta será o desvio da homeostase e
a conseqüente reação alostática na busca do equilíbrio. O estímulo é o fator que
gera a ruptura da homeostase.
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O termo estresse engloba uma gama de definições e usos que variam desde um
evento ou sucessão de eventos que geram angústia - como percebido no senso
comum – até fatos desencadeantes de sentimentos de alegria (estresse “bom”)
(McEwen & Wingfield, 2003). Pode ter um sentido mórbido em sua definição,
uma doença oriunda de fatores externos ao organismo, independente do caráter
emocional (angústia ou alegria). Pode ainda ser usado como sinônimo do estímulo
desencadeante da ruptura da homeostase, ou até mesmo como equivalente da
resposta ao estímulo.
Aqui, a palavra estresse descreverá “eventos ameaçadores para o indivíduo e que
extraiam respostas fisiológicas e comportamentais como parte da alostase em adição àquelas impostas
pelo ciclo de vida normal” (McEwen & Wingfield, 2003).
Os sistemas de resposta ao estresse mais estudados são o eixo hipoptálamo-
hipofisário-adrenal e o sistema nervoso autônomo, em particular o simpático
(McEwen & Wingfield, 2003). Os sistemas de resposta geram mediadores que irão
atuar nos órgão e tecidos dos indivíduos (McEwen, 2000a).
Os mediadores são as substâncias que em última análise desempenhama ação
na tentativa de retorno ao equilíbrio, isto é, a alostase. Em geral os mediadores
são neurotransmissores, hormônios e agentes imunológicos (McEwen, 1998),
sendo os mais citados os glicocorticóides, as citocinas, as catecolaminas e a
deidroepiandrosterona. Eles são liberados visando a períodos curtos de ação, o
que nem sempre acontece.
Na presença de vários estímulos ambientais ou psicológicos, o sistema nervoso
central seleciona quais eventos são estressantes, o que funciona como um alarme
(Ursin & Eriksen, 2004), determinando respostas comportamentais e fisiológicas
ao evento (McEwen & Wingfield, 2003). Assim, por exemplo, há alternância da
pressão sanguínea, que sobe e desce de acordo com a demanda física, visando
manter o fluxo sanguíneo adequado aos órgãos.
O “termo carga alostática” foi cunhado por McEwen e Stellar (1993) com
um sentido de acumulação das diversas tentativas de adaptação. Neste conceito
se observa a inserção do risco de doença (Seeman et al., 2002), já que o efeito
protetor da ação de curto prazo dos mediadores é substituído pelo efeito deletério
quando estes atuam em período prolongado de tempo (McEwen & Wingfield, 2003).
Os sistemas de resposta fisiológica são rapidamente ativados e desativados,
mantendo uma sincronia entre resposta e duração do estresse, desta forma
limitando o tempo de exposição do organismo e a probabilidade de dano. Quando
este sistema adaptativo é rompido, a carga alostática (adaptação não realizada ou
parcialmente realizada) gera desequilíbrio e doença. Aqui agem também outros
fatores como os genéticos, experiências prévias de vida, fatores cognitivos e
suporte ambiental, não apenas os mediadores da alostase (Mayer, 2000).
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Conclui-se então que o custo para o corpo da adaptação é a carga alostática
(Seeman et al., 2002).
O estresse age no organismo basicamente de quatro modos distintos. Nas
figuras 2, 3, 4 e 5 abaixo, estão demonstrados estes mecanismos de ação. As linhas
pontilhadas indicam o nível apropriado de equilíbrio homeostático e as escuras e
contínuas mostram a alostase.
Mecanismo 1: cada vez que uma resposta é evocada, o dano pode ocorrer,
como na Figura 2.
Figura 2
Mecanismo 1. Adaptado de Stewart (2006).
Um estresse freqüente pode
causar ondas de respostas que
eventualmente baixam, mas cons-
tantemente ocorrem. (aumentos
repetidos de pressão arterial po-
dem causar infarto do miocárdio).
Mecanismo 2: a eficiência da resposta pode diminuir enquanto a tensão
continua, como na Figura 3.
Figura 3
Mecanismo 2. Adaptado de Stewart (2006).
Uma tensão freqüente vivenciada
por grande período, esgota os
mensageiros moleculares, a cada
invocação, causando pequenos
danos que se acumulam com o
passar do tempo.
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Mecanismo 3: falha em parar a resposta a uma tensão, uma vez que ela
tenha terminado e a homeostase tenha sido restaurada, como
na Figura 4.
Figura 4
Mecanismo 3. Adaptado de Stewart (2006).
O sistema de resposta pode falhar
ao receber toda a mensagem
claramente e continuar respon-
dendo, após a tensão ter cessado.
A depressão causa aumento de
cortisol, mesmo após o estímulo
depressor não estar mais presente.
Mecanismo 4: alguns genótipos não produzem uma resposta primária
hormonal suficiente, como na Figura 5.
Uma resposta alostática primária
é insuficiente para a tarefa e um
sistema secundário (outros me-
canismos alostáticos) pode ser
utilizado, ainda que mais danoso.
Figura 5
Mecanismo 4. Adaptado de Stewart (2006).
A carga alostática permite estudar a ação do estresse crônico sobre múltiplos
sistemas. Com seu caráter cumulativo, dá margem à criação de sistemas de sua
mensuração, abrindo caminho para possíveis evidências entre o estresse e doenças
que se manifestam tardiamente (Stewart, 2006).
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McEwen e Wingfield (2003), em seu trabalho “The concept of allostasis in
biology and biomedicine”, ampliam o conceito de carga alostática, considerado
como resultado de uma rotina diária e sazonal. Do ponto de vista de reserva
energética, se ocorre um evento não previsto, como doença ou interação social,
podem ocorrer aumentos dramáticos na carga alostática. Estes aumentos são
denominados sobrecarga alostática.
As sobrecargas alostáticas são divididas em dois tipos. O primeiro (tipo 1)
ocorre quando a demanda de energia que foi suscitada pelo estresse excede a
entrada de energia, necessitando mobilizar as reservas.
O tipo 2 ocorre quando a quando não há um excesso de demanda de energia
mas é mantido o canal de entrada aberto ou, de outro modo, ocorre um aumento
muito grande no seu armazenamento (McEwen & Wingfield, 2003). Isto pode ocorrer,
por exemplo, quando se consome mais do que se necessita devido à ansiedade.
Assim, as respostas ao estresse podem ser incluídas no processo de alostase
com a concomitante carga e os dois tipos de sobrecarga.
Em outras palavras, a carga alostática pode ser vista como um índice para
aferir esforços adaptativos anteriores, sempre com caráter cumulativo, sendo um
bom marcador para medir os esforços e sua relação com os fatores de estresse de
qualquer intensidade (Seeman et al., 2002).
3. MEDIADORES
Os mediadores da resposta ao estresse apresentam efeito protetor e lesivo
sobre o corpo. Quando liberados em curtos períodos de tempo são essenciais
para a adaptação, porém quando por algum motivo permanecem atuando por
períodos longos de tempo acarretam processos patológicos (McEwen, 2000b).
Os quatro mediadores principais da alostase são os glicocorticóides, as
catecolaminas e deidroepiandrosterona como mediadores neuroendócrinos e as
citocinas como imunológico (McEwen, 2003a). As ações destes mediadores no
organismo são múltiplas e estão interligadas.
Iniciando pelos glicocorticóides, praticamente todos os tecidos têm receptores para
este hormônio. Suas ações na alostase são múltiplas e estão relacionadas ao sistema
cardiovascular onde aumenta a sensibilidade às catecolaminas, ao volume de líquido
e na reprodução, que é retardada em momentos de tensão poupando assim energia.
Atua também suprimindo a inflamação e a fase aguda de uma resposta a
infecção mantendo sob controle as respostas visando minimizar o dano, mobilizam
células de defesa para o local da infecção e moldam a resposta imune, podendo
suprimi-la também (McEwen, 2003a).
Em relação ao sistema nervoso central, como promovem o efeito cardiovascular
das catecolaminas, aumentam o fluxo sanguíneo cerebral. Em níveis basais atuam
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na memória aumentando a formação de recordações de eventos emocionalmente
carregados e em níveis de estresse, suprimem a memória (McEwen, 2003a).
No tocante ao metabolismo, promove o apetite, a glicólise, proteólise e
gliconeogênese, em oposição à insulina. Funciona como a insulina quando
em estado de elevação crônica: deposição hepática de glicogênio, lipogênese
(especialmente com deposição de gordura no abdome, como na síndrome de
Cushing, às expensas de perda protéica muscular), promovendo concomitante
liberação de insulina ao mesmo tempo em que impede a ação dela nos receptores.
A conseqüência extrema é a progressão para o diabetes tipo 2 com exaustão da
produção de insulina.
Desde modo, a elevação crônica dos glicocorticóides gera hipertensão,
obesidade abdominal, perda mineral óssea, perda de massa muscular, supressão
de respostasimunes, perda da memória e atrofia de estruturas cerebrais como o
hipocampo (McEwen, 2003b).
Como era de se esperar, a ausência de glicocorticóides pode provocar o
aumento das respostas inflamatórias e autoimunes, assim como para o desequilíbrio
da citocinas.
As catecolaminas são outros mediadores maiores, ao lado dos glicocorticóides.
A norepinefrina é importante para a regulação discreta da constrição dos vasos
sangüíneos e redistribuição do fluxo sanguíneo (importante para o coração,
pâncreas e baço). Nos músculos esqueléticos, a epinefrina retarda o consumo
protéico atuando de modo contrário ao glicocorticóides.
A liberação da epinefrina está mais relacionada ao estresse emocional,
enquanto a norepinefrina se relaciona mais ao esforço físico (McEwen, 2003a).
No sistema cardiovascular as catecolaminas mantêm o fluxo sanguíneo
cerebral quando de mudanças posturais. Na liberação durante a atividade física,
regula a queima das proteínas musculares e dos estoques de glicogênio do músculo.
Atua na regulação da temperatura corporal, promove o mecanismo de atenção,
vigilância e estimulação do sistema nervoso central, além da formação de
lembranças relacionadas a grandes emoções.
Quanto à retenção de líquido, a hipernatremia inibe a atividade simpática
levando a natriurese, e a hiponatremia promove a ativação da vasopressina e do
sistema renina-angiotensina, além da secreção de aldosterona (que aumenta a
retenção de sódio e água).
Na inflamação e imunidade, promove a redistribuição de células imunes
durante o estresse e após desafios imunes específicos (por exemplo, hipersensibilidade
tardia). Com o aumento da ação simpática, há queda na função das células T e
natural killer mas não na proliferação de células B. A simpatectomia química parece
piorar o quadro das doenças autoimunes (McEwen, 2003a).
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Finalmente, no metabolismo, mobilizam estoques energéticos, atuando
sinergicamente com os glicocorticóides: aumento da gliconeogênese, glicogenólise
e lipólise, mas de forma contrária no metabolismo protéico, isto é, inibindo a
proteólise. A liberação de noradrenalina aumenta os níveis de insulina parecendo
que posteriormente a insulina aumenta os níveis de atividade simpática criando
assim um círculo vicioso (McEwen, 2003a; Kaaja & Poyhonen-Alho, 2006).
A deidroepiandrosterona (DHEA) é um estreóide adrenal com antagonismo
funcional aos glicocorticóides, já que não interage com receptores celulares deles.
Ela inibe a ação de indução de ganho ponderal e a memória. No uso de
glicocorticóides, a perda mineral óssea se relaciona à baixa produção de DHEA.
Também é antagônico funcional em algumas ações imunes (McEwen, 2003a).
Pode diminuir a sintomatologia da depressão (principalmente no idoso)
em sua ação no sistema nervoso e ser um possível agente neuroprotetor no
envelhecimento (McEwen, 2003a).
As citocinas participam da resposta de fase aguda e como ativador da resposta
imune. São produzidas localmente por células imunes e à distância por órgãos
como fígado e cérebro (McEwen, 2003a). O sistema imune influencia o sistema
nervoso central através das citocinas (Wrona, 2006), contribuem para a sensação
de mal-estar geral que as doenças provocam, indução da febre e regulação do
sono (Kapsimalis et al., 2005), e têm efeito este direto sobre o sistema nervoso
central (Adler & Rogers, 2005).
São descritos dois tipos de citocinas: inflamatórias (interleucinas (IL)-1, IL-2,
IL-6, fator de necrose tumoral (TNFs), fator de crescimento dos fibroblastos, e
interferons) e anti inflamatórias (que incluem a IL-4 e IL-10) que inibem a produção
de citocinas inflamatórias (McEwen, 2003a).
4. O CÉREBRO
O cérebro é o maior controlador dos mediadores também alvo deste sistema.
Se os mediadores são liberados e atuam por curto período sendo removidos das
fendas sinápticas por reabsorção ou degradação, têm efeito protetor (McEwen, 2003a).
Se não ocorrer deste modo, o órgão corre risco de ser danificado.
Após períodos longos de carga alostática, como em macacos subordinados
que vivem sob uma hierarquia dominante, a sobrecarga alostática pode ocorrer e
neurônios piramidais podem até morrer (McEwen & Wingfield, 2003).
Os glicocorticóides e a epinefrina se relacionam com a memória de eventos
perigosos, sendo um processo adaptativo. Com a manutenção da carga alostática,
o hipocampo – área vital para o processamento de informações sobre a adaptação
individual (McEwen, 1997) - sofre diminuição do tamanho (McEwen, 2002), com
bloqueio da memória declarativa, contextual, episódica e espacial, que pode ser
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registrado por testes neuropsicológicos acompanhados por ressonância magnética
em indivíduos com condições patológicas como doença depressiva recorrente,
esquizofrenia, doença de Cushing e estresse pós-traumático (McEwen, 1999).
A ação dos hormônios no cérebro é instrumento para inúmeros fatores,
incluindo os efeitos do estresse nas funções cerebrais, assim como um determinante
da taxa de envelhecimento do cérebro (McEwen, 1997).
O persistente aumento de glicocorticóides se associa ao prejuízo das funções
cognitivas, em associação com aminoácidos neurotransmissores excitatórios
endógenos, formando radicais livres e lesando a célula nervosa (McEwen, 2003a).
Mas o cérebro possui mecanismos de reparação que remodelam dendritos
para a formação e recolocação de sinapses. Mesmo na vida adulta existem regiões
do cérebro que têm a capacidade de repor neurônios, sendo esta uma resposta
ao estresse crônico (McEwen, 2003a).
Assim, esse estresse crônico leva a uma adaptação por remodelação, de modo
que os neurotransmissores locais e os hormônios que circulam sistemicamente,
são capazes de, em conjunto, alterar estrutural e funcionalmente a “neurogênese no
giro dentado e a remodelação dos dendritos do corno de Ammon” (McEwen, 2000c).
5. MÉTODOS DE MENSURAÇÃO
A partir do descrito acima, foram incorporados métodos laboratoriais de
mensuração da carga alostática. Estas medidas não seriam úteis apenas para
quantificar esta carga, mas também para predizer, prevenir ou retardar doenças
que se manifestarão tardiamente na vida (McEwen, 2003a).
Dosagens séricas e urinárias de hormônios, como os glicocorticóides, de
catecolaminas, DHEA e citocinas, dosagem salivar de corticosteróide, seriam
alguns exemplos de mensuração dos mediadores da carga alostática (McEwen,
2003a). Estudos prévios não fornecem informações sobre o valor preditivo desses
mediadores, assim como sua contribuição para a mensuração da carga alostática
(Seeman et al., 2002). Há, no entanto, estudos que os relacionam à síndrome
metabólica, isto é, um grupo de fatores metabólicos que atuam aumentado o
risco para doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2.
Os efeitos desta carga e da sobrecarga podem ser avaliados indiretamente,
como na dosagem de hemoglobina glicosilada. Como exemplo, foi sugerida a
presença de um mecanismo de controle alostático nas variações dietéticas de
sódio sérico (Van Berge-Landre & James, 2004).
Os métodos de operacionalização da carga alostática são estruturados de
forma multissistêmica, constando de determinado número de atividades fisiológicas
vinculados ao funcionamento do eixo hipotalâmico-hipófise-adrenal, sistema
nervoso simpático, sistema cardiovascular e processos metabólicos, com grande
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valor preditivo relacionado a quatro dos maiores desfechos em saúde: incidência
de doença cardiovascular, declínio na função física, declínio na função cognitivae mortalidade (Seeman et al., 2002).
A definição operacional da carga alostática foi inicialmente concebida por
Seeman et al. (1997a) com o objetivo de avaliar a influência dos riscos de longo
prazo para o declínio das funções cognitivas e físicas.
Em geral, os parâmetros usados incluem as pressões sistólica e disatólica, um
índice de metabolismo e deposição de tecido adiposo (por exemplo, a razão
cintura/quadril), lipoproteína de alta densidade e colesterol total (desenvolvimento
de aterosclerose), hemoglobina glicoslada (metabolismo da glicose),
dehidroepiandrosterona (antagonista do eixo hipotálamo-hipófise-adernal), excreção
de cortisol urinário (atividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal) e excreção
urinária de epinefrina e norepinefrina (atividade do sistema nervoso central)
(Seeman et al., 2002; Bjorntorp, 1987; Svec & Lopez, 1989).
Alguns índices que refletem o funcionamento dos mediadores, também se
relacionam com a síndrome metabólica mantendo relação com risco para doença
cardiovascular: níveis de pressão sistólica e diastólica, lipoproteínas de alta densidade,
colesterol total, hemoglobina glicosilada e obesidade abdominal. Desta forma, a
medida da carga alostática pode ser apenas uma alternativa de medida para a
síndrome metabólica (Seeman et al., 2002).
Um problema que pode acarretar viés de mensuração, é o fato de que os
marcadores podem variar em seus níveis séricos em condições específicas como resul-
tado de estados agudos como alergia, infecções, privação de sono e exercício recente,
o que pode aumentar ainda mais o estado alostático existente (McEwen, 2003a).
6. AÇÕES DA CARGA ALOSTÁTICA
Para melhor compreensão da interação entre os elementos que compõe a
carga alostática e sua ação final no processo de adoecimento, o quadro proposto
por McEwen (1998) pode ser útil (Figura 6).
A parir de um estímulo físico (doença, alteração de temperatura) ou social
(interação social, pressões no trabalho), haverá um processamento por estruturas
específicas do sistema nervoso central sob a influência de inúmeros fatores genéti-
cos, de desenvolvimento, história social e individual, dentre outros. Percebido
como ameaça, a memória é acionada e se corresponder a um estímulo conhecido
gerará uma resposta vinculada aos custos da experiência anterior. Se a fonte não
é conhecida, esta resposta ativa mecanismos biológicos que geram alostase, e, se
persistentemente mantidos, uma sobrecarga alostática.
Na Figura 7, são mostrados fatores vinculados à produção de sobrecarga
alostática que o indivíduo sofre no decorrer da vida.
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Figura 6
Ação da sobrecarga alostática, efetores e efeitos. Adaptado de McEwen (1998).
Do ponto de vista da Epidemiologia Social, os fatores de estresse serão oriundos
de processos sociais tais como educação, condições ambientais, condições de
trabalho, salário, apoio, acesso à saúde, etc. Estes fatores que atuam no indivíduo
geram conseqüências ou se juntam a outros fatores já incorporados ao cotidiano
do indivíduo (como o tabagismo), tendo influência na saúde.
Conceitos oriundos das Ciências Sociais servem de substrato não apenas na
aplicabilidade em Epidemiologia Social. Assim, a Antropologia Fisiológica aprimora
o conceito de carga alostática, sistematizando experimentos em populações
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Figura 7
Adaptado de Lynch e Kaplan (2000).
distintas, sempre preocupada com a diversidade interna e com a variação entre
essas populações (Stewart, 2006).
Duas abordagem complementares são claramente evidenciadas percebidas
em relação ao conceito de alostase e carga alostática: a que envolve os seres vivos
e os meio ambiente na busca de suas necessidades básicas, essenciais a sobrevivência
e ganho para a adaptação da espécie e, aquela que avalia a influencia da
organização social na saúde em considerando como fator de estresse o predomínio
da organização social sobre a necessidade básica (McEwen & Wingfield, 2003).
Existem inúmeros estados patológicos estudados pelos mais diversos pesqui-
sadores e apontados como conseqüência de um estado alostático prolongado.
Se destacam neste aspecto os estudos vinculados ao sistema nervoso central e
doenças degenerativas e psiquiátricas. Como o termo é abrangente no sentido de
fisiologia animal, existem muitos estudos não só como protótipo para o ser humano,
mas que avaliam as sociedades e comportamentos individuais de outros animais
(Korte et al., 2005; McEwen & Wingfield, 2003; Goymann & Wingfield, 2004;
Price et al., 2004).
Alguns estados patológicos que mostram evidências que os vinculam a sobrecarga
alostática dentro do contexto psiquiátrico (McEwen, 2000b; 2003b) podem ser
citados: doença depressiva (Price et al., 2004) e síndrome da fadiga crônica (McEwen
& Wingfield, 2003; McEwen, 2003a; Maloney et al., 2006). A memória
também pode sofrer com a sobrecarga alostática, podendo ser este efeito reversível
em alguns casos (Seeman et al., 1997b).
As doenças inflamatórias também podem ser concebidas pela ótica do acúmulo
alostático, já que são compostas por fatores genéticos (antígeno de
histocompatibilidade), semelhança molecular entre antígenos bacterianos e auto-
antígenos (forma a tolerância a estes antígenos) e o meio hormonal que regula a
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resposta adaptativa imune (McEwen, 2003a). A fibromialgia (desequilíbrio de
citocinas e diminuição de glicocorticóides) (McEwen, 2003a) é um outro exemplo.
Podem ser relacionados os estresses diários com início ou piora de sintomas
de doenças gastrointestinais como intestino irritável, doença inflamatória e doença
péptica (Mayer, 2000).
Como observado anteriormente, a sobrecarga alostática pode estar vinculada
ao início da vida. Desta forma os estresses tornam o indivíduo mais susceptível a
ameaças à saúde. Dependendo do estresse as doenças podem se manifestar décadas
mais tarde. Assim, o abuso na infância (Mayer, 2000; Price et al., 2004) pode gerar
desequilíbrio homeostático compensável por uma sobrecarga alostática e suas
conseqüências na saúde.
Também se pode observar a presença dos efeitos da sobrecarga alostática em
crianças. Usando a reatividade cardiovascular (freqüência cardíaca e pressões
sistólica e diastólica) como medida da sobrecarga, ficou estabelecida a relação
entre densidade populacional da moradia (gerador de estresse crônico) e dias de
ausência à aula por doença (Jonhston-Brooks et al., 1998).
As condições de trabalho influenciam a saúde não apenas pela presença de
um meio ambiente insalubre, evidente formador de uma carga alostática, mas
também por outros estresses que impõe a quem desempenha a tarefa. Foi destacada
a relação entre demanda do trabalho e sobrecarga alostática (Schnorpfeil et al., 2003).
Os padrões neuroendócrinos medidos pelos mediadores alostáticos eixo
hipotalâmico-hipofisário-adrenal, sistema nervoso simpático e atividade
cardiovascular parecem ser bastante sensíveis ao meio social. Aspectos como
status, estabilidade da ordem social e qualidade dos relacionamentos sociais
estão relacionados com sobrecarga alostática. Interações sem suporte sociais
(Goymann & Wingfield, 2004), hostis, se associam a um aumento da reatividade
neuroendócrina (Seeman & McEwen, 1996).
7. CONCLUSÃO
O estresse evoca comportamentos adaptativos. As expectativas de resposta ao
estímulo podem ser positivas, negativas ou sem estes valores, dependendo do
caráter individual, experiências anteriores, doença prévia etc. Quando se têm
respostas positivas, não se coloca em risco a saúde, pois não teremosuma
sobrecarga alostática.
Quando se tem uma resposta que gere uma carga alostática, busca do retorno
à homeostase que se encerra com o final do evento, não se tem acúmulo que
poderá gerar doença.
Ao contrário, quando a carga alostática é mantida por períodos longos ou
indefinidamente ou a resposta adaptativa que encerraria o ciclo não ocorre,
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temos a sobrecarga alostática com atuação perene de mediadores metabólicos
(eixo hipotálamo-hipofisário-adrrenal, catecolaminas e glicocorticóides) e
conseqüente dano à saúde.
O dano pode se manifestar de vários modos (doenças) tendo como pano de
fundo a perda de tecidos (degeneração), agressão a tecidos como inflamação,
hipersensibilidade, sobrecarga funcional (hipertensão) ou transtornos psíquicos
(ansiedade, depressão).
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