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O CONTROLE DA MORTE: EUTANÁSIA DISTANÁSIA ORTOTANÁSIA MISTANÁSIA Caso Vincent Humbert Eutanásia Ativa Voluntária • Vincent Humbert, um jovem bombeiro voluntário de 20 anos teve um grave acidente automobilístico em uma estrada francesa no dia 24 de setembro de 2000 e ficou tetraplégico, cego e surdo. O único movimento que ainda mantinha era uma leve pressão com o polegar direito. Através destes movimentos conseguia se comunicar com a sua mãe. A comunicação, ensinada pelos profissionais de saúde do hospital, era feita com uma pessoa soletrando o alfabeto e ele pressionava com o polegar quando queria utilizar esta letra. Desta forma, conseguia soletrar as palavras. Desde que conseguiu se fazer entender, solicitava os médicos praticassem a eutanásia. • Ele fez inúmeras solicitações, inclusive ao próprio presidente francês cuja resposta foi negativa e acompanhada de uma recomendação de que o jovem deveria "retomar o gosto pela vida". Nesta época foi feita uma pesquisa de opinião na França sobre a questão do suicídio assistido que resultou em 88% de aprovação pela população, mas não da eutanásia. Vale destacar que esta solicitação não teria como ser enquadrada como suicídio assistido, mas sim como eutanásia ativa voluntária. • Vincent escreveu um livro, de 188 páginas, intitulado "Peço-vos o direito de morrer" em 25 de setembro de 2003. Neste livro argumenta o seu pedido e termina dizendo: "A minha mãe deu-me a vida, espero agora dela que me ofereça a morte. (...) Não a julguem. O que ela fez para mim é certamente a mais bela prova de amor do mundo“. • No final da tarde de quarta-feira, 24 de setembro de 2003, Marie Humbert estava sozinha com o seu filho e administrou uma alta dose de barbitúricos através da sonda gástrica. Este procedimento tinha sido combinado com seu filho, que não queria estar vivo quando o seu livro fosse lançado, o que ocorreria no dia seguinte. "Eu nunca verei este livro porque eu morri em 24 de setembro de 2000 [...]. Desde aquele dia, eu não vivo. Me fazem viver. Sou mantido vivo. Para quem, para que, eu não sei. Tudo o que eu sei é que sou um morto-vivo, que nunca desejei esta falsa morte“. • A mãe foi presa por tentativa de assassinato e posteriormente libertada pelo Ministério Público. A mãe foi encaminhada para o Centre hospitalier de l'arrondissement de Montreuil (CHAM), onde ficou internada por 24 horas. O pai de Vincent, Francis Humbert, aprovou a atitude de sua ex-esposa. Caso Vincent Humbert Eutanásia Ativa Voluntária Vem do grego “boa morte” ou “morte apropriada”. É a prática pela qual se abrevia a vida de um enfermo incurável de maneira controlada e assistida por um especialista. Quando uma pessoa causa deliberadamente a morte de outra que está mais fraca, debilitada ou em sofrimento. EUTANÁSIA •A intenção de realizar a eutanásia pode gerar uma ação (eutanásia ativa) ou uma omissão, isto é, a não realização de uma ação que teria indicação terapêutica naquela circunstância (eutanásia passiva). •Do ponto de vista da ética, ou seja, da justificativa da ação, não há diferença entre ambas. EUTANÁSIA ATIVA X PASSIVA • Eutanásia, que é o ato de deliberadamente terminar com a vida de um paciente, mesmo com a solicitação do próprio paciente ou de seus familiares próximos, é eticamente inadequada. Isto não impede o médico de respeitar o desejo do paciente em permitir o curso natural do processo de morte na fase terminal de uma doença. • Quando a Holanda, em fevereiro de 1993, instituiu a nova legislação, que permite que o médico realize eutanásia ativa, sob certas condições, a Associação Mundial de Medicina, no dia seguinte, chamou a atenção para o texto desta Declaração, que foi aprovada, por unanimidade, na 39ª Assembleia Mundial de Medicina. WORLD MEDICAL ASSOCIATION MADRID/ESPANHA – 1987 • Homicídio Art. 121. Matar alguém: Pena - Reclusão, de seis a vinte anos. [...] • Eutanásia Parágrafo 3º. Se o autor do crime agiu por compaixão, a pedido da vítima, imputável e maior, para abreviar- lhe o sofrimento físico insuportável, em razão de doença grave: Pena - Reclusão, de três a seis anos. Eutanásia no Brasil • Exclusão de Ilicitude Parágrafo 4º. Não constitui crime deixar de manter a vida de alguém por meio artificial, se previamente atestada por dois médicos, a morte como iminente e inevitável, e desde que haja consentimento do paciente, ou na sua impossibilidade, de ascendente, descendente, cônjuge, companheiro ou irmão. Eutanásia no Brasil • Está tramitando no Senado Federal, um projeto de lei 125/96, elaborado desde 1995, estabelecendo critérios para a legalização da "morte sem dor". • O projeto prevê a possibilidade de que pessoas com sofrimento físico ou psíquico possam solicitar que sejam realizados procedimentos que visem a sua própria morte. • A autorização para estes procedimentos será dada por uma junta médica, composta por cinco membros, sendo dois especialistas no problema do solicitante. • Caso o paciente esteja impossibilitado de expressar a sua vontade, um familiar ou amigo poderá solicitar à Justiça tal autorização Eutanásia no Brasil Morte natural, sem interferência da ciência, permitindo ao paciente morte digna e sem sofrimento, de acordo com a evolução e o percurso da doença. ORTOTANÁSIA Processo pelo qual se opta por não submeter um paciente terminal a procedimentos invasivos que adiam sua morte, mas, ao mesmo tempo, comprometem sua qualidade de vida. A ortotanásia foca na adoção de procedimentos paliativos, buscando o controle da dor e de outros •Em 2006, foi publicada, pelo CFM, a Resolução nº 1.805, visando à regulamentação da ortotanásia no Brasil. Ela foi autorizada, pelo Ministério Público Federal, em 2010: ano em que a ortotanásia foi contemplada no novo código de ética médica. •De acordo com tais documentos, a ortotanásia deve ser considerada em casos de pacientes terminais, sob o consentimento do próprio doente ou da família. ORTOTANÁSIA Exemplos: o caso do papa João Paulo II, morto em 2005, e do ex-governador de São Paulo Mário Covas, que optaram por passar os últimos momentos de vida em suas residências, recebendo apenas cuidados paliativos ORTOTANÁSIA Morte lenta, ansiosa e com muito sofrimento. Distanásia antônimo de eutanásia? DISTANÁSIA “[...] em uma época consciente, mais que nunca, dos limites do científico e das ameaças de atentado à dignidade humana, a obstinação terapêutica surge como um ato profundamente anti-humano e atentatório à dignidade da pessoa e a seus direitos mais fundamentais“ (BARBOZA, 2001) O adiamento da morte, geralmente, ocorre pela utilização de fármacos e aparelhagens que, muitas vezes, proporcionam sofrimento desnecessário. DISTANÁSIA Também chamada de eutanásia social. MISTANÁSIA Leonard Martin sugeriu o termo mistanásia para denominar a morte miserável, fora e antes da hora. MISTANÁSIA ATIVA A política nazista de purificação racial, baseada numa ciência ideologizada, é um bom exemplo da aliança entre a política e as ciências biomédicas a serviço da mistanásia. Pessoas consideradas defeituosas ou indesejáveis foram sistematicamente eliminadas: doentes mentais, homossexuais, ciganos, judeus. MISTANÁSIA ATIVA A uso de injeção letal em execuções nos Estados Unidos, principalmente se a aplicação for feita por pessoal médico qualificado, é um abuso da ciência médica que constitui mistanásia MISTANÁSIA ATIVA Os campos de concentração, com grande quantidade de cobaias humanas à disposição,favoreceram outro tipo de mistanásia ativa. Em nome da ciência, foram realizadas experiências em seres humanos que em nada respeitavam nem a integridade física nem o direito à vida dos participantes. Assim, seres humanos foram transformados em cobaias descartáveis. MISTANÁSIA POR OMISSÃO A grande maioria das vítimas da mistanásia são pessoas pobres, vítimas da exclusão social e econômica, pessoas que levam uma vida precária, desprovidas dos cuidados de saúde e que morrem prematuramente. MISTANÁSIA SEGUNDO LEONARD MARTIN Os doentes que conseguem ser pacientes para, em seguida, se tornarem vítimas de erro médico Os pacientes que acabam sendo vítimas de má-prática por motivos econômicos, científicos ou sociopolíticos. MISTANÁSIA A mistanásia é uma categoria que nos permite levar a sério o fenômeno da maldade humana". AÇÕES DO BRASIL CONTRA A MISTANÁSIA ATIVA Resolução n° 466/12, do Conselho Nacional de Saúde - medidas para garantir a integridade e a dignidade de seres humanos que participam em experiências científicas. Código de Ética Médica – protege o paciente crônico ou terminal, proibindo explicitamente, experiências sem utilidade para o mesmo, com a intenção de não lhe impor sofrimentos adicionais (art.130).
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