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D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S UNIDADE 3 DEFICIÊNCIA FÍSICA E prOCESSO DE INCLUSÃO ObjEtIvOS DE AprENDIzAgEm A partir desta Unidade você será capaz de: • compreender o processo de inclusão do aluno com deficiência física na Educação Infantil e no Ensino Fundamental; • propiciar o uso das adaptações pedagógicas para o atendimento da deficiência física; • identificar o papel da Educação Física no processo de inclusão do aluno deficiente físico; • trabalhar com o aluno com deficiência física em sala de aula. pLANO DE EStUDOS Esta Terceira Unidade está dividida em cinco tópicos. No final de cada tópico, você encontrará atividades que possibilitarão a você se aprofundar nesta área, propiciando uma reflexão sobre os estudos que realizamos. TÓPICO 1 – PROCESSO DE INCLUSÃO TÓPICO 2 – EDUCAÇÃO INFANTIL E A DEFICIÊNCIA FÍSICA TÓPICO 3 – ENSINO FUNDAMENTAL E A DEFICIÊNCIA FÍSICA TÓPICO 4 – EDUCAÇÃO FÍSICA E DEFICIÊNCIA FÍSICA TÓPICO 5 – NA SALA: O QUE FAZER? D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S O processo de inclusão da pessoa com deficiência configura diversas dimensões: ideológica, sociocultural, política e econômica. Os determinantes relacionais comportam sentimentos, reações, atitudes, mudanças de pensamento, para que haja na prática a inclusão, e o aluno esteja presente de corpo e alma, contribuindo para o desenvolvimento dos colegas e estes retribuindo para com ele. A inclusão é um direito da criança com deficiência e um dever da sociedade para com este indivíduo. Nesta visão, a educação inclusiva deve ter como ponto de partida o cotidiano: o coletivo, a escola e a classe comum, onde todos os alunos precisam aprender com a diversidade. Este processo inclusivo permeia todas as modalidades de ensino, iniciando na Educação Infantil e consolidando-se no Ensino Fundamental. PROCESSO DE INCLUSÃO 1 INTRODUÇÃO 2 INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL TÓPICO 1 UNIDADE 3 A educação de crianças se baseia no princípio teórico de que a aprendizagem é fundamental para o desenvolvimento pleno do potencial humano e que esse processo ocorre mais efetivamente em ambientes que proveem oportunidades de aprendizagem, com interação dinâmica da criança. A criança muito pequena aprende conceitos, forma ideias e cria seus próprios símbolos ou abstrações por meio de atividades iniciadas por ela própria: move-se, ouve, busca, sente, manipula. Essas atividades, que ocorrem dentro de um contexto social, tornam possível o seu desenvolvimento com situações interessantes que podem produzir conclusões contraditórias e uma consequente reorganização de sua compreensão de mundo. UNIDADE 3TÓPICO 1110 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S A Educação Infantil é a primeira porta para o mundo: os olhos da criança se abrem para um universo novo, há a busca por situações novas, interessantes, a criança dá a primeira palavra, realiza os primeiros passos, o processo de desenvolvimento se dá por meio dos desafios. A inclusão na Educação Infantil é prazerosa e benéfica para a criança com deficiência, por conta de que todas as situações são base para a sua construção pessoal. O ambiente atua de forma decisiva para esta construção, demonstrando que o ser humano se desenvolve a partir da inclusão e pelo olhar do outro, através da troca de experiências e da mediação do adulto. É consenso que a pessoa com deficiência se beneficia das interações sociais e da cultura na qual está inserida, sendo que essas interações, se desenvolvidas de maneira adequada, serão propulsoras de mediações e conflitos necessários ao desenvolvimento pleno do indivíduo e à construção dos processos mentais superiores. (VYGOTSKY, 1987). As crianças com qualquer deficiência, independente de suas condições físicas, sensoriais ou cognitivas, são crianças que apresentam necessidade de afeto, cuidado, proteção e apresentam possibilidades de conviver, interagir, tocar, aprender, brincar, embora muitas vezes de forma diferente. E essa diferença faz com que a criança tenha a sua especificidade, cabendo ao professor se adaptar às necessidades daquele indivíduo. O processo de inclusão será observado de forma gradativa, em que o professor deverá conhecer seu aluno, respeitar suas necessidades, avaliar suas potencialidades e construir este ambiente como um espaço de aprendizagem. Para isso, na Educação Infantil há muitas possibilidades, baseadas no ato de brincar, nas músicas, nas trocas sociais. É importante ressaltar que este processo não depende do grau de severidade da deficiência desta criança, mas sim da possibilidade de interação, socialização e adaptação do sujeito ao grupo, na escola comum, e esta, por sua vez, adaptada para receber esta criança. FIGURA 43 – PROCESSO DE INCLUSÃO FONTE: A autora UNIDADE 3 TÓPICO 1 111 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S FIGURA 44 – INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL, BRINCADEIRA DE “FAZ DE CONTA” – NO FUNDO DO MAR FONTE: A autora 3 INCLUSÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL A escola apresenta-se com um papel fundamental no processo de inclusão da criança com deficiência, estimulando-a a buscar desafios e soluções. A escola, como espaço inclusivo, enfrenta inúmeros desafios, conflitos e problemas ao realizar a inclusão do aluno com deficiência. A resistência a este processo de inclusão é histórica, baseada na segregação do diferente. Porém, no Brasil, com o advento da Política Nacional da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), lançaram-se novas luzes sobre este processo que se baseia no preceito da Universalidade da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que define a todos o direito de estarem presentes no ambiente escolar. É necessária uma mudança de pensamento em relação ao nosso aluno com deficiência, descobrindo potencialidades e estimulando seus resultados. É preciso notar que este aluno é um ser presente, ativo e que realiza trocas com o outro. O papel social que a escola representa para o aluno é de grande valia e é necessário para o seu crescimento enquanto cidadão, aprendendo a respeitar e a ser respeitado. É neste ambiente que a criança se apodera dos signos que darão parâmetros para a sua escrita, para o processo da matemática. O processo de aprendizagem estimula a aquisição da linguagem, base para o processo de exploração e aquisição da cognição. A escola pode ser considerada [...] elemento estruturador da vida coletiva de uma comunidade. Por sua função de formar cidadãos, seu ambiente deve possuir características que a tornem realmente universal e inclusiva, atendendo a todos independente das restrições de seus usuários. (BINS ELY; DISCHINGER; PADARATZ, 2005). Podemos dizer que a inclusão surge para romper o paradigma educacional existente, rompendo a estrutura curricular fechada e homogênea, buscando um paralelo entre a UNIDADE 3TÓPICO 1112 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S aprendizagem e a diversidade. Com o fim de anos de segregação e exclusão, as pessoas com deficiência estão, finalmente, construindo uma identidade cidadã. Colocando um ponto final neste período, em busca de novos olhares, a escola inclusiva parte do pressuposto quetoda criança tem o direito de aprender e de fazer. Deve valorizar a diversidade, com um olhar para a diferença, acreditando que este novo olhar fortalece as turmas e oferece a todos os envolvidos maiores chances para o sucesso do processo de aprendizagem. Os princípios que regem esta Escola Inclusiva são: • a aceitação das diferenças, apoiada na diversidade; • educação para todos e como direito de todos; • a igualdade de oportunidades; • o convívio social como fator inerente ao desenvolvimento; • cidadania. Com estes preceitos, há a construção de uma Sociedade Inclusiva, aberta a novos valores e construindo alicerces para a educação e cidadania. Caro(a) acadêmico(a), reflita sobre estas questões: • Como é ser pai ou mãe de uma criança deficiente que não está inclusa na escola? • Que direitos, como cidadã, a pessoa com deficiência tem? • Como uma criança com deficiência visual aprende? • Quais dificuldades apresenta o aluno cadeirante que estuda em uma escola que não possui acessibilidade? Essas perguntas refletem uma questão muito séria que é a inclusão e a busca por direitos através de ações simples e concretas por pessoas com deficiência, sendo no ambiente escolar, na saúde, no convívio social. Refletir sobre as diferenças e como elas estão presentes no dia a dia, nos leva a pensar no nosso aluno no ambiente escolar, incluso e necessitando do nosso suporte para o seu desenvolvimento. IMP OR TAN TE! � UNIDADE 3 TÓPICO 1 113 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S UNI Para você refletir: Escola Inclusiva significa educar a todos sem diferenciação, desafiando e descobrindo novas habilidades do nosso aluno. Para isso precisamos desenvolver algumas regras como: • frequência de todos em sala comum; • frequência do aluno com deficiência em uma escola de sua comunidade, onde participa da vida social; • o aluno é da escola e o professor é responsável por todos os alunos; • flexibilizar o conteúdo disciplinar para satisfazer o processo de aprendizagem; • introduzir metodologias diferenciadas; • incluir o aluno na vida social da escola, realizando a interação social do aluno com deficiência. UNIDADE 3TÓPICO 1114 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S Vamos rever alguns pontos importantes, que você estudou neste tópico: • A inclusão é um direito garantido, que constrói bases para a cidadania da pessoa com deficiência. • O processo de inclusão é feito de forma gradativa: o professor deverá conhecer seu aluno, respeitar suas necessidades, avaliar suas potencialidades e construir este ambiente como um espaço de aprendizagem. • Na Educação Infantil geram-se muitas potencialidades para a criança com deficiência, baseadas no ato de brincar, nas músicas, nas trocas sociais. • No Ensino Fundamental, a inclusão surge para mudar o paradigma educacional existente, rompendo a estrutura curricular fechada e homogênea, buscando um paralelo entre a aprendizagem e a diversidade. Com o fim de anos de segregação e exclusão, as pessoas com deficiência estão construindo uma identidade cidadã. • A escola inclusiva é regida por princípios: a aceitação das diferenças, apoiada na diversidade; educação para todos e como direito de todos; a igualdade de oportunidades; o convívio social como fator inerente ao desenvolvimento; cidadania. RESUMO DO TÓPICO 1 UNIDADE 3 TÓPICO 1 115 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S Prezado(a) acadêmico(a), agora que vimos sobre a Inclusão na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, precisamos refletir sobre algumas questões. Para isso, sugiro que você responda às seguintes questões: 1 O que você entende por inclusão? 2 Como você analisa o processo de inclusão na Educação Infantil e no Ensino Fundamental? 3 O que você entende por uma escola inclusiva? Quais são os princípios norteadores do processo de inclusão? 4 Qual papel a escola exerce no desenvolvimento do aluno com deficiência? AUT OAT IVID ADE � UNIDADE 3TÓPICO 1116 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S EDUCAÇÃO INFANTIL E A DEFICIÊNCIA FÍSICA 1 INTRODUÇÃO 2 A IMPORTÂNCIA DO AMBIENTE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA TÓPICO 2 UNIDADE 3 A primeira infância é um período fundamental para a estruturação da criança e do adulto que ela virá a ser. Para isso a estimulação, neste período, é de suma importância, devido à troca de experiências e à construção de sua identidade. A base para sua personalidade, suas condições cognitivas e perceptivas, a forma como se relacionará com as outras pessoas dependerá dos estímulos que receber, dos afetos trocados e do lugar que lhe é dado na família e na escola. A partir disso, a Educação Infantil assume um papel fundamental na formação desta criança, sendo o primeiro lugar de inclusão, de reconhecimento da sua identidade cidadã. Assim, agora descobriremos algumas situações que nos norteiam no processo da inclusão, a partir da Educação Infantil. A criança com deficiência decorrente da deficiência física precisa de muito mais do que recursos básicos que satisfaçam suas necessidades primárias. O ambiente onde está inclusa age neste processo como um fator estimulante, podendo também agir como um meio limitante. O ambiente desafiador possibilita à criança alavancar o seu desenvolvimento, sentindo-se provocada a achar soluções para responder aos problemas apresentados. A Educação Infantil trabalha a primeira situação da inclusão que é a heterogeneidade, que mexe com as diferenças e faz com que o aluno veja o mundo com os seus olhos, a partir de um ambiente onde vários indivíduos diferentes estão inclusos e realizando trocas sociais. Isso caracteriza um ambiente muito diferente da sua casa, onde tudo pertence a uma rotina, UNIDADE 3TÓPICO 2118 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S com as mesmas pessoas e as mesmas tarefas. Cada criança reage diferentemente frente a este desafio que o novo ambiente apresenta, mas, se ela se deparar com um ambiente “pobre” em estímulos, não se sentirá tentada a explorá- lo e nem a construir relações com as pessoas que nele estão presentes. Principalmente se for uma criança com deficiência física, sendo essa a causa do atraso em seu desenvolvimento. Neste sentido, Vygotsky (1997) diz que a deficiência do indivíduo passa a ser determinada pelas relações sociais, propondo uma nova visão sobre o assunto, e estabelece a noção de deficiência primária e deficiência secundária. Para ver esta questão, analisaremos um aluno com deficiência física, cadeirante “inserido” na Educação Infantil, que a turma ignora e que a professora não inclui nas atividades: esquece-o no momento da brincadeira e não leva em conta suas respostas para com o outro. Podemos considerar esse ambiente limitador, que não estimula o aluno e nem o inclui. Sabemos que ele possui uma deficiência física, que tem uma causa biológica e que o limita no convívio social; esta é a deficiência primária. A partir deste ambiente desestimulador e excludente, o nosso aluno apresentará o que chamamos de deficiência secundária, causada pela exclusão social, que se baseia nas interações sociais. A forma com que este sujeito comdeficiência se desenvolve está relacionada com a forma com que ocorre sua interação social, validando o processo de inclusão como prevenção a este tipo de deficiência. Com isso, pode-se dizer que um comprometimento neste quadro de deficiência, levando a uma piora de desenvolvimento, deve-se ao ambiente em que está “inserida”, demonstrando o processo de compensação social, onde mais estímulos provocam maior desenvolvimento e menos estímulos maior limitação. FIGURA 45 – CICLO DO DESENVOLVIMENTO FONTE: A autora UNIDADE 3 TÓPICO 2 119 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S 3 BRINCAR E BRINQUEDOS A brincadeira é a melhor forma de aprendizado que a humanidade inventou. É brincando que as crianças aprendem mais. Segundo Vygotsky (1997), é enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, dependendo das motivações e concepções internas. Na Educação Infantil o ato de brincar ganha um significado maior, pois é um meio de aprendizagem e interação social para a criança, que serve para estimular seu desenvolvimento. Ao brincar, há o desenvolvimento do corpo e, principalmente, da mente. A criança demonstra e representa o que gostaria de ser, expressando a sua criatividade. O aluno com deficiências nunca deve ser esquecido nestas brincadeiras, lembrando sempre que este é um ato de interação social e os espaços destinados ao brincar devem estimular a imaginação, a fantasia e a compreensão do mundo (seus valores, conceitos, regras e limites). O ato de brincar na Educação Infantil e as interações sociais que estabelece, construindo um ambiente estimulador, é que constituem a proposta de inclusão. É importante a delimitação do papel do ambiente como mediador do desenvolvimento do aluno com deficiência. Tais locais permitem as crianças estabelecerem os primeiros conceitos de cidadania e respeito à diversidade humana. As brincadeiras, por terem suas regras estabelecidas pelos próprios integrantes, permitem a construção de regras no início com a participação de todos, adaptando-se às necessidades do grupo. Portanto, agem como um mediador do desenvolvimento da criança, desafiando-a a participar da construção de regras de convívio social. FIGURA 46 – BRINCADEIRA DE ESTOURAR O BALÃO FONTE: A autora UNIDADE 3TÓPICO 2120 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S LEITURA COMPLEMENTAR O BRINCAR E O BRINQUEDO O brincar deve ser sempre o modo preferencial de interação com a criança garantindo um ambiente prazeroso. Ao brincar, por meio de jogos ou atividades de natureza estruturada, as condições básicas para aprendizagem se estabelecem: rotina, disciplina, atendimento a regras, ritmo de atividade, interação social, motivação para conclusão das tarefas e prazer em concluir uma atividade e verificar seu produto. O brincar estruturado é possível em todas as idades sendo uma forma segura de promover experiências de aprendizagem. Os brinquedos são, em si, instrumentos para o brincar e para aprender, portanto não precisam ser necessariamente brinquedos comerciais. A UNICEF tem incentivado pelo mundo o uso de brinquedos confeccionados pela própria comunidade como forma de conservar as culturas locais e incentivar a criatividade dos educadores no aproveitamento de seus próprios recursos. Além disso, há a dissociação enganosamente estabelecida de que uma boa educação somente se realiza com recursos de custo elevado. Brinquedos podem ser confeccionados por professores e pela família, em comunidades carentes ou não, a partir de materiais como madeira, utensílios domésticos, sucata etc. Cuidados especiais, na confecção de brinquedos, devem ser sempre tomados, como garantir sua perfeita higiene e bom acabamento, de modo a não oferecer riscos para a criança como pontas ou farpas. Não devem ser pintados com tinta que contenha chumbo, e devem ser seguros de modo a não desmancharem facilmente, causando lesões ou liberando peças pequenas que possam obstruir a respiração da criança ou machucá-la. Os brinquedos devem ser adequados ao nível de desenvolvimento da criança, e, ao serem confeccionados, devem ser cuidadosamente feitos de modo a poderem ser utilizados como recursos de aprendizagem, até mesmo em níveis mais elevados. Por exemplo, blocos de madeira podem ser usados em atividades de pôr em e retirar de caixas, construção, contagem, classificação etc. Contudo, é importante que sejam feitos com a mesma medida, de modo que possam ser usados desde jogos simples como atividades de guardar, até a exploração de princípios de matemática (por ex.: dois meios blocos, quando colocados juntos, são rigorosamente iguais a um bloco inteiro). O momento ideal para jogos e brincadeiras é quando a criança está desperta, calma, alerta e saudável, devendo-se aproveitar momentos como banho, alimentação, ou quando o bebê ou a criança estiverem brincando. O essencial é que as rotinas diárias sejam transformadas em situações de interação prazerosa, lembrando sempre que a inteligência e a capacidade da criança se estimulam com amor. FONTE: Educação Infantil: saberes e práticas da inclusão: dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento. 4. ed. Brasília: MEC/SEESP, 2006, p. 20-21. UNIDADE 3 TÓPICO 2 121 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S Neste tópico você viu: • A importância da Educação Infantil no desenvolvimento da criança com deficiência física, por ser a primeira infância um período fundamental para a estruturação da criança; é muito importante a estimulação neste período. • O ambiente da Educação Infantil atua como mediador no processo de desenvolvimento da criança deficiente, desafiando-a ou limitando-a. • A diferença entre a deficiência primária, que é de origem biológica, própria do indivíduo com deficiência, e a secundária, que se caracteriza pela limitação nas interações sociais. (VYGOTSKY, 1997). • Na Educação Infantil o brincar ganha um significado amplo, pois é um meio de aprendizagem para a criança, estimulando sua interação social, construindo as bases para o seu aprendizado. • Ao brincar, a criança com deficiência desenvolve o corpo e a mente, demonstrando o que gostaria de ser, expressando a sua criatividade e seu pensamento. RESUMO DO TÓPICO 2 UNIDADE 3TÓPICO 2122 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S Analise a importância da Educação Infantil no processo de desenvolvimento do aluno com deficiência física. Descreva o que você entendeu sobre o papel da estimulação na primeira infância da criança com deficiência. AUT OAT IVID ADE � D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S ENSINO FUNDAMENTAL E A DEFICIÊNCIA FÍSICA 1 INTRODUÇÃO 2 PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO TÓPICO 3 UNIDADE 3 Neste tópico veremos a questão da deficiência física e o Ensino Fundamental, no qual o aluno apresenta desenvolvimento na área da alfabetização e se apropria de conhecimentos mais complexos. A inclusão do aluno com deficiência física nesta modalidade contribui para a construção da sua identidade e da cidadania, delegando a ele um papel presente na sociedade. Este processo ainda encontra resistência por parte dos professores que se atêm aos fracassos escolares do aluno com deficiência, esquecendo de enaltecersuas conquistas, não respeitando seu processo de aprendizagem e seu ritmo motor. Vygotsky (1997) refere que a criança cujo desenvolvimento está impedido por um defeito não é simplesmente uma criança menos desenvolvida que seus pares; mais precisamente, ela tem que ser desenvolvida diferentemente. Ao analisarmos esta situação no ambiente escolar, devemos trabalhar o preceito da especificidade, respeitando as características individuais do nosso aluno com deficiência física. Devemos perceber que o processo de alfabetização precisa ser desenvolvido como ocorreria com outro aluno. Nesse sentido podemos afirmar que a apropriação dos signos, que gerarão o desenvolvimento do processo de alfabetização, por parte da criança com deficiência, se dá por meio da relação e correlação entre as estruturas elementares (reflexos, reações automáticas, associações simples, entre outros), condicionadas principalmente por determinantes biológicos. UNIDADE 3TÓPICO 3124 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S As estruturas se constroem com a interação social, constituindo os processos psicológicos superiores. Estes se referem aos processos que caracterizam o funcionamento psicológico tipicamente humano, como, por exemplo, ações conscientemente controladas, atenção voluntária, memorização ativa, pensamento abstrato. Sob a influência desta concepção, entendemos que a escola e o papel do professor são centrais para o desenvolvimento da criança, na medida em que podem proporcionar novas formas de construção do conhecimento, dando bases para o processo da alfabetização, que se constitui na interação social e escolar. É nesta direção que a mediação, desde os primeiros anos escolares, promove o desenvolvimento do aluno para atividades mais complexas, mediante a proposição de ideias para uma tomada de atitude. Além disso, o professor, ao trabalhar a alfabetização desse aluno nos anos iniciais, se depara com a situação de que é preciso colocar o foco educacional em atividades que possibilitem à criança desenvolver a zona de desenvolvimento proximal (ZDP), e não ficar restrito às dificuldades relacionadas à “deficiência primária”. Outro importante aspecto para se compreender o processo de desenvolvimento da alfabetização da criança com deficiência física é o conceito de compensação, que consiste em criar condições e estabelecer interações que possibilitem aos sujeitos com deficiência se desenvolverem. Para isso ocorrer, é de fundamental importância o estímulo ambiental, desafiando a criança a demonstrar suas potencialidades. Isto antecipa a ideia da neuroplasticidade do cérebro humano, a qual define que, a partir da estimulação, o cérebro realiza um arranjo neuronal para dar suporte à área lesionada, desencadeando estímulos e respostas às provocações feitas no ambiente. Portanto, a promoção do processo da alfabetização está diretamente relacionada às possibilidades para “compensar” seu déficit, oferecendo ao aluno com deficiência física a interação social, ou seja, o processo se estabelece de forma mediada, não espontânea e necessita do professor no decorrer de todo o desenvolvimento. Segundo Vygotsky (1997, p. 74), “o aprendizado é uma das principais fontes da criança em idade escolar; e é também uma poderosa força que direciona o seu desenvolvimento, determinando o destino de todo o seu desenvolvimento mental.” Cabe ao professor aceitar a criança com deficiência física e demonstrar carinho por ela, ensinar-lhe primeiramente as coisas mais fáceis e uma parte de cada vez. O professor conseguirá resultados mais positivos de seu trabalho, se associar cada parte às coisas agradáveis para a criança. Ele deverá elogiá-la após cada item aprendido para que ela se sinta mais capaz e segura. É ainda tarefa deste professor manter a paciência e a uniformidade de comportamento e, ao avaliar a criança, deverá evitar fazer comparações com as demais, além de não exigir um rendimento que a criança não poderá oferecer. UNIDADE 3 TÓPICO 3 125 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S 3 4º. ANO ESCOLAR A 9º. ANO ESCOLAR A criança com deficiência física, ao passar pelo processo de alfabetização, que é um desafio maior devido à limitação motora, vai para uma proposta maior, onde há novos professores, em maior número, com conhecimentos mais complexos e que exigem mais dedicação, maior interação e a apropriação de significados complexos. Esta realidade assusta o nosso aluno com deficiência física ao ser incluído nos anos finais do Ensino Fundamental, o que muitas vezes leva ao fracasso escolar. Ao professor cabe a compreensão deste processo, a partir de um olhar direcionado à sua especificidade, contribuindo para o processo de aprendizagem do aluno. Isso não significa “fazer pelo aluno”, “passar a mão na cabeça”. Significa dar a ele ânimo e vontade de buscar este conhecimento, desvinculando-o da imagem de incapaz. A tendência para conceber um processo de construção do conhecimento centrado nas características pessoais do sujeito, levando em conta as suas interações com o meio social e os seus possíveis efeitos sobre a aquisição de instrumentos cognitivos, permite a este aluno se desenvolver, tendo por base situações e acontecimentos. A criança passa, assim, a ser vista como parte integrante de uma situação social na qual ela age e participa. Segundo Vygotsky (1997), a partir da participação do sujeito em atividades sociais, formam-se os processos psicológicos superiores, os quais vão ser influenciados por um conjunto de fatores de ordem social. Estes processos, mediados por instrumentos próprios da cultura do sujeito, vão agir sobre os processos de maturação que, consequentemente, aumentam a capacidade de domínio e de apropriação da criança. Para o mesmo autor, o uso da mediação para impulsionar a ZDP é o aspecto primordial da educação escolar, pois implica: a) a transformação de um processo interpessoal (social) num processo intrapessoal; b) os estágios de internalização dos conhecimentos; c) o papel da mediação dos “mais experientes”, que podem ser os professores ou os colegas. Partindo desta perspectiva, o processo de aprendizagem irá deter os conhecimentos que o aluno já sabe (nível de desenvolvimento real), e aprimorar a busca pelo que ele poderia saber, por meio da mediação. Neste sentido, o papel do professor dos anos finais se UNIDADE 3TÓPICO 3126 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S LEITURA COMPLEMENTAR PLASTICIDADE NEURAL Uma das importantes características do sistema nervoso é denominada “Plasticidade Neural”. Mas o que é a plasticidade? É a habilidade de tomar a forma ou alterar a forma e o funcionamento a partir da demanda ou exigência do meio. A plasticidade do sistema nervoso acontece no curso do desenvolvimento normal e também em casos de pessoas que retomam seu desenvolvimento, após sofrerem agressões e lesões neurológicas. Durante o 1º. ano de vida da criança percebemos alterações constantes de sua expressão motora com progressivo incremento de habilidades. Essa evolução normal corresponde às aquisições do desenvolvimento motor normal, determinado filogeneticamente, ao longo da evolução. Sabemos, portanto, que a qualidade de oportunidades e vivências dessa criança acelerará ou retardará essa evolução. O desenvolvimento englobará também interferências de fatores genéticos e ambientais e neste ponto encontraremos diferenciações entre indivíduos e grupos de indivíduos com características genéticas distintas.Posteriormente o desenvolvimento evolui para o surgimento de habilidades, que fundamenta na importância de subsidiar a busca por novos conhecimentos. Desta maneira, Vygotsky (1997) assume uma posição que privilegia a importância dada à aprendizagem escolar como promotora do desenvolvimento e reconhece o papel do professor como mediador no processo de aquisição de conhecimento, na formação de conceitos científicos e no desenvolvimento cognitivo de seus alunos. Ao compreender o desenvolvimento como um processo qualitativamente diferente para cada indivíduo, cujos obstáculos podem ser contornados por meio de processos compensatórios, o professor faz a mediação fundamental para a obtenção de bons resultados, não permitindo anormalidades no desenvolvimento. Além disso, assegura que as diferenças neste desenvolvimento possam ser vistas como variações qualitativas. Com esta visão, conseguimos compreender o nosso aluno com deficiência física como um sujeito atuante, que necessita de interação social para ser desafiado, partindo de conhecimentos que já possui para chegar a significações mais complexas e garantir um processo de aprendizagem com base nas suas potencialidades. Assim se obtém como resultado o sucesso escolar. UNIDADE 3 TÓPICO 3 127 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S dependem de aprendizado específico e, por isso, acontece somente naqueles que receberam estímulos próprios para o desenvolvimento dessa habilidade. No curso de todo o desenvolvimento humano os fatores ambientais estarão provocando e instigando o desenvolvimento dos centros neurológicos que vão se organizando e reorganizando a partir desta demanda. Pessoas que sofreram lesões neurológicas não fogem desta regra; elas devem então reorganizar seus sistemas de controle neurais para a retomada de tarefas perdidas ou aprendizado de outras desejadas. Mais do que nunca, a “oportunidade” fará a diferença e precisaremos instigar, através da estimulação, os “centros de controle” a reorganizarem-se para assumir a função da parte lesada. Nesse caso, a quantidade e, mais ainda, a qualidade de estímulos proporcionados à criança possibilitará o desenvolvimento máximo de suas potencialidades e isso justifica a importância de criarmos oportunidades comuns de convivências e desafios para o desenvolvimento. A abordagem pedagógica para as crianças com deficiência múltipla na Educa- ção Infantil enfatiza o direito de ser criança, poder brincar e viver experiências significativas de forma lúdica e informal. Assegura ainda o direito de ir à escola, aprender e construir o conhecimento de forma adequada e mais sistematizada, em companhia de outras crianças em sua comunidade. (MEC, 2003, p. 12). Como fica o conhecimento sobre a plasticidade neural no ambiente escolar? O ambiente escolar promove desafios de aprendizagem. Privar uma criança ou um jovem dos desafios da escola é impedi-los de se desenvolverem. Não podemos aprisionar a nossa concepção equivocada de limitação. O estudo da plasticidade neural vem nos demonstrar que o ser humano é ilimitado e que, apesar das condições genéticas ou neurológicas, o ambiente tem forte intervenção nesses fatores. Quanto mais o meio promove situações desafiadoras ao indivíduo, mais ele vai responder a esses desafios e desenvolver habilidades perdidas ou que nunca foram desenvolvidas. Se propusermos situações de acordo com a limitação da criança, ela não encontrará motivos para se sentir desafiada. Uma criança com atraso no desenvolvimento motor, ou com uma paralisia cerebral, quando incluída em ambiente escolar inclusivo, tem inúmeras razões para se sentir provocada a desenvolver habilidades que não desenvolveria em um ambiente segregado. FONTE: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Atendimento Educacional Especializado em Deficiência Física. Brasília: MEC/SEESP, 2007. p. 17-18. UNIDADE 3TÓPICO 3128 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S Neste tópico, estudamos a inclusão do aluno com deficiência física no Ensino Regular. Alguns pontos são importantes como: • Na Educação Infantil, a criança norteia-se a partir das relações sociais para constituir seu processo de aprendizagem, tendo o professor o papel fundamental de trabalhar a inclusão e a construção de um ambiente desafiador. • No Ensino Fundamental, temos duas situações distintas, o processo de alfabetização e os anos finais. • No Processo de Alfabetização, a criança apropria-se dos signos e constitui seu arcabouço de conhecimento, trazendo para o ambiente escolar situações do cotidiano, para que se aproprie destes conhecimentos. Este processo é mediado pelo professor. • Nos Anos Finais, a situação é mais complexa, pela dinâmica do ambiente, pelo número de professores e pelo processo de estimulação ter que contemplar conhecimentos mais complexos e elaborados. Podem ocorrer falhas neste desenvolvimento, o que pode levar ao fracasso escolar do aluno. RESUMO DO TÓPICO 3 UNIDADE 3 TÓPICO 3 129 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S No decorrer deste tópico falamos sobre a inclusão no Ensino Regular, sob a ótica do processo de aprendizagem do aluno com deficiência física. Baseando-se no cotidiano escolar de uma criança com deficiência física, analise este processo de aprendizagem e a influência do ambiente escolar, como fator desafiador da aprendizagem, bem como um fator limitador deste processo. Discorra sobre o que você considera importante para este ambiente ser inclusivo para este aluno. Descreva, no mínimo, cinco pontos importantes sobre esta situação. AUT OAT IVID ADE � UNIDADE 3TÓPICO 3130 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S EDUCAÇÃO FÍSICA E DEFICIÊNCIA FÍSICA 1 INTRODUÇÃO 2 A INCLUSÃO TÓPICO 4 UNIDADE 3 Neste tópico vamos falar sobre a educação física e a deficiência física, assunto amplamente discutido em termos de inclusão, devido à realização de trabalhos na área motora do aluno com deficiência e por associar o lúdico à inclusão. A Educação Física, ao longo da história, se estabelece com o compromisso do trabalho do corpo, construindo um biótipo saudável, com um funcionamento perfeito. Entretanto, com a inclusão do aluno com deficiência no ambiente escolar este preceito foi rompido, demonstrando um corpo em desenvolvimento. A partir disso, a Educação Física vem refletindo sobre a temática da deficiência, com o intuito de minimizar os problemas e assegurar a inclusão desse grupo minoritário, mas de grande atenção no ambiente escolar. Para Sassaki (1997), a inclusão social é um processo que contribui para a construção de um novo tipo de sociedade através de transformações pequenas e grandes, nos ambientes físicos e na mentalidade de todas as pessoas, como também no indivíduo com deficiência física. Nesse sentido, ao analisarmos as aulas de Educação Física, podemos considerá-las como agentes ativos no processo de inclusão. A atividade física, adequada às possibilidades dos sujeitos, valoriza-os e os integra à realidade, dando-lhes autonomia, autoconfiança e liberdade. Nesse sentido, quando há na escola a prática de esporte, ela pode significar, no imaginário do deficiente, uma forma de evidenciar suas deficiências, retirando-o da convivênciaUNIDADE 3TÓPICO 4132 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S com os outros, significando sacrifício e exclusão. Por outro lado, pode também significar melhorias para a sua qualidade de vida, por proporcionar prazer e ser sentida como uma prática que evidencia a sua eficiência e potencialidades. Quando o professor de educação física trabalha a condição de igualdade social, esta muitas vezes não está presente no cotidiano do aluno com deficiência física. Valores como determinação, cooperação, autossuperação, autoconfiança, socialização, bem como habilidades motoras e cognitivas, podem ser referenciados pela prática da atividade física. Ao trabalhar com o aluno com deficiência, o educador físico intervém visando a uma educação física que os conscientize de suas deficiências, mas que os faça conhecer suas possibilidades e motivá-los na busca de melhorias para a sua qualidade de vida, facilitando suas atividades cotidianas. Algumas situações contribuem para uma aula inclusiva: • respeitar os limites físicos do aluno, assim como as limitações impostas pela deficiência física; • estimular o aluno a realizar, dentro de suas possibilidades, as atividades propostas; • adaptar brincadeiras e construir com os alunos as suas regras, estimular a diversidade e o respeito ao outro; • o professor é o agente mediador do aluno com deficiência, cabendo a ele o papel de adaptar a aula para que o aluno possa exprimir suas potencialidades; • o aluno com deficiência não quebra; retirá-lo da cadeira de rodas e trabalhá-lo no chão ou no colchão lhe trará um novo foco sobre a atividade proposta; • na aula de Educação Física, poderá haver situações em que se necessite de mais um professor para auxiliar a atividade proposta pelo educador físico; este profissional pode ser a professora de sala ou um segundo professor, que dá apoio a esta criança; • o aluno não realiza o movimento sozinho, mas o corpo do professor dará suporte para ele realizar a tarefa, “fazer por ele não, mas fazer com ele sim”; • cada aluno com deficiência apresenta um quadro motor, e isso lhe causa cansaço com facilidade, por isso respeitar este limite faz com que ele tenha uma resposta adequada; • aluno nenhum pode ficar fora da aula de Educação Física, devido à grande importância que ela agrega ao desenvolvimento humano, nem o aluno com um quadro de deficiência física severa. UNIDADE 3 TÓPICO 4 133 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S Nessa perspectiva, a educação física no ambiente escolar contribui para o processo de inclusão do aluno com deficiência, rompendo barreiras e trabalhando o processo da universalidade, com o preceito social da diversidade. FIGURA 47 – PRÁTICA DE BASQUETE COM USO DE BOLA DE VÔLEI NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA, ADAPTAÇÃO DE REGRAS FONTE: AACD (2010) 3 ATIVIDADE FÍSICA ADAPTADA A maioria das pessoas com deficiência física no Brasil não tem oportunidade de praticar uma atividade física adaptada, seja com o objetivo de movimentar-se, jogar ou praticar um esporte ou atividade física regular. A prática de uma atividade física por um indivíduo com deficiência, sendo esta visual, auditiva, mental ou física, pode proporcionar, dentre todos os benefícios da prática regular, a oportunidade de estabelecer limites e potencialidades, prevenir as deficiências secundárias, problemas de saúde e promover a integração social. Os ganhos com a prática apresentam-se na área física, com ganho na agilidade da cadeira de rodas, no seu manejo, na força muscular, na coordenação motora, no equilíbrio, na resistência física. Na área psíquica, o praticante apresenta ganhos na autoestima, melhora de humor, redução da agressividade e da ansiedade, inclusão social. NO TA! � Acadêmico(a), para você saber mais sobre o Esporte Adaptado, consulte a Revista Digital EFdeportes, disponibilizada no site: <http://www.efdeportes.com/efd51/esporte.htm>. UNIDADE 3TÓPICO 4134 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S Neste tópico você viu: • A importância da educação física no ambiente escolar, no processo de inclusão do aluno deficiente, o seu papel mediador na delimitação da deficiência e na estimulação de uma nova perspectiva para a condição física do aluno. • Um dos papéis importantes da educação física é a sua contribuição nas relações sociais, com a construção de regras sociais. • Para a construção de uma aula inclusiva, devem-se levar em conta as limitações e potencialidades do aluno, a adaptação de brincadeiras, a estimulação deste aluno a partir da atividade proposta, o papel do professor como mediador nestas atividades, a realização das tarefas com o aluno e não por ele. • As atividades físicas adaptadas estimulam a inclusão social da pessoa com deficiência física, proporcionando, dentre todos os benefícios da prática regular, a oportunidade de estabelecer seus limites e suas potencialidades, prevenindo as deficiências secundárias, problemas de saúde e promovendo a sua inclusão social. RESUMO DO TÓPICO 4 UNIDADE 3 TÓPICO 4 135 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S Prezado(a) acadêmico(a), agora que vimos sobre a Educação Física e a Inclusão, precisamos refletir sobre algumas questões. Para isso, sugiro para você que leia o texto a seguir e descreva sobre situações de como a Educação Física pode auxiliar no processo de inclusão. EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA É um programa diversificado de atividades, jogos, esportes e ritmos, adequados aos interesses, capacidades e limitações do aluno com necessidades especiais. O objetivo da educação física adaptada é dar oportunidade ao portador de necessidades especiais de ter várias opções de esporte e lazer, mostrando o impacto destas atividades na qualidade de vida, nos aspectos físicos, sociais e psicológicos. A ideia da educação física adaptada é a de incluir o aluno com necessidades especiais nas atividades físicas promovidas pelas escolas do sistema regular de ensino, pois, muitas vezes, esses alunos são dispensados devido à sua condição. A atividade motora adaptada é um dos meios que proporciona ao aluno com necessidades especiais condições de aumentar o repertório de movimentos. É através das atividades físicas que o indivíduo portador de deficiência pode estabelecer um novo conceito de corpo, passando a detectar e desenvolver os potenciais remanescentes, direcionando o pensamento, os motivos e o comportamento diante da sua condição. Por mais acentuada que seja sua limitação motora, pode-se conseguir com a educação física adaptada uma parcial ou completa adaptação à sua limitação e às solicitações do ambiente, em várias situações. Isto se torna possível porque o indivíduo redimensiona o significado do movimento dos membros remanescentes e, de alguma forma, elabora um vocabulário corporal próprio. FONTE: EDUCAÇÃO física adaptada. Disponível em: <http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/ dicionario.asp?id=248>. Acesso em: 12 fev. 2010. AUT OAT IVID ADE � UNIDADE 3TÓPICO 4136 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S NA SALA: O QUE FAZER? 1 INTRODUÇÃO 2 RECURSOS AUXILIARES EM SALA DE AULA TÓPICO 5 UNIDADE 3 A inclusão do aluno com deficiênciafísica requer do professor atenção às barreiras arquitetônicas e atitudinais que o ambiente e as pessoas impõem a este aluno. Trabalhar com a diferença buscando um parâmetro de igualdade de oportunidades é o maior desafio em sala de aula: o professor precisa buscar mecanismos que proponham a aprendizagem do aluno com deficiência física, respeitando o seu ritmo de trabalho. Neste tópico estudaremos como trabalhar com o aluno com deficiência física em sala de aula, respeitando os princípios da inclusão. Como visto anteriormente, o aluno com deficiência física apresenta desenvolvimento com lacunas devido ao problema de saúde que causou a deficiência. As sequelas determinam a necessidade de recursos da Tecnologia Assistiva para auxiliar o processo de aprendizagem. Como recursos, temos: • jogos adaptados; • brinquedos; • mobiliário adaptado; • materiais pedagógicos adaptados; • materiais didáticos adaptados; • utensílios de higiene e alimentação adaptados. UNIDADE 3TÓPICO 5138 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S 2.1 POSICIONAMENTO O aluno com deficiência física necessita estar bem posicionado em sala de aula para que possa manter seu foco de atenção, direcionando o olhar, como qualquer outra criança, para poder interagir. Para nos auxiliar temos as cadeiras de rodas e as cadeiras e carteiras escolares adaptadas. Devemos observar os seguintes pontos: • O aluno tem controle de cabeça (mantém movimento sozinho), pois isso determinará o uso ou não de um apoio de cabeça e cintos para posicioná-lo junto à cadeira de rodas. • Como está a posição da pelve do aluno na cadeira, pois, quando mal posicionada, pode causar deformidades e perda do controle de cabeça, dificultando o processo de aprendizagem. FIGURA 48 – PELVE MAL POSICIONADA E PELVE POSICIONADA ADEQUADAMENTE COM CINTO PÉLVICO FONTE: Brasil (2007) • Quando o aluno apresentar algum reflexo primitivo, devido à lesão encefálica, e como os reflexos são desencadeados pela alteração da posição da cabeça, orientamos o aluno a permanecer com a cabeça na linha média (posição normal). O professor não deve permanecer ao lado do aluno, pois desencadearia este reflexo e dificultaria sua atenção, sendo interessante posicionar-se à frente dele. FIGURA 49 – POSIÇÃO DO PROFESSOR FONTE: Brasil (2007) UNIDADE 3 TÓPICO 5 139 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S • O material escolar e pedagógico deve ser colocado numa altura que favoreça o aluno a olhar mais para frente. Os objetos e/ ou pessoas devem ser apresentados na altura dos olhos desse aluno, evitando que ele tenha que baixar a cabeça ou olhar muito para cima. FIGURA 50 – POSIÇÃO DO MATERIAL FONTE: Brasil (2007) • Converse com a equipe de reabilitação que atende o aluno para haver trocas sobre como o aluno está em sala de aula e sobre a utilização de mobiliário adaptado, como carteira e cadeira escolares adaptadas. FIGURA 51 – MOBILIÁRIO ADAPTADO FONTE: Disponível em: <www.vanzetti.com.br>. Acesso em: 24 fev. 2010. • O posicionamento adequado do aluno com deficiência física nos permite uma melhor interação na área da aprendizagem. Para isso devemos usar cadeiras de rodas adequadas, mobiliário adaptado, cintos e apoios nas cadeiras de rodas e mobiliário. • Observe sempre a posição da cabeça do aluno, como está posicionada contra o encosto, como está sua pelve (“osso da bacia”), a posição dos braços, se os pés estão encostados no apoio de pés e se estão bem posicionados. O aluno com deficiência física deve estar bem sentado para manter sua atenção para um único foco, da mesma forma que um aluno sem alterações de desenvolvimento. UNIDADE 3TÓPICO 5140 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S FIGURA 52 – POSIÇÃO DO ALUNO FONTE: Brasil (2007) 2.2 MATERIAIS PEDAGÓGICOS ADAPTADOS O professor, ao ter em sua sala um aluno com deficiência física, sempre se apresenta ansioso, com muitas dúvidas e sem saber como lidar com a situação. Tem dificuldades em saber quais materiais usar, como interagir com este aluno, utilizar ou não o computador, como entender o que o aluno quer dizer. Estas questões são pertinentes à prática pedagógica, gerando ansiedade e dúvidas. O aluno com deficiência exige do professor adaptações que respeitem: • suas limitações motoras, • seu ritmo de trabalho, • sua resposta ao ser questionado. Em relação à escrita, o professor, em trabalho conjunto com a equipe de reabilitação, pode introduzir um dispositivo auxiliar para fazer apoio do lápis/caneta. FIGURA 53 – APOIO DE LÁPIS/CANETA FONTE: Oliveira (2008) É interessante o uso de folhas maiores que as A4 para atividades, ou com pautas maiores, possibilitando ao aluno maior facilidade para realizar o traçado/ escrita. UNIDADE 3 TÓPICO 5 141 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S Podem ser utilizados, para o ato de desenhar ou escrever, engrossadores de lápis/ caneta, feitos com espuma (esta espuma é utilizada em canos de ar condicionado do tipo split); também podem ser usadas canetas com espessura maior, pois este material possibilita maior facilidade de preensão. FIGURA 54 – ENGROSSADORES FONTE: Oliveira (2008) Os livros devem ter separação de páginas feitas com feltro ou EVA, para facilitar o manuseio, pois a página fica mais grossa e facilita o virar. FIGURA 55 – LIVRO COM SEPARAÇÃO DE FELTRO FONTE: Brasil (2007) Podem-se confeccionar livros em EVA para facilitar o manuseio das páginas. FIGURA 56 – LIVRO EM EVA FONTE: A autora Os jogos que serão utilizados em sala de aula podem ser adaptados para que o aluno participe com autonomia. Podem ser utilizados: UNIDADE 3TÓPICO 5142 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S • jogos de quebra-cabeça com rótulos, caixas, figuras; jogos da memória com texturas, animais, figuras, números; FIGURA 57 – JOGO DE QUEBRA-CABEÇA FONTE: Brasil (2007) • jogos que estimulem a leitura e a escrita confeccionados com tampinhas, pedaços de madeira e papelão, figuras; FIGURA 58 – JOGO PARA LEITURA/ESCRITA FONTE: Brasil (2007) • jogos matemáticos que podem ser confeccionados com tampinhas, Velcro, tecido, figuras, objetos. FIGURA 59 – JOGO MATEMÁTICO COM USO DE OBJETOS FONTE: Brasil (2007) UNIDADE 3 TÓPICO 5 143 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S FIGURA 60 – JOGO DOS PARES FONTE: A autora No caso de o aluno se cansar muito ou não conseguir escrever utilizando o lápis ou a caneta, mesmo adaptados, podemos introduzir o quadro imantado ou a prancha de madeira, com letras de EVA, usar palavras, sílabas, símbolos, figuras. FIGURA 61 – PRANCHA DE MADEIRA E JOGO DE PALAVRAS FONTE: Oliveira (2008) O ato de brincar sempre gera preocupação com o tipo de brinquedo a ser empregado. Vejamos algumas sugestões: FIGURA 62 – JOGO DE ORGANIZAÇÃO DO ESQUEMA CORPORAL (MATERIAL: FELTRO E ISOPOR) FONTE: A autora UNIDADE 3TÓPICO 5144 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S FIGURA 63 – LANTERNA SONORA, PARA ESTÍMULO SONORO E AUDITIVO FONTE: Disponível em: <www.fisher-price.com/br/>. Acesso em: 24 fev. 2010. FIGURA 64 – BRINQUEDOS SONOROS PARA ESTÍMULO AUDITIVO DA CRIANÇAFONTE: A autora FIGURA 65 – PAINEL DAS CORES, ASSOCIANDO OBJETOS PARA ESTÍMULO DAS ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA FONTE: Disponível em: <www.laramara.org.br/>. Acesso em: 24 fev. 2010. UNIDADE 3 TÓPICO 5 145 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S FIGURA 66 – BRINQUEDOS COM TEXTURAS, PARA ESTIMULAÇÃO SENSORIAL DA CRIANÇA FONTE: A autora No ato de brincar deve-se introduzir um único estímulo (um brinquedo por vez), para podermos direcionar a atenção da criança para aquele objeto e estimularmos a sua exploração, não dispersando a atenção. NO TA! � Caro(a) acadêmico(a), você pode ter mais ideias de brinquedos adaptados no site do MEC, que dispõe, on-line, o livro “Brincar para todos”. Estes brinquedos são desenvolvidos para crianças com deficiência visual, mas servem como base para mais ideias para os nossos alunos com deficiência física. <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article &id=12665%3Abrincar-para-todos&catid=192%3Aseesp-esducacao- especial&Itemid=860>. 2.3 COMUNICAÇÃO Para entendermos nosso aluno, precisamos primeiramente saber do seu desejo, do seu pensamento sobre aquilo que estamos ensinando. Para isso há a necessidade de trabalhar formas de significarmos e conhecermos o seu sim/não, seus gostos, vontades, opiniões. A Comunicação Alternativa, que visa a estabelecer formas para este aluno se comunicar, é desenvolvida no Atendimento Educacional Especializado (AEE), realizado no contraturno escolar do aluno. Porém, este trabalho pode perder o seu significado se não utilizado na escola, local onde o aluno tem o maior meio de interação social. Para isso, o professor de sala precisa UNIDADE 3TÓPICO 5146 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S conhecer o aluno e saber respeitar o tempo de sua resposta, estimulando-o a expor respostas e opiniões. Inicialmente, devemos significar com o aluno o sim e o não, para poder compreender suas vontades e seu entendimento do assunto. Há muitas formas de estabelecer essa comunicação: a partir de cartões ilustrados com o sim e o não; com a criação de um código próprio, como “mande beijo para sim e mostre a língua para não”, ou pisque 1 vez para sim e 2 vezes para não”; com um movimento do corpo, entre outros. FIGURA 67 – USO DE CARTÃO FONTE: Oliveira (2008) Num segundo momento introduzimos figuras e objetos para trabalhar a opinião/vontade da criança, e poder estabelecer comunicação. Esta fase é muito importante a fim de poder estabelecer suas respostas frente às atividades propostas. A este método damos o nome de método de rastreio, que nos permite sempre oferecer à criança duas situações para que ela opte por uma. FIGURA 68 – USO DA PRANCHA DE MADEIRA COM FIGURAS PARA INDICAR QUAL É A PALAVRA QUE CORRESPONDE À FIGURA FONTE: Oliveira (2008) UNIDADE 3 TÓPICO 5 147 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S É muito interessante o professor estabelecer esta comunicação para saber a vontade da criança também no ato de brincar, pois, na maioria das vezes, impomos nossa vontade para com a criança, esquecendo que esta também tem vontades e desejos. Esta imposição causa a ela inibição, e cessam estímulos valiosos para seu desenvolvimento. O exemplo a seguir nos mostra como estabelecer a comunicação, a partir de cartões, para significar a escolha do brinquedo. FIGURA 69 – COMUNICAÇÃO COM CARTÕES FONTE: Oliveira (2008) Por fim, há pranchas de comunicação, que podem ser levadas a todos os lugares para servir de comunicação ao aluno. FIGURA 70 – PRANCHAS DE COMUNICAÇÃO FONTE: Oliveira (2008) UNIDADE 3TÓPICO 5148 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S Cada aluno é um aluno, com suas particularidades, seus potenciais. Esse preceito também se aplica ao aluno com deficiência física. Respeitar suas especificidades, construir com ele os objetivos e enaltecer seus acertos e suas potencialidades geram estímulos para seu desenvolvimento. Cabe ao professor saber observá-lo para construir e introduzir os recursos necessários para sua caminhada no ambiente escolar. LEITURA COMPLEMENTAR TÔNUS MUSCULAR E OS REFLEXOS TÔNICOS Mas o que é este tônus muscular? Tônus muscular é o estado de tensão de nossos músculos, que constantemente está se modificando para garantir nossa postura e permitir nossa dinâmica (deslocamento, manipulação, movimentos corporais). O tônus muscular é regulado por nosso sistema nervoso e, em caso de lesão, encontramos: • Hipotonia: criança mole, com dificuldades de sustentar postura e apresentando poucos movimentos. • Hipertonia: tensão muscular exagerada, limitações de movimentos e fixações em padrões de postura, problemas de ajustes automáticos do tônus e equilíbrio. • Hipercinesias: alterações do tônus que se apresenta flutuante e, neste caso, observamos movimentos involuntários do tipo atetóide, distônico, entre outros. Muitas crianças com alterações neuromotoras apresentam também influência de atividade tônica reflexa, ou seja, determinados estímulos provocam reações corporais reflexas. Os reflexos mais comuns reagem à alteração da posição da cabeça são: RTCA – Reflexo Tônico Cervical Assimétrico: quando a cabeça é rodada para um dos lados, observamos uma resposta de extensão de todo o lado do corpo para o qual a criança se volta e o lado oposto fica flexionado. RTCS – Reflexo Tônico Cervical Simétrico: a flexão da cabeça causa flexão da parte superior do corpo e extensão na parte inferior do corpo. A extensão da cabeça causa a extensão na parte superior do corpo e flexão na parte inferior do corpo. UNIDADE 3 TÓPICO 5 149 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S RTL – Reflexo Tônico Labiríntico: com a extensão cabeça percebemos um aumento de tônus extensor em todo o corpo e com a flexão da cabeça há aumento do tônus flexor em todo o corpo. Reconhecendo a presença e interferência destes reflexos sobre a motricidade da criança, podemos encontrar estratégias de inibição e com isso ela terá maior possibilidade de manter sua postura e realizar seus movimentos. Observação: Flexão – movimento de dobrar, inclinar-se. Extensão – movimento de estender, esticar-se. FONTE: BRASIL: Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Atendimento Educacional Especializado em Deficiência Física. Brasília: MEC/SEESP, 2007. p. 117- 119. UNIDADE 3TÓPICO 5150 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S Neste tópico você viu que: • Em sala de aula há várias necessidades para serem suprimidas em relação ao aluno com deficiência física, que vão desde o seu posicionamento, passando pelo ato da escrita, jogos, brinquedos e comunicação. • Precisamos entender o porquê da necessidade de o aluno sentar adequadamente e isso o levará a centrar sua atenção na atividade proposta; para isso temos recursos como cadeira de rodas e mobiliário adaptado. • Os materiais pedagógicos adaptados auxiliam na escrita (engrossadores de lápis/caneta, quadros imantados); na leitura (livros com separador de página; livros confeccionados em EVA); jogos adaptados; brinquedos. • Na área da comunicação há a necessidade de primeiro significar o sim e o não, para poder estabelecer as vontades e desejos da criança e, posteriormente, fazer usodas pranchas de comunicação. • Cada aluno tem suas especificidades e o professor deve se lembrar de respeitar isso, além do seu ritmo motor e do seu tempo de resposta. RESUMO DO TÓPICO 5 UNIDADE 3 TÓPICO 5 151 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S Prezado(a) acadêmico(a), agora que vimos algumas sugestões de como trabalhar com o aluno com deficiência física em sala de aula, precisamos rever algumas situações na nossa prática. Para isso, sugiro que você responda às seguintes questões: 1 O que você vê como dificuldade para trabalhar em sala de aula com o aluno com deficiência física? 2 Como o posicionamento correto do aluno influenciará na sua prática em sala de aula? 3 Como você estabelece a conceituação do sim e do não com o seu aluno? E o processo de escolha das atividades? 4 Como os materiais pedagógicos adaptados podem auxiliar o processo de ensino- aprendizagem? AUT OAT IVID ADE � UNIDADE 3TÓPICO 5152 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S AVAL IAÇÃ O Prezado(a) acadêmico(a), agora que chegamos ao final da Unidade 3, você deverá fazer a Avaliação. 153 D E F I C I Ê N C I A F Í S I C A: F U N D A M E N T O S E M E T O D O L O G I A S REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTROFIA MUSCULAR. Doenças Neuromusculares. Disponível em: <http://www.abdim.org.br/dg_distrofias.php>. Acesso em: 20 dez. 2009. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 9.050/2004: acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos. Disponível em: <http:// www.mpdft.gov.br/sicorde/NBR9050-31052004.pdf>. Acesso em: 21 dez. 2009. ASSOCIAÇÃO DE ASSISTÊNCIA À CRIANÇA DEFICIENTE – AACD. Programa de Inclusão Social. Disponível em: <http://www.teleton.org.br/curso>. Acesso em: 30 jan. 2010. ALENCAR JR. et al. Diagnóstico Pré-Natal da Artrogripose Múltipla Congênita – Relato de Caso. Rev. Bras. Ginecol. 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