Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
26/02/2017 1 Controle de Qualidade de Drogas Vegetais, Produtos Intermediários e de Fitoterápicos Fitoterapia CQ de matérias-primas vegetais • Qualidade: conjunto de critérios que caracterizam a matéria-prima para o uso ao qual se destina. • Parâmetros de qualidade + planejamento + controle em processo: qualidade assegurada (produto acabado) • Eficácia: ensaios farmacológicos pré-clínicos e clínicos • Segurança: ensaios de toxicidade Fluxograma de produção Processo 3 Produto acabado Aprovado ? MP Processo 2 Processo 1 N S Parâmetros de Qualidade Parâmetros de processo Validação de processo Parâmetros de Qualidade a) Farmacopéicos b) Farmacotécnicos Controle de qualidade ou Análise Farmacognóstica • RDC nº: 14/10 (ANVISA): para o registro do fitoterápico, deve constar relatório de controle de qualidade contendo laudo de análise da droga vegetal, do derivado vegetal e do produto acabado. • Alteração – Estado diferente de conservação da droga – Não houve manipulação artificial sobre a droga – Pode trazer ou não consequências para as propriedades farmacológicas – Geralmente deterioração ou ataque de insetos ou microrganismos Controle de qualidade ou Análise Farmacognóstica • Adulteração – Presença de material estranho (nocivo ou não à saúde) – Há diminuição da concentração de princípios ativos – Geralmente é ação voluntária (melhoria de aspecto) • Falsificação – Troca voluntária de uma droga por outra (imitação) Controle de qualidade ou Análise Farmacognóstica • Exemplos de adulterações – Óleo essencial de limão (Citrus spp L., Rutaceae) • Extração por arraste de vapor: ± 94% de limoneno • Adulteração com óleo de terebintina (pinemo) e adição de óleo de capim-limão (citral) – Gengibre (Zingiber officinale Roscoe, Zingiberaceae) • Adição de gengibre “usado” • Compensação do sabor picante com adição de pimenta 26/02/2017 2 Controle de qualidade ou Análise Farmacognóstica • Exemplos de adulterações – Ópio (látex dos frutos imaturos de Papaver somniferum L., Papaveraceae) • Adição de cápsulas de papoula em pó, gomas, frutos doces, argila – Dedaleira (Digitalis purpurea L., D. lanata Ehrh., Scrophulariaceae) • Adição de folhas de confrei (Symphytum officinale L.), muito semelhantes – Jaborandi (Pilocarpus jaborandi Holmes, P. microphyllus Stapf, Rutaceae) • Comercialização do extrato sem pilocarpina Farmacopéias no Brasil • Farmacopéia Brasileira – Página na internet: http://www.anvisa.gov.br/hotsite/farmacopeiabrasileira/dcb.htm – Código oficial farmacêutico do páis – Estabelece requisitos de qualidade para medicamentos – Elaborada por uma comissão nomeada pela ANVISA Farmacopéias no Brasil • Monografias de drogas vegetais – 1ª Ed., 1928: 713 monografias, 196 nativas (27,5%) – 2ª Ed., 1959: 205 monografias, 32 nativas (15,6%) – 3ª Ed., 1976: 23 monografias, 4 nativas (17,4%) – 4ª Ed., Parte I, 1988: (generalidades e métodos de análise) – 4ª Ed., Parte II, 1996-2005 (6 fascículos): 45 monografias, 11 nativas (24,4%) – 5ª Ed., 2010: vol. I e vol. II Farmacopéias no Brasil • F. Bras. 4ª Ed., Parte II (6 fascículos e 45 monografias) – 1º fascículo, 1996: 10 monografias – 2º fascículo, 2000: 10 monografias – 3º fascículo, 2001: 3 monografias – 4º fascículo, 2002: 7 monografias – 5º fascículo, 2003: 7 monografias – 6º fascículo, 2005: 8 monografias • F. Bras. 4ª Ed. e 5ª Ed.: “Métodos de Farmacognosia” • F. Bras. 5ª Ed., vol. II: “monografias” Estabelecimento dos parâmetros de qualidade • Procedência do material: variação na composição fitoquímica, na pureza. – Origem geográfica exata, condições de cultivo, estágio de desenvolvimento, colheita, secagem e armazenamento, tmt com agrotóxicos. – Matricaria recutita L. (camomila): o.e. varia conforme procedência – Outras espécies denominadas de camomila: Ormenis multicaulis, Anthemis sp. (camomila romana). Estabelecimento dos parâmetros de qualidade • Variação sazonal – variação nos teores de ativos – Tanchagem (Plantago lanceolata L.), guaco (Mikania glomerata) – Deve ser estabelecida a melhor época da colheita. • Parâmetros quantitativos: estabelecimento mais complexo do que m.p. sintéticas 26/02/2017 3 Métodos de Farmacognosia (F. Bras. V) A. Exame visual e inspeção microscópica 1. Exame visual, odor e sabor 2. Preparação do material para análise microscópica B. Métodos de análise de drogas vegetais 1. Amostragem 2. Determinação de Matéria Estranha 3. Determinação de Água em Drogas Vegetais 4. Determinação de Cinzas Totais 5. Determinação de Cinzas Insolúveis em Ácido 6. Determinação de Cinzas Sulfatadas 7. Determinação de Óleos Voláteis em Drogas Vegetais Métodos de Farmacognosia (F. Bras. V) B. Métodos de análise de drogas vegetais (cont.) 8. Determinação de Óleos Fixos 9. Determinação de 1,8-cineol em Óleos Essenciais 10.Determinação de Índice de Espuma 11.Determinação de Substâncias Extraíveis por Álcool (Extrato Alcóolico) 12.Determinação de Índice de Amargor 13.Determinação de Atividade Hemolítica 14.Determinação de Índice de Intumescência C. Métodos de análise de drogas vegetais 1. Métodos de preparação de extratos vegetais 2. Métodos de análise de extratos vegetais Ensaios de qualidade A. Exame visual e inspeção microscópica 1. Exame visual, odor e sabor (análise sensorial e organoléptica) • Simples e rápido: identidade e pureza • Comparação com amostras autênticas 2. Verificação da autenticidade • Ensaios macro e microscópicos da droga vegetal íntegra ou rasurada • Droga pulverizada: + complexo • Constituintes químicos Métodos de Farmacognosia (F. Bras. V) • Amostragem – Os procedimentos de amostragem especificados levam em consideração três aspectos: • (a) nº de embalagens que contêm a droga; • (b) grau de divisão da droga; • (c) quantidade de droga disponível. • Nº de embalagens – Examinar a integridade dos recipientes de embalagem e a natureza da droga neles contida. Havendo homogeneidade, recolher amostras conforme especificado. Amostragem segundo F. Bras. 5 ed. Grau de divisão da droga Quantidade disponível Tipo de amostragem Quantidade de amostra < 1 cm ou finamente pulverizado < 10 kg Empregar amostrador: -de cima para baixo -de baixo para cima -lateralmente 125 g (final) Até 100 kg Empregar amostrador: -de cima para baixo -de baixo para cima -lateralmente 250 g > 100 kg Empregar amostrador: -de cima para baixo -de baixo para cima -Lateralmente -Quarteamento 250 g (final) > 1 cm < 10 kg Manual (espátula ou concha) 125 g (final) Até 100 kg Manual (espátula ou concha) 500 g > 100 kg Manual (espátula ou concha) Quarteamento 500 g (final) Amostradores (saca-amostra) sólidos líquidos 26/02/2017 4 Amostragem segundo F. Bras. 5 ed. • Amostra deve ser representativa do todo e aleatória! Métodos de Farmacognosia (F. Bras. V) • Quarteamento – Distribuir a droga sobre área quadrada, em quatro partes iguais. Com a mão distribuir a droga sobre a área de modo homogêneo e rejeitar as porções contidas em dois quadrados opostos, em uma das diagonais do quadrado. Juntar as duas porções restantes e repetir o processo. Métodos de Farmacognosia (F. Bras. V) • Determinação de matéria estranha – Os fármacos vegetais são isentos de fungos, insetos e de outras contaminações de origem animal. Salvo indicação em contrário, a porcentagem de elementos estranhosnão deve ser superior a 2% (m/m). – Matéria estranha à droga é classificada em três tipos: • (A) partes do(s) organismo(s) dos quais a droga deriva, excetuados aqueles incluídos na definição e descrição da droga, acima do limite de tolerância especificada na monografia; • (B) quaisquer organismos, porções ou produtos de organismos além daqueles especificados na definição e descrição da droga; • (C) impurezas de natureza mineral ou orgânica, não-inerentes à droga. Métodos de Farmacognosia (F. Bras. V) • Determinação de matéria estranha (cont.) – Determinar a quantidade de amostra a ser submetida ao ensaio conforme especificado a seguir: • raízes, rizomas, cascas, planta inteira e partes aéreas: 500 g; • folhas, inflorescências, sementes e frutos: 250 g; • materiais particulados ou fracionados (peso médio inferior a 0,5 g/componente): 50 g; • pós: 25 g. – Colher, por quarteamento, a quantidade de amostra especificada, a partir da amostra obtida, segundo o procedimento descrito anteriormente, e espalhá-la em camada fina sobre a superfície plana. – Separar, manualmente os materiais estranhos à droga, inicialmente a olho nu e, em seguida, com auxílio de lente de aumento (5 a 10 x). – Pesar o material separado e determinar sua porcentagem com base no peso da amostra submetida ao ensaio. Métodos de Farmacognosia (F. Bras. V) • Determinação de água – Métodos: a) Gravimétrico (dessecação): + simples e rápido, não é aplicável quando a droga contém substâncias voláteis além da água. Calcula- se a porcentagem de água em relação à droga seca ao ar, utilizando a equação: Pu – Ps x 100 Pa = peso da amostra Pa Pu = peso do pesa-filtro contendo a amostra antes da dessecação Ps = peso do pesa-filtro contendo a amostra após a dessecação b) Azeotrópico (destilação com tolueno) c) Volumétrico (Karl Fischer) (b) e (c) requerem equipamento especiais e compreendem técnicas mais complexas. Métodos de Farmacognosia (F. Bras. V) • Determinação de cinzas totais – Incluem cinzas fisiológicas e cinzas não fisiológicas. • Determinação de cinzas insolúveis em ácido – Resíduo obtido na fervura de cinzas totais, ou sulfatadas com HCl diluído após filtragem; lavagem e incineração. O método destina-se à determinação de sílica e constituintes silícicos da droga. • Determinação de cinzas sulfatadas – Colocar a droga em cadinho previamente tarado, umedecer com H2SO4 concentrado, carbonizar em bico de Bunsen e incinerar. 26/02/2017 5 Métodos de Farmacognosia (F. Bras. V) • Determinação de óleo voláteis em drogas vegetais – O teor de óleos essenciais em drogas é determinado pelo processo de destilação por arraste de vapor em equipamento especial (Clevenger). Métodos de Farmacognosia (F. Bras. V) • Aparelho de Clevenger Escala analítica Industrial Métodos de Farmacognosia (F. Bras. V) • Determinação de óleos fixos – Baseia-se na sua extração por solvente que, depois de evaporado, deixa como resíduo o óleo cuja quantidade é determinada por pesagem. • Determinação de 1,8-cineol em óleos essenciais – A determinação de cineol compreende a determinação da temperatura de congelamento (criometria) do composto de combinação molecular entre cineol e o o-cresol- cresineol. O método é empregado na dosagem de cineol em essências de eucalipto (Eucalyptus spp, Myrtaceae) e niaouli (Melaleuca quinquenervia Cav., Myrtaceae), ricos nesta substância. Métodos de Farmacognosia (F. Bras. V) • Determinação do índice de espuma – O índice de espuma é calculado, utilizando-se a equação: IE = 1000 IE = índice de espuma a a = volume (mL) do decocto usado para a preparação da diluição no tubo onde a espuma foi observada. • Determinação de substâncias extraíveis por álcool (extrato alcóolico) – Método A: extração por Soxhlet – determinado pelo cálculo do teor de substâncias extraíveis por etanol pela diferença entre o peso da amostra e o peso do resíduo seco. – Método B: extração a quente – determinado pela porcentagem de materiais extraídos em mg/g de material seco. – Método C: extração a frio – determinado pela porcentagem de materiais extraídos em mg/g de material vegetal seco. Métodos de Farmacognosia (F. Bras. V) • Determinação de índice de amargor – Determinado pela comparação da concentração limiar de amargor de um extrato com a de uma solução diluída de cloridrato de quinina. O valor é expresso em termos de unidades, equivalentes a uma solução de cloridrato de quinina a 0,05% (p/v). – Limiar de amargor: é a diluição de menor concentração em que o material ainda provoca sensação de amargor. – Para a extração dos materiais vegetais e para a lavagem da boca depois de cada degustação, deve-se utilizar água potável como veículo. A dureza da água raramente tem influência significativa sobre o amargor. – A sensibilidade ao amargor pode variar de indivíduo para indivíduo ou, mesmo para um indivíduo em situações diferentes (fadiga, fumo, ingestão de alimentos). Métodos de Farmacognosia (F. Bras. V) • Determinação de índice de amargor (cont.) – Portanto, a determinação da concentração limiar de amargor deve ser feita pela mesma pessoa, dentro de um curto espaço de tempo. – A sensação de amargor não é percebida por toda a superfície da língua, mas é restrita às partes superior e lateral da base da língua. A determinação da concentração limiar da solução requer treinamento do analista. V = 2000 x c V = valor do amargor em unidades/g a x b a = quantidade de material (mg/mL) na solução estoque amostra (ST) b = volume de ST em mL/10 mL da diluição da concentração limiar do amargor c = quantidade de cloridrato de quinina em mg/10 mL, da diluição da concentração limiar de amargor. 26/02/2017 6 Métodos de Farmacognosia (F. Bras. V) • Determinação da atividade hemolítica – A atividade hemolítica de extratos vegetais, ou de uma preparação contendo saponinas, é determinada por comparação com a atividade de uma referência de saponina com atividade hemolítica de 1000 unidades por grama. – Uma suspensão de eritrócitos é misturada com volumes iguais de uma diluição em série do extrato. A menor concentração a provocar hemólise completa é determinada após deixar o sistema em repouso por um período específico de tempo. – Um teste similar é feito simultaneamente com solução de referência de saponina. – A atividade hemolítica é calculada segundo a equação: AH = 1000 x a AH = atividade hemolítica b 1000 = atividade hemolítica da saponina, em relação ao sangue bovino a = quantidade de saponina em gramas b = quantidade de material vegetal em gramas Métodos de Farmacognosia (F. Bras. V) • Determinação do índice de intumescência – O índice de intumescência ou índice de intumescimento é a medida do volume ocupado pelo intumescimento de 1 g da droga pulverizada, pela adição de água ou outro agente intumescente, sob condições definidas. – Usar proveta de 25 mL, adicionar 25 mL de água. – Calcula-se o valor médio obtido a partir de 3 determinações realizadas, utilizando-se a fórmula: IT = VF – VI IT = índice de intumescência VF = volume final da droga (mL) VI = volume final da droga (mL) Métodos de análise de extratos vegetais Ensaios de pureza • Extratos fluidos (Extracta fluida) – Densidade relativa (5.2.5). Quando for o caso, cumprir com os limites prescritos na monografia. – Determinação de etanol (5.3.3.8).Determinar teor de etanol em extratos fluidos obtidos com etanol ou misturas etanol/água. O teor de etanol deve cumprir o especificado na monografia. – Determinação de metanol e 2-propanol (5.4.3.2.1). A menos que especificado de maneira diferente, os extratos fluidos devem conter não mais de 0,05% (v/v) de metanol e não mais de 0,05% (v/v) de 2-propanol. – Determinação do resíduo seco (5.4.3.2.2). O resíduo seco deve cumprir com o especificado na monografia. Métodos de análise de extratos vegetais Ensaios de pureza • Extratos moles (Extracta spissa) – Resíduo seco (5.4.3.2.2). O resíduo seco deve cumprir com o especificado na monografia. • Extratos secos (Extracta sicca) – Resíduo seco (5.4.3.2.3). O resíduo seco deve cumprir com o especificado na monografia. Métodos de análise de extratos vegetais Ensaios de pureza • Determinação de metanol e 2-propanol em extratos fluidos – Proceder à destilação do extrato conforme descrito em Determinação de etanol (5.3.3.8.1). Examinar o destilado por Cromatografia a gás (5.2.17.5). • Determinação de resíduo seco em extratos fluidos e moles – Transferir 2 mL ou 2 g de extrato para pesa-filtros ou placa de Petri. – Evaporar até secura em banho-maria e dessecar em estufa a 100 - 105 ºC, por 3 horas. Deixar esfriar em dessecador, sobre pentóxido de fósforo e pesar. – Calcular o resíduo seco em porcentagem sobre a massa ou sobre o volume. • Determinação de resíduo seco em extratos secos – Pesar, em placa de Petri, 0,50 g de extrato seco finamente pulverizado. – Dessecar em estufa a 100 - 105 °C por 3 horas. Deixar esfriar em dessecador, sobre pentóxido de fósforo e pesar. – Calcular o resíduo seco em porcentagem sobre a massa.
Compartilhar