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O presente estudo dirigido foi elaborado com cuidado todavia, encontrando algo a melhorar, comunique sua sugestão pelo ícone Tutoria no AVA. COMPETÊNCIAS DO OFICIAL DE JUSTIÇA Estudo Dirigido Referência: aulas da disciplina e obra-base: CRUZ, Fabiana Rodrigues Silveira. Competências do Oficial de Justiça. Uninter, 2017. Olá, prezado aluno. O estudo dirigido é um pequeno resumo de alguns dos temas que podem ser cobrados nas avaliações da disciplina. Por se tratar de um resumo, ele é apenas um complemento. Estude pelas videoaulas, textos e demais materiais disponibilizados a você, de acordo com a Rotina de Estudos entregue na fase. Sumário Quem é o oficial de justiça ....................................................................... 2 Atribuições do oficial de justiça................................................................. 2 Classificação dos atos praticados pelo oficial de justiça .......................... 3 Conteúdo do mandado judicial ................................................................. 3 Ato de comunicação: citação .................................................................... 4 Cartas de cooperação .............................................................................. 5 Ato de execução: penhora de bens .......................................................... 6 Avaliação de bens .................................................................................... 7 Bens impenhoráveis ................................................................................. 8 Ato de constatação: prisão domiciliar ....................................................... 9 Atos de coerção ........................................................................................ 9 Resistência do jurisdicionado ................................................................... 9 Responsabilização do oficial de justiça .................................................. 10 Oficial de justiça no tribunal do júri ......................................................... 11 A Política judiciária e a defensoria pública ............................................. 11 Sistemas judiciais de cumprimento de mandados no direito comparado 11 O Oficial de justiça na execução fiscal ................................................... 12 2 Quem é o oficial de justiça Na organização judiciária brasileira existem várias carreiras onde os ocupantes de cargos exercem diferentes funções. Dentre essas carreiras existe a do oficial de justiça, que atua em todos os âmbitos e instâncias do poder judiciário. Ele é um servidor público concursado, auxiliar da justiça, que atua em todas as esferas e instâncias do poder judiciário. Tem como função fundamental dar cumprimento a ordens judiciais no início e no andamento de processos. Resumidamente, podemos dizer que a atividade principal do oficial de justiça é tornar concretas no mundo dos fatos as decisões proferidas por juízes e tribunais, razão pela qual ele é conhecido como longa manus (a “mão longa”) do juiz. Dessa maneira, muitas vezes o contato das pessoas com o Poder Judiciário ocorre por meio da visita do oficial de justiça, único investido de autoridade que transpõe as portas do Poder Judiciário e vai pessoalmente conversar sobre o processo com o cidadão envolvido para lhe comunicar ou lhe impor algo, segundo o mandado de que é portador. Atribuições do oficial de justiça As atribuições do oficial de justiça estão previstas no Código de Processo Civil (CPC) e no Código de Processo Penal (CPP). Essas atribuições são, em síntese: fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, arrestos e demais diligências próprias de seu ofício; executar as ordens do juiz a que estiver subordinado; entregar o mandado em cartório após cumprimento; auxiliar o juiz na manutenção da ordem; efetuar avaliações; certificar proposta de autocomposição; No tribunal do júri, fazer o pregão assegurar a incomunicabilidade dos jurados e testemunhas. * O processo é um conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida. Esse conflito se manifesta na prática de atos processuais. Os atos processuais são condutas dos sujeitos do processo que criam, modificam ou extinguem situações processuais. A extinção do processo se dá, sempre, por meio de sentença. 3 Classificação dos atos praticados pelo oficial de justiça As atribuições são classificadas doutrinariamente segundo o resultado processual almejado. Nessa divisão, temos: a) Atos de comunicação processual: destinam-se a comunicar à parte a vontade do juízo. Por exemplo a citação e a intimação. b) Atos de constatação: destinam-se a verificar uma situação fática. Por exemplo a constatação socioeconômica. c) Atos de execução: são atos que implicam em intervenção patrimonial, como a penhora. d) Atos de força ou coerção: aqueles em que a lei determina meios coercitivos para o cumprimento do mandado. Por exemplo: condução coercitiva de testemunha. Conteúdo do mandado judicial O mandado judicial é uma ordem judicial ou administrativa expedida pelo juiz. Por exemplo, mandado de busca, mandado de desocupação, mandado de busca e apreensão, mandado de captura, mandado de soltura, mandado de citação. Assim, sem a existência de um mandado judicial não é possível a atuação processual do oficial de justiça. O mandado é um instrumento de legalidade e legitimidade que documenta a ordem do juiz, determina a atuação do oficial e expressa os efeitos dessa ordem sobre o destinatário do ato. Portanto, o instrumento que garante ao oficial de justiça desempenhar sua função é o mandado, documento que deve conter todo o teor da determinação judicial a ser por ele conduzida. Para que o mandado judicial surta seus efeitos jurídicos e legais é necessário que atenda aos requisitos essenciais, são eles: o juízo de onde procede a ordem; o nome e endereço do destinatário do ato; a finalidade do ato; os prazos para o destinatário; a sanção ou consequência no caso de descumprimento da ordem; cópia da decisão ou chave eletrônica; assinatura do escrivão ou chefe de secretaria. O mandado ideal que deve conter os seguintes elementos: a) identificação do mandado; b) comandos judiciais (para o oficial de justiça e para as partes); 4 c) orientações (dirigidas ao oficial) quanto ao procedimento. Ato de comunicação: citação Dentre os atos de comunicação processual exercidos pelo oficial de justiça está a citação, que é o ato processual que dá à parte ciência a respeito do processo e instaura a relação jurídico processual. Por meio dela é assegurado o exercício do direito constitucional do contraditório e ampla defesa conforme disposto no art. 5º inciso LV da Constituição Federal. O art. 238 da Lei nº 13.105/2015 (CPC) estabelece que “Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual.” Dentre as modalidades de citação previstas no CPC, no CPP e na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), temos a citação: pelos correios, por meio eletrônico, por edital, por carta precatória, por carta de ordem, por carta rogatória, por carta arbitral e por oficial de justiça. A regra para o processo civil, estabelecida no CPC, é a citação por correio; já no processo penal, a regra geral do CPP é de que a citação seja feita por oficial de justiça. A citação válida e regular é um ato de comunicação processual de suma importância para que a prestação jurisdicional se dê dentro do estado democrático de direito e sejam observados osprincípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa. Um dos efeitos da citação justamente é a abertura do prazo de contestação, embargos ou defesa. Caso a parte seja citada regularmente, mas não se manifeste, ocorrerá à revelia, que tem por consequências: a presunção de veracidade dos fatos narrados pelo autor na petição inicial, a preclusão das alegações de defesa e a possibilidade de julgamento antecipado do pedido ou mérito. A lei processual civil prevê ocasiões em que a citação pode conter vício que a torna nula. O art. 280 do CPC determina a nulidade da citação ou intimação quando forem praticadas em desacordo com a determinação legal. Caso a citação seja nula, ela não produzirá efeitos, e serão nulos também todos os atos decorrentes dela; porém, o comparecimento espontâneo do réu ou executado ao processo é ato que supre a falta ou a nulidade da citação. A citação, bem como a intimação e outros atos, podem dar prazo para que seu destinatário cumpra alguma determinação. Esse prazo é contado em dias úteis, como prevê o CPC: 5 Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais. Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento. A lei processual penal regrou de forma específica a citação do militar e do servidor público. O militar da ativa será citado pelo superior hierárquico, que certificará o ato nos autos. O servidor público deverá ser citado pelo oficial de justiça, que também deverá notificar da citação o superior hierárquico (chefe da repartição) e a necessidade de comparecimento em juízo. O objetivo da notificação é a liberação do servidor e substituição, caso haja necessidade, na data prevista para o comparecimento. Dica: estude também a citação de pessoas jurídicas conforme o material da disciplina. Cartas de cooperação A legislação processual civil prevê hipóteses de cooperação jurídica nacional e internacional. Disso vem a menção de quatro tipos de carta: a) Carta de ordem: é expedida por um tribunal de instância superior a um juízo de instância inferior a ele vinculado para que seja praticado ato processual naquele território específico (diferente da sede de localização do tribunal). b) Carta precatória: é meio de colaboração entre juízes de mesma instância, mas jurisdições (territórios) diferentes para a prática de ato necessário ao andamento do processo, como citação, intimação, penhora etc. c) Carta rogatória: é meio de colaboração com outros países e serve para diligências e atos fora do território nacional, por exemplo, citação, intimação, oitiva de testemunha. d) Carta arbitral: é meio de cooperação entre o poder judiciário e o juízo arbitral, para que seja praticado algum ato fora do território do juízo arbitral. 6 Ato de execução: penhora de bens Dentre os atos de execução existe a penhora, que é um ato que garante a preferência e satisfação do exequente sobre aqueles bens penhorados ao mesmo tempo em que restringe a disponibilidade do executado sobre tais bens, que passam a ser garantia da efetividade da execução. A penhora consiste na constrição que recai sobre bem do patrimônio do executado, restringindo seu direto de propriedade. O executado pode ficar na posse direta do bem penhorado, como depositário, ou não, caso em que um terceiro assumirá tal encargo. A penhora possui quatro fases: a documentação, a apreensão e o depósito, a inscrição no órgão competente e os atos subsequentes. Existem vários tipos de bens sob os quais a penhora pode recair, com preferência para a penhora de “dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira” (art. 835, inc I do CPC). Comumente são penhorados bens móveis ou imóveis, mas a legislação processual prevê a penhora de diversos outros bens que integram o patrimônio do executado e podem ser negociados (vendidos) com finalidade lucrativa, por exemplo, semoventes (bovinos, ovinos, suínos, caprinos, equinos etc.). Neste caso, se a penhora recair sobre um pequeno lote de animais nomeia-se depositário. Se recair sobre um rebanho, nomeia-se um administrador (que ficará responsável pela manutenção do rebanho). Uma vez penhorados os bens, o executado (aquele que teve seus bens penhorados) não pode dispor desses bens, nem os alienando (com a venda, por exemplo) nem os onerando (por hipoteca, por exemplo). Qualquer ato de disponibilidade de bens afetados por penhora depende de autorização judicial, sob pena de configurar fraude à execução. A autorização normalmente é obtida com a substituição da penhora ou com a garantia de que o valor da venda será usado na quitação (total ou parcial) do débito que motivou a penhora. No caso de ocorrer a alienação, sem autorização judicial, após a penhora e o registro da penhora sobre bem imóvel, há consequência processual para o exequente, assim como haverá consequência para o adquirente se a penhora foi devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis: a alienação em fraude é ineficaz em relação ao exequente. O adquirente terá de provar que adotou as cautelas necessárias, exibindo as certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local de situação do imóvel. Se ele não tiver tais provas será considerado adquirente de má-fé. 7 Por fim, então, temos entendido que a penhora é um ato de expropriação que restringe a disponibilidade patrimonial do executado. Ocorre após a sua citação no processo de execução quando não ocorreu o pagamento ou parcelamento do débito. Quando o oficial de justiça não encontra bens penhoráveis na esfera patrimonial do executado, deverá abordar o executado a fim de penhorar seus bens. Se o oficial não encontrar bens na esfera patrimonial do executado, deve devolver o mandado com certidão negativa de penhora. Avaliação de bens O oficial de justiça também realiza a avaliação de bens, que nada mais é do que um ato processual realizado quando há constrição patrimonial, normalmente como etapa da penhora, arresto ou sequestro. A avaliação é um ato complexo e crucial no andamento do processo por expressar numericamente o grau de intervenção no patrimônio do devedor e a possibilidade de satisfação do credor. O sujeito da avaliação pode ser o oficial de justiça ou o perito nomeado; o destinatário imediato é o juiz; os destinatários mediatos são as partes; a finalidade da avaliação é determinar o valor do bem mediante a adoção de critérios e métodos. Vistoria é o mecanismo de avaliação, e de laudo de avaliação chamamos seu documento formal. Os métodos de avaliação judicial que o oficial de justiça normalmente adota que são: Método comparativo: o oficial utiliza amostras, retiradas de anúncios, sites da internet etc. com característica idênticas ao bem vistoriado e aplica uma média aritmética. Método evolutivo: é utilizado para imóveis rurais e urbanos e é aplicável quando aqueles parâmetros ou amostras idênticas não existem. O oficial aufere o valor do terreno pelo método comparativo e multiplica a média pela metragem do terreno. Posteriormente avalia as benfeitorias com base no custo unitário básico (CUB/m²) e o valor total é a soma das benfeitorias mais o valor do terreno. É dos atos de avaliação que decorrem os conceitos de suficiência ou insuficiência da penhora, de preço vil, de valor para a adjudicação e de valor inicial para a arrematação em leilão, ou seja, conceitos importantes para o viés prático da execução, que é proporcionaro resultado útil do processo. 8 Bens impenhoráveis Existem bens que a lei protege da penhora para garantir a dignidade humana. A essa proteção se dá o nome de impenhorabilidade. Por força do art. 833 do CPC, são impenhoráveis: I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o; V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado; VI - o seguro de vida; VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos; XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei; XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra. 9 Ato de constatação: prisão domiciliar A fiscalização de prisão domiciliar é uma modalidade de ato de constatação cuja finalidade é verificar o real cumprimento de prisão em domicílio pelo réu nas condições determinadas pelo juiz. Conforme o art. 117 da Lei de Execuções Penais, essa modalidade de prisão é admissível para: a) o condenado maior de setenta anos; b) o condenado acometido de doença grave; c) o condenado com filho menor ou deficiente físico ou mental; d) a condenada gestante. Atos de coerção O oficial de justiça exerce ainda atos de coerção: induzem, pressionam ou compelem alguém a fazer algo pela força, intimidação ou ameaça. Em processos judiciais a coerção é exercida pela força do comando legal contido na decisão judicial, acompanhado da previsão de uma sanção. Por exemplo, a lei prevê a condução coercitiva da testemunha quando, uma vez intimada, não comparece à audiência marcada e não justifica sua ausência. Ainda, ao oficial de justiça cabe fazer pessoalmente as prisões, havendo a possibilidade de ser acompanhado de força policial. O ato de força ou coerção não pode ser praticado deliberadamente pelo oficial de justiça, uma vez que esses atos são específicos e dependem de previsão legal e determinação judicial expressas no mandado. Sua prática necessita de um comando imperativo acompanhado da previsão de uma sanção para o caso de desobediência. Resistência do jurisdicionado No cotidiano do oficial de justiça, é possível ocorrer as mais variadas formas de reação dos jurisdicionados. Algumas dessas reações constituem-se em figuras típicas do direito penal. É o caso do desacato, da desobediência e da resistência. O desacato, a resistência e mesmo a desobediência podem ser levados a conhecimento do juiz por meio de certidão ou auto onde o oficial irá narrar os 10 0 fatos. Posteriormente, se for o caso, o juiz irá encaminhar tal documento à autoridade policial para que esta dê início ao inquérito policial. A resistência, para ser configurada criminalmente, exige que a parte profira ameaça ou proceda de forma violenta; a pessoa precisa se opor a ato legal mediante violência ou ameaça ao servidor (art. 329 do CP). Se a parte, por exemplo, meramente fecha a porta para o oficial de justiça, trata-se de ato atípico (não tipificado como crime) e não caracteriza a resistência para efeitos penais, pois ausentes a violência e a ameaça. Resta ao oficial levar a atitude a conhecimento do juiz de forma objetiva e solicitar ao juiz ordem de arrombamento. O magistrado, de posse dos elementos narrados na certidão, irá determinar ou não a medida de arrombamento. Responsabilização do oficial de justiça O oficial de justiça é responsável civilmente, criminalmente e administrativamente pelos atos que pratica no desempenho de suas funções. A responsabilidade administrativa advém da violação de deveres do art. 116 ou do cometimento de proibições do art. 117, ambos da Lei 8.112/90. A penalidade será aplicada de acordo com a gravidade do ato e os prejuízos por ele causados e suas faltas serão apuradas mediante processo administrativo disciplinar ou sindicância. As penalidades a que está sujeito na esfera administrativa são: advertência, suspensão, demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, destituição de cargo em comissão e destituição de função comissionada. Já a responsabilidade civil está prevista em lei no artigo 155 do CPC: Art. 155. O escrivão, o chefe de secretaria e o Oficial de Justiça são responsáveis, civil e regressivamente, quando: I - sem justo motivo, se recusarem a cumprir no prazo os atos impostos pela lei ou pelo Juiz a que estão subordinados; II - praticarem ato nulo com dolo ou culpa. Dessa maneira, a responsabilidade civil será atribuída sempre que houver o nexo causal entre a falta cometida (o ato doloso ou culposo) e o dano causado. 11 1 Oficial de justiça no tribunal do júri No tribunal do júri, órgão que julga os crimes dolosos contra a vida, o oficial de justiça deve assegurar a incomunicabilidade dos jurados que compõem o conselho de sentença, para que não haja influência entre eles. Essa atuação ocorre da seguinte maneira: o conselho de sentença se reúne após os debates do júri, a votação é feita em sala separada, mediante a formulação de quesitos e o oficial recolhe as cédulas de votação e deve certificar essa incomunicabilidade nos autos do processo. A Política judiciária e a defensoria pública A política judiciária tem como objeto a estrutura institucional do poder judiciário, e como função, ordenar, corrigir e simplificar o funcionamento de seus órgãos, adotando e executando medidas necessárias que atinjam a eficiência que sua finalidade social e institucional comporta. Há uma relação entre a política judiciária e a atividade do oficial de justiça que cumpre ordens judiciais e, para tanto, necessita da estruturação de um subsistema jurídico-administrativo que condicione ou parametrize a sua atuação como agente público fundamental na concretização dessas decisões judiciais. No poder judiciário temos a defensoria pública que é um serviço público integral e gratuito, instituído pela CF/88, nos âmbitos federal e estadual, para prestar assistência aos necessitados, grupos minoritários, hipossuficientes, crianças e adolescentes em todo o território nacional, não apenas em litígios, mas em consultoria jurídica e acordos judiciais. Para que o cidadão possa desfrutar dos serviços da defensoria pública ele precisa comprovar a renda, preencher uma declaração de pobreza e comprovar o local de sua residência. Sistemas judiciais de cumprimento de mandados no direito comparado Os sistemas jurídicos de outros países abrem novas perspectivas parao funcionamento das instituições e a gestão pública pátrias porque neles pode- se vislumbrar soluções e práticas impensadas internamente. No direito comparado (isto é, no estudo de outros países), existem quatro sistemas em relação ao cumprimento de mandados: a) Sistema judicial: o executante das ordens judiciais é pertencente ao poder judiciário, de onde emanam as ordens judiciais. 12 2 b) Sistema extrajudicial: o executante das ordens é um profissional liberal vinculado ao Estado, que pratica atos desencadeados fora do âmbito do Judiciário, em que o juiz intervém apenas em questões incidentais de natureza declaratória. c) Sistema misto: os processos tramitam no poder judiciário sob a supervisão do juiz; a prática de atos cabe a um funcionário público do judiciário com poder decisório e competência para executar as respectivas decisões com autonomia. d) Sistema administrativo: um funcionário público fora do âmbito judiciário, vinculado a uma entidade administrativa com função executória, é quem executa os mandados. O Oficial de justiça na execução fiscal Das ações em trâmite no Judiciário, 91,9% corresponde as execuções fiscais. Esse dado alarmante mostra que o maior gargalo da estrutura judiciária são os pleitos de execução dos créditos tributários. Hoje, o maior desafio enfrentado pelo Poder Judiciário é vencer os processos de execução, diminuir as taxas de congestionamento e adequar as medidas e diretrizes para o alcance das metas formuladas na direção da efetividade da prestação jurisdicional. O oficial de justiça que atua na execução fiscal tem de identificar o responsável tributário. Essa pessoa tem como responsabilidade recolher o tributo aos cofres públicos. Geralmente, o representante legal também é o responsável tributário, mas pode ser que o representante legal não seja o representante tributário porque essas atribuições são definidas por meio do contrato social. Quando estiver cumprindo o mandado de citação ou intimação na execução fiscal, o oficial de justiça tem autonomia para verificar quem representa legalmente a empresa e finalizar o ato perante aquele que se apresente como tal ou que seja nominado no mandado. Por força do art. 135 do Código Tributário Nacional, há responsabilidade pessoal (da pessoa física que atua por trás da pessoa jurídica) nos seguintes termos: Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: [...] 13 3 III – os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Mas o reconhecimento de tal responsabilidade depende de determinação judicial e o oficial de justiça não tem autonomia para citar, de plano, no ato da citação da empresa, o responsável tributário. Tudo depende do teor do mandado. Isso ocorre porque a representação legal da pessoa jurídica é uma coisa e a responsabilidade tributária é outra. Na execução, a princípio, o patrimônio da empresa vai responder e, na falta deste, o patrimônio do responsável tributário poderá responder. Por aqui terminamos nosso estudo dirigido. Desejo sucesso! Daniele Assad Tutora do Curso Superior de Gestão de Serviços Jurídicos e Notariais