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Universidade do Contestado Evandro Peters Karina Ruchinski Maria Denise Veiga Rayssa Lopes Neuburger CONTRATO DE MANDATO Direito Civil III Mafra – SC 2018 Universidade do Contestado Evandro Peters Karina Ruchinski Maria Denise Veiga Rayssa Lopes Neuburger CONTRATO DE MANDATO Direito Civil III Mafra – SC 2018 Trabalho realizado para obtenção de nota parcial na disciplina de Direito Civil III – Contratos Professora: Rosangela da Silva Acadêmicos: Evandro Peters, Karina Ruchinski, Maria Denise Veiga e Rayssa Lopes Neuburger SUMÁRIO 1. CONTRATO DE MANDATO..........................................................................2 2. CARÁCTERES JURÍDICOS DO MANDATO................................................2 3. REQUISITOS PARA A REALIZAÇÃO DO CONTRATO...............................4 4. OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO...............................................................7 5. OBRIGAÇÕES DO MANDANTE...................................................................8 6. EXTINÇÃO DO MANDATO...........................................................................9 7. MANDATO JUDICIAL....................................................................................9 8. CONCLUSÃO..............................................................................................10 1. CONTRATO DE MANDATO Mandato é o contrato pelo qual uma pessoa – denominada mandatário, recebe poderes de outra – denominada mandante, para em seu nome praticar atos jurídicos ou administrar interesses. Nos termos do artigo 653, do Código Civil: “Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato”, podem-se analisar algumas observações, a primeira no que diz respeito à representação, que na definição ressalta a expressão “em seu nome”, pois no direito brasileiro a representação é essencial e a sua falta desfigura o contrato para prestação de serviços, a segunda observação é relativa à natureza jurídica do ato para qual o mandatário é investido de poderes, pois, embora a definição legal não o mencione, somente negócios jurídicos, patrimoniais ou não, podem ser praticados. 2. CARÁCTERES JURÍDICOS DO MANDATO O mandato pode ser: a) Consensual – pois se perfaz pelo só acordo de vontades, e comporta toda a espécie de emissão volitiva: verbal ou escrita, por instrumento público ou consensual. b) Gratuito por natureza – embora não o seja essencialmente, pois no ordenamento jurídico brasileiro considera-se gratuito quando não se estipula remuneração, salvo em casos de ser o seu objeto daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão lucrativa (advogado, procurador de partes, despachante, corretor), em que vigora a presunção contrária de onerosidade. Nessas hipóteses, faltando acordo sobre o quantum devido, e não sendo ele fixado por lei, será ele determinado pelos usos do lugar, ou, na falta destes, caberá arbitramento pelo juiz, o qual levará em consideração a natureza do serviço, a sua complexidade e duração, o proveito obtido, entre outros. Nos termos do artigo 658 do Código Civil: “O mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada retribuição, exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão lucrativa.” c) Intuitu Personae – celebrando-se especialmente em consideração ao mandatário, e traduzindo, mais que qualquer outra figura jurídica, uma expressão fiduciária, já que o seu pressuposto fundamental é a confiança que o gera. d) Ao contrário do direito alemão, em que é unilateral, e cria obrigações somente para o mandatário, o ordenamento brasileiro é bilateral, com obrigações tanto para o mandatário quando para o mandante, conforme artigos 667 e 675 do Código civil: Art. 667. O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na execução do mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer pessoalmente. Art. 675. O mandante é obrigado a satisfazer todas as obrigações contraídas pelo mandatário, na conformidade do mandato conferido, e adiantar a importância das despesas necessárias à execução dele, quando o mandatário lho pedir. Cabendo, com precisão, distinguir o oneroso, que é sempre bilateral, do gratuito, que é normalmente unilateral. Uma vez que os deveres de ressarcimento de danos e reembolso de despesas são eventuais e subsequentes à formação do contrato. e) Preparatório – em razão de não esgotar a intenção das partes, habilitando ao revés o mandatário para a prática de atos subsequentes que nele não estão compreendidos. f) Revogável – salvo em hipóteses expressamente previstas, conforme artigos 683 e 686, parágrafo único do Código Civil, por ser lícito a qualquer das partes, sem necessidade de ausência da outra, pôr termo ao contrato pela manifestação de sua vontade unilateral. Art. 683. Quando o mandato contiver a cláusula de irrevogabilidade e o mandante o revogar, pagará perdas e danos. Art. 686. A revogação do mandato, notificada somente ao mandatário, não se pode opor aos terceiros que, ignorando-a, de boa-fé com ele trataram; mas ficam salvas ao constituinte as ações que no caso lhe possam caber contra o procurador. Parágrafo único. É irrevogável o mandato que contenha poderes de cumprimento ou confirmação de negócios encetados, aos quais se ache vinculado. 3. REQUISITOS PARA A REALIZAÇÃO DO CONTRATO Existem requisitos a serem seguidos para a realização do contrato de mandato, além dos genéricos para qualquer negócio jurídico, podem ser fixados: a) Subjetivos – Nos termos no artigo 654 do Código Civil: Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante. § 1o O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos. § 2o O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a procuração traga a firma reconhecida. Pode constituir mandatário todo aquele que tem habilitação para os atos da vida civil, e cabem no mandato quase todos os atos que podem ser diretamente praticados pelo mandante. Pode ser constituído mandatário, além dos plenamente capazes: o menor entre 16 e 18 anos, sendo que o mandante não tem ação contra ele, senão excepcionalmente naqueles casos em que vinguem as obrigações contraídas pelos menores, nos termos no artigo 666 do Código Civil: Art. 666. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de conformidade com as regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por menores. O princípio é explicado pela razão de que a incapacidade é instituída em benefício do menor, e desde que seja este devidamente protegido, não há razão para lhe interdizer a aceitação do mandato. As relações entre o mandante e o terceiro não sofrem qualquer modificação, originando os mesmos direitos e obrigações, como se o representante fosse maior, mas este não responde por perdas em danos em consequência da má execução do mandato, ressalvando evidentemente que se acoberta de um enriquecimento ilícito, ou seja, a capacidade do mandatário é indiferente para a execução do mandato. Ressalta-se ainda, que o pródigo e o falido não são impedidos de representar, porque suarestrição se limita à disposição de bens de seu patrimônio, não os inibindo de exercer outras atividades. São comuns e lícitos, não afetando o regime de bens, os mandatos entre cônjuges, outorgados pelo marido à mulher e vice-versa. O servidor público não pode ser mandatário perante qualquer repartição, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau e de cônjuge ou companheiro, conforme disposto no artigo 117, inciso XI, da Lei nº 8.112 de 11 de dezembro de 1190: Art. 117. Ao servidor é proibido: (...) XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; (sem grifos no original) b) Objetivos – Podem ser objeto de mandato os atos que o comitente pode praticar por si, sejam ou não de natureza patrimonial. Pode o nubente se fazer representar por procurador, mas não pode realizar atos personalíssimos como o testamento, exercício pátrio do poder, exercício do voto, depoimento pessoal. Ressalta-se que o Estatuto da Criança proíbe a adoção por procuração, nos termos do artigo 39 §2º da Lei nº 8.069 de 1190. O objeto do mandato, em regra, é do interesse exclusivo do mandante, mas não lhe prejudica a natureza e efeitos o ser comum com o próprio mandatário ou com terceiros. c) Formais – Como o mandato é um contrato consensual, ele não exige requisito formal para a sua validade nem para sua prova. Podendo ser tácito ou expresso, e verbal ou escrito. O mandato tácito tem como exemplo o caso em do patrão ao empregado para pequenas compras. O mandato verbal ocorre quando alguém delega a outrem sua representação por palavra falada, provando-se por qualquer meio, inclusive por testemunhas. Mas essa modalidade não comporta a prática de atos para os quais é exigido escrito, seja público, seja particular, nos termos do artigo 657 do Código Civil: “A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser praticado. Não se admite mandato verbal quando o ato deva ser celebrado por escrito.” O mandato escrito é o mais comum, que se materializa na procuração, e esta lhe serve de instrumento. A procuração por escrito público é exigida em caráter excepcional (menores relativamente incapazes, com assistência do responsável; cegos, a rogo do mandante; que não possa ou não saiba escrever; entre outros). A procuração por instrumento particular pode ser passada por quem esteja na livre administração de seus bens, toda ela manuscrita ou datilografada, poli-copiada ou impressa, e firmada pelo outorgante, devendo conter a designação do Estado, da cidade ou circunscrição civil em que for passada, a data, o nome do outorgante, a individualização do outorgado, o objetivo da outorga, a natureza, designação e extensão dos poderes conferidos. É facultado ao terceiro com quem o mandatário tratar exigir o reconhecimento da firma do comitente, não sendo mais esse reconhecimento essencial para a validade do negócio. Perante os órgãos administrativos, não é obrigatório o reconhecimento de firma do mandante. Com o avanço da tecnologia, atualmente os documentos, autorizações, notificações e até mesmo alguns atos processuais judiciais podem ser praticados por meio eletrônico, desde que os envolvidos (servidores, partes e procuradores) detenham uma certificação digital. O mandado com o reconhecimento de firma, assim, também pode ser produzido por meio eletrônico, desde que o mandante tenha uma certificação digital reconhecida por uma das instituições aptas a fornecê-la, e o ato a que o mandatário compareça não impeça este tipo de utilização. Deve-se mencionar, também, o mandato por carta, que se configura como prova de contrato, cuja aceitação resulta de execução. O Código Civil de 2002 também determina expressamente no artigo 657 que a outorga do mandato esta sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser praticado, optando, portanto, pela atração de forma. Existe também a procuração consular, defendida por alguns doutrinadores, porém, não se trata de modalidade específica, mas da que é outorgada perante os cônsules no exercício de sua função notarial, cabendo- lhes a autenticação da que é lavrada no estrangeiro, devendo a firma do cônsul ser reconhecida no Ministério das Relações Exteriores, nas Mesas de Alfândega ou nas Delegacias Fiscais das Capitais. Menciona-se também a procuração apud acta, que ocorre quando os poderes são outorgados no momento da realização do ato para o qual são conferidos, por termo lavrado pelo escrivão perante o juiz. A aceitação do mandato vige igualmente liberdade de forma. Há quem considere que na prática não existe a celebração do contrato de mandato, pois tudo se passa com a outorga de procuração pelo comitente, que a envia ou entrega ao mandatário, que este, ao recebê-la, da inicio à sua execução. Sendo um contrato, ainda que singelo, ainda se exige a aceitação. Ainda cabe diferenciar o mandato geral e o especial, em que o geral ocorre quando abrangem todos os negócios do mandante, habilitando o mandatário para qualquer ato de administração, nos termos dos artigos 660 e 661 do Código Civil, e especial aquele que se confere para um ou mais negócios determinadamente, ficando o representante habilitado para o ato específico e é necessário para alienar, hipotecar, transigir, confessar. 4. OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO Em conformidade com os artigos 667 e 668 do Código Civil: Art. 667. O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na execução do mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer pessoalmente. § 1o Se, não obstante proibição do mandante, o mandatário se fizer substituir na execução do mandato, responderá ao seu constituinte pelos prejuízos ocorridos sob a gerência do substituto, embora provenientes de caso fortuito, salvo provando que o caso teria sobrevindo, ainda que não tivesse havido substabelecimento. § 2o Havendo poderes de substabelecer, só serão imputáveis ao mandatário os danos causados pelo substabelecido, se tiver agido com culpa na escolha deste ou nas instruções dadas a ele. § 3o Se a proibição de substabelecer constar da procuração, os atos praticados pelo substabelecido não obrigam o mandante, salvo ratificação expressa, que retroagirá à data do ato. § 4o Sendo omissa a procuração quanto ao substabelecimento, o procurador será responsável se o substabelecido proceder culposamente. Art. 668. O mandatário é obrigado a dar contas de sua gerência ao mandante, transferindo-lhe as vantagens provenientes do mandato, por qualquer título que seja. Fundamentalmente, as obrigações do mandatário podem se resumir em dois campos: execução do mandato e prestação de contas. A execução do mandato ocorre quando o mandatário é obrigado a aplicar toda a diligência habitual à execução do mandato. Deve-se guardar fidelidade aos termos expressos, cabendo ao representante seguir as instruções recebidas, simultâneas ou posteriores à outorga de poderes, sob pena de responder pelos danos que causar, salvo se aprovada a atuação pelo comitente. A sanção que a lei impõe ao mandatário infiel é a responsabilidade pelas perdas e danos, causadas ao cliente. A prestação de contas se dá pela obrigação do mandatário prestarcontas ao mandante, transferindo-lhe todas as vantagens provenientes do mandato. Ainda, o procurador deve pagar juros desde o momento em que utilizar quantias recebidas e para despesas que pertencerem ao mandante, quando empregado para proveito próprio ou se tiver as retido indevidamente. 5. OBRIGAÇÕES DO MANDANTE As obrigações do mandante consistem em dois grupos: em relação ao mandatário e em relação ao terceiro com quem tratar este. As obrigações do mandante para com o mandatário ocorrem com o dever do mandante em dever-lhe remuneração ajustada, e, na falta de convenção, o mandato é oneroso, onde o mandante terá que pagar segundo os usos do lugar ou na forma do que for arbitrado. O mandatário pode possuir retribuição em forma fixa na lei ou em forma de estimativa ou ajuste. Caso haja mais de um mandante, presume-se a responsabilidade solidária, por todos os encargos para com o mandatário, seguindo três requisitos: ser convencional a representação, e não advinda de determinação legal; os poderes serem outorgados na mesma procuração e não em instrumentos apartados; e ser constituído o representante para negócio comum a todos os mandantes. Cabe-lhe ainda direito de retenção sobre a coisa de que tenha posse em virtude do mandato, até ser reembolsado do que despendeu no seu desempenho. As obrigações do mandante para com terceiro ocorrem quando, embora o mandatário emita declaração de vontade, o faz em nome e no interesse do mandante, em que persiste a titularidade dos direitos e obrigações, e como resultado, o mandante se obriga, cujo principal e mais importante dever é responder perante o terceiro com seu patrimônio, pelos efeitos da declaração de vontade emitida pelo representante, e cumprimento as obrigações assumidas dentro dos poderes outorgados. . 6. EXTINÇÃO DO MANDATO Um mandato pode ser extinto mediante a revogação ou renúncia; pela morte ou interdição de uma das partes; pela mudança de estado que inabilidade o mandante a conferir os poderes, ou o mandatário para exercê-los; ou pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio, nos termos do artigo 682 do Código Civil. 7. MANDATO JUDICIAL O artigo 692 do Código Civil dispõe que “o mandato judicial fica subordinado às normas que lhe dizem respeito, constantes da legislação processual, e, supletivamente, às estabelecidas neste Código”. O mandato judicial trata-se daquele que é outorgado a um advogado para representar o mandante em juízo, uma vez que somente o advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil pode fazê-lo. Deste modo, afirma- se que aos mandatos judiciais são aplicadas as mesmas regras do mandato comum somando-se com as que regem especificamente a atuação do advogado disciplinado por meio do Estatuto da OAB. 8. CONCLUSÃO O contrato de mandato possui 39 artigos referentes a sua disposição no ordenamento jurídico do Código Civil, onde encontram-se suas disposições gerais, as obrigações tanto do mandatário quanto do mandante, como se dá sua extinção e também dispõe sobre o mandato judicial. Certamente se torna de uma importância imprescindível, pois este contrato dá poderes à outra pessoa para em nome da titular praticar atos jurídicos ou administrar seus interesses. Os estudos do tema foram realizados por meio de doutrinas do código civil, jurisprudências e pela própria lei, visando esclarecer o assunto abordado de maneira clara e compreensível, pois o tema é bastante complexo e demanda notório saber. REFERÊNCIAS MELLO, Cleyson de Moraes. Direito Civil – Contratos. Rio de Janeiro: Freitas Bastos Editora, 2ª ed, 2017. PEREIRA, Caio M. S. Instituições de Direito Civil – Contratos, volume III. Rio de Janeiro: Editora Forense, 21ª Ed, 2017. Código Civil de 2002. LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002.. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2004, v. 1, p. 322. DINIZ, Maria Helena. Tratado Teórico e Prático dos Contratos. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003, v. 1, p. 199. 1. CONTRATO DE MANDATO 2. CARÁCTERES JURÍDICOS DO MANDATO 3. REQUISITOS PARA A REALIZAÇÃO DO CONTRATO 4. OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO 5. OBRIGAÇÕES DO MANDANTE 6. EXTINÇÃO DO MANDATO 7. MANDATO JUDICIAL 8. CONCLUSÃO
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