Contrato de Mandato

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MANDATO 
 
1) CONCEITO: 
 
 É o contrato por meio do qual “alguém recebe de outrem poderes para, em seu 
nome, praticar atos ou administrar interesses” (art. 653, CC). 
 
➢ O vocábulo mandato designa ora o poder conferido pelo mandante, ora o 
contrato celebrado, ora o título deste contrato, de que é sinônimo a 
procuração. 
 
2) PARTES: 
 
Mandante -> quem confere os poderes. 
Mandatário -> quem se torna o representante. Representa o mandante. 
 
3) CLASSIFICAÇÃO: 
 
• Unilateral -> gera obrigações apenas para o mandatário. 
• Consensual -> basta o acordo de vontades para se aperfeiçoar. 
• Não Solene -> não confundir o contrato com a procuração. A procuração é o 
instrumento do mandato. 
• Gratuito (em regra, art. 658, CC). Pode ser oneroso (o do profissional liberal se 
presume oneroso). 
• Intuitu personae. Cessada a confiança, qualquer das partes pode promover a resilição 
unilateral, pondo termo ao contrato. 
 
4) CARACTERÍSTICAS: 
 
A) VINCULAÇÃO DO MANDANTE: os atos do mandatário vinculam o mandante, se dentro dos 
poderes outorgados (artigo 697, Código Civil). 
➢ Os praticados além dos poderes conferidos no mandato só o vinculam se forem por ele 
ratificados (art. 665, CC). 
Art. 679. Ainda que o mandatário contrarie as instruções do mandante, se não exceder os 
limites do mandato, ficará o mandante obrigado para com aqueles com quem o seu 
procurador contratou; mas terá contra este ação pelas perdas e danos resultantes da 
inobservância das instruções. 
 
B) ADVOGADO: mandatário e prestador de serviço. Normalmente, os profissionais liberais são 
apenas prestadores de serviços. 
 
C) COMISSÁRIO X MANDANTE: o comissário contrata em seu próprio nome, ficando 
diretamente obrigado com as pessoas com quem contrata, enquanto o mandatário age em 
nome do mandante, não se vinculando às pessoas com quem negocia. 
 
D) OBJETO DO MANDATO: não se limita aos atos patrimoniais, tendo em vista que, até mesmo 
o casamento (um dos atos mais solenes do Código Civil), pode ser celebrado mediante 
procuração, por instrumento público, com poderes especiais (art. 1.542, CC). 
Exceções (não podem ser realizadas por mandato): ATOS PERSONALÍSSIMOS -> testamento, 
prestação de concurso público, serviço militar, mandato eletivo, exercício do poder familiar, 
etc. 
 
E) REMUNERAÇÃO: pode ser gratuito (presunção) ou oneroso (advogado). Se for oneroso, e 
inexistir acordo sobre a remuneração, “será ela determinada pelos usos do lugar, ou, na falta 
destes, por arbitramento” (art. 658, parágrafo único, segunda parte, CC). 
 
F) CARÁTER PREPARATÓRIO: habilita o mandatário para a prática de atos subsequentes que 
nele não estão compreendidos. 
 
G) REPRESENTAÇÃO: tende a ser a ideia central do mandato. 
HIPÓTESE EM QUE O MANDATARIO AGE EM SEU PRÓPRIO NOME, MAS NO INTERESSE DO 
MANDANTE: Art. 663. Sempre que o mandatário estipular negócios expressamente em nome 
do mandante, será este o único responsável; ficará, porém, o mandatário pessoalmente 
obrigado, se agir no seu próprio nome, ainda que o negócio seja de conta do mandante. 
 
 
5) PROCURAÇÃO E SUBSTABELECIMENTO 
 
A) REQUISITOS 
 
I) Procuração Particular: ver artigo 654, parágrafo primeiro, CC: qualificação do outorgante e 
do outorgado, data, objetivo, extensão dos poderes, etc. 
II) Procuração Pública: ver artigo 657, primeira parte, CC: forma exigida pela lei. 
 
B) RECONHECIMENTO DA FIRMA NO INSTRUMENTO PARTICULAR: 
 
– O reconhecimento da firma poderá ser exigido pelo terceiro com quem o mandatário tratar 
(art. 654, parágrafo segundo, CC). AD NEGOCIA. 
 
- Não é exigido na AD JUDICIA (art. 38, CPC) que pode, ainda, ser assinada digitalmente, com 
base em certificado emitido por Autoridade Certificadora, credenciada na forma da 
legislação específica. 
 
C) PROCURAÇÃO APUD ACTA: procuração outorgada verbalmente, no momento de realização 
do ato (em geral, na audiência). 
 
D) SUBSTABELECIMENTO: instrumento utilizado para transferir a outrem os poderes 
recebidos do mandante. 
➢ Pode ser feito por instrumento particular, ainda que a procuração outorgada tenha 
sido feita por instrumento público (art. 655, CC). 
 
I) COM RESERVA DE PODERES: o substabelecente (mandatário original) pode continuar a usar 
dos poderes substabelecidos. TRANSFERÊNCIA PROVISÓRIA. 
II) SEM RESERVA DE PODERES: ocorre verdadeira renúncia do mandato. TRANSFERÊNCIA 
DEFINITIVA. 
 
III) TOTAL: transfere-se todos os poderes. 
IV) PARCIAL: o substabelecido fica inibido de praticar certos atos. 
 
 
 
 6) ESPÉCIES DE MANDATO 
 
I) 
A) LEGAIS: quando a lei lhes confere mandato para administrar bens e interesses alheios, 
como os pais, tutores, curadores etc. 
 
B) JUDICIAIS: quando nomeados pelo juiz, como o inventariante e o síndico da falência, p. ex. 
 
C) CONVENCIONAIS: quando recebem procuração para agir em nome do mandante, e não se 
insere nas hipóteses anteriores. Autonomia de Vontade. 
 
II) 
A) TÁCITO: a aceitação do encargo dá-se por atos que a presumem, como sucede quando há 
início da execução. 
 
B) VERBAL: admitido nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior 
salário mínimo vigente (art. 227, CC; art. 401, CPC). Admite todos os meios de prova. 
 
C) ESCRITO: pode ser outorgado por instrumento particular ou público. 
 
➔ O contrato de mandato pode ser verbal, e a procuração escrita. 
 
III) 
A) GRATUITO 
B) REMUNERADO 
 
IV) 
A) AD NEGOTIA: conferida para a prática e administração de negócios em geral. 
B) AD JUDICIA: autoriza o procurador a propor ações e praticar atos jurídicos em gerais. 
 
V) 
A) CIVIL (SIMPLES) 
B) MERCANTIL (EMPRESÁRIOS) 
 
 
VI) EXTENSÃO DOS PODERES CONFERIDOS 
A) ESPECIAL: restrito ao(s) negócio(s) especificado(s) no mandato (ex. venda de determinado 
bem móvel), não podendo ser estendidos a outros não constantes nele. 
B) GERAL: diz respeito a TODOS os negócios do mandante. 
 
VII) 
A) TERMOS GERAIS: o mandatário pode praticar todos os atos necessários à defesa dos 
interesses do mandante, sofrendo apenas uma restrição do legislador, que diz conferir apenas 
poderes de administração (art. 661, CC). 
B) PODERES ESPECIAIS: permite atribuir poderes que ultrapassam a administração ordinária. 
 
Procuração judicial: poderes especiais para receber citação, dar quitação, etc. 
 
7) OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO 
 
➔ Ao aceitar o mandato, o mandatário assume a obrigação de praticar 
determinado ato ou realizar um negócio jurídico em nome do mandante. 
 
EXECUTAR O MANDATO 
 
A) Agir em nome do mandante, dentro dos poderes conferidos na procuração. Se 
excedê-los, ou proceder contra eles, reputar-se-á como mero gestor de negócios, enquanto o 
mandante não lhe ratificar os atos. Logo, antes da ratificação, não há vínculo do mandante. 
 
B) Aplicar a diligência habitual na execução do mandato e indenizar o mandante por 
qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelece (art. 667, CC). 
-> A responsabilidade com relação ao substabelecimento pode ser maior ou menor, se houver 
silêncio, proibição ou autorização para substabelecer. 
 
C) Prestar contas de sua gerência ao mandante, “transferindo-lhe as vantagens provenientes 
do mandato, por qualquer título que seja” (art. 668, CC). 
➢ Art. 671, CC: Se o mandatário, tendo fundos ou crédito do mandante, comprar, em 
nome próprio, algo que devera comprar para o mandante, por ter sido expressamente 
designado no mandato, terá este ação para obrigá-lo à entrega da coisa comprada. 
D) Apresentar o instrumento do mandato às pessoas, com quem tratar em nome do 
mandante. Se o terceiro exige a procuração e verifica que o mandatário não tem poderes para 
praticar o ato e, assim mesmo, negocia com ele, está assumindo um risco, pois não poderá agir 
contra o mandatário, que não obrou no próprio nome, “salvo se este lhe prometeu ratificação 
do mandante ou se responsabilizou pessoalmente”, nem contrao mandante, cuja 
responsabilidade é definida pelos poderes que conferiu (art. 673, CC). 
 
E) Concluir o negócio já começado, “embora ciente da morte, interdição ou mudança de 
estado do mandante”, se houver perigo na demora (art. 674, CC). 
 
8) EXTINÇÃO DO MANDATO 
 
I. Revogação ou Renúncia. Admite resilição unilateral. 
 Mandante -> Revogação 
 Mandatário -> Renúncia 
Efeito: ex nunc. 
Pode ser total ou parcial. 
 
➔ Mandato Judicial: o advogado poderá, a qualquer tempo, renunciar ao mandato, 
provando que cientificou o mandante a fim de que este nomeie substituto, devendo 
continuar a representar o mandante durante os dez dias seguintes, desde que 
necessário para lhe evitar prejuízo. 
 
➔ IRREVOGABILIDADE DO MANDATO: existem contratos que preveem a irrevogabilidade 
do mandato, se este for o caso, se o mandante resolver revoga-lo, pagará perdas e 
danos (art. 683, CC). 
 
II. Morte ou Interdição de uma das partes. 
 
III. Mudança de estado. Afetando a capacidade para dar ou receber procuração. 
➢ Carlos Roberto Gonçalves: vale lembrar que a hipótese e de modificação de estado 
civil da pessoa e não de perda de capacidade propriamente dita. Assim, o mandato 
para alienar imóvel cessa pelo casamento, em razão da necessidade de outorga do 
outro cônjuge, se o regime não for o da separação absoluta de bens. 
 
IV. Término do Prazo ou Conclusão do Negócio. 
 
9) MANDATO JUDICIAL 
 
O que é? 
É aquele outorgado a pessoa legalmente habilitada, para a defesa de direitos e interesses em 
juízo. Constitui, ao mesmo tempo, mandato e prestação de serviços. 
 
Dispositivo Legal no Código Civil (Seção V – Mandado Judicial – Artigo Único): 
Art. 692, CC. O mandato judicial fica subordinado às normas que lhe dizem respeito, 
constantes da legislação processual, e, supletivamente, às estabelecidas neste Código.