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Ministério Público

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Ministério Público
Materialidade
O art. 127, caput, da CF/88, consagrou o Ministério Público entre as funções essenciais à justiça, incubido da defesa da ordem pública, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
Princípios institucionais
unidade: sob a égide de um só Chefe, o Ministério Público deve ser visto como uma instituição única, sendo a divisão meramente funcional.
indivisibilidade: é possível que um membro do Ministério Público substitua outro, dentro da mesma função, isso porque quem exerce os atos, em essência, é a instituição “Ministério Público”, e não o Promotor de Justiça ou o Procurador.
independência funcional: trata-se de autonomia, na medida em que os membros do Ministério Público não se submetem a qualquer poder hierárquico no exercício de seu mister.
Organização do Ministério Público
Em se tratando da CF/88, o art. 128, I, tratou do MP da União, enquanto o art. 128, II, do MP dos Estados;
O MP Eleitoral não tem estrutura própria, e sua formação é composta de membros do Ministério Público Federal (MPF) e do Ministério Público Estadual (MPE).
Chefe do Ministério Público
Procurador-Geral da República: chefia o Ministério Público da União, sendo nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de 35 anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de 2 anos, permitida mais de uma recondução, sem qualquer limite (art. 128. §1º, CF/88). Poderá ser destituído pelo próprio presidente da República, dependendo, contudo, de prévia autorização da maioria absoluta do Senado Federal (art. 128, §2º, CF/88);
Procurador-Geral de Justiça dos Estados e do Distrito Federal e Territórios: serão escolhidos por meio de lista tríplice dentre integrantes de carreira, na forma da lei respectiva, formada pelos Ministérios Públicos dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. A nomeação se dará pelo Chefe do poder Executivo (Governador para os Estados e Presidente da República para o chefe do MP do DF e Territórios) para mandato de 2 anos, permitida uma recondução. A destituição do PGJ dos Estados será implementada pela Assembleia
Procurador-Geral do Trabalho:
Procurador-Geral da Justiça Militar:
Procurador-Geral Eleitoral: 
Procurador Regional Eleitoral:
Chefe do Ministério Público
Assembleia local, por deliberação de sua maioria absoluta, na forma da lei orgânica do respectivo Ministério Público. A destituição do PGJ do DF e Territórios se dará por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo (Senado Federal), na forma da lei complementar (art. 128, §4º, CF/88);
Procurador-Geral do Trabalho: nos termos dos arts. 87 e 88 da LC n. 75/93, o Procurador-Geral do Trabalho será o Chefe do Ministério Público do Trabalho.
Procurador-Geral da Justiça Militar: nos termos dos arts. 120 e 121 da LC n. 75/93 estabelecem que o Procurador-Geral de Justiça será o Chefe do Ministério Público Militar.
Procurador-Geral Eleitoral: encontra-se na figura do PGR, que exerce as funções o Ministério Público nas causas de competência do TSE, conforme art. 73 da LC n. 75/93.
Procurador Regional Eleitoral: designado pelo Procurador-Geral Eleitoral (que é o PGR), em cada Estado e no Distrito Federal, juntamente com seu substituto.
Garantias do Ministério Público
Garantias Institucionais
Autonomia funcional: no sentido de que, ao cumprir os seus deveres institucionais, o membro do Ministério Público não se submeterá a nenhum outro “poder” (Legislativo, Executivo ou Judiciário), órgão, autoridade pública, ect. (art. 127, §2º, CF/88);
Autonomia administrativa: prevista no art. 127, §2º, consiste na capacidade de direção de si próprio, autogestão, autoadministração, um governo de si;
Autonomia financeira: prevista no art. 127, §3º, representa a capacidade de elaborar sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, podendo autonomamente, administrar os recursos que lhe forem destinados.
Garantias do Ministério Público
Garantias dos membros
Vitaliciedade: assegura ao membro do Ministério Público a perda do cargo somente por sentença judicial transitada em julgado. Sendo adquirida após transcorrido o período probatório de 2 anos efetivo exercício do cargo, tendo sido admitido na carreira mediante aprovação em concurso de provas e títulos (art. 128, §5º, I, “a”);
Inamovibilidade: em regra não poderá ser removido ou promovido, unilateralmente, sem a sua autorização ou solicitação (art. 128, §5º, I, “b”, modificado pela EC n. 45/2004);
Irredutibilidade de subsídios: garantia assegurada ao membro do Ministério Público, de acordo com o art. 128, §5, I, “c”, da CF/88.
Vedações aos membros do Ministério Público
De acordo com os arts. 128, §5º, II, §6º, e 128, IX, os membros do Ministério Público não poderão:
receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;
exercer advocacia.
Da intervenção do Ministério Público do Processo Civil
Fundamento constitucional
O art. 129 da CF enumera quais são as atribuições constitucionais do Ministério Público, sendo relevante sua intervenção no processo civil, regulamentada pelos arts. 177 a 181 do NCPC;
Os art, 177 a 178 mostram que ele pode atuar em um processo em duas qualidades: como parte ou fiscal da ordem jurídica.
O Ministério Público como parte
O membro do Ministério Público tem capacidade postulatória e pode propor ações no âmbito de suas atribuições. O art. 129, III, da CF autoriza o Parquet a “promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”;
As ações que versam sobre tais interesses estão no âmbito direto de atribuição do Ministério Público. Não há necessidade de lei que o autorize, porque a atribuição decorre diretamente da Constituição Federal;
Não há que se falar em condenação do Ministério Público ou Fazenda Pública em honorários de sucumbência, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé, cabendo o art. 181 do CPC “o membro do Ministério Público será civil e regressivamente responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas atribuições. 
O Ministério Público como fiscal da ordem (art. 178 NCPC)
Quando houver interesse público ou social: deve-se entender por interesse público, todo aquele que esteja no âmbito das atribuições constitucionais do Ministério Público, elencadas no art. 129 da CF, bem como eventuais outros que, por sua natureza, dentro do caso concreto, possam demonstrar que a relevância da questão justifique sua participação;
Quando houver interesse de incapazes: independente da incapacidade ser relativa ou absoluta, do incapaz ser autor ou réu, bastando que seus interesses possam ser atingidos, a exemplo do que ocorre quando a parte é o espólio (mas entre os herdeiros há incapazes);
Nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse de terra rural e urbana: O dispositivo encontra correspondência com o art. 565, § 2º, que trata das ações possessórias em que há litígio coletivo pela posse de imóvel rural. Nessas ações, o Ministério Público deve intervir. No CPC de 1973, tal exigência existia apenas quando o litígio versasse sobre imóvel rural. O CPC atual estendeu a exigência também para o litígio sobre imóvel urbano.
Impedimento ou suspeição do membro do MP
De acordo com o art. 148, I, NCPC, aplicam-se aos membros do Ministério Público, quando atuarem como fiscal da ordem jurídica, as causas de impedimento e suspeição aplicáveis aos juízes (art. 144 e 145 do CPC/2015).
Consequências da falta de intervenção do Ministério Público como fiscal da ordem jurídica
nulidade do processo, que ensejará até mesmo ajuizamento de ação rescisória, no caso de intervenção obrigatória do MP sem que ele tenha sido intimado (art. 967, III, a, do CPC);
Aspectos processuais da intervenção do Ministério Público
prazo em dobro para manifestar-se nos autos(art. 180, caput, do CPC), salvo nos casos em que a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para a manifestação (art. 180, §2º);
intimação do órgão do Parquet será sempre pessoal, devendo observar o disposto no art. 270, parágrafo único, do CPC.
direito a vista dos autos depois das partes, podendo produzir provas, requerer as medidas processuais pertinentes e recorrer, quando intervir como fiscal da ordem jurídica (CPC, art. 279).
Procedimento da intervenção ministerial
necessidade de atuação de apenas um membro do Parquet no processo, ainda que haja várias causas de intervenção;
cumpre ao juiz abrir vista ao Parquet, para que se verifique necessidade de intervenção ministerial, quando a ação não tiver sido proposta por este;
quando lhe for dado vista, por requisição ou não, e o juiz entender que não há interesse ministerial, poderá solicitar remessa dos autos ao Procurador-Geral, a quem caberá decidir se há ou não interesse.
Referências bibliográficas
Direito processual civil esquematizado / Marcus Vinicius Gonçalves. - 8. ed. - São Paulo : Saraiva, 2017. (Coleção esquematizado / coordenador Pedro Lenza);
Manual de direito processual civil - Volume único / Daniel Amorim Assumpção Neves - 8. ed. - Salvador : Ed. Juspodivm, 2016;
Teoria geral do processo : comentários ao CPF de 2015 : parte geral / Fernando da Fonseca Gajardoni. - São Paulo : Forense, 2015;
Teoria geral do processo / Marcus Orione Gonçalves Correia. - 5. ed. / São Paulo : Saraiva, 2009;
Direito constitucional esquematizado / Pedro Lenza. - 16. ed. rev. atual. e ampl. - São Paulo : Saraiva, 2012.

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