Buscar

MONITORIA INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL 2B

Prévia do material em texto

MONITORIA DE INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL
Prof: Hubertus de Moura.
Monitora: Estephani Pazzinatto.
INTRODUÇÃO
Princípios (constitucionais e infraconstitucionais);
Eficácia temporal da lei penal;
Conflito de leis penais no tempo; “abolitio criminis”; “novatio legis” incriminadora; “novatio legis in pejus”; “novatio legis in melius”;
Normas penais em branco x direito intertemporal; eficácia das leis penais temporárias e excepcionais; Crimes permanentes;
Sucessão de leis: Lei intermediária e combinação de leis;
Tempo do crime (teorias).
Questões.
princípios
Conceito: são os valores fundamentais, expressados através de postulados, que por sua generalidade e abrangência, se irradiam por todo o ordenamento jurídico, informando e norteando a aplicação e a interpretação das demais normas jurídicas, ao mesmo tempo em que conferem unidade ao sistema normativo.
Principais funções:
Fundamentadora. Funcionam tanto como suporte de validade a outras normas jurídicas, como pilar das decisões politico-normativas. “Quando o legislador se apresta a normatizar a realidade social, o faz, sempre, consciente ou inconscientemente, a partir de algum princípio”.
Interpretativa. Ajudam na interpretação de outras normas.
Supletiva/integrativa. Servem para preencher lacunas existentes na norma.
Princípios constitucionais
Princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF). A atuação estatal de prevenção e repressão à criminalidade, bem como a função legislativa, encontram limites na dignidade humana, no tratamento digno que merece o cidadão, ainda que tenha infringido a lei.
Princípio da humanização das penas. O objetivo da pena não é o sofrimento ou a degradação do apenado. O Estado não pode aplicar sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição físico-psíquica do condenado.
Princípios constitucionais
Princípio da legalidade (art. 5º, XXXIX, da CF).  Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal (nullum crimen nulla poena sine praevia lege)
Princípio da reserva legal. Apenas a lei em sentido formal pode descrever e estabelecer pena para condutas criminosas.
Princípio da anterioridade. A lei que cria o crime e a pena ou medida de segurança deve ser anterior ao fato que se pretende punir (art. 5º, XL, da CF).
Princípios constitucionais
Atenção! Medidas provisórias não podem criar crimes (art. 62, § 1º, I, “b”, da CF), mas há divergência quanto a possibilidade desta espécie normativa criar regras de direito penal não incriminador:
Para uma primeira corrente (constitucionalistas), medidas provisórias não podem versar sobre Direito Penal, pouco importando se as normas são incriminadoras ou não incriminadoras.
Para uma segunda corrente (STF), a vedação contida no art. 62, § 1º, I, “b”, da CF somente se refere a regras de direito penal incriminador, não se aplicando, portanto, às regras de direito penal não incriminador.
Vale lembrar que o STF admitiu como válida a Medida Provisória não incriminadora 417/08 que impedia a tipificação de certos delitos previstos no estatuto do desarmamento.
Princípios constitucionais
Atenção! As Resoluções do TSE que estabelecem crimes e penas somente estão reproduzindo crimes e penas que já foram criados por lei.
Apenas as normas penais incriminadoras se submetem ao princípio da reserva legal, de modo que qualquer espécie normativa prevista no art. 59, caput, da CF e mesmo os costumes podem ensejar a criação de normas penais não incriminadoras.
Pela literalidade do art. 62, § 1º, “b”, da CF, medida provisória não pode versar sobre matéria de ordem penal, seja ela de cunho incriminador ou não incriminador, todavia, a doutrina majoritária, assevera que este dispositivo comporta uma interpretação restritiva, admitindo, assim, a criação de normas penais não incriminadoras.
Atenção! Em prova objetiva adote a regra da literalidade, em prova subjetiva, opte pela corrente majoritária.
Princípios constitucionais
Princípio do estado de inocência/da presunção de inocência/da presunção de não-culpabilidade. Consistia no direito de não ser declarado culpado, senão após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, proferida ao término de um processo no qual tenham sido observadas todas as garantias fundamentais; com a decisão proferida pelo plenário do STF no julgamento do HC 126.292, este princípio passou a consistir no direito de não ser declarado culpado senão após a prolação de um acórdão condenatório oriundo de Tribunais de Apelação. 
“Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas [...]” (art. 8º, “2”, da Convenção Americana de Direitos Humanos).
Princípios constitucionais
“Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória” (art. 5º, LVII, da CF);
Desdobramentos do princípio da presunção de inocência: (1) em regra, qualquer restrição à liberdade do investigado ou acusado, somente se admite após a condenação definitiva; (2) cabe à acusação o dever de demonstrar a responsabilidade do réu; (3) a condenação deve derivar da certeza do julgador.
Princípios infraconstitucionais
Princípio da taxatividade/determinação. É corolário lógico do princípio da legalidade. Expressa a exigência de que as leis penais (especialmente as de natureza incriminadora) sejam claras, precisas e bem definidas.
Princípio da responsabilidade do fato/exteriorização do fato/materialização do fato. Os tipos penais devem definir comportamentos humanos (fatos), sendo vedada a incriminação fundada exclusivamente nas condições pessoais do agente (v.g. sanciona-se o indivíduo por ele ser desta ou daquela religião, facção política, etc.) ou da simples cogitação de prática criminosa.
Princípios infraconstitucionais
Princípio da intervenção mínima (fragmentariedade).  Uma conduta só deve ser tipificada como crime quando tal providência for efetivamente indispensável para a proteção de determinado bem jurídico. 
O destinatário principal deste princípio é o legislador, contudo, os julgadores podem igualmente deixar de reconhecer a tipicidade de condutas expressamente previstas em lei criminal quando constatarem que a aplicação de sanções de outra natureza já será medida suficiente para viabilizar a reparação do dano. 
Do mesmo modo, pode o juiz deixar de aplicar a lei criminal se verificar que a legislação extrapenal não pune o fato por não o considerar suficientemente danoso.
Princípios infraconstitucionais
Princípio da exclusiva proteção ao bem jurídico. É vedada a criminalização de pensamentos, ideias, teses, pelo simples fato de serem elas contrárias às dos governantes ou das maiorias. O Estado só pode punir condutas e atos que possam ferir algum bem jurídico, não podendo o direito penal tutelar valores meramente ideológicos, éticos ou religiosos, dissociados de um comportamento humano efetivamente lesivo.  Ex: pensar em matar alguém.
Princípio da ofensividade/lesividade.  Só há crime se a conduta provocar lesão ao bem jurídico ou, ao menos, colocar referido bem em situação de perigo, seja ele abstrato (v.g. dirigir embriagado – art. 306 do CTB) ou concreto (v.g. maus-tratos – art. 136 do CP).
Princípios infraconstitucionais
Princípio da insignificância. O direito penal não deve se ocupar de comportamentos que provoquem lesões ínfimas aos bens jurídicos. Assim, os comportamentos que produzam danos ou perigos irrisórios devem ser considerados atípicos pelo julgador. Trata-se de um desdobramento lógico do princípio da intervenção mínima.
Requisitos: (1) ausência de periculosidade social da ação; (2) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; (3) mínima ofensividade da conduta; e (4) inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Para a aplicação do princípio em tela, tanto o STF, quanto o STJ, consideram a capacidade econômica da vítima (leia-se: a verificação da mínimaofensividade deve ser feita ao lume do patrimônio da vítima).
Aplicação para reincidentes, portadores de maus antecedentes e criminoso habitual.
Princípios infraconstitucionais
Atenção! No princípio da bagatela própria os fatos nascem irrelevantes para o direito penal; há uma causa de atipicidade material; já no princípio da bagatela imprópria, apesar de ser relevante para o direito penal, o fato não desperta o interesse de punir do Estado (a pena é desnecessária - v.g. agente primário que subtrai coisa alheia móvel e em um momento subsequente, arrependido, restitui a coisa a seu dono e se coloca a disposição para reparar eventuais danos). Art. 59: “O juiz, (...) estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”
Atenção! Não se pode confundir o princípio da insignificância com o princípio da adequação social, pois ainda que ambos limitem o direito penal, naquele último, apesar de uma conduta se ajustar a um tipo penal, não será considerada materialmente típica se for socialmente adequada (aqui não há preocupação com a lesão suportada pelo bem jurídico tutelado, mas sim com a aceitação da conduta pela sociedade).
Princípios infraconstitucionais
Princípio da alteridade/transcendentalidade. Somente podem ser tipificadas condutas que produzam ou possam produzir lesões a bens jurídicos alheios. Comportamentos que prejudiquem exclusivamente bens jurídicos próprios devem ser considerados irrelevantes penais.
Art. 28 da Lei 11.343/06. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
Princípio da adequação social. No exercício de suas atribuições, o legislador somente deve incriminar as condutas que sejam socialmente inadequadas.
Princípio da responsabilidade do fato/exteriorização do fato/materialização do fato.
Os tipos penais devem definir comportamentos humanos (fatos), não as condições pessoais da pessoa.
Princípio da exclusiva proteção ao bem jurídico.
O Estado só pode punir condutas e atos que possam ferir algum bem jurídico, não podendo o direito penal tutelar valores e punirideias.
Princípio da intervenção mínima (fragmentariedade).
Tipificação indispensável para a proteção de determinado bem jurídico. 
Princípio da ofensividade/lesividade.
Provocar lesão ao bem jurídico ou, ao menos, colocar referido bem em situação de perigo.
Princípio da insignificância.
Lesões ínfimas, danos ou perigos irrisórios devem ser considerados atípicos pelo julgador.
Princípio da alteridade/transcendentalidade.
Bens jurídicos alheios.
Princípios infraconstitucionais
Princípio da responsabilidade penal subjetiva. Ninguém pode ser punido criminalmente sem que tenha agido com dolo (vontade livre e consciente de praticar o crime – art. 18, I, do CP) ou culpa (ato voluntário proveniente de imprudência, negligência ou imperícia – art. 18, II, do CP). É vedada, portanto, a responsabilidade penal objetiva.
Imprudência é a prática de uma conduta arriscada ou perigosa (culpa in agendo).
Negligência é a displicência no agir, a falta de precaução, a indiferença do agente, que, podendo adotar as cautelas necessárias, não o faz (culpa in ommitendo).
Imperícia é a falta de capacidade, despreparo ou insuficiência de conhecimento técnico para o exercício de arte, profissão ou ofício.
Princípios infraconstitucionais
Princípio da responsabilidade pessoal/intranscendência. Proíbe-se o castigo pelo fato de outrem (art. 5º, XLV, da CF).
Desdobramentos: (1) obrigatoriedade da individualização da acusação; e (2) obrigatoriedade da individualização da pena.
Princípio da culpabilidade. Trata-se de um limitador do direito de punir. Em virtude deste princípio, o Estado só pode impor pena ao agente imputável, com potencial consciência da ilicitude, quando dele for exigível conduta diversa (art. 26 do Código Penal);
Princípio do non bis in idem. Ninguém poderá ser punido mais de uma vez em virtude de uma mesma infração penal.
Princípios infraconstitucionais
Princípio da proporcionalidade.  Tem por finalidade precípua equilibrar os direitos individuais com os anseios da sociedade. Impõe a proteção do indivíduo contra intervenções estatais desnecessárias ou excessivas, que causem danos mais graves do que aqueles que são indispensáveis para a proteção dos interesses públicos. O princípio da proporcionalidade implica: que o direito penal não deve ser utilizado como mero instrumento de poder; e que deve ser guardada, em todo e qualquer caso, a proporção entre a sanção penal e a gravidade do fato, como exigência indeclinável da justiça e da dignidade da pessoa humana.
Princípios 
Princípios relacionados com amissão do direito penal
Princípios relacionados com ofato do agente
Princípios relacionados com oagente do fato
Princípios relacionados com apena
Princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos
Princípio da exteriorização ou materialização do fato
Princípio da responsabilidade pessoal
Princípio da dignidade da pessoa humana
Princípio da intervenção mínima
Princípio da legalidade
Princípio da responsabilidade subjetiva
Princípio da individualização da pena
Princípio da insignificância
Princípio da ofensividade ou lesividade
Princípio da culpabilidade
Princípio da proporcionalidade
 
 
Princípio da isonomia
Princípio da pessoalidade
 
 
Princípio da presunção de inocência
Princípio da vedação do bis in idem
Princípio da humanização das penas
Eficácia temporal da lei penal
 Após ser aprovado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, o projeto de lei deve ser sancionado pelo Presidente da República; ato após o qual seguem-se a promulgação e a publicação. 
A lei penal, como regra, só pode ser aplicada a fatos ocorridos após a sua entrada em vigor. Assim, o direito de o Estado aplicar a sanção penal só existe após o início da vigência de uma determinada lei penal. 
De acordo com o art. 1º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, “salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de publicada”. Este período que vai da publicação da lei e à sua efetiva entrada em vigor denomina-se vacatio legis. 
Eficácia temporal da lei penal
 É possível que a lei nova estabeleça prazos diversos de vacatio? Ela pode suprimir esse prazo? 
 De acordo com o art. 8º da LC 95/98, “a vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula ‘entra em vigor na data de sua publicação’ para as leis de pequena repercussão”. 
 Em que momento a lei que estabelece um período de vacância entra em vigor? 
 De acordo com o art. 8º, § 1º, da LC 95/98, “a contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral”. 
Eficácia temporal da lei penal
 A nova lei valerá até que outra a revogue (art. 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro). Essa revogação pode ser expressa, quando a lei posterior expressamente declara a revogação da anterior, ou tácita, quando a lei posterior é incompatível com a anterior (trata do mesmo assunto de modo diverso), ou, ainda, quando regula integralmente a matéria tratada nesta. 
De qualquer forma, estando a lei em vigor, presume-se que todos conhecem seus ditames e, assim, a alegação de desconhecimento de que determinada conduta, em regra, não afasta ilicitude desta e tampouco isenta o réu de pena (art. 21 do Código Penal); mas atenção, pois o art. 8º da LCP estabelece que “no caso de ignorância ou de errada compreensão da lei, quando escusáveis, a pena pode deixar de ser aplicada”. 
Art. 21. - O desconhecimentoda lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Conflito de leis penais no tempo
O conflito intertemporal de leis ocorre quando a infração penal é cometida sob a vigência de uma lei, e esta vem a ser posteriormente revogada por outra, ou seja, duas leis que tratam do mesmo tema, porém de modo distinto, sucedem-se. Nestes casos, qual lei prevalece? Em regra, deverá ser aplicada a lei que estava em vigor na data do fato, contudo, existem algumas exceções. 
 Princípio da irretroatividade da lei penal. É vedado a alteração das normas penais em detrimento da situação jurídica preexistente; ou seja, uma lei nova não pode agravar a situação de um agente em face de um ilícito já cometido. 
 Princípio da retroatividade da lei penal benéfica (art. 5º, XL, da CF e art. 2º do CP). Os efeitos benéficos e favoráveis de uma lei penal retroagem ilimitadamente e indiscriminadamente para todos os fatos anteriores à sua entrada em vigência. 
Art. 2º. - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
Conflito de leis penais no tempo
Abolitio criminis. Se uma pessoa comete um delito na vigência de determinada lei e, posteriormente, surge outra lei que deixa de considerar o fato como crime, deve-se considerar como se essa nova lei já estivesse em vigor na data do delito (retroatividade) e, dessa forma, não poderá o agente ser punido (art. 107 Extingue-se a punibilidade: III- pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso, do CP). 
 Atenção! Além de conduzir à extinção da punibilidade, a abolitio criminis faz cessar todos os efeitos penais da sentença condenatória, permanecendo, contudo, seus efeitos civis. 
A lei nova mais benéfica pode ser aplicada durante a sua vacatio legis? Não, pois a lei somente tem vigor após o decurso de seu prazo de vacatio; ademais, pode acontecer de ser revogada antes mesmo do término deste prazo. Por fim, se o juiz reconhecer a abolitio criminis durante o período de vacatio legis e a nova lei for revogada antes de entrar em vigor, não mais poderá ser revista a decisão que extinguiu a punibilidade. 
Conflito de leis penais no tempo
O reconhecimento da abolitio criminis ou a aplicação de benesses decorrentes da novatio legis in mellius é automático? Quem tem competência para reconhecer tais benesses? 
Art. 66: Compete ao Juiz da execução:
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo favorecer o condenado (LEP).
 Súmula 611 do STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna.
O que o magistrado deve fazer se ficar em dúvida entre qual das leis (a nova ou a antiga) é mais benigna? Em tais hipóteses, pode e deve aceitar que o próprio acusado, por intermédio de seu defensor, aponte qual das duas leis aplicáveis lhe parece ser a mais favorável. 
Eficácia das leis penais temporárias e excepcionais
Princípio da ultratividade. Diz-se que uma lei é ultrativa quando é aplicada a fatos ocorridos posteriormente ao fim de sua vigência. 
 Leis excepcionais são aquelas feitas para vigorar em épocas especiais, como tempos de guerra, de grave crise econômica etc. São aprovadas para vigorar enquanto perdurar o período excepcional. 
 Leis temporárias são aquelas feitas para vigorar por tempo determinado, estabelecido previamente na própria lei. Em tais casos, a lei traz em seu texto a data de cessação de sua vigência. 
Nessas hipóteses, determina o art. 3º do Código Penal que, embora cessadas as circunstâncias que a determinaram (lei excepcional) ou decorrido o período de sua duração (lei temporária), aplicam-se seus dispositivos aos fatos praticados durante sua vigência. São, portanto, leis ultra-ativas, pois regulam atos praticados durante sua vigência, mesmo após sua revogação. 
Crimes permanentes
Como ficam os crimes permanentes? Caso se trate de crime permanente cometido na vigência da lei menos grave (lex mitior), mas cuja execução se prolongue até a entrada em vigor da lei mais grave (lex gravior), poderá ser aplicada esta última. Segundo a Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal, “a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”. 
Logo:
A norma penal, em regra, não pode atingir fatos passados/retroagir. 
A norma penal benéfica retroage para atingir fatos pretéritos; e 
A lei penal revogada pode ser aplicada após sua revogação, quando o ilícito praticado durante sua vigência for sucedido por lei mais severa. 
TEMPO DA CONDUTA
LEI POSTERIOR
(IR)RETROATIVIDADE
Fato atípico
Fato típico
Irretroatividade (art. 1º do CP)
Fato típico
Aumento de pena, da prescrição, etc.“novatiolegis in pejus”/“lexgravior”
Irretroatividade (art. 1º do CP)
Fato típico
Supressão da figura criminosa“abolitio criminis”
Retroatividade (art. 2º,caput,do CP)
Fato típico
Diminuição da pena (por exemplo)“novatiolegisinmelius”/“Lexmitior”
Retroatividade (art. 2º,caput,do CP)
Fato típico
Migra o conteúdo criminoso para outro tipo penal
Princípio da continuidade normativo-típica
CABE A QUEM RECONHECER OS EFEITOS DA “NOVATIO LEGIS IN MELIUS”/“LEX MITIOR” E DA “ABOLITIO CRIMINIS”? 	
No curso do processo de conhecimento e antes da prolação da sentença
Compete ao magistrado que estiver à frente do processo de conhecimento
No curso do processo de conhecimento e após a interposição de eventual recurso
Compete ao Tribunal de Justiça ou ao Tribunal Superior junto ao qual estiver tramitando o recurso
Após o trânsito em julgado
Para provas objetivas, simplesmente afirme que cabe ao Juiz da Execução da Penal (Súmula 611 do STF); Para provas subjetivas, lembrem-se que há dois posicionamentos: (1) o primeiro defende que o reconhecimento destas benesses (após o trânsito em julgado da sentença) caberá ao Juiz da Execução Penal em todo e qualquer caso; (2) o segundo afirma que se o reconhecimento da benesse redundar em uma aplicação meramente matemática, caberá ao Juiz da Execução realizar tal ato, mas que, se implicar em juízo de valor, será necessário o ajuizamento de revisão criminal.
DIFERENÇA ENTRE ABOLITIO CRIMINIS E CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA 	
ABOLITIO CRIMINIS
CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA
Há supressão formal e material da conduta criminosa;
Há supressão formal da conduta criminosa;
A conduta não será mais punível;
O fato permanece punível, pois a conduta criminosa simplesmente migra p/ outro tipo penal;
A intenção do legislador é não mais considerar o fato criminoso;
A intenção do legislador é manter o caráter criminoso do fato, mas com outra roupagem;
Exemplo de continuidade normativo-típica – lei n.º 12.015/09
Antes
Depois
O art. 213 do CP incriminava o estupro
O art. 213 do CP continuou incriminando o estupro
O art. 214 do CP incriminava o atentado violento ao pudor
O art. 214 do CP foi revogado e o seu conteúdo migrou para o art. 213 do CP.
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso;	
RETROATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA E NORMA PENAL EM BRANCO 
A modificação benéfica do complemento da norma penal em branco gera as seguintes consequências: 
Quando o complemento da norma penal em branco não tiver caráter temporário ou excepcional, sua alteração benéfica retroagirá, uma vez que o complemento integra a norma, dela constituindo parte fundamental e indispensável. Exemplo: no tráfico de drogas, caso ocorra exclusão de determinada substância do rol dos entorpecentes constantes da Portaria n. 344/98da Anvisa (órgão federal responsável pela definição das substâncias entorpecentes), haverá retroatividade da norma, deixando de haver crime.
Quando o complemento tiver natureza temporária ou excepcional, a alteração benéfica não retroagirá. Exemplo: no crime do art. 2º da Lei n. 1.521/51 (Lei de Economia Popular), que consiste na venda de produto acima do preço constante nas tabelas oficiais, a alteração posterior dos valores destas não exclui o crime, se à época do fato o agente desrespeitou a tabela então existente. 
SUCESSÃO DE LEIS NO TEMPO E LEI INTERMEDIÁRIA 
Entre a data do fato praticado e o término do cumprimento da pena podem surgir várias leis penais, ocorrendo aquilo que chamamos de sucessão de leis no tempo. Nessa sucessão de leis, vamos observar as regras da ultra-atividade ou retroatividade benéficas. Com efeito, à medida em que forem surgindo as leis, faremos as comparações entre elas, com a finalidade de ser escolhida e aplicada aquela que melhor atenda aos interesses do agente. Neste passo, se a lei anterior for considerada mais favorável, gozará dos efeitos da ultra-atividade; se a posterior é mais benéfica, será retroativa. Esse "jogo comparativo" será feito até que o agente cumpra, efetivamente, a pena que lhe fora aplicada. 
Pode ocorrer, aliás, a hipótese em que a lei a ser aplicada não seja nem aquela vigente à época dos fatos, tampouco aquela em vigor quando da prolação da sentença. É o caso da chamada lei intermediária. A regra da ultra-atividade e da retroatividade é absoluta no sentido de, sempre, ser aplicada ao agente a lei que mais lhe favoreça, não importando, na verdade, o momento de sua vigência, isto é, se na data do fato, na data da sentença ou mesmo entre esses dois marcos. 
COMBINAÇÃO DE LEIS 
Pode ocorrer de a lei nova ser mais favorável ao réu em um aspecto e prejudicial a ele em outro. De longa data discute-se se, nesses casos, o juiz pode combinar as leis, isto é, selecionar em cada uma delas o aspecto mais favorável ao acusado. 
 Uma primeira corrente defende que não se admite referida combinação, pois, nesse caso, o juiz estaria criando uma terceira lei, estaria legislando. Ele deve, portanto, escolher aquela que entenda mais favorável. Segundo Guilherme de Sousa Nucci, Heleno Cláudio Fragoso, Nélson Hungria, Aníbal Bruno: se houvesse permissão para a combinação de leis, colocar-se-ia em risco a própria legalidade, pois o magistrado estaria criando norma inexistente, por mais que se queira dizer tratar-se de mera integração de leis. Ora, a referida integração não passa do processo criador de outra lei, diferente das que lhe serviram de fonte. E quando se diz que o art. 2º, parágrafo único do CP, autoriza a aplicação da lei posterior benéfica que “de qualquer modo favorecer o agente” não está legitimando o magistrado a recortar pedaços da norma e aplicá-la em formação de uma outra totalmente inédita.
COMBINAÇÃO DE LEIS 
Uma segunda corrente, esposada por José Frederico Marques, Damásio de Jesus e Cezar Roberto Bitencourt, aduz ser perfeitamente possível a combinação de leis em prol do acusado, argumentando que: dizer que o juiz está fazendo lei nova, ultrapassando assim suas funções constitucionais, é argumento sem consistência, pois o julgador, em obediência a princípios de equidade consagrados pela própria Constituição, está apenas movimentando-se dentro dos quadros legais para uma tarefa de integração perfeitamente legítima [...]. Se lhe está afeto escolher o todo, para que o réu tenha o tratamento penal mais favorável e benigno, nada há que lhe obste selecionar parte de um todo e parte de outro, para cumprir uma regra constitucional que deve sobrepairar a pruridos de lógica formal. 
Combinação de leis
A entrada em vigor da Lei n. 11.343/2006 (Lei Antidrogas) fez surgir uma situação concreta em que a combinação de leis seria favorável aos acusados pelo crime de tráfico de drogas. Por se tratar de hipótese extremamente comum, centenas de recursos chegaram aos tribunais superiores, que se viram obrigados a decidir a questão em definitivo. 
 A Lei n. 6.368/76 definia o crime de tráfico de entorpecentes em seu art. 12 e estabelecia pena de 3 a 15 anos de reclusão, e multa. O atual art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006 revogou aquele dispositivo e passou a prever, para o mesmo delito, pena de reclusão, de 5 a 15 anos, e 500 dias-multa. Pela comparação das penas não há dúvida de que a nova pena é mais severa. De ver-se, entretanto, que no § 4º do mesmo art. 33 foi inserida uma regra que não existia na legislação antiga, determinando redução da pena de 1/6 a 2/3, se o traficante for primário, de bons antecedentes, não se dedicar às atividades criminosas e não integrar organização criminosa. Em tal hipótese, denominada tráfico privilegiado, a pena mínima passou a ser de 1 ano e 8 meses (5 anos menos 2/3), mais benéfica, portanto, que a da lei anterior. 
Combinação de leis
Em princípio, portanto, deveriam ser adotadas as seguintes soluções para crimes de tráfico cometidos antes da entrada em vigor da nova lei: a) se o traficante não fizesse jus ao privilégio, deveria ser aplicada a pena da lei antiga (pena mínima de 3 anos); b) se o acusado preenchesse os requisitos legais do art. 33, § 4º, deveria ser aplicada a pena da nova lei com o respectivo redutor (1 ano e 8 meses). O problema é que muitos juízes passaram a fazer uma combinação de leis, gerando uma corrida aos tribunais. A combinação de leis consistia em aplicar a pena prevista na lei antiga (pena mínima de 3 anos), com o redutor da lei nova, o que acabava gerando, na maioria das vezes, pena de 1 ano. 
O Superior Tribunal de Justiça, após apreciar enorme número de casos, aprovou a Súmula 501, segundo a qual “é cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/76, sendo vedada a combinação de leis”. 
Combinação de leis
O Plenário do Supremo Tribunal Federal, por sua vez, no julgamento do RE n. 600.817/MS, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, concluiu pela “impossibilidade da aplicação retroativa do § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/06 sobre a pena cominada com base na Lei n. 6.368/76, ou seja, pela não possibilidade de combinação de leis”. Nesse sentido, veja-se também: ARE 703.988 AgR-ED, Rel. Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, julgado em 9-4-2014, processo eletrônico DJe-107 divulg. 3-6-2014 public. 4-6-2014. 
 Os tribunais superiores, portanto, não aceitam a combinação de leis. 
Tempo do crime (teorias)
Ao tempo da vigência da Parte Geral revogada, a doutrina procurava resolver o tempus commissi delicti levando em conta os componentes do crime. Uns consideravam relevante a conduta (teoria da atividade). Outros, somente o evento. Finalmente, outros levavam em conta tanto a ação quanto o resultado (teoria da ubiquidade). Fez bem o legislador em esclarecer, no art. 4º do CP, o tempo do crime, sanando as dúvidas doutrinárias e adotando a teoria da atividade, segundo a qual “considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado” (art. 4º do CP). 
A adoção desta teoria evita o absurdo de uma conduta, praticada licitamente sob o império de uma lei, poder ser considerada crime, em razão de o resultado vir a produzir-se sob o império de outra lei incriminadora. 
Lembrem-se
Em regra: Aplica-se a lei penal vigente no momento da prática do crime e a lei penal é irretroativa (salvo se benéfica).
Se surgir nova lei mais severa, a lei anterior mais benéfica continua sendo aplicada, sendo ela ULTRATIVA.
As leis temporárias e excepcionais aplicam-se aos fatos praticados durante o período de sua vigência mesmo que cessada a circunstância ou período de tempo determinado (não seja mais vigente) – ULTRATIVIDADE.
Medidas provisórias não podem criar crimes. Só a lei pode criar crimes (normas penais incriminadoras).
Só lei revoga lei.
Não é possível a combinação de leis.
Para a aplicaçãoda lei penal no tempo utiliza-se a teoria da Atividade. 
questões
1. Um crime de extorsão mediante sequestro perdura há meses e, nesse período, nova lei penal entrou em vigor, prevendo causa de aumento de pena que se enquadra perfeitamente no caso em apreço. Nessa situação hipotética, 
a) A lei penal mais grave não poderá ser aplicada: o ordenamento jurídico não admite a novatio legis in pejus. 
b) A lei penal menos grave deverá ser aplicada, já que o crime teve início durante a sua vigência. 
c) A lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a atividade delitiva prolongou-se até a entrada em vigor da nova legislação, antes da cessação da permanência do crime. 
d) A aplicação da pena deverá ocorrer na forma prevista pela nova lei, dada a incidência do princípio da ultratividade da lei penal. 
e) A aplicação da pena ocorrerá na forma prevista pela lei anterior, mais branda, em virtude da incidência do princípio da irretroatividade da lei penal. 
Resposta: 
c) A lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a atividade delitiva prolongou-se até a entrada em vigor da nova legislação, antes da cessação da permanência do crime. 
-2.Rosa Margarida, apaixonada por Carlos Flores, imaginando que se os dois convivessem por alguns dias, ele poderia se apaixonar, resolveu sequestrá-lo. Sendo assim, o privou da sua liberdade e o levou para sua casa. Enquanto Carlos era mantido em cativeiro por Rosa, nova lei entrou em vigor, agravando a pena do crime de sequestro. Sobre a possibilidade de aplicação da nova lei, mais severa, ao caso exposto, assinale a alternativa correta. 
a) Não se aplica, tendo em vista a irretroatividade da lei penal mais severa. 
b) É aplicável, pois entrou em vigor antes de cessar a permanência. 
c) Não se aplica, tendo em vista o princípio da prevalência do interesse do réu. 
d) É aplicável, pois se trata de crime material e nesses casos deve ser aplicada a teoria da ubiquidade. 
e) Não de aplica, pois de acordo com a teoria da atividade, a lei a ser aplicada deve ser aquela em vigor no momento do crime. 
Resposta:
b) É aplicável, pois entrou em vigor antes de cessar a permanência. 
3. No direito penal, o princípio da:
A) fragmentariedade informa que o direito penal é autônomo e cuida das condutas tidas por ilícitas penalmente, sendo aplicável a lei penal independentemente da solução do problema por outros ramos do direito.
B) irretroatividade da lei se aplica de forma absoluta.
C) insignificância, segundo o entendimento do STF, pressupõe a satisfação de quatro requisitos para a sua configuração: (1) ausência de periculosidade social da ação; (2) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; (3) mínima ofensividade da conduta; e (4) inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
D) reserva legal impede que medidas provisórias sejam utilizadas para instituir normais penais não incriminadoras.
E) ofensividade preconiza que só há crime se a conduta provocar lesão a um bem jurídico. 
Resposta:
C) insignificância, segundo o entendimento do STF, pressupõe a satisfação de quatro requisitos para a sua configuração: (1) ausência de periculosidade social da ação; (2) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; (3) mínima ofensividade da conduta; e (4) inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
4. O princípio segundo o qual, “desde logo, as incriminações não podem pretender a proteção de meros valores éticos e morais, nem a sanção de condutas socialmente inócuas” recebe na doutrina a denominação de Princípio da:
A) intranscendência. 
B) responsabilidade do fato.
C) legalidade.
D) anterioridade da lei penal.
E) exclusiva proteção de bens jurídicos.
Resposta:
E) exclusiva proteção de bens jurídicos.
5. Segundo dispõe o Código Penal, assinale a opção correta.
A) Não há crime sem lei anterior que o defina, exceto pena que poderá existir sem prévia cominação legal.
B) Ninguém pode ser punido por fato que lei ou decreto posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais e civis da sentença condenatória.
C) Lei superveniente que abrande a penalidade referente a determinado crime somente beneficiará réu processado na vigência da lei anterior se não houver trânsito em julgado da sentença condenatória quando de sua entrada em vigor.
D) Se vigorava lei mais benéfica, depois substituída por lei mais grave, hoje vigente, é a lei mais grave que será aplicada ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência foi iniciada antes da cessação da continuidade.
Resposta:
D) Se vigorava lei mais benéfica, depois substituída por lei mais grave, hoje vigente, é a lei mais grave que será aplicada ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência foi iniciada antes da cessação da continuidade.
6. No que se refere à aplicação da lei penal no tempo, assinale a opção correta.
A) Se, no curso do cumprimento de pena, determinado réu condenado por sentença transitada em julgado, lei nova deixar de considerar crime o ato por ele praticado, cessará a execução da pena, mas não os efeitos da condenação.
B) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
C) A lei posterior, que de qualquer modo influenciar na pena do agente, será aplicada aos fatos anteriores ao início de sua vigência. 
D) A lei temporária produzirá efeitos somente durante o período de sua vigência, ocorrendo o fenômeno do abolitio criminis logo após a cessação do prazo definido pelo legislador.
Resposta:
B) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
7. De acordo com os estudos realizados acerca da lei penal no tempo, marque a alternativa correta:
A) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, com exceção dos casos em que o processo se encontre em análise perante o tribunal superior.
B) A lei excepcional ou temporária, uma vez decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que as determinaram não se aplica ao fato praticado durante a sua vigência.
C) Abolitio criminis tem efeito retroativo, atingindo, inclusive, os processos em fase de execução penal e afastando, também, os efeitos civis de reparação do dano causado.
D) Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
Resposta:
D) Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
8. Das alternativas abaixo, no que diz respeito ao estudo da lei penal no tempo é INCORRETO afirmar:
A) Não há crime sem lei anterior que o defina, tampouco pena sem prévia cominação legal.
B) A revogação do artigo do Código Penal que tratava do delito de atentado violento ao pudor configura abolitio criminis, uma vez que a modificação legal posterior não deteve o condão de unificar este tipo penal com o de estupro.
C) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
D) Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
Resposta:
B) A revogação do artigo do Código Penal que tratava do delito de atentado violento ao pudor configura abolitio criminis, uma vez que a modificação legal posterior não deteve o condão de unificar este tipo penal com o de estupro.
9. Ainda de acordo com o estudo da lei penal no tempo, está correto afirmar:
A) Considerando os princípios informativos da retroatividade e ultratividade da lei penal, a lei nova mais benéfica será aplicada mesmo quando a ação penal tiver sido iniciada antes da sua vigência.
B) Por adotar a teoria da ubiquidade, o CP reputa praticado o crime tanto no momento da conduta quanto no da produção do resultado.
C) A lei material penal terá vigência imediataquando for editada por meio de medida provisória, impactando diretamente a condenação do réu se a denúncia já tiver sido recebida.
D) A novatio legis in mellius só poderá ser aplicada ao réu condenado antes do trânsito em julgado da sentença, pois somente o juiz ou tribunal processante poderá reconhecê-la ou aplicá-la.
Resposta:
A) Considerando os princípios informativos da retroatividade e ultratividade da lei penal, a lei nova mais benéfica será aplicada mesmo quando a ação penal tiver sido iniciada antes da sua vigência.
10. Suponha que um indivíduo primário, de bons antecedentes e que se dedique a atividades criminosas tenha praticado o crime de tráfico ilícito de entorpecentes no mês de julho de 2006, quando estava em vigor a Lei n.º 6.368/76, que previa a pena de reclusão de 3 a 15 anos para o referido delito. Na data de seu julgamento já vigora a Lei n.º 11.343/06, que prevê para o referido crime, uma pena de reclusão de 5 a 15 anos e uma causa de diminuição de 1/6 a 2/3 para o agente primário, de bons antecedentes, que não se dedique a atividades criminosas e que não integre organização criminosa. Levando em consideração a situação hipotética narrada e o entendimento sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa correta em relação à aplicação da lei penal nesse caso:
A) É incabível a aplicação retroativa da Lei n.º 11.343/06, pois o fato ocorreu quando estava em vigor a Lei n.º 6.368/76, a qual se demonstra mais benéfica para a aludida situação hipotética.
B) É cabível a aplicação da pena prevista na Lei n.º 6.368/76, com incidência da causa de diminuição prevista na Lei n.º 11.343/06, pois o julgador deve alcançar o maior benefício para o réu.
C) É cabível a aplicação retroativa da Lei n.º 11.343/06, pois a viabilidade da incidência de sua causa de diminuição de pena, a torna mais favorável ao réu do que a Lei n.º 6.368/76.
D) É cabível a aplicação retroativa da Lei n.º 11.343/06, desde que o réu não possua contra si inquéritos policiais e ações penais em curso, pois isso lhe retiraria a primariedade e os bons antecedentes.
E) É cabível a aplicação retroativa da Lei n.º 11.343/06, ainda que mais prejudicial ao réu, pois a função do Direito Penal é conferir maior rigor punitivo naquelas infrações que a CF considera equiparadas às hediondas.
Resposta:
A) É incabível a aplicação retroativa da Lei n.º 11.343/06, pois o fato ocorreu quando estava em vigor a Lei n.º 6.368/76, a qual se demonstra mais benéfica para a aludida situação hipotética.
11. Sobre a Aplicação da Lei Penal no tempo e no espaço, analise as assertivas e assinale a alternativa correta:
I – No que diz respeito à lei penal no tempo e no espaço, pode-se afirmar que a vigência de norma penal posterior atenderá ao princípio da imediatidade, não incidindo, em nenhum caso, sobre fatos praticados na forma da lei penal anterior.
II – A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
III – A lei mais benéfica deve ser aplicada pelo juiz quando da prolação da sentença – em decorrência do fenômeno da ultratividade – mesmo já tendo sido revogada a lei que vigia no momento da prática do crime.
IV – Abolitio criminis significa que a nova lei deixa de considerar crime um fato anteriormente tipificado como ilícito penal, fazendo desaparecer todos os efeitos penais e civis das condenações proferidas com base na lei anterior.
A) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas;
B) Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas;
C) Apenas as assertivas II e IV estão corretas;
D) Apenas as assertivas II, III e IV estão corretas;
E) N.D.A.
Resposta:
E) N.D.A.
Apenas II e III estão corretas.
12. Determinada pessoa foi acusada de ter praticado o crime de lavagem de dinheiro em concurso com o crime de organização criminosa e em virtude disso teve aplicada em seu desfavor uma pena altíssima. Quando já havia cumprido mais de dois terços da pena, as modalidade criminosas praticadas tiveram suas penas reduzidas na metade. Nesse caso, o agente:
A) Não será favorecido com o reconhecimento da extinção da pena, haja vista que a lei posterior que favoreça o agente será aplicada somente com os fatos ocorridos posteriormente, acompanhando as normas do processo penal.
B) Será favorecido com o reconhecimento da extinção de metade da pena restante para o cumprimento, haja vista que a lei posterior que favoreça o agente será aplicada neste patamar proporcionalmente, diante dos fatos praticados anteriormente.
C) Será favorecido com o reconhecimento da extinção da pena, haja vista que a lei posterior que favoreça o agente será aplicada mesmo com os fatos praticados anteriormente.
D) Não será favorecido com o reconhecimento da extinção da pena, haja vista que a lei posterior que favoreça o agente será aplicada no caso de prever expressamente o efeito retroativo.
E) N.D.A.
Resposta:
C) Será favorecido com o reconhecimento da extinção da pena, haja vista que a lei posterior que favoreça o agente será aplicada mesmo com os fatos praticados anteriormente.

Continue navegando