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CAP XVIII

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CAP XVIII
A saída pela alta tecnologia
Analisaremos a continuidade e a vigência da postura mais representativa da arquitetura moderna: a que se baseia nas contribuições da ciência, da indústria e da técnica. Desde meados do século XIX, uma parte da arquitetura de desenvolveu sobre a base das possibilidades formais da utilização de novos materiais e do suporte de novas tecnologias. Nos anos sessenta reapareceram novas utopias tecnológicas, como as projetadas pelos ingleses do Archigram ou pelos japoneses do grupo metabolismo. Ao longo dos anos oitenta, apesar das críticas que uma parte do pensamento contemporâneo de origem ecologista, alternativo ou pós-moderno lançou contra o poder totalitário e destrutivo da tecnologia, voltou a aflorar essa confiança na racionalidade e na capacidade de síntese que o mundo da tecnologia pretende possuir intricamente.
Essa arquitetura rejeita sempre qualquer retorno historicista ou qualquer jogo formal, decorativo ou arbitrário. Continua vigente a confiança dos princípios básicos das vanguardas do início do século, especialmente o papel central outorgado à tecnologia como fonte de inspiração. É uma arquitetura redutiva, que tenta resolver o máximo de questões com o mínimo de formas, confiando na capacidade de síntese que a tecnogoia possui. É uma arquitetura que pretende uma realidade e coerência máximas, que persegue a imagem de globalidade de um conjunto lógico e mecânico.
A obra de Norman Foster
A Grã-Bretanha é o principal foco da arquitetura high-tech, um dos melhores exemplos dessa arquitetura é a obra realizada pelo escritório de Norman Foster. Sua arquitetura já se converteu em símbolo do possibilismo desta tendência, que é expressa em um cuidadoso desenho arquitetônico isento de brutalismo tecnológico. Segundo esse tipo de arquitetura podem ser resolvidos integralmente os diferentes condicionantes da arquitetura: urbanos, programa funcional, possibilidades tecnológicas, transformações interiores, buscas estéticas, recriação de valores simbólicos, possíveis intervenções dos usuários, etc.
As últimas obras realizadas por Norman são explicativas de tudo isso, especialmente o arranha-céus em Hong Kong realizado com a colaboração de Ove Aruo. Nesta obra Norman Foster se aproxima ao máximo da expressão do poder da tecnologia. Quando o concurso foi lançado o objetivo era buscar o melhor edifício que fosse possível conseguir. O projeto ganhador de Foster se baseava em um arranha-céus composto por três corpos edificados em diferentes alturas. Além da alta sofisticação tecnológica e a manifestação da potência da própria estrutura, o edifício se caracteriza por evidenciar o procedimento de montagem: trata-se de uma superestrutura do tipo Vierendeel, realizada à base de lajes suspensas sob plataformas e vigas gigantescas que são erguidas por meios de guindastes, macacos hidráulicos, e andaimes provisórios até alcançar a altura total.
Nessa obra não foi negociada nenhuma exigência técnica. Os meios tecnológicos utilizados iriam desde os mais sofisticados aos mais tradicionais de Hong Kong. Foster defende também que o interior dos escritórios, com planta livre e todas as instalações sob o piso, defina um espaço suficientemente humano para potencializar a flexibilidade e a participação dos usuários. Portanto, ele pretende que qualquer necessidade da arquitetura seja passível de resolução através de sofisticados recursos tecnológicos.
A obra de Renzo Piano
O arquiteto já citado no livro quando falamos do Centro Pompidou, vimos que ele representaria um papel insólito no panorama italiano, já que optou pela alta tecnologia e se desembaraçou das preocupações teóricas típicas de seus compatriotas e da busca das qualidades das formas herdadas da tradição. A obra desenvolvida posteriormente pretende desenvolver a poética da montagem com maior sensibilidade em relação ao contexto natural e às preexistências arquitetônicas. Temos como exemplo o edifício da Coleção Menil, em Houston, o museu adota a forma horizontal de pavilhão, fugindo de qualquer caráter monumental, e seus acabamentos de madeiras são pensados para permitir a melhor integração ao perfil residencial do local, inclusive as lâminas tecnológicas que servem para difundir controladamente a luz natural, estão pensadas especificadamente em relação à escala humana.
De todas as formas, continua sendo uma arquitetura rigorosa e sobriamente tecnológica, baseada na paixão pelo desenho de componentes individuais que se articulam em um todo coerente, seguindo uma ideia global.
O Instituto do Mundo Árabe em Paris
Um dos edifícios simbólicos dos anos oitenta desta arquitetura de alta tecnologia é o Instituto do Mundo Árabe em Paris (1981-1987). Projetado por uma equipe dirigida por Jean Nouvel, trata-se de um grande contêiner totalmente envidraçado onde é desenvolvido todo tipo de atividades culturais relacionadas com o mundo árabe. A sua volumetria, um corpo de forma curva e outro de forma prismática unidos por um volume organizado em torno a um grande pátio, permite que o edifício se adapte perfeitamente ao contexto urbano e ao traçado de Sena. 
Características da arquitetura da alta tecnologia 
Esta corrente que se baseia no alarde tecnológico continua se desenvolvendo em muitos países. Na América do Norte podemos destacar a obra de Helmut Jahn, o State of lllinois Center em Chicago. Um volume gigante de vidro organizado em torno de um pátio alto, e os escritórios de Willian Le Messurier como seu projeto teórico de arranha-céus, o Erewthon Center. No Japão existem singulares arquitetos high-tech como Shin Takamatsu, com uma arquitetura agressiva cheia de referências maquinistas e não isenta de efeitos cinematográficos.
Estas e muitas obras high-tech são uma clara mostra de que essa arquitetura, projeto e construção não só formam parte de uma só unidade, senão que todo o projeto gira em torno da função estrita de sua realização, da forma de construção e do momento épico de sua elevação. A arquitetura tecnológica se suavizou, se domesticou, respeitando muito mais as preexistências naturais e adaptando-se às tramas urbanas onde se insere. A maior obsessão de alguns representantes desta linguagem era sustentar que realizam uma arquitetura ecológica e de tecnologia suave e humana. É evidente que grande parte da arquitetura de alta tecnologia tem o mesmo papel cenográfico e visual das arquiteturas denominadas pós-modernas. A arquitetura atual está cheia de posturas retóricas, seja pela utilização de linguagens históricistas, tecnológicas ou ecletistas.

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