Buscar

USO PROLONGADO DE OMEPRAZOL

Prévia do material em texto

REBRACIM – Rede Brasileira de Centros e Serviços de Informações sobre Medicamentos 
CIM-RS – Centro de Informações Sobre Medicamentos 
 Faculdade de Farmácia/UFRGS 
 Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul 
13 anos 
CIM-RS: a informação a seu alcance 
Av. Ipiranga, 2752 – 2º Andar – Porto Alegre/RS – Fone/Fax: 0 XX 51 3308 52 81 
e-mail: cimrs@farmacia.ufrgs.br 
blog: http://cimrs.blogspot.com 
Boletim Informativo: http://www.ufrgs.br/boletimcimrs/ 
1 de 3 
Solicitação: Quais condições clínicas justificam o uso contínuo do omeprazol e qual o período de 
tratamento? Que problemas poderiam ocorrer devido ao seu uso prolongado? 
 
Resposta: 
 Nas fontes terciárias consultadas1,2,3,4,5,6, são descritos diversos tempos de tratamento e doses orais 
para o omeprazol em adultos, que estão relacionados com as seguintes indicação de uso: 
 
- Esofagite refratária: 40mg/dia1,2 dose única1. Após cicatrização, terapia de manutenção de 
20mg/dia2. 
 
- Condições de hipersecreção patológica (como adenomas endócrinos, síndrome de Zollinger-
Ellisson, e mastocitose sistêmica): é recomendado 60mg uma vez ao dia1,2,3,4,5,6 continuadamente até 
manutenção da condição clínica1; a maioria2 dos pacientes têm sido controlados com doses entre 
20mg2,3,4,5, 1-2 vezes ao dia4, e doses de até 120mg1,2,3,5,6, ou superiores2,5, como 360mg5, três vezes ao 
dia1,2,3,5,6, têm sido utilizadas1,2,3,4,5,6. Doses diárias maiores que 80mg devem ser divididas1,2,3,4,5,6, 
geralmente em duas vezes2. O tratamento é individualizado conforme condições do paciente e resposta ao 
tratamento. Alguns pacientes com síndrome de Zollinger-Ellisson têm sido tratados continuamente por 
mais de 5 anos3. 
 
- Dispepsia: alívio com dose usual de 10 ou 20mg/dia por 2 a 4 semanas2. 
 
- Refluxo gastro-esofágico: 20mg uma vez ao dia por 4(1,2,3,4,5,6) a 8 semanas1,3, seguido por mais 
4(2,3) a 8 semanas2 para pacientes não responsivos3; se esofagite erosiva reincidir, novo curso de 4-8 
semanas poderá ser necessário3. Dose de manutenção de 10mg/dia pode ser utilizada2, entretanto doses 
de 20mg/dia apresentaram melhores resultados3. É relatado que omeprazol se mostrou seguro e eficaz 
para terapia prolongada (até 11 anos) em pacientes com refluxo gastro-esofágico grave refratário a 
antagonistas H2(3). 
 
- Esofagite erosiva: omeprazol 20mg/dia1,3,4,5 uma vez ao dia para profilaxia1; para manutenção da 
cicatrização: 20mg/dia por até 12 meses (terapia total; inclui o tratamento prévio de 4-8 semanas)5,6. São 
descritos estudos clínicos de até 12 meses para avaliação da eficácia da terapia3,5. 
 
- Úlcera péptica: 20mg/dia1,2,3,5,6 dose única2,5 ou 40mg/dia (para casos graves2,6 ou não 
responsivos a antagonistas H2(5))2,3,5,6 ou para úlcera gástrica1,3,4,5 uma vez ao dia1,3,5. Para úlcera 
duodenal, manter terapia por 4(2,3,4,5,6) a 8 semanas3,4,6; para úlcera gástrica1,2,3,5, manter de 4(1,3,5) a 8 
semanas1,2,3,5. Para manutenção da cicatrização6, terapia com 10mg(2) a 20mg/dia 2,6 por até 12 meses de 
terapia total (incluindo as 4-8 semanas iniciais)6 pode ser utilizada2,6. É descrito que o fabricante não 
recomenda terapia de manutenção com omeprazol para úlcera duodenal; porém, 20mg uma vez ao dia por 
seis meses tem se mostrado seguro e efetivo para terapia de manutenção em úlcera duodenal cicatrizada3. 
 
- Erradicação de Helicobacter pylori em úlcera péptica: adjuvante; 20mg duas vezes ao 
dia2,3,4,5,6, ou 40mg uma vez ao dia1,2,5,6, combinado com antibióticos durante 1 a 2 semanas1,2,3,4,5,6, 
dependendo da terapia utilizada2,5,6; após, manter omeprazol1,2,4,5 20mg1,4,5 dose única1,5 - 40mg/dia4 por 2 
semanas1 a 4(2,5) - 8 semanas2. 
- Ulceração associada ao uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINES): 20mg/dia para 
tratamento ou profilaxia em pacientes com história de lesão gastroduodenal que requeiram tratamento 
contínuo com AINE2. 
 
 
O alívio dos sintomas proporcionado pelo omeprazol não descarta a possibilidade de câncer 
gástrico2,3,4,6,7, por isto deve ser usado com cautela. Com a melhora dos sintomas, tanto após o uso de 
antagonistas dos receptores H2 como de inibidores da bomba de prótons, deve-se avaliar a possibilidade 
REBRACIM – Rede Brasileira de Centros e Serviços de Informações sobre Medicamentos 
CIM-RS – Centro de Informações Sobre Medicamentos 
 Faculdade de Farmácia/UFRGS 
 Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul 
13 anos 
CIM-RS: a informação a seu alcance 
Av. Ipiranga, 2752 – 2º Andar – Porto Alegre/RS – Fone/Fax: 0 XX 51 3308 52 81 
e-mail: cimrs@farmacia.ufrgs.br 
blog: http://cimrs.blogspot.com 
Boletim Informativo: http://www.ufrgs.br/boletimcimrs/ 
2 de 3 
de redução de doses e a substituição dos inibidores da bomba de prótons por fármacos da outra classe4. 
Em 3% dos pacientes, o uso prolongado de omeprazol levou ao aumento significativo dos níveis séricos de 
gastrina, que está relacionada com o desenvolvimento de hiperplasia das células do tipo enterocromafins 
gástricas3,7 em humanos e carcinomas gástricos em ratos3,6,7. São necessários mais dados a respeito do 
efeito da hipocloridria e da hipergastrinemia prolongadas, decorrente da terapia de longo prazo com 
omeprazol, para que seja descartada a possibilidade do aumento do risco para o desenvolvimento de 
tumores gástricos em humanos6. 
 
É recomendado não repetir o tratamento para azia mais frequentemente do que cada 4 meses ou 
durante mais de 14 dias, sem acompanhamento médico5. 
Embora inibidores da bomba de prótons sejam superiores aos antagonistas H2, quanto ao menor 
custo na rapidez do alívio dos sintomas e cicatrização da úlcera, essa vantagem parece diminuir com o 
tratamento continuado, especialmente com úlceras gástricas. Existem questões relacionadas à segurança 
desses agentes a longo prazo. Inibidores da bomba de próton podem ser bons agentes em pacientes com 
úlceras refratárias para terapia com antagonista H2(3). 
Os inibidores da bomba de prótons podem aumentar o risco de infecções gastrintestinais2,3 devido 
aos seus efeitos supressivos da secreção gástrica. 
 
 
A terapia com omeprazol por períodos prolongados pode causar: 
 
- aumento na concentração plasmática do fármaco. O perfil de absorção parece ser dose 
dependente. A partir de doses superiores a 40mg tem sido relatado aumento da concentração plasmática 
do fármaco de forma não linear devido ao metabolismo hepático de primeira passagem saturável. A 
absorção é maior com o uso prolongado2. A biodisponibillidade do fármaco pode estar aumentada em 
pacientes de alguns grupos étnicos (como chineses2)1,2,3,6, idosos2, e em pacientes com deficiência 
hepática, mas não é marcadamente afetada naqueles com insuficiência renal2,5; 
 
Outras reações adversas ao uso prolongado de omeprazol, baseadas em relatos de caso e estudos 
observacionais, são descritas: 
 
- hipomagnesemia 2,3; 
- hipomagnesemia grave com hipoparatiroidismo secundário em pacientes que usavam por vários 
anos3; 
- diminuição cianocobalamina sérica (vitamina B12)
2,3,5,7 em pacientes com síndrome de Zollinger-
Ellisson3; 
- aumento de peso3; 
- pólipos em glândulas gástricas2,3; 
- anemia megaloblástica por deficiência de vitamina B12 (tratamento de 3 anos, 40-60 mg/dia, para 
refluxo gastro-esofágico)3; 
- aumento do risco de osteoporose (exposição de 1 ano ou mais) e fraturas ósseas (exposição de 1 
a 12 anos)2,3,5; 
- aumento do risco de pneumonia comunitária adquirida3,5,7; 
- aumento do risco de infecção por Clostridium difficile3,7. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
1. USP DI 2006 – Drug Information for the Health Care Professional. V. 1. 26 ed. Greenwood Village: Thomson 
Micromedex, 2006. 
2. SWEETMAN S. (Ed), Martindale: the complete drug reference. London: Pharmaceutical Press. Electronic version,Thomson MICROMEDEX, Greenwood Village, Colorado, USA. Disponível em: http://www.thomsonhc.com/home/dispatch 
Acesso em: 28 dez. 2012. 
REBRACIM – Rede Brasileira de Centros e Serviços de Informações sobre Medicamentos 
CIM-RS – Centro de Informações Sobre Medicamentos 
 Faculdade de Farmácia/UFRGS 
 Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Sul 
13 anos 
CIM-RS: a informação a seu alcance 
Av. Ipiranga, 2752 – 2º Andar – Porto Alegre/RS – Fone/Fax: 0 XX 51 3308 52 81 
e-mail: cimrs@farmacia.ufrgs.br 
blog: http://cimrs.blogspot.com 
Boletim Informativo: http://www.ufrgs.br/boletimcimrs/ 
3 de 3 
3. DRUGDEX® System. Thomson MICROMEDEX, Greenwood Village, Colorado, USA. Disponível em: 
http://www.thomsonhc.com/home/dispatch . Acesso em: 28 dez. 2012. 
4. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência 
Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Formulário terapêutico nacional 2010: Rename 2010 / Ministério da Saúde, 
Secretaria de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos 
Estratégicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 
5. MCEVOY, G. K. (Ed.) AHFS Drug Information. Bethesda: ASPH, 2011. 
6. LACY, Charles F. et al. Drug Information Handbook International. 19. ed. Hudson: Lexi-comp, 2010. 
7. MCPHEE, S.; PAPADAKIS, M. (Ed.) CMDT – Current Medical Diagnosis e Treatment. 48. ed. New York: McGrawHill, 
2009. 
 
 
Resposta elaborada em 15 de julho de 2011 por 
Farm. Alexandre A. de T. Sartori 
Revisada em 28 de dezembro de 2012 por 
Farm. Clarissa Ruaro Xavier

Continue navegando

Outros materiais