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PROCESSO FALIMENTAR (Lei 11.101/05) Precedentes históricos: Na Roma antiga o devedor respondia com sua liberdade e sua vida por suas obrigações; Com a Lex Poetelia Papiria (428 a.C) passou haver a responsabilidade patrimonial; Todavia, quando o patrimônio não era suficiente para cobrir suas dívidas, a legislação mais antiga que trata do assunto foi o Código de Justiniano que estabeleceu a figura do curador para administração dos bens do devedor (missio in possessio bonorum); Foi o Código Napoleônico que estabeleceu o tratamento diferenciando de execução para os comerciantes, com a divisão do Código Civil e do Código Comercial, porém ainda permaneceu o caráter repressivo e punitivo; Somente com a Revolução Industrial e posteriormente com o fenômeno da globalização surge uma nova roupagem para o direito falimentar, ou seja, que o processo de falência não está atrelado diretamente ao comerciante desonesto, e sim, as circunstâncias do mercado, ao risco empresarial; Surgimento dos princípios da função social da empresa e preservação da empresa; Legislação Falimentar Brasileira: Até meados dos anos 1800, a legislação vigente no país fora as Ordenações do Reino de Portugal; Após a proclamação da independência, a chamada Lei da Boa Razão mandava aplicar no Brasil as leis dos países civilizados europeus quanto aos negócios mercantis; (França) Código Comercial de 1850 (Lei 556); Diante das severas críticas, a parte referente ao direito falimentar foi alterada pelo Decreto 917/1890, que aboliu o sistema da cessação de pagamentos e adotou o sistema da impontualidade e enumeração legal; Decreto-lei 7661/1945 Lei 11.101/2005; Conceito: é um processo de execução coletiva, do qual todo o patrimônio de um empresário declarado falido (pessoa natural ou jurídica) é arrecadado, visando o pagamento da universalidade de seus credores, de forma completa ou proporcional. É um processo judicial complexo que compreende a arrecadação dos bens, sua administração e conservação, bem como a verificação e o acertamento dos créditos, para posterior liquidação dos bens e rateio entre os credores. Obediência ao princípio par condicio creditorum (tratamento isonômico aos credores); Natureza Jurídica da Falência: possui um caráter híbrido, pois possui regras de direito processual e de direito material. Princípios da Falência: Preservação da empresa; Maximização dos ativos; Celeridade e economia processual; Pressupostos da Falência: a) Condição de empresário ou sociedade empresária; b) Estado de insolvência (causa de pedir); Pode ser confessada (autofalência – art. 105: crise e não caber recuperação judicial – deverá pedir falência, para proteger o crédito público); Pode ser presumida, que pode ocorrer em três hipóteses: o Impontualidade injustificada (art. 94, I): atraso sem relevante razão de direito, protesto de título executivo e acima de 40 salários; Deve ser acompanhado dos títulos e os respectivos protestos, não se admite nenhum outro meio de prova para justificar a impontualidade; é possível protesto fora do prazo; se a natureza do título não sujeitar protesto deverá ser solicitado protesto especial para fins de falência; Súmula 361 do STJ: a notificação do protesto exige que a identificação do sujeito que recebeu o protesto; É possível a formação de litisconsorte ativo facultativo para pedido de falência; A certidão do protesto cambiário é suficiente para o pedido da falência, desde que respeitado a Súmula 361 do STJ, é a dispensa de protesto especial; o Execução frustrada: caracterizada pela tríplice omissão do devedor quando citado em processo executivo (não paga, não deposita, não nomeia bens a penhora), deverá ser instruída com certidão expedida pelo juízo em que se processa a execução; não é necessário o protesto; a dívida pode ser de qualquer quantia; a execução deve estar suspensa; o Atos de falência (art. 94, III – rol de atos que vierem a ser cometidos há presunção de estado de insolvência); Prova de fatos determinados; Não exige protesto; Não exige valor superior a 40 salários mínimo; Não é necessário título vencido c) Declaração judicial de falência; Características: 1 – LEGITIMIDADE PASSIVA (art. 1º) Devedor que exerça atividade empresarial o Empresário individual – EIRELI - Sociedade Empresária; o O registro não é condição necessária para sofrer falência; o Quem não está sujeito à falência? Exceção: (art. 2º) o Totalmente excluídos: Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista o Parcialmente excluídos: instituições financeiras, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, operadora de plano de saúde, seguradoras, sociedades de capitalização, outras entidades equiparadas a essas. (art. 197 – Aplicação subsidiária, mas enquanto não houver legislação especial, aplica-se a lei 11.101/2005); O legislador não conseguiu afastar totalmente a falência, porém atrasa a instauração da mesma, isso com o intuito de proteger os maiores prejudicados, que seria o consumidor em geral, que no caso da falência entrariam na categoria de credores quirografários; Neste sentido, havendo um estado de crise destas empresas, há a instauração de uma intervenção pelos órgãos reguladores (Banco Central, ANS, SUSEP). Realizada a intervenção, nomeia-se um Comitê Interventor que elaborará um plano de ação com duração de seis meses, podendo ser prorrogado por uma vez; após o prazo o Comitê elaborará um relatório apontando a melhor saída, que pode ser duas possibilidades: a) liquidação extrajudicial (quando o ativo consegue pagar pelo menos 50% dos créditos quirografários); b) falência (quando o ativo não conseguiu pagar pelo menos 50% das dívidas quirografárias); Estas empresas não estão sujeitas à recuperação de empresas; Observação: Se o devedor insolvente não for empresário, o procedimento aplicado é a execução concursal disciplinada pelo Código de Processo Civil; 2 – LEGITIMIDADE ATIVA (art. 97) Próprio empresário ou sociedade empresária (autofalência) Sócio ou acionista da sociedade Cônjuge sobrevivente do empresário individual Herdeiro ou inventariante do empresário individual Qualquer credor Observações: Se o credor for empresário, deverá ser devidamente registrado e fazer prova da sua condição na petição inicial; O credor com garantia real também pode pedir a falência de um empresário; Fazenda Pública não pode pedir a falência visto que a doutrina e a jurisprudência entendem que para ela existe procedimento especial, a execução fiscal; Não é necessária a dívida vencida para requerer a falência, visto que é possível sua solicitação estar embasada nas hipóteses do art. 94, inciso II; 3 – JUÍZO COMPETENTE - Art. 3º; Justiça comum estadual, sendo aquela do local do principal estabelecimento (aspecto econômico = maior volume de negócios); Se a sede for fora do Brasil o local será o da localização da filial; Competência de natureza absoluta; PROCEDIMENTO DE EXECUÇÃO ESPECIAL Para a instauração do processo de execução falimentar é necessário à configuração do estado de insolvência do devedor, lembrando que não estamos falando do sentido técnico/econômico da palavra, mas em um sentido jurídico; 4 – PETIÇAO INICIAL Fundamento deve ser ou na insolvência presumida (art. 94, I, II e III) ou na insolvência confessada (art. 105) 5 – DEFESA DO REQUERIDO Após a citação o requerido poderá apresentar: a) Contestação no prazo de 10 dias (art. 98), alegando algumasdas situações previstas no art. 96 (rol exemplificativo). b) Depósito Elisivo no prazo da contestação, situação em que o juiz estará impedido de decretar a falência; o valor a ser depositado deve abranger o valor principal da dívida + juros + correção monetária + honorários advocatícios; c) Depósito + Contestação d) Pedir a Recuperação Judicial (art. 95) dentro do prazo de contestação (pedido incidental de recuperação judicial); suspende a tramitação da falência 6 – SENTENÇA PROCEDENTE Chamada de Declaratória, apesar de possuir natureza constitutiva; constitui o devedor em estado falimentar e instaura o regime de execução concursal do seu patrimônio; Contra ela cabe Agravo de Instrumento (art. 100), visto que ela não extingue o processo, tendo força de decisão interlocutória; 7 – SENTENÇA IMPROCEDENTE OU DENEGATÓRIA A denegação da falência pode fundamentar-se na improcedência do pedido (quando o juiz acolhe alegação constante no art. 96) ou na realização do depósito elisivo; Na improcedência cabe ao autor o ônus da sucumbência e de acordo com o art. 101 pode o juiz condenar o credor pagar indenização quando a ação fora proposta com manifesto dolo; Comporta Apelação; 8 – REQUISITOS DA SENTENÇA (Art. 99) leitura obrigatória Termo Legal (inciso II) = é o lapso temporal chamado de período suspeito, onde se investigará os atos suspeitos do falido, previstos no art. 129, os quais serão declarados ineficazes – exemplo: pagamento de dívida não vencida; Poder Geral de Cautela (inciso VII) = diante deste poder o juiz pode tomar medidas que salvaguardam os interesses das partes, pode decretar a prisão preventiva (art. 168 a 178) do empresário falido ou dos administradores e autorizar a continuação provisória das atividades do devedor; o Esta possibilidade de prisão não se confunde com a prisão administrativa; Publicidade (inciso VIII) = comunicação imediata da Junta Comercial a fim de que anote tal fato aos atos constitutivos, fazendo neles constar a expressão falido; o juiz ordenará a publicação do edital contendo a íntegra da decisão e a relação de credores; 9 – ADMINISTRADOR JUDICIAL É o administrador legal da chamada massa falida subjetiva; Considerado funcionário público para fins penais; Preferencialmente advogado, economista, administrador, contabilista ou pessoa jurídica especializada (art. 21) Sua remuneração deverá ser fixada pelo juiz, trata-se de crédito extraconcursal (art. 24); 10 – ASSEMBLEIA GERAL DE CREDORES Convocada pela sentença de decretação XIII EXAME A assembleia geral de credores da sociedade falida “Concessionária de Veículos Pereiro Ltda.” aprovou, com o voto favorável de credores que representam 3/4 (três quartos) dos créditos presentes à assembleia, a constituição de sociedade formada pelos empregados do próprio devedor. Sobre esta modalidade de realização do ativo, assinale a afirmativa incorreta. A) Os empregados que vierem a integrar a futura sociedade poderão utilizar créditos derivados da legislação do trabalho para a aquisição da empresa. B) A constituição da sociedade formada pelos empregados do devedor depende da apresentação, pela massa falida, das certidões negativas de débitos tributários. C) Os bens objeto de alienação estarão livres de quaisquer ônus e não haverá sucessão da sociedade formada pelos empregados nas obrigações do devedor. D) A constituição de sociedade dos empregados do próprio devedor pode contar com a participação, se necessária, dos atuais sócios da falida ou de terceiros. 11 – EFEITOS DA SENTENÇA EM RELAÇAO AO FALIDO Inabilitado para exercer atividade empresarial (art. 102), a partir da decretação da falência até a sentença que extingue suas obrigações; o Não o torna incapaz; o Inabilitado após a decretação da falência, após a sentença do encerramento da falência pode ser reabilitado (art. 158): No caso de pagamento de todos os credores No caso de pagamento de mais de 50% dos credores quirografários No decurso de 5 anos, após o trânsito em julgado da sentença de encerramento da falência, se não condenado por crime falimentar No decurso de 10 anos, após o trânsito em julgado da sentença de encerramento da falência, se condenado por crime falimentar; Sentença de levantamento da falência = encerra ao mesmo tempo processo falimentar e extingue as obrigações do falido, trata-se de exceção, quando ocorrer o pagamento de todos os credores; O falido condenado por crime falimentar, o juiz pode aplicar um efeito secundário da pena, que seria a inabilitação do falido; no crime este efeito não é automático, só ficará inabilitada se o juiz, na sentença fundamentar e estabelecer esta sentença expressamente (art. 181, parágrafo primeiro); Informativo 572 do STJ; Apuração de eventual responsabilidade pessoal dos sócios de sociedade limitada (ação prescreve em dois anos contados do trânsito em julgado da sentença que encerra a falência); Desapossamento dos bens = Perda dos direitos de administrar os bens ou deles dispor (art. 103); contudo pode fiscalizar; num primeiro momento não perde a propriedade; falido pode assistir todos os atos da falência; Extinção do contrato de concessão, caso seja concessionária (art. 195); Não pode ausentar-se do lugar da falência sem autorização do juiz; Comparecimento nos atos da falência; Sociedade com responsabilidade ilimitada decretada falida também atingirá os sócios; EM RELAÇAO AOS CREDORES Constituição da massa falida (apuração dos credores do falido) Instauração do juízo universal da falência / indivisibilidade do juízo falimentar (art. 76) o Exceções (ações que não serão suspensas e nem atraídas): Reclamações Trabalhistas em sentença; Ações fiscais (art. 187 CTN); Ações que demandarem quantia ilíquida ajuizada antes da decretação da falência (exemplo: ação de dano moral); a distribuída depois deve ser feita no juízo falimentar; Ações que o falido for autor ou litisconsorte ativo não regulado pela LRF; Aquelas em que for parte a União ou entidade federal (Art. 109, I, CF); Vencimento antecipado das dívidas (art. 77); Suspensão de todas as ações / execuções envolvendo bens, interesses, negócios do falido; o Exceções: Ações que demandarem quantia ilíquida ajuizada antes da decretação da falência (exemplo: ação de dano moral) – art. 6º, paragrafo primeiro; Reclamação Trabalhista - art. 6º, paragrafo segundo; Execução fiscal: prossegue na vara fazendária até o julgamento final, quando concluída o juiz falimentar oficia o juízo empresarial do crédito da falência, mandando incluir do quadro de credores – não há uma habilitação do crédito; Suspensão do curso da prescrição das obrigações do falido; o Volta a correr a prescrição quando houver o transito em julgado da sentença de encerramento da falência (art. 157); Suspensão da fluência de juros após a quebra; o Até a data da sentença falimentar incide os juros; o Nas debêntures e créditos com garantia real incide os juros; Suspensão do direito de retenção o O credor em algumas hipóteses no direito civil tem o direito de retenção, que não poderá ser oposto ao juízo falimentar, fazendo a devolução do bem ao administrador judicial (art. 116); quem tem direito de retenção, na habilitação, constitui crédito especial (art. 83, c); Suspensão do direito de retirada e do pagamento do reembolso (art. 116, II) EM RELAÇÃO AOS CONTRATOS Administrador judicial poderá dar continuidade aos contratos (arts. 117 e 118) – contratos não se resolvem com a falência, pois podem ser importantes para maximizaçãodos ativos da massa falida; Fabio Ulhoa discorda, no caso de houver clausula resolutória expressa, resolvendo automaticamente; Ricardo Tepedino dicorda do Fábio Ulhoa Coelho; Ver arts. 119 e 120 – cláusulas específicas; Do contrato de mandato = o no caso de falido mandante, necessário se era para cumprir o negócio = haverá extinção automática; necessário para representação judicial = dependerá de revogação expressa; o na condição de mandatário: para cumprir negócio empresarial haverá extinção visto que estará inabilitado; para cumprir negócio civil, não haverá extinção, visto que não está incapacitado; 12 – ARRECADACAO E REAVALIACAO DO ATIVO É o administrador judicial o encarregado de proceder concomitantemente o procedimento de arrecadação dos bens do devedor e a verificação e habilitação dos créditos dos credores; 1º passo: o administrador faz a arrecadação dos bens do falido (formação da massa falida objetiva), salvo os absolutamente impenhoráveis (art. 108, p. 4º) 2º passo: avaliação dos bens 3º passo: venda judicial dos bens (realização do ativo), formas: leilão, proposta fechada, pregão; o Obs: o objeto de alienação estará livre de qualquer ônus, não haverá sucessão na arrematação (art. 141, I), inclusive trabalhista e tributária; 13 – INVESTIGAÇÃO DO PERÍODO SUSPEITO Atos objetivamente ineficazes o Os atos previstos nos incisos I a VII do art. 129 praticados dentro do período suspeito são ineficazes em relação à massa falida, independente do conhecimento do estado de crise por parte do devedor, ou seja, independe de fraude, como por exemplo, o pagamento de dívidas não vencidas; constituição de garantia real; Atos subjetivamente ineficazes (art. 130) o Serão ineficazes os atos com a intenção de prejudicar credores, o conluio fraudulento entre devedor e o terceiro e real prejuízo a massa; nestes casos é necessário à prova, todavia não ficam restritos ao período suspeito; o Os atos subjetivamente ineficazes não são reconhecidos de ofício, sendo necessário o ajuizamento de ação própria, denominada de ação revocatória, a ser proposta pelo administrador judicial, qualquer credor ou MP, no prazo de 3 anos a contar da decretação da falência; o Julgada procedente o juiz determinará o retorno dos bens à massa falida (art. 135); 14 – PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO (art. 85) No caso da arrecadação de bens atingirem bens de terceiros, situação em que estes não poderão ser utilizados para pagamentos dos credores, devendo ocorrer à restituição aos seus donos, caso não for possível, a restituição será em dinheiro; No caso de restituição não há habilitação do crédito; Para haver a restituição é necessário que o credor seja proprietário do bem (compra parcelada não o torna proprietário do bem) Uma vez formulado o pedido de restituição, o mesmo suspende a disponibilidade da coisa até o trânsito em julgado (art. 91); É autuado em separado; Hipóteses: o Bem de propriedade de terceiro; o Bem que foi vendido a crédito ao falido e entregue até 15 dias antes da decretação da falência; o Adiantamento a contrato de câmbio para exportação (art. 86, II) o Decretação de ineficácia dos atos praticados pelo devedor (art. 86, III) o Contribuição social do INSS descontada dos funcionários; Contra a sentença de procedência ou improcedência do pedido cabe recurso de apelação, apenas com efeito devolutivo; 15 – VERIFICAÇÃO E HABILITAÇÃO DOS CRÉDITOS A sentença determinará ao devedor falido a apresentação, em cinco dias após a decretação da falência, relação completa de seus credores; Sentença de decretação da falência dará prazo de 15 dias, após publicação de edital, para os credores habilitarem seus créditos e divergências quanto a relação apresentada pelo devedor falido; Administrador judicial receberá as habilitações e divergências; Após a habilitação, o administrador judicial terá o prazo de 45 dias para publicar o edital contendo relação de credores (quadro geral de credores) e indicar dia, local e horário para acesso aos documentos, caso interesse em impugná-los no prazo de 10 dias contados da publicação do edital, direcionadas ao juiz; MP pode impugnar o crédito; referente ao crédito trabalhista, a impugnação será direcionada ao juiz do trabalho; Instruídos os autos com a possibilidade de produção de prova em audiência de instrução, o juiz proferirá decisão, contra o qual caberá agravo de instrumento (art.17); A perda do prazo para habilitação não significa que o credor perdeu o direito, serão recebidas como retardatárias; se as mesmas forem apresentadas antes da homologação do quadro geral de credores, serão elas recebidas como impugnação; se realizadas após a homologação, será necessário requerer ao juízo da falência em ação própria para retificação do quadro, incluindo o crédito; Os credores retardatários perderão o direito de voto na assembleia de credores e perderão o direito de participação nos rateios já realizados e ficarão sujeitos ao pagamento de custas; A Fazenda Pública não precisa formular pedido de habilitação, basta a comunicação do próprio juízo da execução fiscal ao juízo falimentar; Finalizando esta parte, tem-se o quadro geral de credores, o qual deverá ser homologado; 16 – REALIZAÇÃO DO ATIVO Venda dos bens da massa; Deve ser iniciado antes mesmo de formado o quadro geral de credores; Forma da venda: o Alienação da empresa como um todo; o Alienação da empresa com a venda de suas filiais ou unidades produtivas isoladas; o Alienação em bloco dos bens que integram cada estabelecimento; o Alienação individual dos bens; Modalidades de venda: o Leilão por lances orais; o Propostas Fechadas o Pregão; 17 – PAGAMENTO DOS CREDORES Os recursos obtidos com a realização do ativo só serão usados para o pagamento dos credores depois de feitas as devidas restituições e de pagos os créditos extraconcursais (aqueles com origem após a decretação da falência); Exemplo: a. Créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial i. Até 5 salários mínimos por trabalhador (acima deste valor entra como crédito concursal); ii. Salários devidos referentes aos 3 meses anteriores à decretação da falência; iii. Receberão assim que tiver dinheiro em caixa da massa falida (art. 151) b. Restituição em dinheiro; c. Créditos Extraconcursais IV EXAME A sociedade empresária XYZ Computação Gráfica S.A. teve sua falência decretada. Na correspondente sentença, foi autorizada a continuação provisória das atividades da falida com o administrador judicial, fato esse que perdurou por um período de 10 (dez) meses. Como são juridicamente qualificados os titulares dos créditos trabalhistas relativos a serviços prestados durante esse interregno posterior à decretação da falência? A) Credores concursais. B) Credores concorrentes prioritários. C) Credores reivindicantes. D) Credores extraconcursais. 18 – ORDEM DE CLASSIFICAÇAO DOS CRÉDITOS NA FALÊNCIA – Credores concursais – são os que têm origem antes da decretação da falência (art. 83) a) Créditos trabalhistas até 150 salários-mínimos por credor e acidente do trabalho; Crédito trabalhista não tem natureza salarial; Crédito trabalhista cedido à terceiro: passa a ser crédito quirografário; b) Créditos com garantia real (hipoteca – penhor – anticrese) até o limite do valor do bem gravado; Ex: uma pessoa têm uma dívida de 100 e a hipoteca do imóvel no valor de 80; o restante iria receber 20 como crédito quirografário; c) Créditos tributários, excetuado multas tributárias; d) Créditos com privilégioespecial Aqueles que têm direito de retenção do bem; Micro empresa e empresa de pequeno porte; e) Créditos com privilégio geral Honorários advocatícios anteriormente eram crédito geral; hoje tem decisão do STJ afirmando que devem ficar junto com os créditos trabalhistas; f) Créditos quirografários Sobra do crédito trabalhista Sobra do crédito com garantia real g) Multas h) Créditos subordinados Pró labore de sócio XIX EXAME Eugênio de Castro é sócio e administrador designado no contrato da sociedade empresária Vale do Taquari Empreendimentos Hoteleiros Ltda. De acordo com cláusula contratual, o referido administrador faz jus à percepção de pró-labore bimestral no valor fixo de R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Com a decretação da falência da referida sociedade, sua advogada verificou que não consta o crédito do cliente na relação de credores publicada no Diário Oficial. Assinale a opção que indica a classificação correta na habilitação de crédito a ser apresentada ao Juízo da falência. A) Crédito subordinado. B) Crédito quirografário. C) Crédito subquirografário. D) Crédito equiparado ao trabalhista, até o limite de 150 salários mínimos. XVII EXAME José adquiriu dois refrigeradores a prazo numa das filiais de Comércio de Eletrodomésticos Ltda., tendo efetuado pagamento de entrada no valor de 50% do preço. Foi decretada a falência da vendedora e esta não entregou a mercadoria. Interpelado o administrador judicial, este resolveu não executar o contrato. De acordo com as informações do enunciado e as disposições da Lei nº 11.101/2005 (Lei de Falências e Recuperação de Empresas), assinale a afirmativa correta. A) O comprador poderá pedir ao juiz da falência a reserva do valor de seu crédito. B) O comprador poderá pedir a restituição em dinheiro do valor pago a título de entrada. C) O comprador poderá ajuizar ação em face da massa para o cumprimento compulsório do contrato. D) O comprador terá seu crédito relativo ao valor pago habilitado como quirografário na falência. IX EXAME A respeito do processo de falência, assinale a afirmativa correta. A) As restituições em dinheiro determinadas por sentença judicial poderão ser realizadas antes do pagamento de qualquer crédito. B) Os créditos ao serem classificados, os créditos com garantia real terão preferência sobre os créditos tributários, independentemente do valor do bem dado em garantia. C) Os créditos decorrentes das remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares serão pagos com preferência em relação aos credores concursais. D) Os credores remanescentes da recuperação deverão habilitar seus créditos na falência, em qualquer hipótese, quando da convolação da recuperação judicial em falência. 19 – SENTENÇA DE ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA Após o pagamento e a apresentação das contas pelo administrador judicial ao juiz no prazo de 30 dias, este colocará as contas à disposição dos interessados para impugnação; Em sentença o juiz poderá aprovar ou rejeitar as contas; Apresentação de relatório final pelo administrador judicial; Juiz dará por encerrado o processo falimentar por meio de sentença, contra a qual caberá recurso de apelação; 20 – REABILITAÇAO DO EMPRESÁRIO Depois da sentença a extinção das obrigações do falido (art. 102), vai ocorrer quando acontecer uma das hipóteses do Art. 158 o Pagamento de todos os créditos o Se houver pagamento de mais de 50% dos créditos quirografários o Decurso do tempo: 5 anos a contar da sentença de encerramento da falência, isso se não for condenado por crime falimentar, se isso ocorrer o prazo é de 10 anos; QUESTÕES SUBJETIVAS 1 - A Indústria de Solventes Mundo Colorido S.A. requereu a falência da sociedade empresária Pintando o Sete Comércio de Tintas Ltda., com base em três notas promissórias, cada qual no valor de R$ 50.000,00, todas vencidas e não pagas. Das três cambiais que embasam o pedido, apenas uma delas (que primeiro venceu) foi protestada para fim falimentar. Em defesa, a devedora requerida, em síntese, sustentou que a falência não poderia ser decretada porque duas das notas promissórias que instruíram o requerimento não foram protestadas. Em defesa, requereu o deferimento de prestação de uma caução real, que garantisse o juízo falimentar da cobrança dos títulos. Recebida a defesa tempestivamente ofertada, o juiz da 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro abriu prazo para o credor se manifestar sobre os fundamentos da defesa. Você, na qualidade de advogado(a) do credor, deve elaborar a peça em que contradite, com o apontamento dos fundamentos legais expressos e os argumentos de defesa deduzidos. (Valor: 5,0) 2 - Paulo Cabral deixou, em consignação, o carro de sua propriedade na Concessionária de Veículos Veloz Ltda. para que essa sociedade pudesse intermediar a venda do automóvel a terceiro. Sete dias depois, ao retornar à concessionária para buscar o automóvel, Paulo Cabral foi surpreendido pelo fato de ter encontrado o estabelecimento lacrado, em decorrência da decretação da falência da mencionada concessionária. Inconformado, Paulo Cabral procura-o(a), como advogado(a), e lhe apresenta algumas indagações. Responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) Qual medida poderá ser por ele manejada para reaver o veículo de sua propriedade que se encontra em poder da devedora falida? b) Caso o automóvel não venha a ser localizado, por ter sido vendido, como deverá proceder? 3 - Belmiro Pascoal foi, ao longo de doze anos, empregado da sociedade denominada Divinos Móveis Ltda. A despeito de a falência da referida sociedade ter sido decretada, Belmiro Pascoal seguiu trabalhando durante o período de continuação provisória das atividades da devedora. Ao longo desse interregno de continuação provisória das atividades, Belmiro Pascoal sofreu um acidente quando executava suas atividades laborativas. Diante disso, Belmiro Pascoal o(a) procura, como advogado(a), e lhe apresenta algumas questões. Responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) Como será classificado o seu crédito decorrente do acidente de trabalho sofrido? b) Em que ordem de precedência o seu crédito será pago? 4 – Apurada no juízo falimentar a responsabilidade pessoal dos sócios de uma sociedade limitada, pergunta-se: I – existe a possibilidade de propositura de ação específica para buscar o ressarcimento dos prejuízos causados? Se existente, qual? II – quem pode ser sujeito ativo? Há que se aguardar a realização do ativo? 5 - O credor A requereu a decretação de falência da pessoa jurídica X, razão pela qual o sócio majoritário de X alienou bem de sua propriedade e entregou integralmente o produto da alienação ao credor B. Posteriormente, o juiz competente indeferiu o pedido de falência, tendo sido arquivado o processo. Nessa situação hipotética, em face do disposto na Lei n.º 11.101/2005, a conduta praticada pelo sócio majoritário de X constitui fato típico? Fundamente sua resposta. 6 - João Batista, empregado há mais de vinte anos da Xavier Industrial S.A., foi demitido, tendo ajuizado ação trabalhista contra a empresa, a qual veio a ser condenada ao pagamento total do valor de 220 salários mínimos. Alguns dias após transitado em julgado esse crédito laboral, a ex-empregadora foi declarada falida. João Batista procurou um advogado, que lhe afirmou, peremptoriamente, que, diante da falência mencionada, ele só teria direito a um montante correspondente a 120 saláriosmínimos e nada mais, conforme disporia a Lei de Falências em vigor. Inseguro com essa informação, o ex- empregado procurou um outro advogado e fez a seguinte consulta: — Em quais condições a lei me dá direito a receber meu crédito trabalhista da falida Xavier Industrial S.A. e de quanto (em número de salários mínimos) é esse crédito? Em face da situação hipotética acima, na condição de segundo advogado consultado, responda, justificadamente, à indagação formulada por João Batista. 7 - Redija um texto, justificadamente, respondendo à seguinte questão: de acordo com a doutrina e a jurisprudência relativa à legislação falimentar, um empresário individual falido está proibido de exercer atividade econômica na posição de empregado de uma sociedade empresária? 8 - Suponha que Maria tenha ajuizado ação de cobrança contra a pessoa jurídica Y, a qual, no curso da referida ação de conhecimento, teve sua falência decretada pelo juízo competente. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta com base na legislação de regência. A) Se a habilitação do crédito de Maria ocorrer após a homologação do quadro geral de credores e for recebida como retardatária, Maria perderá o direito aos rateios eventualmente realizados, mas o valor de seu crédito será acrescido de juros e atualizado monetariamente até a data de sua integral satisfação. B) A decretação da falência de Y não pode suspender o curso da ação proposta por Maria. C) Caso a sede de Y esteja localizada fora do país, o juízo competente para a decretação da falência será o do local de sua filial no Brasil. D) O juízo competente para processar a ação proposta por Maria, poderá determinar, de imediato, a reserva da importância que estimar devida na falência. 9 - Consoante a regulamentação processual da falência, prevista na Lei n.º 11.101/2005, compete necessariamente ao juízo falimentar A) a ação em que o falido figurar como autor e que seja oferecida após a decretação da falência. B) o pedido de restituição de bem alheio sob posse do devedor quando da decretação da falência. C) a reclamação trabalhista oferecida contra o falido após a decretação da falência. D) a execução fiscal em curso contra o devedor falido quando da decretação da falência. 10 - Nos termos da nova Lei de Falências, entre as entidades a que se aplicam a recuperação judicial e a extrajudicial, incluem-se A) as empresas públicas. B) as sociedades de economia mista. C) as empresas que explorem serviços aéreos. D) as instituições financeiras.
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