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Choque Hemorrágico

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Protocolos Assistenciais 
Hospital Escola Municipal de São Carlos 
Prof. Dr. Horacio Carlos Panepucci 
Protocolo assistencial: Choque hemorrágico 
Versão 1: 
Jan/2012 
 
Definição – Débito cardíaco insuficiente para garantir perfusão tecidual adequada, em decorrência de 
queda na volemia, devido à perda sanguínea. 
 
1 – Diagnóstico 
 
Sinais e sintomas 
 
- Alteração no nível de consciência 
- Dispneia, taquipneia 
- Dor abdominal 
- Hipotensão 
- Aumento do tempo de enchimento capilar 
- Extremidades frias e pegajosas 
- Palidez 
- Oligúria 
- Plaquetopenia 
- Alargamento do tempo de coagulação 
- Íleo paralítico 
 
 
Exames complementares 
 
- Hemograma 
- Tipagem sanguínea e fator Rh 
- Coagulograma 
- Eletrólitos 
- Lactato sérico 
- Ureia, creatinina 
- Glicemia 
- Transaminases e bilirrubinas 
- Gasometria arterial * 
- Outros, conforme diagnóstico de base (p.ex. RX de tórax, endoscopia digestiva alta, TC) 
 
*O BE (base excess) é a quantidade de íons H+ adicionada a uma solução para normalizar seu pH. Valores 
menores do que -3mmol/L indicam acidose metabólica. É um fator prognóstico que se correlaciona bem 
com a presença e a gravidade do choque. Serve também para monitorização da efetividade da reposição 
volêmica. 
 
 
 
 
 
 
 
2 – Classificação do choque 
 CLASSE I CLASSE II CLASSE III CLASSE IV 
Perda volêmica (%) < 15 15-30 30-40 >40 
Perda volêmica (mL) <750 750-1500 1500-2000 >2000 
Freq. cardíaca (/min) <100 >100 >120 >140 
Freq. respiratória (/min) <20 20-30 30-40 >35 
Pressão arterial Sem alteração Sem alteração Hipotensão Hipotensão 
Tempo de enchimento 
capilar 
Sem alteração Aumentado Aumentado Aumentado 
Débito urinário (mL/h) >30 20-30 5-20 Desprezível 
Nível de consciência Pouco ansioso Ansioso Ansioso/ confuso 
Confuso/ 
letárgico 
Reposição volêmica 
recomendada 
Cristalóides Cristalóides 
Cristalóides + 
concentrado de 
hemácias 
Cristalóides + 
concentrado de 
hemácias 
3 – Abordagem terapêutica inicial 
 
 
 
4 – Indicação de hemoderivados 
CONCENTRADO DE HEMÁCIAS 
 Choques classes III e IV (vide item 2) 
 Hb < 7 g/dL (manter Hb entre 7 e 10 g/dL) 
 
PLAQUETAS 
 Contagem de plaquetas < 10.000 plaquetas/μL mesmo na ausência de sangramento 
 Contagem de plaquetas < 50.000 plaquetas/μL na vigência de sangramento 
 Contagem de plaquetas < 100.000 plaquetas/μL em pacientes com traumatismo craniano grave, trauma 
de múltiplos sistemas ou que serão submetidos a procedimento invasivo de SNC 
 Pacientes com contagem de plaquetas normal, porém com sangramento secundário a disfunção 
plaquetária, como uso crônico de AAS, uremia ou doenças congênitas (von Willebrand) 
 
PLASMA FRESCO 
 Suspeita de anormalidade de fatores de coagulação na vigência de sangramento ativo 
 Necessidade de procedimento invasivo com TP ou TTPa duas vezes maior que o controle 
 Suspeita de coagulopatia dilucional secundária a transfusão maciça de concentrados de hemácias 
 
OBS: se nas primeiras horas de atendimento o paciente necessitou de mais de 4 unidades de concentrados de 
hemácias, recomenda-se, a partir deste momento, a adoção de uma proporção transfusional de 1:1:1 de 
concentrados de hemácias, plasma fresco congelado e plaquetas. 
5 – Medicações utilizadas 
NOME DO MEDICAMENTO DOSE OBSERVAÇÃO 
Noradrenalina 0,05-2,0 µg/kg/min Infundir em acesso venoso central 
Dopamina 5-20 µg/kg/min Pode ser infundida em veia periférica 
Concentrado de plaquetas 
1 unidade para cada 10 kg de 
peso corporal 
Uma unidade eleva a plaqueta 
sanguínea de 5-10 mil plaquetas/μL 
Plasma fresco congelado 10-15 mL/kg de peso corporal 
Repetir5mL/kg na persistência do 
sangramento 
Concentrado de hemácias 
O suficiente para manter Hb 
>7g/dL 
Cada unidade aumenta cerca de 1,0 
g/dL na hemoglobina sanguínea 
6 – Principais parâmetros na evolução do paciente 
- Melhora do estado geral e do nível de consciência 
- Correção da hipotensão, da taquicardia, da taquipneia e da dispneia 
- Normalização da diurese 
- Correção de eventuais coagulopatias 
- Ausência de novos episódios de sangramento 
8 – Referências bibliográficas 
1 – May, AK. Use of blood products in the critically ill. UpToDate ©2012, versão 19.2. 
2 – Rose, BD; Mandel, J. Treatment of severe hypovolemia or hypovolemic shock in adults. UpToDate ©2012, 
versão 19.2. Disponível em www.uptodate.com 
3 – Guia para o uso de hemocomponentes. Ministério da Saúde. 2010. 
4 – Martins, HS; Brandão, RAN; Scalabrini, NA; Velasco, IT. Emergências clínicas, 5ª Ed, 2010. Pag 76-94 
9 – Autor 
Bruno El Jalis Souza - graduação em Medicina – UFSCar 
10 – Revisão 
Prof. Dr. Fábio Fernandes Neves, DMed – UFSCar 
11 - Realização 12 – Apoio

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