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INTERVENCAO - NATUREZA JURIDICA

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1 
INTERVENÇÃO E SUA NATUREZA 
JURÍDICA 
 
1.- PARTE GERAL 
 
 
Em se tratando de Estado Federal, a regra geral é a autonomia 
dos entes federativos, caracterizada pela tríplice capacidade de auto 
organização e normatividade, auto-governo e auto- administração. 
 
Admite-se, contudo, excepcionalmente, a intervenção, como 
medida temporária e necessária para assegurar a autonomia de determinado 
ente federativo. 
 
Nesse contexto, a intervenção é a antítese da autonomia, 
consistindo em medida excepcional de supressão temporária da autonomia de 
determinado ente federativo, fundada em hipóteses taxativamente previstas no 
texto constitucional, de forma a buscar a unidade e a preservação da soberania 
do Estado federal e das autonomias da União, dos Estados-membros, do 
Distrito Federal e dos Municípios. 
 
A regra é que a União somente poderá intervir nos Estados 
membros e nos Municípios situados no âmbito dos Territórios (art. 34), 
enquanto os Estados – membros somente poderão intervir nos municípios 
sediados em seu território (art. 35) 
 
Assinale-se, portanto, desde já, que a União não poderá 
intervir, diretamente, nos Municípios sediados nos Estados-membros. 
 
 
2.- REQUISITOS PARA INTERVENÇÃO 
 
Para que ocorra a possibilidade excepcional de decretação da 
intervenção da União nos Estados – membros e nos municípios situados em 
territórios federais, ou ainda, dos Estados – membros nos municípios situados 
em seu território, torna-se necessária a presença dos seguintes requisitos: 
 
2.1.- quando ocorrer qualquer das hipóteses previstas, taxativamente, 
nos artigos 34 e 35 da C.F. 
 2 
 
2.2.- intervenção do ente político mais amplo no ente político 
imediatamente menos amplo: 
 
a) União nos Estados – membros e Municípios de Territórios 
(art. 34); 
 
b) Estados membros em Municípios integrantes de seu território 
(art. 35); 
 
2.3.- ato político – decretação exclusiva do Presidente da República nas 
hipóteses do artigo 34, e do Governador do Estado nas hipóteses do 
artigo 35. Como veremos mais adiante, a intervenção será 
discricionária ou vinculada à uma causa. 
 
3.- INTERVENÇÃO FEDERAL DA UNIÃO NOS 
ESTADOS MEMBROS E DISTRITO FEDERAL – 
ART. 34 
 
A intervenção federal efetiva-se, sempre, por Decreto do 
Presidente da República (artigo 84, inciso X), o qual especificará a sua 
amplitude, prazo e condições de execução e, se couber, nomeará o interventor 
(art. 36, § 1º). 
 
Contudo, muito embora a intervenção efetive-se através de 
Decreto do Presidente da República, em algumas das situações previstas no 
artigo 34, a iniciativa será do próprio Presidente da República (espontânea), 
ao passo que, em outras, a intervenção será solicitada ou requisitada ao 
Presidente da República (provocada). 
 
3.1.- INICIATIVA ESPONTÂNEA – 
 
Nas hipóteses previstas nos incisos I, II, III e V, a iniciativa 
será sempre do Presidente da República, tratando-se de ato discricionário. 
 
Artigo 34.- a União não intervirá nos Estados nem no 
Distrito Federal, exceto para: 
 
I – manter a integridade nacional; 
 3 
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da 
federação em outra; 
III- pôr termo a grave comprometimento da ordem 
pública; 
... 
V – reorganizar as finanças da unidade da federação 
que: 
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais 
de dois anos consecutivos, salvo motivo de força 
maior; 
b) deixar de entregar aos municípios receitas 
tributárias fixadas nesta constituição, dentro dos 
prazos estabelecidos em lei; 
 
A dívida fundada ou consolidada a que se refere a alínea “a”, 
do inciso V, do artigo 34, é o montante total, apurado sem duplicidade, das 
obrigações financeiras do ente da federação assumidas em virtude de leis, 
contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, 
para amortização em prazo superior a doze meses. (Lei Complementar nº 
101/2000) 
 
Nas hipóteses de intervenção espontânea, o Presidente da 
República ouvirá os Conselhos da República (artigo 90, I) e o de Defesa 
Nacional (artigo 91, § 1º), que opinarão a respeito. 
 
 
3.2.- INICIATIVA VINCULADA 
 
 
Nas hipóteses previstas no artigo 34, inciso IV, VI e VII, a 
intervenção será solicitada ou requisitada ao Presidente da República. 
 
3.2.1.- POR SOLICITAÇÃO DOS PODERES LOCAIS – ARTIGO 
34, INCISO IV 
 
 
Artigo 34... 
 
IV – garantir o livre exercício de qualquer dos 
Poderes nas unidades da Federação; 
 
 4 
Os Poderes Legislativos (Assembléias Legislativas ou 
Câmara Legislativa) e o Poder Executivo (Governador do Estado ou do 
Distrito Federal) locais solicitarão ao Presidente da República a decretação da 
intervenção no caso de estarem sofrendo coação no exercício de suas funções 
(artigo 36, I). 
 
O Poder Judiciário local, contudo, diferentemente, deverá 
fazer a solicitação ao Supremo Tribunal Federal que, se entender necessário, 
requisitará a intervenção ao Presidente da República (artigo 36, I) . 
 
3.2.2.- POR REQUISIÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO – ARTIGO 
34, VI E VII: 
 
Artigo 34 ... 
 
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão 
judicial”. 
 
O dispositivo consagra duas hipóteses: 
 
a) prover a execução de lei federal; 
b) prover a execução de ordem ou decisão judicial. 
 
Quando se tratar de recusa de execução de lei federal, 
dependerá de ação a ser proposta pelo Procurador Geral da República junto ao 
Superior Tribunal de Justiça (artigo 129, IV). 
 
Caso a representação venha a ser julgada procedente, o 
Superior Tribunal de Justiça requisitará ao Presidente da República a 
decretação da intervenção. Nessa hipótese, a decretação da intervenção é 
vinculada, cabendo ao Presidente a mera formalização de uma decisão tomada 
por órgão judiciário (artigo 36, IV). 
 
 Quando se tratar de recusa de cumprimento de ordem ou 
decisão judicial prolatada pelo Supremo Tribunal Federal, Superior 
Tribunal de Justiça e Tribunal Superior Eleitoral, cada qual poderá 
requisitar ao Presidente da República que decrete a intervenção em razão do 
descumprimento de suas próprias decisões (artigo 36, II). 
 
Quando se tratar de recusa de cumprimento de ordem 
judicial prolatada pela Justiça Federal, Estadual, do Trabalho ou 
Militar, o pedido de intervenção deverá ser encaminhado ao Supremo 
 5 
Tribunal Federal, a quem competirá, se for o caso, requerer ao Presidente da 
República que decrete a intervenção. 
 
Observe-se que somente os Tribunais têm legitimidade para 
encaminhar ao Supremo Tribunal Federal o pedido de intervenção baseado 
em descumprimento de suas próprias decisões. 
 
Assim, a parte interessada na causa somente poderá se dirigir 
ao Supremo Tribunal Federal, com pedido de intervenção federal, para prover 
a execução de decisão do próprio Supremo Tribunal Federal. 
 
Quando se tratar de decisão de outro Tribunal Estadual, 
Federal ou Militar, o requerimento de intervenção deve ser feito diretamente 
ao respectivo Presidente do Tribunal local, a quem incumbe, se for o caso, 
encaminhá-lo ao Supremo Tribunal Federal, sempre de maneira 
fundamentada. 
 
ARTIGO 34... 
 
VII – assegurar a observância dos seguintes princípios 
constitucionais: 
 
a) forma republicana, sistema representativo e regime 
democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta 
e indireta; 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de 
impostos estaduais, compreendida a proveniente de 
transferências, na manutençãoe desenvolvimento do 
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. 
 
 
Dependerá, igualmente, de ação a ser proposta pelo Procurador 
Geral da República junto ao Supremo Tribunal Federal (artigo 129, IV). 
 
Caso a representação venha a ser julgada procedente, o 
Supremo Tribunal Federal requisitará ao Presidente da República a decretação 
da intervenção. Nessa hipótese, a decretação da intervenção é vinculada, 
cabendo ao Presidente a mera formalização de uma decisão tomada por órgão 
judiciário (artigo 36, III). 
 6 
4.- DA INTERVENÇÃO ESTADUAL NOS 
MUNICÍPIOS (ART. 35) 
 
 
A intervenção estadual nos Municípios sediados em seu 
território, efetiva-se, sempre, por Decreto do Governador do Estado, o qual 
especificará a sua amplitude, prazo e condições de execução e, se couber, 
nomeará o interventor (art. 36, § 1º). 
 
Contudo, muito embora a intervenção efetive-se através de 
Decreto do Governado do Estado (artigo 47, inciso VIII da Constituição do 
Estado de São Paulo) nas hipóteses do artigo 35, incisos I, II e III, a 
iniciativa será do próprio Governador do Estado (espontânea), ao passo que 
na hipótese do inciso IV, a intervenção será requisitada ao Governador do 
Estado (provocada). 
 
4.1.- INICIATIVA ESPONTÂNEA: 
 
Artigo 35 – O Estado não intervirá em seus Municípios, 
nem a União nos Municípios localizados em Território 
Federal, exceto quando: 
 
I – deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por 
dois anos consecutivos, a dívida fundada; 
II – não forem prestadas contas devidas, na forma da 
lei; 
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita 
municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino 
e nas ações e serviços públicos de saúde. 
 
4.2.- VINCULADA 
 
 
Artigo 35… 
 
IV – o Tribunal de Justiça der provimento a 
representação para assegurar a observância de 
princípios indicados na Constituição Estadual, ou para 
prover a execução de lei, de ordem ou de decisão 
judicial. 
 7 
Observe-se que essa hipótese envolve: 
 
a) observância de princípios indicados na Constituição Estadual; 
 
b) prover a execução de lei; 
 
c) prover a execução de ordem ou decisão judicial. 
 
A representação será proposta pelo Procurador Geral de 
Justiça junto ao Tribunal de Justiça do Estado. 
 
Caso a representação venha a ser julgada procedente, o 
Tribunal de Justiça requisitará ao Governador do Estado a decretação da 
intervenção. Nessa hipótese, a decretação da intervenção é vinculada, cabendo 
ao Governador do Estado a mera formalização de uma decisão tomada por 
órgão judiciário. 
 
 
6.- DECRETO INTERVENTIVO - PROCEDIMENTO 
 
 
O procedimento será o mesmo tanto para a intervenção federal 
nos Estados membros e Distrito Federal, quanto para intervenção estadual nos 
Municípios. 
 
Nas hipóteses de intervenção espontânea ( Federal - art. 34, 
I, II, II e V – Estadual – artigo 35, I, II, III), o decreto de intervenção 
deverá ser submetido ao Poder Legislativo. 
 
Artigo 36 ... 
 
§ 1º - O decreto de intervenção, que especificará a 
amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se 
couber, nomeará o interventor, será submetido à 
apreciação do Congresso Nacional ou da Assembléia 
Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas. 
 
§ 2º - Se não estiver funcionando o Congresso Nacional 
ou a Assembléia Legislativa, far-se-á convocação 
extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro 
horas. 
 
 8 
A Constituição Federal prevê, assim, a existência de um 
controle político sobre o ato interventivo, que deve ser realizado pelo 
Congresso Nacional (artigo 49, IV) ou pela Assembléia Legislativa (artigo 
29, VII da Constituição do Estado de São Paulo), a fim de garantir a 
excepcionalidade da medida. 
 
Caso o Congresso Nacional ou a Assembléia Legislativa do 
Estado não aprove a decretação da intervenção, o Presidente da República ou 
o Governador do Estado deverá cessá-la, imediatamente, sob pena de crime 
de responsabilidade ( artigo 85, II). 
 
Na hipótese de intervenção provocada (Federal – art. 34, VI 
e VII – Estadual – artigo 35, IV), fica dispensada a apreciação do decreto de 
intervenção pelo Congresso Nacional e Assembléia Legislativa. 
 
Artigo 36 ... 
§ 3º - Nos casos do artigo 34, VI e VII, ou do artigo 35, 
IV, dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional 
ou pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a 
suspender a execução do ato impugnado, se essa medida 
bastar ao restabelecimento da normalidade. 
 
Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas 
de seus cargos a ele voltarão, salvo impedimento legal. 
 
É o que dispõe o artigo 36, § 4º: 
 
Cessados os motivos da intervenção, as autoridades 
afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo 
impedimento legal. 
 
Vale dizer que a intervenção é ato temporário, cuja duração há 
que ficar estabelecida no Decreto interventivo, como já dissemos, nos termos 
do § 1º do artigo 36. 
 
O afastamento das autoridades visa permitir a reposição da 
normalidade constitucional. Pode ocorrer que, terminado o prazo da 
intervenção e cessados os seus motivos, as autoridades afastadas estejam 
legalmente impedidas de voltar às respectivas funções, seja porque já findou 
seu mandato, seja porque tenham tido suspensos ou perdidos, nos termos da 
própria Constituição, seus direitos políticos, o que impede a reassunção dos 
cargos.

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