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FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS

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FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS
A segunda guerra mundial e o extermínio massivo de civis
A Segunda Guerra Mundial foi um fato histórico ocorrido no início do século XX, especificamente entre os anos de 1939 e 1945, deixou milhões de mortos e foi determinante para a construção da ideia de Direitos Humanos que temos atualmente.
O Nazismo (Nacional Socialismo) foi a ideologia criada e defendida pelo Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, conhecido como Partido Nazista, na Alemanha, em 1920. Adolf Hitler, que assumiu a liderança do partido e, posteriormente, tornou-se presidente da Alemanha, elaborou os princípios fundamentais do nazismo, sendo o racismo e ódio aos judeus (antissemitismo) seus pilares. Em 1935, foram instituídas as Leis de Nuremberg, que determinavam a segregação racial entre judeus e arianos - a “raça” pura que, para os nazistas, não poderia ser misturada com outras raças. A partir de então, o caráter racista do regime nazista se intensificou, levando à perseguição e eliminação de judeus, ciganos, homossexuais e pessoas com deficiência.  Posteriormente, além da perseguição, a política nazista incluía o encarceramento, a prisão em campos de concentração e a chamada "Solução Final", ou seja, a eliminação em massa dessas populações por meio das câmaras de gás.
Auschwitz foi uma rede de campos de concentração operados pela Alemanha em regiões da Polônia, e representa o maior símbolo dos horrores da Segunda Guerra Mundial, uma verdadeira indústria da morte, com capacidade de assassinar cerca de 6.000 (seis mil) pessoas por dia em suas câmaras de gás, onde os fornos de incineração dos corpos trabalhavam dia e noite sem parar.
A filmagem Libertação de Auschwitz, de 1945, feita por militares soviéticos que libertaram o campo de concentração, mostra civis e soldados soviéticos examinando pertences de pessoas que haviam sido deportadas para aquele campo de extermínio:
https://www.ushmm.org/wlc/ptbr/media_fi.php?ModuleId=10005189&MediaId=211
O fim da Guerra também marcou a criação da Organização das Nações Unidas, pensada com a finalidade de buscar a paz mundial. As dificuldades eram muitas, a começar pelo surgimento de duas superpotências nucleares que dividiram o mundo em dois lados liderados por Estados Unidos e União Soviética que, no contexto após a Segunda Guerra Mundial, acabou por rachar a Europa ao meio, ficando a parte ocidental sob influência dos Estados Unidos, com orientação capitalista, e a parte Leste sob influência da União Soviética, sob orientação comunista.
É importante registrar que assassinatos em massa de populações tendo como justificativa pertencerem a uma raça inferior aconteceram em outros momentos da História mundial, como o genocídio indígena após o “descobrimento” das Américas em 1492 pelos espanhóis ou ainda o processo de escravização dos povos do continente africano no período da colonização europeia iniciado no Século XV, conhecido como a diáspora negra ou africana. 
Somente após a Segunda Guerra Mundial, marcada pelo extermínio massivo de milhões de pessoas nos campos de concentração nazistas e com a explosão de duas bombas atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki pelos Estados Unidos, com o extermínio da população local, os países se uniram para impedir que massacres decorrentes de guerras acontecessem novamente, com o compromisso político, por meio da Declaração Universal de Direitos Humanos, de proteger os direitos de todas as pessoas, independente de raça, etnia, sexo ou crença religiosa.
A união dos países pela paz pós-guerra: O surgimento das organizações das nações unidas (ONU)
Depois da Segunda Guerra Mundial, existia, na comunidade internacional, um sentimento generalizado de que era necessário encontrar uma forma de manter a paz entre os países.
A Carta das Nações Unidas foi elaborada pelos representantes de 50 países presentes à Conferência sobre Organização Internacional, que se reuniu em São Francisco, Estados Unidos, de 25 de abril a 26 de junho de 1945. O preâmbulo (a parte inicial) da Carta expressa os ideais e os propósitos dos povos cujos governos se uniram para constituir as Nações Unidas:
Nós, os povos das Nações Unidas, resolvidos a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que, por duas vezes no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes de direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla. 
E para tais fins praticar a tolerância e viver em paz uns com os outros, como bons vizinhos, unir nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais, garantir, pela aceitação de princípios e a instituição de métodos, que a força armada não será usada a não ser no interesse comum, e empregar um mecanismo internacional para promover o progresso econômico e social de todos os povos. 
Resolvemos conjugar nossos esforços para a consecução desses objetivos. Em vista disso, nossos respectivos governos, por intermédio de representantes reunidos na cidade de São Francisco, depois de exibirem seus plenos poderes, que foram achados em boa e devida forma, concordaram com a presente Carta das Nações Unidas e estabelecem, por meio dela, uma organização internacional que será conhecida pelo nome de “Organização das Nações Unidas”.
A cientista e diplomata brasileira Bertha Lutz esteve entre as poucas mulheres presentes na cerimônia de assinatura da Carta da ONU, em 1945. Além de Lutz, assinaram a carta outras três mulheres: Minerva Bernardino (República Dominicana), Virginia Gildersleeve (EUA) e Wu Yi-fang (China). Segundo estudos de pesquisadoras da Escola de Estudos Orientais e Africanos (SOAS, na sigla em inglês), da Universidade de Londres, Lutz e Bernardino tiveram papel importante na inclusão da igualdade de gênero na carta fundadora das Nações Unidas. Para mais informações sobre a atuação de Bertha Lutz na ONU, acesse: https://nacoesunidas.org/exclusivo-diplomata-brasileira-foi-essencial-para-mencao-a-igualdade-de-genero-na-carta-da-onu/
O primeiro documento da ONU sobre direitos humanos: a declaração universal
Em dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos (com a sigla DUDH), sendo a primeira vez na história que um compromisso global entre países foi firmado, com uma proposta de direitos semelhantes para todos os seres humanos. É importante lembrar que quando a Declaração Universal dos Direitos Humanos começou a ser pensada, o mundo ainda sentia os efeitos da Segunda Guerra Mundial, encerrada em 1945.
Outros documentos já haviam sido redigidos em reação a tratamentos desumanos e injustiças, como a Declaração de Direitos de 1689 (elaborada após as Guerras Civis Inglesas, para limitar o poder do rei e definir direitos e liberdades aos súditos) e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (redigida em 1789, após a Revolução Francesa, a fim de proclamar a igualdade para todos).
Mas, somente depois da Segunda Guerra, com a criação da ONU, os países que eram membros decidiram firmar o compromisso de nunca mais permitir atrocidades como as que haviam sido vistas na guerra. Assim, elaboraram o documento básico para garantir direitos a todas as pessoas e em todos os lugares do mundo.
Um comitê formado por membros de oito países recebeu a Declaração Universal e se reuniu pela primeira vez em 1947. Ele foi presidido por Eleanor Roosevelt, viúva do presidente americano Franklin D. Roosevelt. O responsável pelo primeiro esboço do documento, o francês René Cassin, também participou. O primeiro rascunho da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que contou com a participação de mais de 50 países na redação, foi apresentadoem setembro de 1948 e teve seu texto final redigido em menos de dois anos, com aprovação final pela Assembleia Geral da ONU em 10 de dezembro de 1948.
O Dia Internacional dos Direitos Humanos é celebrado em 10 de dezembro, dia em que, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas. A DUDH, mesmo não sendo formalmente obrigatória, é um documento que inspira e serve de base para outros documentos internacionais sobre Direitos Humanos, e, inclusive, foi inspiração ao Brasil para a elaboração da Constituição Federal de 1988. 
As declarações (como a DUDH) são manifestos de vontades dos países que as assinam com previsões de direitos para todos, mas não são formalmente obrigatórias. A sua importância está em justamente ser um compromisso público e internacional para que as pessoas de todo o mundo - homens, mulheres, crianças, idosos – tenham seus direitos garantidos e protegidos.
Direitos Humanos No Brasil: A Constituição Federal De 1988 e O Programa Nacional De Direitos Humanos-3
Depois da leitura sobre as atrocidades da Segunda Guerra Mundial e da criação da ONU e da Declaração Universal de Direitos Humanos, para proteger os direitos de todos, pense por um instante sobre os compromissos que o Brasil fez com seus cidadãos e cidadãs para garantir seus direitos à vida, ao trabalho, à saúde, educação e outros. Existe algum documento brasileiro que registre esse compromisso?
A Constituição Federal do Brasil, promulgada em 1988, é o documento principal do Estado brasileiro no qual estão previstos direitos e deveres para todos os cidadãos e cidadãs, além de estabelecer as responsabilidades dos governos (o Poder Executivo federal, estadual e municipal) dos deputados e senadores (o Poder Legislativo) e dos juízes (o Poder Judiciário) na garantia daqueles direitos. É a lei maior do nosso país, a qual as demais leis devem ter como referência. A Constituição Federal de 1988 pode ser acessada em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
A Constituição Federal de 1988 veio dar novo início à democracia no Brasil, pois marcou o fim da ditadura civil-militar no país, iniciada com o golpe de 1964, quando as Forças Armadas depuseram o presidente eleito João Goulart e suspenderam diversos direitos da população como o direito ao voto, a liberdade de ir e vir, a liberdade de associação, além de fechar o Congresso Nacional e perseguir aqueles que se opunham à ditadura.
Justamente por termos passado por um período de vinte anos de ditadura, a nossa Constituição Federal deu grande importância aos direitos básicos da população, chamando-os de direitos e garantias fundamentais, inscritos em seus artigos 5º ao 17. É interessante observar alguns conteúdos dos dois documentos que tratam dos mesmos direitos:
	Declaração Universal dos Direitos Humanos
	 Constituição Federal de 1988
Direito à igualdade e liberdade 
Direito à vida e segurança
Artigo I. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. 
Artigo III. Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Proibição da tortura
Artigo V. Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante
Artigo 5º (...) III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
Liberdade de consciência e crença
Artigo XVIII. Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, em público ou em particular.
Artigo 5º (...) VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
Direito à propriedade
Artigo XVII 1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
Artigo 5º (...) XXII - é garantido o direito de propriedade;
O Brasil também conta com outros documentos que protegem e promovem os Direitos Humanos. Entre eles, temos o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), um programa do Governo Federal que orienta a atuação do poder público no âmbito dos Direitos Humanos. O primeiro PNDH foi desenvolvido em 1996 e revisado em 2002. A terceira versão do programa (conhecido como PNDH-3), de 2009, ampliou o conteúdo dos anteriores ao prever orientações para o trabalho dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário com o objetivo de concretizarem os Direitos Humanos no dia a dia de sua atuação.
Os Direitos Humanos surgem, consolidam-se e alteram-se ao longo da História, como resultado de lutas sociais – é a historicidade.
Os Direitos Humanos já reconhecidos em tratados e acordos podem ter seu sentido expandido, e novos Direitos Humanos podem sempre vir a surgir – é a inesgotabilidade.
Os Direitos Humanos devem alcançar todos os seres humanos, independentemente de qualquer característica, como nacionalidade, crença religiosa, classe, gênero, idade, raça, orientação sexual, etc – é a universalidade
Os Direitos Humanos não podem ser transferidos de uma pessoa a outra por nenhum motivo, seja doação, venda, renúncia ou qualquer outro meio – é a inalienabilidade
Justamente porque não podem ser transferidos, é impossível também renunciar aos Direitos Humanos: mesmo que alguma pessoa não os queira, ela continua sendo protegida por esses direitos – é a irrenunciabilidade
É dever do poder público providenciar meios e instrumentos de concretizar os Direitos Humanos, como as políticas públicas – é a efetividade.
Os diversos Direitos Humanos não podem ser vistos separadamente, mas sempre como parte de um todo indivisível. Assim, não há, entre os variados Direitos Humanos, alguns mais importantes do que outros: todos são igualmente relevantes – é a indivisibilidade. 
Por fazerem parte de um todo indivisível, os Direitos Humanos devem ser entendidos como interdependentes: a realização adequada de qualquer um dos Direitos Humanos não é possível sem a realização adequada, ao mesmo tempo, de todos os outros – é a interdependência.
Embora surjam e mudem ao longo da História, aqueles Direitos Humanos que já foram reconhecidos como tais não podem deixar de sê-lo: ou seja, não é possível que haja retrocessos, diminuindo a relação dos direitos que foram definidos como Direitos Humanos – é a vedação ao retrocesso.
DIREITOS CIVIS
A Primeira Geração De Direitos Humanos: Os Direitos Civis
A Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH) de 1948 é considerada o principal marco de surgimento dos Direitos Humanos no plano internacional. O documento, assinado por dezenas de países no âmbito das Organização das Nações Unidas (ONU), representou o compromisso da comunidade internacional de promover a paz e a proteção do ser humano, após o massacre de milhões de pessoas pela Segunda Guerra Mundial.
Mas, antes mesmo da DUDH, as revoluções liberais do fim do século dezoito – a Revolução Americana de 1776 (também conhecida como a Guerra de Independência dos Estados Unidos) e a Revolução Francesa de 1789 – são apontadas como os acontecimentos históricos responsáveis pela primeira elaboração de documentos que asseguraram direitos dos indivíduos em oposição ao poder arbitrário das monarquias, que marcava fortemente a organização das sociedades naquele momento histórico.
Os revolucionários americanos firmaram o documento “A Declaração de Independência dos Estados Unidos da América” que ressaltava a igualdade entreos homens (no caso, entre os homens da então colônia e da Coroa inglesa) e o direito à liberdade:
(...) Consideramos estas verdades como autoevidentes, que todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes são vida, liberdade e busca da felicidade.
Já a Revolução Francesa pôs fim à Monarquia Absolutista do rei Luís XVI e marcou uma nova era de direitos dos indivíduos frente ao Estado, registrados na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão:
Os representantes do povo francês, reunidos em Assembleia Nacional, considerando que a ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos direitos do homem são as únicas causas dos males públicos e da corrupção dos governos, resolveram expor, em uma declaração solene, os direitos naturais, inalienáveis e sagrados do homem, a fim de que essa declaração, constantemente presente junto a todos os membros do corpo social, lembre-lhes permanentemente seus direitos e deveres; a fim de que os atos do poder legislativo e do poder executivo, podendo ser, a todo instante, comparados ao objetivo de qualquer instituição política, sejam por isso mais respeitados; a fim de que as reivindicações dos cidadãos, doravante fundadas em princípios simples e incontestáveis, estejam sempre voltadas para a preservação da Constituição e para a felicidade geral.
Em razão disso, a Assembleia Nacional reconhece e declara, na presença e sob a égide do Ser Supremo, os seguintes direitos do homem e do cidadão:
Art.1.º - Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem ter como fundamento a utilidade comum.
Art. 2.º - A finalidade de toda associação política é a preservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a prosperidade, a segurança e a resistência à opressão.
Art. 3.º - O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhuma operação, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente.
Art. 4.º - A liberdade consiste em poder fazer tudo o que não prejudique o próximo: assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites só podem ser determinados pela lei. (...)
Íntegra da declaração em: https://br.ambafrance.org/A-Declaracao-dos-Direitos-do-Homem-e-do-Cidadao
Essas revoluções criaram mecanismos para que a sociedade pudesse enfrentar os problemas advindos da profunda desigualdade e da ausência de liberdades para os indivíduos, na medida em que delas surge um grupo de direitos organizados para cada indivíduo: direito à vida, à igualdade, à liberdade, à propriedade, à segurança, ao sigilo das correspondências, à inviolabilidade de seu domicílio, a apenas ser punido nos termos previstos em lei, etc. Estabelecia-se, então, que os indivíduos tinham direitos e que todo e qualquer indivíduo, de qualquer grupo social, tinha os mesmos direitos, quebrando-se a organização social baseada na existência de grupos privilegiados, por um lado, e de grupos sem privilégio algum, por outro lado.
A esse conjunto de direitos é dado o nome de direitos civis e são considerados direitos humanos de primeira geração.
Os Direitos Civis e a Declaração Universal De Direitos Humanos
A Declaração Universal dos Direitos Humanos traz, em seus primeiros artigos, um conjunto de direitos que podemos classificar como direitos civis, ou os Direitos Humanos de primeira geração. Representa o compromisso dos países que assinaram a Declaração em respeitar, promover e defender as liberdades individuais de todos os seres humanos. Nesta seção, estudaremos esses direitos: i) vida, liberdade e segurança pessoal; ii) proibição à tortura e escravidão e iii) a igualdade perante a lei e respeito à legalidade.
 Os Direitos à Vida, Liberdade e Segurança Pessoal
Já em seus primeiros artigos, a Declaração Universal prevê os direitos à liberdade e à igualdade para todos os seres humanos desde o seu nascimento:
Artigo 1 
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Artigo 2 
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 
2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.
Artigo 3 
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
A Declaração ressalta, ainda, que todos os seres humanos são dotados de razão e consciência: trata-se de uma previsão importante considerando que a Humanidade sofria as consequências da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e do extermínio massivo de judeus, ciganos, homossexuais e pessoas com deficiência pelo regime nazista alemão, sob a alegação de criação de uma “raça pura” e pela completa desconsideração da condição de ser humano daqueles indivíduos. O espírito de fraternidade evocado pela Declaração reforça a noção de igualdade entre todos os seres humanos, e por isso a importância de sua proteção.
A previsão do artigo 2º da DUDH – inexistência de distinção entre as pessoas por conta de sua raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição e também da condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa – amplia o conteúdo do direito à igualdade, dando-lhe caráter material, ao indicar que os indivíduos não podem sofrer prejuízos por terem raça, sexo ou língua, por exemplo, diferente dos demais.  
A proibição à tortura e escravidão
O direito à vida e à liberdade previsto nos artigos primeiro ao terceiro da Declaração Universal ganham proteções específicas com a proibição da escrivão e tortura:
Artigo 4 
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.
Artigo 5 
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.
Há indícios de que a escravidão é praticada desde as primeiras civilizações. Entre os séculos quinze e dezenove, de 10 a 12,5 milhões de pessoas foram trazidas da África para as Américas em condições precárias. Tão precárias que a metade dos escravos embarcados chegava morta ao destino. Transformados na prática em objetos, perdiam família, raízes e eram submetidos a castigos extremamente cruéis. Apesar de ter raízes antigas na história da humanidade, a escravidão existe ainda hoje em muitas formas. Tráfico de seres humanos, servidão por dívida e trabalho doméstico forçado são apenas alguns exemploS.
A Declaração Universal também prevê expressamente a proibição da tortura e ainda a tratamentos cruéis, desumanos e degradantes a todos os seres humanos. 
A tortura se configura por qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais são infligidos intencionalmente a uma pessoa, para:
obter, da pessoa ou de terceiros, informações ou confissões;
castigar uma pessoa por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de ter cometido;
intimidar ou coagir uma pessoa ou outras pessoas.
A tortura também ocorre por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza e quando as dores ou sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência. 
Apesar de ser absolutamente proibida, a tortura ainda acontece em todo o mundo:
“Apesar do impressionante quadrojurídico e institucional estabelecido para impedir a tortura, ela continua sendo uma prática amplamente tolerada e até utilizada pelos governos, e a impunidade dos seus perpetradores persiste”. Ban Ki-moon, Secretário-Geral das Nações Unidas de 2007 a 2016.
Em 26 de junho é comemorado o Dia Internacional de Apoio às Vítimas de Tortura. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1997, sendo realizada no mesmo dia em que foi assinada por diversos países a Convenção contra a Tortura, criada em 26 de junho de 1987. O objetivo da data é, além de apoiar as vítimas dessa repulsiva prática, combater a execução de atos de tortura por parte dos órgãos repressivos dos Estados.
Igualdade perante à lei e respeito à legalidade
Além de garantir o direito à liberdade e igualdade a todos os seres humanos, com a proteção à vida (proibindo expressamente a escravidão e a tortura), a Declaração Universal também estabeleceu um grupo de direitos para garantir a proteção judicial dos indivíduos quando houver violação a seus direitos e o respeito à legalidade pela proibição de prisões arbitrárias e a presunção da inocência.
Artigo 7 
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. 
Artigo 8 
Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. 
Artigo 9 
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. 
Artigo 10 
Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qualquer acusação criminal contra ele. 
Artigo 11 
1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. 
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte de que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.
A igualdade perante a lei, sem qualquer discriminação (artigo 7 da Declaração) significa que todos os indivíduos devem receber o mesmo tratamento. Esse conceito contém dois tipos de igualdade – a igualdade formal e a igualdade material.
A igualdade formal é aquela na qual as leis e o Estado tratam todos os indivíduos como se estivessem na mesma posição social, política, econômica, vivendo desde sempre nas mesmas condições e com acesso a oportunidades iguais.
A igualdade material é a proteção da lei e pelo Estado àquelas pessoas que se encontrem em situação de vulnerabilidade social maior e por isso têm direito a proteções específicas para ter acesso a mais oportunidades. As políticas de ações afirmativas como as cotas racionais e econômicas de acesso ao ensino superior gratuito são exemplos de promoção desse tipo de igualdade.
Os Direitos Civis Da Declaração Universal e a Constituição Federal De 1988
Os direitos civis da Declaração Universal também estão garantidos na Constituição Federal de 1988, tamanha a sua importância.
Já no artigo 1º da Constituição, está previsto que a República Federativa do Brasil tem como fundamentos, entre outros, a cidadania e a dignidade da pessoa humana: 
Art. 1º – A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;.
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político
Dando sequência, o artigo 3º da Constituição estabelece que tem, entre seus objetivos fundamentais, a promoção do bem de todos sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade ou origem:
Art. 3º – Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
O artigo 5º da Constituição que prevê os direitos e garantias fundamentais de todos os cidadãos tem conteúdo muito semelhante aos direitos à vida, liberdade e segurança pessoal, igualdade perante à lei e respeito à legalidade. Vejamos:  
	 Declaração Universal dos Direitos Humanos
	Constituição Federal de 1988
Direitos à vida, liberdade e segurança pessoal
ArtigO1 
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. 
Artigo3 
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Direito à igualdade
Artigo7 
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. 
Artigo5º(...) 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição
Proibição da tortura
Artigo5 
Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante
Artigo5º(...) 
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante
	Proteção judicial
	
	
Artigo8 
Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.
Artigo5º(...) 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
Respeito à legalidade
Artigo9 
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. 
Artigo10 
Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qualquer acusação criminal contra ele. 
Artigo11 
1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. 
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte de que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. 
Artigo5º(...) 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
Em resumo, os direitos civis firmados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948 também serviram de fundamentopara as garantias fundamentais estabelecidas pela Constituição Federal do Brasil, cerca de quarenta anos depois, em 1988. Os conteúdos principais do respeito à vida, liberdade, segurança pessoal, igualdade, proteção judicial e respeito à legalidade se repetem porque protegem todos os indivíduos contra arbitrariedades do Estado. Por isso, quando falamos em Direitos Humanos, também estamos tratando de Direitos Fundamentais e vice-versa. 
Os Direitos Políticos e a Declaração Universal de Direitos Humanos
A segunda geração de direitos humanos: os direitos políticos
No módulo 1, falamos sobre o contexto de surgimento de direitos civis, ou direitos de primeira geração, como fruto da Revolução Americana de 1776 e da Revolução Francesa de 1789 – acontecimentos históricos apontados como responsáveis pela elaboração das respectivas Declaração de Independência dos Estados Unidos da América e Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Esses direitos previam um espaço no interior do qual o poder do Estado, até então representado pela Monarquia, não podia entrar, ou seja, uma esfera de proteção do indivíduo contra o Estado.
Mas o poder arbitrário da monarquia não estava totalmente controlado apenas com a existência de direitos civis. Afinal, esses direitos estavam assegurados em documentos legais, mas, se era a própria monarquia que elaborava as leis, a existência dos direitos civis não estaria assegurada se a monarquia pudesse alterá-las a qualquer momento ou criar outros documentos que se opusessem a eles.
Como consequência, era necessário então que as pessoas, já protegidas pelos direitos civis, pudessem participar do processo de criação das leis, diretamente ou escolhendo seus representantes. Surgia então outro conjunto de direitos, que asseguravam agora não mais uma esfera de proteção contra o Estado, mas a possibilidade de participação dentro do Estado, na elaboração das leis. São os direitos políticos, considerados os direitos humanos de segunda geração.
Os direitos políticos e a declaração universal de direitos humanos
A Declaração Universal dos Direitos Humanos traz em seus artigos um conjunto de direitos que podemos classificar como direitos políticos, ou os Direitos Humanos de segunda geração. Nessa seção, estudaremos esses direitos:
direito à nacionalidade e direito ao asilo; 
direito à liberdade de pensamento, consciência e religião;
direito à liberdade de expressão e opinião;
 direito à liberdade de reunião e associação; 
direito à participação política, representação e eleição por sufrágio universal. 
É importante ressaltar que os direitos políticos se relacionam diretamente com o exercício da vida política e cidadania porque a pessoa que detém a nacionalidade de determinado país tem o direito também participar da formação da vontade da maioria, ao escolher seus representantes para o governo ou Poder Legislativo ou ainda candidatar-se para ser representante da maioria.  
O direito à nacionalidade e direito ao asilo
O direito à nacionalidade, à livre circulação e residência nos países e o direito ao asilo estão previstos nos artigos 13 a 15 da Declaração Universal:
Artigo 13
Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado. 
Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio e a esse regressar.
Artigo 14
Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. 
Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
Artigo 15
Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade. 
Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade
A nacionalidade é o vínculo que liga uma pessoa a um determinado país, que passa a ser integrada ao povo, adquirindo direito e obrigações. Podemos obter a nacionalidade, em geral, de duas formas:
Pelo nascimento, e por isso independentemente da nossa vontade. É a chamada nacionalidade primária ou originária. Pela nacionalidade primária, podemos nos tornar nacionais de um país quando há o vínculo sanguíneo, decorrente de filiação, não importando qual o local onde o indivíduo nasceu. 
Também pela nacionalidade primária, podemos ser nacionais de determinado país pelo vínculo de territorialidade, ou seja, por ter nascido no solo daquele país, independente do vínculo sanguíneo. 
Por nossa própria vontade, posteriormente ao nosso nascimento. É a chamada nacionalidade secundária ou adquirida. Têm direito a essa nacionalidade aquelas pessoas que nascem em determinado país, mas são filhos de pais com outra nacionalidade. Daí, podem optar a ter as suas nacionalidades. Ou ainda, os estrangeiros que residem há muitos anos em outro país e podem optar por ter nova nacionalidade.
A Constituição Federal de 1988 prevê a regra de nacionalidade em seu artigo 12. 
São brasileiros natos: 
os nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros. É o caso da nacionalidade pelo vínculo com o território;  
 os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço do governo Brasil (os diplomatas, por exemplo; 
os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir no Brasil e escolham, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. Essas duas situações representam a nacionalidade pelo vínculo sanguíneo. 
Os brasileiros naturalizados são: 
os que adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; 
os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
A Declaração Universal elenca o direito à nacionalidade como um Direito Humano porque a ausência de nacionalidade representa uma condição degradante e enfraquecedora que influencia quase todos os aspectos da vida de uma pessoa. Aqueles que não são reconhecidos como cidadãos de um país não podem, com frequência, matricular-se na escola, trabalhar legalmente, possuir imóveis, casar-se ou viajar. Podem ter dificuldade em receber tratamento de saúde e não conseguir abrir uma conta bancária ou receber uma pensão. Se são vítimas de roubo ou de estupro, podem se ver impossibilitados de apresentar queixa, porque, para a lei, não existem. Muitas vezes, não têm sequer um nome reconhecido oficialmente. 
Apátridas são pessoas que não têm sua nacionalidade reconhecida por nenhum país. A apatridia ocorre por várias razões, como discriminação contra minorias na legislação nacional, falha em reconhecer todos os residentes do país como cidadãos quando este país se torna independente (secessão de Estados) e conflitos de leis entre países.
Segundo o órgão das Nações Unidas que atua pelos direitos dos refugiados (ACNUR), em relatório de 2017, mais de 75% das populações conhecidas de apátridas pertencem a grupos minoritários. O relatório mostra que, para muitos grupos minoritários, a causa da apatridia é o que os diferencia: suas histórias, aparências, línguas, sua fé. A discriminação afeta negativamente as minorias apátridas e intensifica a necessidade de proteção e segurança e contribui para a pobreza e dificulta o acesso à documentação, educação e serviços de saúde.
O direito à liberdade de pensamento, consciência e religião
A Declaração Universal protege o direito à liberdade de religião, pensamento e consciência e, ainda, a liberdade de manifestação da religião pelo ensino, pela prática e pelo culto em público ou em âmbito privado:
Artigo18
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença peloensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular.
Vivemos numa época de grande intolerância religiosa. Segundo relator especial da ONU para a Liberdade Religiosa, Ahmed Shaheed, “no mundo todo, há uma crescente onda de intolerância e restrições impostas ao exercício do direito à liberdade de religião ou crença. Há duas tendências ligadas a essa tese: o aumento da politização da religião e a sua securitização, observando que os crimes de ódio antimuçulmanos, a xenofobia, o racismo, o antissemitismo e outras formas de intolerância estão em ascensão.
A xenofobia é um tipo de preconceito caracterizado pela aversão, hostilidade, repúdio ou ódio aos estrangeiros, que pode estar fundamentado em fatores históricos, culturais, religiosos, dentre outros.
No Brasil, a intolerância religiosa tem crescido, em especial sobre as crenças de matriz africana. O Disque 100, principal canal da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos para registro de denúncias, contabilizou em 2015, o total de 556 denúncias de intolerância religiosa. Em 2010, quando o serviço começou a registrar denúncias de discriminação por religião, foram contabilizados apenas 15 casos, razão pela qual se percebe um significativo aumento de denúncias.
A Intolerância religiosa pode ser feita por material escrito, imagens ou qualquer outro tipo de representação de ideias ou teorias que promovam e/ou incitem o ódio, a discriminação ou violência contra qualquer indivíduo ou grupo de indivíduos, com base na raça, cor, religião, descendência ou origem étnica ou nacional. Para mais informações, acesse: http://www.disque100.gov.br/
O direito à liberdade de expressão e opinião
Entre os direitos políticos previstos pela Declaração Universal, a liberdade de expressão e opinião está prevista em seu artigo 19:
Artigo19
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
Mas existe uma clara diferença entre exercitar a liberdade de expressão e opinião e manifestar discurso de ódio:
O discurso de ódio promove a incitação à discriminação, hostilidade e violência contra uma pessoa ou grupo em virtude de raça, religião, nacionalidade, orientação sexual, gênero, condição física ou outra característica. É usado para insultar, perseguir e justificar a restrição de direitos e para dar razão a homicídios outras formas de violência física e psicológica.
Racismo, machismo e homofobia podem ser expressados na forma de discursos de ódio: manifestações negativas contra negros, mulheres e gays, por exemplo, não representam opiniões e não podem ser protegidas pelo direito à liberdade de expressão.  As redes sociais são um território aparentemente livre para a expressão de opiniões diversas, inclusive para a propagação de discurso de ódio. Mas iniciativas importantes têm sido criadas para monitorar as redes e reprimir pessoas que propaguem manifestações que promovam hostilidade e violência.
O direito à liberdade de reunião e associação
O direito à liberdade de associação é o direito de participar de um grupo formal ou informal para realizar uma ação coletiva. Este direito inclui o direito de formar e/ou participar de um grupo. Por outro lado, inclui também o direito de não ser obrigado a fazer parte de uma associação. Está previsto no artigo 20 da Declaração Universal: 
Artigo20
Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica. 
Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Associações podem incluir organizações da sociedade civil, clubes, cooperativas, organizações da sociedade civil, associações religiosas, partidos políticos, sindicatos, fundações ou mesmo associações on-line. Não há nenhuma exigência de que a associação seja registrada para que liberdade de associação possa ser exercida. 
Toda pessoa tem direito à liberdade de associação. Os Estados não podem limitar esse direito para certos grupos com base em raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer outra condição. Os Estados são obrigados a adotar medidas positivas para estabelecer e manter um ambiente propício para as associações e devem se abster de obstruir o exercício do direito à liberdade de associação e respeitar a privacidade das associações. 
A ONU, por meio do Conselho de Direitos Humanos (resolução n. 15/21, de 2010), reconhece a importância dos direitos à liberdade de reunião pacífica e de associação para o pleno gozo dos direitos civis e políticos e dos direitos econômicos, sociais e culturais; que os direitos à liberdade de reunião pacífica e de associação são componentes essenciais da democracia, propiciando, a indivíduos, oportunidades valiosas para expressar suas opiniões políticas, se envolver em atividades literárias e artísticas. Reconheceu ainda que o exercício dos direitos à liberdade de reunião pacífica e de associação livre de restrições é indispensável para o pleno gozo dos Direitos Humanos, especialmente no caso de pessoas que possam defender minorias, dissidentes religiosos ou políticos.
O direito à participação política, representação e eleição por sufrágio universal
A democracia é um dos valores e princípios essenciais, universais e indivisíveis, que se assenta na vontade livremente expressa dos povos e está estreitamente ligada ao exercício dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. A Declaração Universal enuncia direitos essenciais para que haja uma verdadeira participação política, expressamente em seu artigo 21:
Artigo21
Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos. 
Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. 
A vontade do povo será a base da autoridade do governo; essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.
O sufrágio universal garante o direito de votar e ser votado em cargos eletivos. No Brasil, a ampliação do direito de voto a um número maior de brasileiros aconteceu ao longo do século vinte. O voto feminino, por exemplo, foi assegurado em 1932 pelo Código Eleitoral, após intensa campanha nacional pelo direito das mulheres ao voto. Fruto de uma longa luta, iniciada antes mesmo da Proclamação da República, foi ainda aprovado parcialmente por permitir somente às mulheres casadas, com autorização dos maridos, e às viúvas e solteiras que tivessem renda própria, o exercício de um direito básico para o pleno exercício da cidadania. Em 1934, as restrições ao voto feminino foram eliminadas do Código Eleitoral, embora a obrigatoriedade do voto fosse um dever masculino. Em 1946, a obrigatoriedade do voto foi estendida às mulheres.
A primeira mulher a ter o direito de votar no Brasil foi Celina Guimarães Viana, antes do Código Eleitoral de 1932. Celina pediu em um cartório da cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte, para ingressar na lista dos eleitores daquela cidade. Junto com outras seguidoras, Celina votou nas eleições de 5 de abril de 1928. A iniciativa da professora Celina marcou a inserção da mulher na política eleitoral. Nas eleições de 1933, a médica, escritora e pedagoga Carlota Pereira de Queirós foi eleita, tornando-se a primeira mulher deputada federal brasileira. Ela participou dos trabalhos na Assembleia Nacional Constituinte, entre 1934 e 1935. A médica, formada pela Universidade de São Paulo em 1926, com a tese ‘Estudos sobre o Câncer’ e em 1950, fundou a Academia Brasileira de Mulheres Médicas.
SaibaMais!No entanto, de acordo com a ONU, o Brasil ocupa a 32ª posição em um ranking de 33 países latino-americanos e caribenhos sobre participação das mulheres nos parlamentos nacionais. Com 9,9% de parlamentares eleitas, o país só fica à frente de Belize, cujo índice é de 3,1%. O primeiro colocado é a Bolívia, com 53,1% de participação de mulheres no parlamento. Para Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil, “é urgente reconhecer que as mulheres são fundamentais para a democracia e que elas estão cada vez mais distantes de fazer parte do grupo decisório sobre a política nacional, das possibilidades de exercer a cidadania e da igualdade de maneira plena e concreta.”
Os direitos políticos da declaração universal e a constituição federal de 1988
Os direitos políticos da Declaração Universal também estão garantidos na Constituição Federal de 1988. Já no artigo 1º da Constituição, está previsto que a República Federativa do Brasil é uma democracia e tem como fundamentos, dentro outros, a cidadania e a dignidade da pessoa humana.
O artigo 5º da Constituição, que prevê os direitos e garantias fundamentais de todos os cidadãos, tem conteúdo muito semelhante aos direitos à nacionalidade, liberdade de pensamento e religião, liberdade de opinião, liberdade de reunião e associação e o direito à participação política. Vejamos:
Direitos à nacionalidade
Artigo 15
1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade. 
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
Art. 12. São brasileiros:
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;  
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. 
Liberdade de pensamento e religião
Artigo 18
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular.
Art. 5º
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; 
Liberdade de opinião
Artigo 19
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
Art. 5º
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
Liberdade de reunião e associação
Artigo 20
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Art. 5º
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
Direito à participação política
Artigo 21
1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.
2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
Em resumo, os direitos políticos firmados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948 também serviram de fundamento para as garantias fundamentais estabelecidas pela Constituição Federal do Brasil, cerca de quarenta anos depois, em 1988. Os conteúdos principais do respeito nacionalidade, liberdade de pensamento e religião, liberdade de opinião, liberdade de reunião e associação e o direito à participação política se repetem porque protegem todos os indivíduos contra arbitrariedades do Estado e sobretudo porque permitem a participação na vida política do país. Por isso, quando falamos em Direitos Humanos, também estamos tratando de Direitos Fundamentais e vice-versa.
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
Direitos coletivos, difusos e individuais homogêneos: a terceira geração de direitos humanos
A Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH) de 1948 é considerada o principal marco de surgimento dos Direitos Humanos no plano internacional. Documento assinado por dezenas de países no âmbito das Organização das Nações Unidas (ONU), representou o compromisso da comunidade internacional em promover a paz e a proteção do ser humano, após o massacre de milhões de vidas humanas pela Segunda Guerra Mundial.
Os direitos civis – considerados os Direitos Humanos de primeira geração – representam o espaço no interior do qual o poder do Estado não pode entrar, ou seja, uma esfera de proteção do indivíduo contra o Estado. Ao mesmo tempo, estabelecia-se que os indivíduos tinham direitos e que todo e qualquer indivíduo, de qualquer grupo social, tinha os mesmos direitos, quebrando-se a organização social baseada na existência de grupos privilegiados, por um lado, e de grupos sem privilégio algum, por outro lado. São os direitos de liberdade e igualdade. 
Na sequência, o desenvolvimento dos direitos humanos de segunda geração - os direitos políticos - foi necessário para que as pessoas, já protegidas pelos direitos civis, pudessem participar do processo de criação das leis, diretamente ou escolhendo seus representantes. São os direitos de nacionalidade, liberdade de expressão, direito à participação política. O reconhecimento dos Direitos Humanos de segunda geração foi capaz de reduzir as desigualdades e a miséria social. Mas, esses direitos não foram capazes de lidar com alguns outros problemas típicos de nossas sociedades.
As condições enecessidades particulares de grupos como mulheres, negras e negros, homossexuais, crianças, adolescentes, idosas e idosos estavam até então desconsideradas, porque os Direitos Humanos desenvolvidos até então tratavam todos os seres humanos de forma muito homogênea. De maneira simples, pode-se dizer que o desejo de igualdade sufocou o reconhecimento da diferença. 
Frente a isso, novas lutas sociais, sobretudo a partir da segunda metade do Século XX deram origem a novos Direitos Humanos. Assim, lutas que reivindicavam o direito à diferença conseguiram alcançar o reconhecimento de Direitos Coletivos.
Direitos Coletivos são direitos que não se destinam indiferentemente a toda e qualquer pessoa da sociedade, mas a toda e qualquer pessoa da sociedade que tenha determinadas características capazes de justificar uma proteção diferenciada. 
Direitos da população idosa, direitos de crianças e adolescentes, direitos da população indígena, direitos da população quilombola e inclusive direitos das mulheres e da população LGBT são exemplos de Direitos Coletivos.
Por outro lado, em face dos riscos que nossa sociedade altamente industrializada começou a gerar para a sobrevivência do planeta, como o fim da água potável, o desequilíbrio dos ecossistemas e o aquecimento global, outro conjunto de direitos tratou do fato de que há questões e problemas que dizem respeito não a toda e qualquer pessoa individualmente considerada, nem a grupos sociais específicos, mas à humanidade considerada como um todo.
São os Direitos Difusos porque não pertencem a um ou outro indivíduo, a uma ou outra minoria social, pertencem, difusamente, a toda humanidade. 
O melhor exemplo de Direitos Difusos é o direito ambiental: a proteção das águas, da vegetação, do solo e dos animais tem por finalidade assegurar, à espécie humana, o direito de viver em um meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Por sua vez, a fragilidade do indivíduo diante do poder das grandes empresas que caracterizam também nossa sociedade altamente industrializada gerou lutas sociais voltadas a tentar limitar esse poder e fortalecer o papel do sujeito. 
O caminho encontrado para isso foi estabelecer direitos que, embora pertençam aos indivíduos na condição de indivíduos – ou seja, não têm como referência grupos sociais nem a humanidade como um todo –, relacionam-se a problemas que afetam todos esses indivíduos de modo semelhante, de modo homogêneo.
Direitos Individuais Homogêneos são, desse modo, o conjunto de direitos que surgirão como resposta a essa situação.  O melhor exemplo desses Direitos Individuais Homogêneos são os direitos do consumidor. 
Os direitos humanos de terceira geração e a declaração universal dos direitos humanos
A Declaração Universal dos Direitos Humanos traz, em seus artigos, um conjunto de direitos que podemos classificar como direitos humanos econômicos, sociais e culturais(conhecidos como DHESCAS), ou os Direitos Humanos de terceira geração. Nesta seção, estudaremos esses direitos: i) direito à educação; ii) direito à alimentação adequada; iii) direito ao meio ambiente; e iv) direito ao trabalho. 
Direito Humano à Educação
A educação é um dos direitos humanos e está prevista na Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 26:
Artigo 26
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, está baseada no mérito. 
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.
Quando a Declaração Universal reconhece o direito à educação como um direito humano, significa que o exercício desse direito não deve estar limitado à condição social, nacional, cultural, de gênero ou étnico-racial da pessoa. 
O direito à educação não se refere somente à educação escolar, porque o processo educativo começa desde que nascemos e só termina com a nossa morte: a aprendizagem acontece em diversos âmbitos (na família, na comunidade, no trabalho, no grupo de amigos, na associação e também na escola e em todos os momentos de nossas vidas). Além de sua importância como direito humano que possibilita à pessoa desenvolver-se plenamente e continuar aprendendo ao longo da vida, a educação é um bem público da sociedade, na medida em que possibilita o acesso aos demais direitos.
Cada país tem autonomia para definir como oferecerá à população o acesso à educação e ao ensino. Entretanto, pela interpretação da Declaração Universal e outros documentos internacionais sobre o direito à educação, a educação deve ser sempre: disponível, acessível, aceitável e adaptável. Veremos cada um dos conceitos:
Disponibilidade: significa que a educação gratuita deve estar à disposição de todas as pessoas. A primeira obrigação do Estado é assegurar que existam creches e escolas com vagas disponíveis para todos os que manifestem interesse na educação escolar. 
Acessibilidade:  o acesso à educação pública deve ser para todos, sem qualquer tipo de discriminação. Além disso, deve haver a acessibilidade material (possibilidade efetiva de frequentar a escola sem barreiras como a distância e falta de adaptação arquitetônica) e a acessibilidade econômica (acesso gratuito a todas as pessoas).
Aceitabilidade: é a garantia da qualidade da educação. O Estado está obrigado a assegurar que todas as escolas tenham qualidade e que a educação seja aceitável. A qualidade da educação se relaciona aos resultados do ensino, às condições materiais de funcionamento das escolas e à adequação dos processos pedagógicos.
Os principais documentos internacionais que tratam do direito à educação são os seguintes: 
PACTO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS 1966
Artigo 13
1. Os Estados Signatários do presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa à educação. Concordam que a educação deve ser orientada para o pleno desenvolvimento da personalidade humana e do sentido de sua dignidade, e deve fortalecer o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais. Concordam, ainda, que a educação deve capacitar todas as pessoas para participar efetivamente de uma sociedade livre, favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e entre todos os grupos raciais, étnicos ou religiosos e promover as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 
2. Os Estados Signatários do Presente Pacto reconhecem que, com o objetivo de assegurar o pleno exercício desse direito:
A educação primária deve ser obrigatória e acessível gratuitamente a todos; 
A educação secundária em suas diferentes formas, inclusive a educação secundária técnica e profissional, deve ser generalizada e tornar-se acessível a todos, por todos os meios apropriados e, principalmente, pela implementação progressiva do ensino gratuito; 
A educação de nível superior deve igualmente tornar-se acessível a todos, com base na capacidade de cada um, por todos os meios apropriados e, principalmente, pela implementação progressiva do ensino gratuito;
Deve-se fomentar e intensificar, na medida do possível, a educação fundamental para aquelas pessoas que não tenham recebido ou terminado o ciclo completo de instrução primária; 
Deve-se prosseguir ativamente o desenvolvimento do sistema escolar em todos os níveis de ensino, implementar um sistema adequado de bolsas estudo e aprimorar continuamente as condições materiais do corpo docente.
CONVENÇÃOSOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA 1989
Artigo 29 
1. Os Estados-Partes reconhecem que a educação da criança deverá estarorientada no sentido de: 
Desenvolver a personalidade, as aptidões e a capacidade mental e física da criança em todo o seu potencial;
Imbuir na criança o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais, bem como aos princípios consagrados na Carta das Nações Unidas; 
Imbuir na criança o respeito aos seus pais, à sua própria identidade cultural, ao seu idioma e seus valores, aos valores nacionais do país em que reside, aos do eventual país de origem, e aos das civilizações diferentes da sua; 
Preparar a criança para assumir uma vida responsável numa sociedade livre, com espírito de compreensão, paz, tolerância, igualdade de sexos e amizade entre todos os povos, grupos étnicos, nacionais e religiosos e pessoas de origem indígena; 
Imbuir na criança o respeito ao meio ambiente.
CONVENÇÃO RELATIVA À LUTA CONTRA A DISCRIMINAÇÃO NO CAMPO DO ENSINO UNESCO 1960
Artigo 1º 
Para os fins da presente Convenção, o termo "discriminação" abarca qualquer distinção, exclusão, limitação ou preferência que, por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião pública ou qualquer outra opinião, origem nacional ou social, condição econômica ou nascimento, tenha por objeto ou efeito destruir ou alterar a igualdade de tratamento em matéria de ensino, e, principalmente:
Privar qualquer pessoa ou grupo de pessoas do acesso aos diversos tipos ou graus de ensino; b) Limitar a nível inferior a educação de qualquer pessoa ou grupo;
Sob reserva do disposto no art. 2º da presente Convenção, instituir ou manter sistemas ou estabelecimentos de ensino separados para pessoas ou grupos de pessoas; 
De impor a qualquer pessoa ou grupo de pessoas condições incompatíveis com a dignidade do homem.
Artigo 3° 
A fim de eliminar e prevenir qualquer discriminação no sentido da presente Convenção, os Estados-Partes se comprometem a:
Eliminar quaisquer disposições legislativas e administrativas e fazer cessar quaisquer práticas administrativas que envolvam discriminação; (...) 
Não admitir, no que concerne às despesas de ensino, às atribuições de bolsas, (...) qualquer diferença de tratamento entre nacionais pelos poderes públicos, senão as baseadas no mérito e nas necessidades; 
Não admitir, na ajuda que, eventualmente, e sob qualquer forma, for concedida pelas autoridades públicas aos estabelecimentos de ensino, nenhuma preferência ou restrição baseadas unicamente no fato de que os alunos pertençam a determinado grupo; 
Conceder aos estrangeiros que residirem em seu território o mesmo acesso ao ensino que o concedido aos próprios nacionais.
O Brasil é obrigado a respeitar, proteger e promover os direitos humanos. Por isso, na prática, e no caso da educação, tem o dever de respeitar – que significa que não pode criar obstáculos ou impedir o exercício do direito humano à educação. Não pode, por exemplo, impedir que as pessoas recebam ou ofereçam educação, que organizem cursos livres em suas comunidades ou pela internet, ou que abram escolas, desde que respeitem as condições estabelecidas nas normas sobre o tema. 
Também tem o dever de proteger, que exige que o Estado atue, tomando medidas para evitar que terceiros (pessoas, grupos ou empresas, por exemplo) impeçam o exercício do direito à educação. Por exemplo, no Brasil, o ensino é obrigatório entre 4 e 17 anos; nem mesmo os pais, mães ou responsáveis de uma criança ou adolescente podem impedir seu acesso à escola, cabendo ao Estado atuar na proteção de seu direito, garantindo-lhe o acesso à escola. 
Por fim, o dever de promover é a principal obrigação ativa do Estado. São as políticas ações públicas que o Estado deve realizar para garantir o exercício do direito à educação. São as obrigações diretas do Estado em garantir o direito humano à educação, como a construção de escolas, do financiamento adequado e da contratação de professores 
Direito humano à Alimentação Adequada
O direito humano à alimentação está previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 25:
Artigo 25 
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
Alimentar-se é um ato vital para todos os seres vivos; sem ele não há possibilidade de vida. Além disso, no caso dos seres humanos, a alimentação é ao mesmo tempo um processo biológico e cultural. Ao se alimentar, as pessoas criam práticas alimentares, desenvolvem costumes e valores sobre os diferentes alimentos. Por isso, podemos dizer que cada sociedade, ou grupo social, atribui um sentido específico ao ato de se alimentar.
O termo alimentação adequada trata de dois elementos que compõem esse direito: o primeira é o direito de estar livre da fome e da má nutrição e o segundo é o direito de ter acesso físico e econômico aos meios para obtenção de uma alimentação adequada. Inclusive, o acesso físico e econômico (alimentos em espécie ou renda para aquisição de alimentos) tem que ser garantido imediatamente pelos países. Para garantir o acesso físico e econômico, cada Estado fica obrigado a assegurar, a todas as pessoas, o acesso à quantidade mínima e essencial de alimentos. Ressalta-se que essa quantidade deve ser suficiente para garantir que todas as pessoas estejam de fato livres da fome.
Para a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada é necessário que os Estados realizem ações de proteção social visando combater diretamente a fome por meio de programas de transferência de renda e distribuição de alimentos. 
A água também é entendida como alimento. Por isso, podemos dizer que o direito humano à água também faz parte do direito humano à alimentação adequada, e está relacionado a outros direitos humanos como o direito humano ao Meio Ambiente.
Assim como todas as pessoas têm direito a uma alimentação adequada, todos têm direito ao acesso irrestrito à água, inclusive independendo de pagamento de taxas ou de qualquer outra contrapartida. Porém, como ocorre com o direito à alimentação adequada, a falta de acesso à água atinge as camadas mais empobrecidas da sociedade. A sede e a seca, bem como a fome, estão presentes em todas as regiões brasileiras, tanto nas regiões rurais como no semiárido e nas periferias 
De acordo com a Organização das Nações Unidas, após um declínio constante por mais de uma década, a fome no mundo está novamente em ascensão e, em 2016, afetou 815 milhões de pessoas (11% da população global).  Esse aumento — de mais 38 milhões de pessoas em relação ao ano anterior — deve-se, em grande parte, à proliferação de conflitos violentos e de mudanças climáticas. Cerca de 155 milhões de crianças com menos de 5 anos sofrem com atraso no crescimento (estatura baixa para a idade), enquanto 52 milhões estão com peso abaixo do ideal para a estatura. Dados disponíveis em: https://nacoesunidas.org/onu-apos-uma-decada-de-queda-fome-volta-a-crescer-no-mundo/ 
Direito humano ao Meio Ambiente
O direito a uma vida com saúde e bem-estar está previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 25:
Artigo 25
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. 
A noção de bem-estar trazida pela Declaração Universal também se refere ao direito ao meio ambiente saudável e justo para todos.
Para entendemos o que é meio ambiente, é importante termos uma visão ampla do tema, partindo da ideia de que a vida na Terra deve ser considerada em seu conjunto. O meio ambiente tem relação com as condições de clima, habitação, circulação, respiração,alimentação, saúde, trabalho e lazer dos seres humanos.
Assim, podemos definir o meio ambiente como o conjunto de todo o patrimônio natural ou físico (água, ar, solo, energia, fauna, flora), artificial (edificações, equipamentos e alterações produzidas pelo homem) e cultural (costumes, leis, religião, criação artística, linguagem, conhecimentos) que possibilite o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas.
Entender o meio ambiente como direito humano significa que sua realização é condição necessária para a garantia de uma vida digna e sadia para todos, inclusive para as futuras gerações, que dependem da sua preservação. 
Por não ser individual, a ninguém é dado o direito de destruir ou praticar atos que agridam o meio ambiente, pois estará violando direitos de outras pessoas e mesmo de outros seres vivos. Todos temos direito a eles ao mesmo tempo, por isso é caracterizado como um direito “difuso”, ou seja, espalhado por toda a sociedade.
Os elementos essenciais para a concretização do direito humano ao meio ambiente são:
a) proteção contra a contaminação, a degradação ambiental, e contra atividades que afetem adversamente o ambiente, ou que ameacem a vida, a saúde, a fonte de receitas, o bem-estar e a sustentabilidade; 
b) proteção e preservação do ar, solo, água, flora e fauna, e dos processos essenciais e áreas necessárias para manter a diversidade biológica, os recursos naturais e os ecossistemas; 
c) o mais alto padrão de saúde que se possa alcançar; 
alimento, água e ambiente de trabalho seguro e saudável;
e) moradia adequada, posse de terra, e condições de vida em um ambiente seguro, saudável e ecologicamente sadio; 
f) acesso à natureza de maneira compatível com a ecologia, e com a conservação e uso sustentável da natureza e dos recursos naturais; 
Daí vem a noção de justiça ambiental que trata do acesso justo e igual aos recursos ambientais do país. Esse acesso justo é elemento básico para a realização do direito humano ao meio ambiente, ou para realização da justiça ambiental, que assegura que nenhum grupo social deva sofrer as consequências do dano ambiental e que todos os grupos tenham acesso justo aos recursos ambientais do país. 
Direito humano ao Trabalho
O direito humano ao trabalho está previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 23:
Artigo 23
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. 
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. 
3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. 
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses.
Artigo 24
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas.
O direito ao trabalho com dignidade garante, primeiramente, que nenhum trabalho seja forçado. Garante que o trabalho seja cumprido em condições seguras e saudáveis, com salários justos e suficientes para, no mínimo, proporcionar um padrão de vida adequado para o trabalhador e sua família. Assegura, ainda, direito de decidir livremente a aceitação ou escolha do trabalho, igual remuneração por igual função, direito ao lazer e limitação razoável da jornada trabalhista. O direito ao trabalho digno também prevê o direito à greve, à segurança em caso de desemprego e à organização sindical. Todos os trabalhos são dignos, desde que não sejam executados mediante prejuízos a outros seres humanos.
O Pacto Global é uma iniciativa da ONU em parceria com empresas de todo o mundo, com a finalidade de se adotar e desenvolver uma economia sustentável e inclusiva. O Pacto Global prevê dez princípios a serem buscados pelas empresas que aderem a ele: 1. Respeitar e proteger os direitos humanos; 2. Impedir violações de direitos humanos; Princípios de Direito do Trabalho: 3. Apoiar a liberdade de associação no trabalho; 4. Abolir o trabalho forçado; 5. Abolir o trabalho infantil; 6. Eliminar a discriminação no ambiente de trabalho; Princípios de Proteção Ambiental: 7. Apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais; 8. Promover a responsabilidade ambiental; 9. Encorajar tecnologias que não agridem o meio ambiente; Princípio contra a Corrupção 10. Combater a corrupção em todas as suas formas, inclusive extorsão e propina. Informações disponíveis em: http://pactoglobal.org.br/
Os direitos econômicos, sociais e culturais da declaração universal e a constituição federal de 1988
Os direitos econômicos, sociais e culturais da Declaração Universal também estão garantidos na Constituição Federal de 1988. Já no artigo 1º, a Constituição prevê que a República Federativa do Brasil é uma democracia e tem como fundamentos, entro outros, a cidadania e a dignidade da pessoa humana. 
O artigo 6º da Constituição, que prevê os direitos e garantias fundamentais de todos os cidadãos, tem conteúdo muito semelhante aos direitos a educação, trabalho, meio ambiente e alimentação adequada. Vejamos: 
Direito humano à educação 
Artigo 26 
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 
 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Direito humano ao trabalho
Artigo 23 
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. 
 2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. 
 3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
 4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses. Artigo 24
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
 (...) XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
 Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 
Direito humano à alimentação adequada
Artigo 25
 1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços

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