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Aristóteles e suas divergências com o seu mestre Platão
 
Aristóteles nasceu em 384 a.C., em Estagira. Apesar da Língua oficial e dos costumes gregos, essa cidade ficava na Macedônia – terra do conquistador Alexandre o Grande, que viria a ser aluno desse filósofo. Era, portanto, considerado um estrangeiro em Atenas. Mesmo assim, conseguiu entrar na Academia, destacando-se entre os alunos de Platão.
No entanto, ao contrário de seu mestre, Aristóteles não desprezou o valor do conhecimento sensível, sendo também mais condescendente em relação ao mito, à arte e à retórica, ainda que se dedicasse à reflexão filosófica. Famoso pela preocupação em organizar o conhecimento, ele sistematizou as ciências da sua época e realizou estudos críticos sobre a produção filosófica acumulada até então. Usou a Lógica para explicar fenômenos naturais, classificou as espécies vivas conhecidas e foi um dos filósofos que mais produziu textos na Grécia Antiga. Além disso, os estudiosos reconhecem no seu pensamento a preparação de um terreno fecundo para a ciência atual. No século XIX, por exemplo, Charles Darwin – autor da Teoria da Evolução das Espécies – interessou-se por algumas de suas teses em relação à natureza.
Lógica é uma maneira rigorosa de construir raciocínios, a fim de que se possa chegar a conclusões verdadeiras. Ela foi inaugurada por Aristóteles, como instrumento da Filosofia, em contraposição às falácias, ou seja, aos enganos dissimulados, que se apresentavam na argumentação dos sofistas e oradores da época. Essa argumentação era considerada retórica, ou seja, mais preocupada com a persuasão do que com a verdade.
Ávido na busca pelo conhecimento, Aristóteles afirmava que “todos os homens, por natureza, desejam conhecer” e que a Filosofia nasce do espanto causado pela observação da realidade. Segundo ele, o ato de filosofar não seria motivado por alguma utilidade ou por um interesse qualquer, mas pela necessidade, essencialmente humana, de vencer a ignorância. Não acreditava que a verdade absoluta estivesse ao alcance do homem. Porém, defendia a tese de que o conjunto das investigações humanas traria progressos significativos em relação ao conhecimento.
Divergências filosóficas
Segundo o pensador francês GiLes Deleuze: “A Filosofia é criadora ou até revolucionária por natureza, na medida em que não cessa de criar novos conceitos”. Para ela, não há um tipo único de raciocínio verdadeiro, sendo frequentes as divergências filosóficas de pensadores sobre um mesmo tema.
Na Antiguidade, onr ex-DmpK encontramos divergências entre as opiniões dos filósofos pré-socráticos sobre a arché. Há também a célebre desavença de Sócrates e Platão com os sofistas, os quais desenvolviam e ensinavam técnicas discursivas para convencer qualquer um sobre qualquer assunto. Ambos criticavam o fato de os sofistas cobrarem para ensinar e exigiam deles mais compromisso com a verdade. Além disso, Platão desenvolveu teses próprias, que mudaram os rumos da reflexão filosófica de Sócrates, seu mestre e, mais tarde, seu aluno Aristóteles fez o mesmo em relação às teorias platónicas.
Platão X Aristóteles
Você vai conhecer agora algumas das divergências entre os pensamentos platónico e aristotélico:
•    Platão defendia a existência de ideias inatas, ou seja, independentes e anteriores a qualquer experiência vivida. Além disso, considerava os sentidos como fontes de engano em relação ao conhecimento, acreditando que apenas a razão poderia conduzir o homem à verdade.
•    Já Aristóteles não acreditava na existência de ideias inatas. Sendo assim, valorizava o mundo dos sentidos e da experiência como um caminho possível em direção ao conhecimento. 
Política (Aristóteles)
 
Política, de Aristóteles, é uma obra composta por 8 livros do filósofo grego, repleta de profundas reflexões acerca de assuntos como a ética e a própria política, entre outros. Tratando-se do discípulo mais relevante de Platão, Aristóteles, ao contrário de seu mestre, criou textos objetivos, que tratam das coisas reais e, principalmente, dos sistemas de política que vigoravam em sua época. Em Política (Aristóteles), o leitor encontra classificações e definições sobre sistemas políticos que influenciaram, indubitavelmente, grandes pensadores e juristas de diversas gerações, inclusive os contemporâneos.
Sobretudo, a obra é de grande importância para quem deseja compreender os modelos de política e sobre quais seriam, de acordo com Aristóteles, as estruturas ideais para praticá-la. Em Política (Aristóteles), o autor grego discorre sobre a ciência da política, a composição das cidades (polis), os processos de escravidão, a riqueza, as famílias, sendo que na obra também é possível encontrar algumas críticas do pensador ao seu mestre Platão, que, por sua vez, realizava reflexões mais utópicas sobre o modelo ideal de sociedade e política.
Aristóteles, em seus textos, também dedica espaço para a análise sobre as constituições de diversas cidades, fazendo incríveis reflexões sobre os modelos praticados na época, em um grande exercício de comparação entre esses locais. Neste ponto, o que o sábio fez foi descrever os regimes políticos, apontando as características de cada um para a compreensão de como a política funciona, atentando para o poder na mão dos homens.
Em uma passagem presente em Política (Aristóteles), o pensador afirma que o homem, quando é perfeito, é o melhor dos animais, mas também é o pior de todos quando está afastado da lei e da justiça, já que a injustiça é mais “perniciosa” quando é armada, sendo o homem um indivíduo que nasce dotado de armas para serem bem usadas com o apoio da inteligência e do talento. Aristóteles, ainda, faz diversas reflexões sobre como essas armas podem ser utilizadas em sentidos totalmente opostos. Para o pensador, isso ocorre quando faltam ao homem as qualidades morais.
A Ciência Política
Para Aristóteles, o termo política significa “a ciência da felicidade humana”. De acordo com o pensador grego, a felicidade era diretamente ligada ao modo de viver, no meio em que os homens estão e também nos costumes e nas instituições desenvolvidas pelas comunidades. Assim sendo, para ele a primeira função da política era a de descobrir qual a maneira de viver que leva os indivíduos a sua felicidade, sendo a felicidade diretamente ligada aos bens materiais.
A outra função é desenvolver um modelo de governo e fazer com que as instituições sociais sejam as responsáveis por garantir esse modelo. Por sua vez, essas relações são determinadas pela ética, enquanto o modelo de governo nasce através do estudo das constituições das cidades-estados. Neste aspecto, em Política (Aristóteles), o filósofo afirma diversas vezes que a boa política é aquela que visa o bem de todos, o bem que é comum à todas as pessoas. E que a ética estabelecida por uma espécie de consenso entre os homens é o que permite isso.
Governo e Constituição
Em Política (Aristóteles), o sábio diz que os dois termos são equivalentes. Para ele, o governo poderia ser exercido por apenas um homem, por alguns homens ou pela maioria dos homens. Se esses governos tivessem como sua a meta o bem comum a todos, então se pode dizer que as constituições são as ideais. No entanto, se esses governos tiverem como objetivo satisfazer os interesses de apenas um grupo de homens, ou de apenas uma classe, estes são guiados por uma constituição “desvirtuada”. Para Aristóteles, os governantes que não miram o bem comum são os pervertidos.
Modelos de Governo
A análise sobre as formas de governar realizadas por Aristóteles são alguns dos pontos mais importantes da obra. Basicamente, o autor divide os modelos de governo em três: a Monarquia, a Aristocracia e a Democracia. O primeiro trata-se do governo exercido por apenas um homem; o segundo por alguns homens e o terceiro pelo povo. Para o filósofo grego, esses são os únicos modelos possíveis, porém, estão vulneráveis aos interesses privados, ou interesses pervertidos dos homens. Aristóteles demonstra a sua afinidade com a Democracia, masadverte em relação à demagogia dos governantes.
Sistema ideal de Política segundo Aristóteles
Os pensamentos expressados por Aristóteles em Política deixam claro que, para o filósofo, o regime ideal de política seria o misto, que, por sua vez, seria um sistema daria estabilidade à força entre pobres e ricos. O pensador afirma também que a política ideal de sociedade deveria baseada na mediania, onde o conflito de classes pode ser atenuado com a presença da classe média, que também proporciona maior estabilidade à organização da sociedade. O governo seria praticado pelos cidadãos que possuem patrimônios e que visavam o bem de todos os homens. Aristóteles definia esse tipo de governo como “Timocracia” ou “Politia/Democracia”.

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