Buscar

Trabalho de Conclusão de Curso- Redução da Maioridade Penal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ OURINHOS – FAESO 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL E SEU IMPACTO NO 
SISTEMA PROCESSUAL PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARCOS VINICIUS FLORENCIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OURINHOS 
2018 
 
MARCOS VINICIUS FLORENCIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL E SEU IMPACTO NO SISTEMA 
PROCESSUAL PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
como requisito parcial à obtenção do grau de 
Bacharel em Direito, da Faculdade Estácio de Sá 
de Ourinhos. 
 
Professor Orientador: Ronaldo Figueiredo Brito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OURINHOS 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esse trabalho primeiramente a Deus, por 
ter me permitido chegar até aqui, e também a 
minha família, em especial aos meus pais e 
familiares, que me apoiam em todos os 
momentos. E a todos os mestres que tive a 
oportunidade de conhecer e conviver nessa 
grande Instituição de Ensino, com os quais adquiri 
conhecimento para chegar até esta etapa. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Acredito que todo agradecimento é especial, pois é nesse ato que se exalta 
toda a humildade e a consideração à pessoa agradecida; portanto, agradeço: 
Primeiramente a Deus, que é o autor de minha vida. 
A meu orientador, Prof. Ronaldo Figueiredo Brito, pelo empenho, 
responsabilidade e colaboração. 
Agradeço a todos os professores da Instituição pela disponibilidade e postura 
colaborativa que permearam este longo processo, pelas palavras motivadoras em 
momentos críticos. 
A toda a minha família, em especial a minha mãe, Marilda Diniz, pela 
formação simples e carinhosa que me proporcionou, durante todo tempo em que 
viveu, onde seu sonho era que este dia chegasse (in memorian), mãe, dedico para 
você esse artigo bem como meu diploma, e eu sei que onde estiver agora vai estar 
feliz por mim. 
A todos os que, indiretamente, contribuíram para que esta conquista fosse 
alcançada, meus sinceros agradecimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Muito Obrigado! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Quando a opinião pública se forma no sentido de 
considerar uma determinada instituição arcaica, 
deficiente, ineficaz etc., então é alto tempo de se 
procurar saber onde estão as causas de suas 
deficiências e de se realizarem as reformas 
necessárias, sob pena de se tornar a instituição 
totalmente irrecuperável. É o que ocorre 
atualmente com o Judiciário, a respeito do qual a 
opinião pública se formou (já é possível conhecê-
la mesmo sem uma pesquisa científica, tão grave 
se tornou o problema) no sentido de considerá-lo 
deficiente, emperrado e moroso". 
(Sérgio Cavalieri Filho) 
A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL E SEU IMPACTO NO SISTEMA 
PROCESSUAL PENAL 
 Marcos Vinicius Florencio 
 
RESUMO 
 
Este trabalho busca analisar de forma clara o impacto que a redução da maioridade 
penal terá no sistema processual penal brasileiro, assunto este que vem causando 
muitas discussões e debates. Desta forma, busca-se entender a problemática da 
redução da maioridade penal ancorada na perspectiva socio jurídica. Este artigo 
tem por objetivo ainda, perscrutar a relação entre o direito e a opinião pública no 
que se refere ao tema da redução da maioridade penal. Contudo, é necessário 
compreender como funciona o sistema penitenciário brasileiro e os problemas 
ressocializatórios para avançar nesse debate. O princípio da defesa da dignidade 
da pessoa humana e a defesa dos direitos fundamentais e uma análise 
constitucional será premente para validar a impossibilidade da redução da 
menoridade penal. 
 
 
Palavras chaves: Maioridade Penal- Direito- Opinião pública- Ressocialização- 
Dignidade da pessoa humana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
This paper seeks to analyze in a clear way the impact that the reduction of the criminal 
majority will have in the Brazilian penal procedural system, a subject that has been 
causing many discussions and debates. In this way, it is sought to understand the 
problem of the reduction of the penal age anchored in the socio-legal perspective. The 
purpose of this article is to examine the relationship between law and public opinion 
regarding the issue of reducing the age of criminality. However, it is necessary to 
understand how the Brazilian penitentiary system works and the resocialization 
problems to advance in this debate. The principle of the defense of the dignity of the 
human person and the defense of fundamental rights and a constitutional analysis will 
be pressing to validate the impossibility of reducing the criminal minority. 
. 
 
 
 
Keywords: Penalty- Right- Public opinion- Respecting- Dignity of the human person. 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO.................................................................................. 9 
2. O ESTADO POSSUI CAPACIDADE ESTRUTURAL PARA 
ABRIGAR MAIS PRESOS...... 
10 
3. A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL SERIA A MELHOR 
SOLUÇÃO PARA RESOLVER A CRIMINALIDADE NO 
BRASIL.......................................................... 
 12 
3.1 ENTRE O DIREITO E A OPINIÃO 
PÚBLICA........................................................ 
 13 
4. O IMPACTO CAUSADO NO SISTEMA PROCESSUAL PENAL 
COM A REDUÇÃO................................. 
16 
 5. DA INCONSTITUCIONALIDADE POR OFENSA AO PRINCÍPIO 
FUNDAMENTAL DA DIGNIDADE DA PESSOA 
HUMANA......................... 
17 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................. 18 
REFERÊNCIAS.................................................................................... 20 
 
 
9 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A metodologia de pesquisa utilizada para melhores esclarecimentos, sobre o 
Tema abordado, foi a Exploratória, cujo objetivo é avaliar de que forma a redução da 
Maioridade Penal seria benéfica ou não, para sua aplicação futura no Processo Penal 
e como na prática isso atingiria o sistema prisional brasileiro. Para descobrir os 
motivos de tal questionamento, o pesquisador vai analisar obras entre estudiosos do 
Direito e a opinião pública por meio de veículos de comunicação, para somente 
depois, definir a problemática da Redução da Maioridade Penal. 
O debate que envolve a redução da maioridade penal é maior e transcende as 
questões da responsabilização do menor em si, pois, como veremos, é indispensável 
uma reflexão acerca do clamor social que envolve a redução da maioridade, isto é, o 
direito penal simbólico. 
Ademais, se o universo prisional dos menores é infinitamente menor se 
comparado ao universo prisional brasileiro uma nova reflexão deverá ser feita: o 
problema é a criminalidade dos inimputáveis ou existe uma crise da ressocialização 
prisional brasileira? Com base nestas análises teremos condições para aprofundar o 
tema e vislumbrar a questão sobre a ótica dos direitos humanos fundamentais. 
Parece compreensível que a população procure encontrar soluções para 
problemas que os afligem. Produzindo uma significativa tensão entre as questões 
técnicas jurídicas e as visões populares. 
Um dos obstáculos com os quais se depara o estudioso sobre as relações entre 
o direito e a opinião pública é precisamentea dificuldade de estabelecer qual é o setor 
da opinião pública a ser avaliado diante de um determinado fato. 
Teremos como modelo para a relação entre a opinião pública e o direito e como 
o clamor popular acaba por gerar um debate no qual não são tratadas apenas as 
questões processuais da esfera jurídica, mas também o sentimento de justiça 
cultivado pela população. Utilizaremos como fonte de pesquisa as discussões 
veiculadas pela mídia, sobretudo aquelas divulgadas na Folha de São Paulo. A 
escolha desse meio de comunicação de massa não é arbitrária, mas justifica-se pela 
cobertura exaustiva que fizera do episódio em pauta e pela publicação das opiniões 
de leitores em coluna específica do jornal. 
10 
 
2 O ESTADO POSSUI CAPACIDADE ESTRUTURAL PARA ABRIGAR MAIS 
PRESOS 
 
A Neste prisma, devemos entender que a privação de liberdade do 
adolescente e sua inserção em presídios destinados aos criminosos adultos não são 
expedientes adequados para reeducá-los. Essa incapacidade se acentua 
sobremaneira ao termo em vista as condições nas quais é gerido o sistema prisional 
brasileiro. Assim, se é certo que a Febem não é uma instituição apta a cumprir seus 
objetivos, não é menos correto afirmar que as prisões também se afiguram como meio 
reprodutor da prática criminosa e da desumanização do indivíduo. Sabe-se que elas 
são desprovidas de condições mínimas de convivência saudável entre os apenados. 
Instalações insalubres, superlotação, ausência de acompanhamento psicológico e 
alimentação de qualidade precária constituem algumas mazelas cuja solução nem 
sequer foi pensada criteriosamente pelas autoridades encarregadas do assunto. 
Em vez de ressocializar o criminoso, nossa estrutura carcerária acaba por 
incitá-lo ao crime, na medida em que o convívio do confinamento é ambiente propício 
a reiterar a experiência delituosa. Por isso, não é sem razão que Luiz Flávio Gomes 
pondera: "Se os presídios são reconhecidamente faculdades do crime, a colocação 
dos adolescentes neles só teria um significado: iríamos mais cedo prepará-los para 
integrarem o crime organizado". Também Mirabete não se posiciona pela redução da 
maioridade penal, chegando a afirmar que ela "representaria um retrocesso na política 
penal e penitenciária brasileira e criaria a promiscuidade dos jovens com delinquentes 
contumazes". A colocação dos autores é paradigmática a respeito de como a intenção 
de solucionar o problema da criminalidade recorrendo-se a esse expediente produziria 
um efeito inverso: em vez de reduzir os índices de infrações teríamos uma 
precocidade significativa daqueles que ingressam no mundo do crime. 
Como se não bastasse isso, as medidas socioeducativas, previstas na 
legislação do Estatuto da Criança e do Adolescente, não seriam postas em ação e a 
redução da idade penal se nos apresentaria destituída de eficácia, como atestam as 
palavras de Adriana Loche e Antônio Leite: "É justamente esse escopo reeducativo, 
ressocializador, que parece inexistir nas propostas de redução da imputabilidade 
penal. Ora, reduzida a idade para a submissão ao Código Penal, adolescentes estarão 
sujeitos às sanções penais, que, em sua maioria, são penas privativas de liberdade, 
cumpridas no caótico e desumano sistema carcerário brasileiro. 
11 
 
Além disso, querer submeter mais pessoas, no caso, os jovens maiores de 14 
ou 16 anos, conforme a proposta a esse sistema não denota nenhuma preocupação 
com sua ressocialização, ficando evidente que se busca apenas a retribuição vingativa 
e castigatória àquela pessoa que violou uma norma social de conduta". 
Evandro Lins e Silva disse com muita propriedade que: "Toda vez que a 
violência aumenta, as pessoas tendem a clamar por medidas punitivas mais rigorosas 
para os transgressores das leis. Pedem a pena de morte para os mais perigosos e 
cadeia para todos quanto saiam do trilho da conduta determinada pela legislação em 
vigor. 
Essa é uma reação instintiva e nada racional. Ninguém ignora que hoje no 
Brasil a prisão não regenera nem ressocializa as pessoas que são privadas da 
liberdade por ter cometido algum tipo de crime. Ao contrário, é de conhecimento geral 
que a cadeia perverte, corrompe, deforma, avilta e embrutece. É uma universidade às 
avessas, onde se diploma o profissional do crime" (in Veja, de 22.5.91, p. 90). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
3 A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL SERIA A MELHOR SOLUÇÃO PARA 
RESOLVER A CRIMINALIDADE NO BRASIL 
 
A Redução da maioridade penal, por si só, não é suficiente para erradicar a 
criminalidade no Brasil, o Estado deveria investir em políticas sociais para evitar que 
os jovens entrem no crime. 
Para entender melhor a discussão, a Revista EXAME conversou com um 
professor de Direito da Universidade Mackenzie sobre o tema: 
Humberto B. Fabretti, professor de direito penal da Universidade 
Mackenzie. 
“São vários os motivos que me fazem ser contra a redução da maioridade 
penal. O primeiro é que eu acho que esta é uma cláusula pétrea da Constituição 
Federal. Isto é, ela não poderia nem ser levada ao plenário para ser discutida. Quando 
o legislador fez a Constituição, ele colocou algumas questões que não queria que 
fossem discutidas novamente – e este é o caso da maioridade penal. Para modificá-
la, teria que ser feita outra Constituição. 
Agora, do ponto de vista material, são três os principais pontos. Primeiro, eu 
acredito que a inserção destes jovens no sistema de punição dos adultos não vai 
mudar a realidade. Ou seja, não vai fazer com que eles cometam menos crimes. 
Segundo os crimes graves, como os homicídios, praticados por menores não 
representam nem 1% dos crimes cometidos atualmente. 
Então, vamos acabar reduzindo a maioridade para colocar no sistema 
carcerário aqueles menores que praticarem furtos e roubos. Em vez de irem para a 
Fundação Casa, eles irão para o sistema carcerário, que é tão ruim quanto. Além 
disso, o sistema carcerário brasileiro é horroroso e não recupera ninguém. Colocando 
estes jovens mais cedo lá só vamos conseguir colocá-los mais cedo no crime 
organizado. 
 O último argumento é o de que já existe um sistema de responsabilidade 
criminal para estes jovens, que é o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A 
gente costuma ouvir que o menor de 18 anos não tem responsabilidade penal, mas a 
partir dos 12 anos eles têm sim, o ECA. “Então, há sim responsabilidade, ela só é 
diferente dos adultos, porque menores são diferentes dos adultos.” 
13 
 
Desta forma, é de suma importância ressaltar que há redução não seria sozinha 
suficiente para erradicar a criminalidade, mas que em conjunto com outras medidas 
tomadas pelo Estado, como restruturação e investimento, podem sim em um longo 
prazo ter efeitos positivos. 
 
3.1 ENTRE O DIREITO E A OPINIÃO PÚBLICA. 
 
Relativamente ao direito, são muitos os temas versados pelas pesquisas de 
opinião pública. Em sua maioria, tais pesquisas são realizadas por sociólogos-juristas 
que visam compreender a ligação entre os pressupostos da normatividade jurídica e 
a noção que têm os leigos sobre eles. É comum encontrarmos investigações que 
focalizem a aceitação e o conhecimento do direito por parte da população, bem como 
o funcionamento do sistema jurídico. Não é difícil entender a razão pelas quais, causa 
certa repulsa às instâncias jurídicas é cultivada pelo povo, devido ao grande índice de 
corrupção, o que aumenta anseios e possibilidades de consecução da justiça. Sobre 
esse assunto, Cavalieri Filho observa: 
 
 “Quando a opinião pública se forma no sentido de considerar umadeterminada instituição arcaica, deficiente, ineficaz etc., então é alto tempo 
de se procurar saber onde estão as causas de suas deficiências e de se 
realizarem as reformas necessárias, sob pena de se tornar a instituição 
totalmente irrecuperável. É o que ocorre atualmente com o Judiciário, a 
respeito do qual a opinião pública se formou (já é possível conhecê-la mesmo 
sem uma pesquisa científica, tão grave se tornou o problema) no sentido de 
considerá-lo deficiente, emperrado e moroso" (BARBATO JR, 2004, apud 
CAVALIERI FILHO, 2002, pg. 3). 
 
Note-se que a dimensão da crise do Judiciário é tamanha que o autor assinala 
a ausência de pesquisas científicas para aferi-la. Mesmo os leigos que não têm o 
hábito de se informar sabem que na estrutura desse poder grassa a corrupção. 
Além disso, o teor da opinião pública é frequentemente desprovido de 
conhecimentos criteriosos sobre o sistema jurídico. Não poderia ser diferente, posto 
que no Brasil o conhecimento da normatividade jurídica por parte da população é 
ainda extremamente restrito, senão limitado. Tendo como foco essa problemática, Ana 
Lúcia Sabadell pondera: 
 
14 
 
 "A maior parte dos cidadãos possui uma imagem parcial e incompleta sobre 
o sistema jurídico e, dessa forma, as respostas não refletem um 
conhecimento ou uma realidade do direito, mas somente uma opinião confusa 
e ideológica. A pessoa comum não possui conhecimento suficiente para 
analisar, por exemplo, se a Justiça combate eficientemente a criminalidade 
ou se os juízes são imparciais. Se for perguntado, o cidadão tentará 
generalizar em base às poucas experiências pessoais e, sobretudo, repetindo 
a opinião veiculada pela mídia, que dá particular destaque aos problemas e 
escândalos (exemplo: ''corrupção de juízes'') e nunca noticia o cotidiano 
normal do sistema jurídico. Assim sendo, os questionários relativos à opinião 
sobre o direito em geral reproduzem o ''senso comum'' difundido pela mídia, 
ou seja, refletem estereótipos e visões ''sensacionalistas'', não descobrem a 
opinião ''pessoal'' de cada interrogado e seguramente não permitem constatar 
a ''realidade'' do direito" (BARBATO JR, 2004, apud LÚCIA SABADELL, 2002, 
pg. 4). 
 
Com base, nas observações da autora, é fato notório que quando a mídia 
noticia algum crime bárbaro, irrompe o anseio, por parte da população, de um direito 
repressivo. Movida pelo calor da hora e pelo sentimento de inconformismo tão 
característico de quem se vê as voltas com atrocidades, é ela que reivindica, 
amparando-se numa suposta legitimidade, sanções mais severas aos infratores. 
Contudo, transcorrido algum tempo do episódio narrado, o inconformismo é 
sobejamente atenuado. Constata-se a grande instabilidade da opinião pública sobre 
o direito. Após um crime ou um escândalo político, muitos se sentem indignados com 
o sistema de Justiça e multiplicam os apelos por uma política repressiva. Passada a 
comoção, muda a opinião. A instabilidade da opinião pública é ainda mais patente 
num país que parece corroborar a máxima segundo a qual seus cidadãos "têm 
memória curta". 
Apoiada no chamado sentimento de justiça, a população tenciona estabelecer 
o que considera justo e quais padrões deve seguir, a fim de promover um convívio 
saudável na ordem social. É de suma importância, á avaliação que fez Roberto 
Barbato Jr. do que seja o sentimento de justiça: 
 
 
 
 
15 
 
 "O exame do sentimento de justiça abrange necessariamente o das normas 
existentes, sua adequação, ou não, ao que é tido como justo, a aprovação 
social das sanções que o direito estabelece e garantidora da validez e eficácia 
das normas. Também abarca a maneira como a opinião do público se 
manifesta sobre o comportamento ilícito, ou a distância entre a desaprovação 
da norma jurídica a certa conduta, e a desaprovação que o consenso ético-
social impõe à mesma forma de comportamento" (BARBATO JR, 2004, pg.6). 
 
Deste modo, seria desejável que os anseios do público fossem levados em 
consideração pelos legisladores quando da instituição de leis. Esse procedimento 
poderia garantir, em expressiva medida, a eficácia do direito, porquanto haveria 
a compatibilidade entre as aspirações do povo e as regras prescritas pela 
normatividade jurídica. 
Como avaliar, então, a ligação entre a opinião pública e o direito? Em que 
medida as reivindicações feitas pela sociedade civil não se choca com a opinião dos 
juristas? Quais são os pontos de tensão e aproximação entre o ideal de justiça do 
povo e a posição dos especialistas na área penal? Recorramos novamente às 
ponderações de Miranda Rosa: 
 
 "A propósito é interessante abordar a relação existente entre o direito e a 
opinião pública. Ambos os fenômenos, como ocorre em geral na sociedade, 
são condicionantes e condicionados recíprocos, em virtude da interação que 
opera entre a norma jurídica e a opinião pública. (...) As regras de direito 
moldam, em parte, (...), a opinião dominante em determinada sociedade. (...) 
A maneira como são encaradas, porém, tais regras pelos componentes da 
opinião grupal, constitui algo que exige reflexão e pode indicar caminhos 
legislativos mais apropriados" (BARBATO JR, 2004, apud MIRANDA ROSA, 
1996, pg. 204). 
 
Com base, nessa ponderação direito-opinião pública é que nos seria possível 
entender a relação que se opera com frequência entre a sociedade e a normatividade 
jurídica. Trata-se de uma relação dialética, por meio da qual se torna viável apreender 
as concepções sociais relativamente às normas de conduta que orientam a vida. 
 
 
 
 
16 
 
4 O IMPACTO CAUSADO NO SISTEMA PROCESSUAL PENAL COM A 
REDUÇÃO. 
 
É imprescindível ressaltar, que com a redução da maioridade penal o 
abarrotamento do judiciário com ações penais terá um aumento significativo, tornando 
cada vez mais precária a sua situação, não resolvendo a criminalidade, e sim usando 
mais dinheiro do Estado para a realização de toda a instrução processual e 
investimentos com um possível aumento de demanda. 
Deve-se lembrar ainda que o Brasil tem uma população carcerária que chegou 
a 726 mil e se tornou a terceira maior do mundo, ultrapassando a da Rússia, que é de 
pouco mais de 607 mil. O Brasil ficou atrás de Estados Unidos, que tem mais de 2 
milhões de presos, e China, com mais de 1 milhão e 600 mil pessoas encarceradas. 
O número de vagas, por sua vez, está estagnado e alcança apenas a metade. Para 
cada vaga individual, há duas pessoas detidas. 
Além disso, diversos exemplos de aplicação bem sucedida do Estatuto da 
Criança e do Adolescente reforçam que a busca por soluções para a criminalidade 
envolvendo adolescentes passa pela implementação das medidas socioeducativas já 
previstas na legislação, não havendo a necessidade de ações penais para que tal ato. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
5 DA INCONSTITUCIONALIDADE POR OFENSA AO PRINCÍPIO 
FUNDAMENTAL DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 
 
A discussão em torno da redução da maioridade penal deve, também, conter a 
analise de outro prisma: a dos direitos humanos fundamentais. 
O art. 1.º, III, da CF/1988 (LGL\1988\3): “Art. 1.º A República Federativa do 
Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, 
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (…) III – a 
dignidade da pessoa humana”. 
Ao se analisar um sistema repressor que tem como escopo atingir os menores 
de idade em contrario sensu ao que demanda e preceitua o ECA (LGL\1990\37),segundo o qual a maioridade é alcançada apenas aos dezoito anos. 
Tratar o ser humano como um número, amontoar um grande número de 
pessoas em um espaço que não comporta. O problema da superlotação é antigo e 
somado ao fato do Brasil cada vez mais tipificar condutas sinaliza em um aumento de 
presos constante. 
O princípio da dignidade da pessoa humana prevê a defesa de algo maior que 
a criança e do adolescente e do adulto: a vida do individuo, a qual no contexto de um 
menor de idade se refere ao seu futuro. Condenar um jovem a uma inserção forçada 
ao universo prisional não trará maior conforto ou proteção à sociedade, porém, aos 
olhos da mídia e da opinião pública, o sistema está “seguro”. 
É MUITO VÁLIDO LERMOS O QUE DIZ RAYANNI MAYARA DA SILVA 
ALBUQUERQUE ACERCA DESSE PRINCÍPIO FUNDAMENTAL, QUE AO SE 
REFERIR À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA DISSE O SEGUINTE: 
 
 [...] A dignidade da pessoa humana não é uma criação constitucional, pois 
ela é um desses conceitos a priori, um dado preexistente a toda experiência 
especulativa, tal como a pessoa humana [...] a dignidade é um atributo 
intrínseco ao ser humano, da essência da pessoa humana [...] 
 
Nesse contexto, a proteção do menor de dezoito anos contra ser punido antes 
é uma proteção à dignidade da pessoa humana, porquanto, o sistema de carcerário 
brasileira expressa uma grave ofensa ao dever do Estado de não submeter ninguém 
a situação de degradação, como uma decorrência da observância do princípio da 
dignidade da pessoa humana. 
A discussão que paira acerca da redução da maioridade penal é estéril ante 
18 
 
aos preceitos dos direitos humanos fundamentais, os tratados aos quais o Brasil é 
signatário e por limitação expressa da própria Constituição Federal de 1988 vigente 
há mais de duas décadas. 
Sendo assim, a solução não é tratar da prisão do menor, mas sim, em fornecer 
meios alternativos de combate à criminalização brasileira atual e buscar uma forma 
de efetivar praticamente a ressocialização prisional. 
Modelo este que se inicia com o jovem, e que deve ser estendido aos adultos 
com a privatização dos presídios, que deve ser estudada como uma das 
possibilidades para a solução da criminalidade. 
 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
É humanamente impossível obter-se a recuperação social de quem quer que 
seja, em uma cela, projetada para dez, quinze pessoas, que abriga quarenta, 
cinquenta, as condições de convívio são péssimas em total contrariedade ao princípio 
da defesa da dignidade da pessoa humana. 
Será que a solução é o sistema prisional? Se fosse, os índices de criminalidade 
deveriam cair, uma vez que funcionaria como um inibidor, como a opinião pública 
acredita, assim, a pessoa evitaria praticar o crime, porque saberia que iria presa e 
teria uma pena mais pesada. 
Mas, na prática não é o que ocorre, prova disso é o estudo, produzido pelo 
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança 
Pública (FBSP), que aponta que 50,9% dos casos registrados de estupro em 2016, 
em 32,1% dos casos, as vítimas foram adultos, e em 17%, adolescentes. 
O atual sistema penal brasileiro é eficaz, o real problema não é penal, mas sim 
social. O Direito Penal e Processual Penal somente está sendo questionado, porque 
tem a função de ultima “ratio”, ou melhor, a última alternativa para reparar a 
impunidade, e ao que se dispõe, o objetivo está plenamente sendo alcançado. 
O que motiva este excesso de lotação, que por vezes desacredita o próprio 
sistema prisional, nada mais é do que a atual situação social enfrentada pelo país. Já 
que de que adianta prender alguém, se ao soltá-lo este estará pior. 
Se a maioria das pessoas tivesse um amparo estatal, com um ensino 
educacional mínimo, emprego, uma concentração de renda não tão acentuada, na 
qual a classe pobre, que beira o miserável, a motivação para a prática de delitos seria 
19 
 
mínima, sendo perfeitamente suficiente o atual sistema penal brasileiro. Aí de fato, o 
sistema penal teria uma real função social. 
Hoje o máximo que o sistema prisional representa é um meio para separar 
aqueles que transcenderam os limites dos demais. 
A solução é o investimento em um sistema educacional na própria prisão, para 
o detento ter acesso à informação que não foi possível aprender enquanto estava 
solto. Que tenha consciência de sua ilicitude e obtenha meios, não de voltar a 
delinquir, mas sim de praticar atos diversos do crime, porém, para tanto, este 
condenado precisa aprender a fazer outra coisa. 
Não temos falsas esperanças de que se um dia isto ocorrer o Brasil será o 
melhor país do mundo, porém o nível de vida aumentará na inversa proporção do 
índice de criminalidade. 
Uma família que tem o que comer, com emprego e educação não tem a menor 
intenção de praticar uma conduta lesiva, exatamente pelo papel inibidor que 
representa o direito penal. 
Todavia, a persistirem as condições atuais, que caminho mais prático terá um 
chefe de família, ao ver os seus filhos sem ter o que comer, sem educação e sem 
emprego, senão partir para a marginalidade. 
É chegado o momento de o legislador brasileiro revestir os direitos do cidadão 
e não oprimi-los, para somente assim, proteger, os ditames constitucionais, a 
dignidade da pessoa humana, o cidadão e a sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
REFERÊNCIAS 
 
ANDRADE, Francisco Flavio Casimiro de. A redução da maioridade penal como 
alternativa para a diminuição da criminalidade no Brasil. IN: Imprenta: 2008. 
Pag: 64 f. 
 
BARBATO JÚNIOR, Roberto. Redução da maioridade penal: entre o direito e a 
opinião pública. IN: Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 93, n. 822, p. 429-443, 
abr. 2004 
 
BASTOS, Guilherme Dourado; DIAS, Gabriel Dourado. A redução da maioridade 
penal à luz do princípio da dignidade da pessoa humana. IN: Revista do CEPEJ, 
n. 11, p. 177-197, jul./dez. 2009 
 
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de sociologia jurídica (Você conhece?). 
10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002. 
 
GOMES, Luiz Flávio. Redução da maioridade penal: considerações. IN: 
Repertório IOB de jurisprudência : civil, processual, penal e comercial, n. 6, p. 184, 
2. quinz. mar. 2007. 
 
GONÇALVES, Antonio Baptista . A redução da maioridade penal e a relação da 
ressocialização prisional com os direitos fundamentais. Revista de Criminologia 
e ciências penitenciárias , v. 2, p. 1-50, 2012. 
 
JORGE, Éder. Redução da maioridade penal. Disponível em: 
[http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=3374] 
 
PIOVESAN, Flávia. A inconstitucionalidade da redução da maioridade penal. 
Disponível em: [http://www.ibccrim.org.br].

Continue navegando