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➔ 03/10 DISTÚRBIOS HEMODINÂMICOS I Os fluidos do corpo transitam por três compartimentos: intracelular, intersticial e intravascular. Esses compartimentos encontram-se em homeostase; quando há rompimento desse equilíbrio, surgem alterações, que comumente podem ser agrupadas dentro dos distúrbios circulatórios. Compreendem alterações hídricas intersticiais (edema), alterações no volume sangüíneo (hiperemia, hemorragia e choque) e alterações por obstrução intravascular (embolia, trombose, isquemia e infarto). Distúrbios e desordens que vão acometer o sistema cardiovascular (vasos, bomba ejetora, sangue líquido e seus componentes, sistema linfático). As doenças cardiovasculares são as que mais matam no mundo (20% das mortes em indivíduos com mais de 30 anos). Entre elas, a pior é a aterosclerose, e os níveis elevados de colesterol estão relacionados à alimentação inadequada e hábitos ruins. Como o sistema cardiovascular funciona: O ventrículo esquerdo vai bombear o sangue oxigenado (ou atrial) pela a artéria principal, a aorta que depois se ramificará em várias subsidiárias que também se ramificaram para levar o sangue oxigenado e com nutrientes para as células em atividade tecidual. Depois ocorre uma variação de gradiente (nutrientes foram utilizados) por difusão para a matriz onde as células estão. O sistema cardiovascular é um circuito fechado, quando ocorre a variação de gradiente, as células começam a excretar gás carbônico que ficará mais concentrado no meio extracelular e vão se difundir para o sangue novamente, esse será o sangue venoso que será drenado e retornará ao coração para compor o volume sanguíneo, vai voltar pelas vênulas e veias que depois convergem para cavas e safenas, todo o volume ejetado volta obrigatoriamente (se não voltar, não tem como manter o débito cardíaco). Volta para o coração direito, a cava se abre no átrio direito, depois passa para o ventrículo direito onde será bombeado (pequena circulação) para os pulmões para ser reoxigenado através das artérias pulmonares. O sangue passa pelos capilares pulmonares, que são bem delgados para ter maior superfície de contato com cada hemácia. Retorna para o coração esquerdo através das veias pulmonares passa pela válvula tricúspide (ou mitral) para o ventrículo esquerdo para novamente ser bombeado. As forças de Starling são as responsáveis pelo movimento de fluido entre os compartimentos. Entre as forças de Starling existe a pressão hidrostática e a pressão oncótica. A pressão hidrostática é uma força exercida pelos líquidos que tende a expulsar o líquido de seu compartimento. A pressão oncótica é uma força que atrai água para o compartimento. Ambas as pressão existem nos dois compartimentos: intravascular e intersticial. A resultante entre elas é que determina se o líquido irá entrar ou sair de cada compartimento. Na primeira metade do capilar, a resultante dessas forças faz com que o líquido tenda a extravasar para o interstício. Na segunda metade do capilar, a resultante das pressões é tal que o líquido tende a voltar para o interior do vaso – reabsorção. O principal objetivo do deslocamento de fluido pela parede capilar é o de levar nutrientes aos tecidos e dele retirar produtos do metabolismo da célula – como o CO2. Qualquer desordem nesses constituintes pode gerar um distúrbio hemodinâmico. O gradiente de pressão é diferente no leito venoso. A força de ejeção é diferente nos dois leitos. O filtrado (o que será difundido do leito arterial para o interstício e será captado pelas células) é diferente, pois a pressão é diferente, cerca de 80% a 85% do fluído que extravasa do interstício retorna para o leite venoso, o resto retorna e depois vai refazer o volume do débito através do leito linfático. A ultrafiltração na primeira metade do capilar é sempre um pouco superior ao processo de reabsorção que ocorre na segunda metade. Isso gera um pequeno acúmulo, normal, de líquido no interstício. Os capilares linfáticos removem continuamente esse pequeno excesso não reabsorvido, redirecionando-o para a circulação. Apesar de esse volume ser mínimo, a incapacidade de drenagem pelos vasos linfáticos, no decorrer de algumas horas a dias, levaria a um acúmulo de líquido significativo no espaço intersticial, ocasionando o edema. Os linfonodos ou nódulos linfáticos tem atuação direta na vigilância e proteção imunológica, a linfa pega uma amostra do que está acontecendo no tecido para que ocorra o policiamento e leva para os linfonodos, depois a linfa vai se juntar no ducto comum que tem ligação direta com a veia cava (ducto torácico), o filtrado que foi para o sistema linfático retorna para compor o volume ejetado inicialmente. No leito vascular, a pressão hidrostática é a mesma que em todos os líquidos, essa pressão junto com a resistência vascular vai contribuir para a pressão arterial (pressão que o plasma exerce na parede do vaso). A pressão oncótica vai determinar a entrada e saída de água e moléculas, a pressão oncótica é a pressão osmótica e vai ser determinada pelos componentes sólidos (no caso da pressão intravascular). A pressão exercida pelas proteínas plasmática contribui para a manutenção da pressão osmótica (oncótica, na patologia) e é importante para o fluxo fisiológico dos fluídos, principalmente a albumina. Já que as proteínas grandes do plasma não são capazes de atravessar facilmente as paredes dos capilares, o seu efeito na pressão osmótica do interior dos capilares irá, de algum forma, balancear a tendência do fluido vazar dos capilares. Em condições onde as proteínas plasmáticas estão reduzidas, como quando são excretadas na urina (proteinúria) ou por desnutrição, o resultado da pressão oncótica muito baixa pode ser a saída de água para o líquido intersticial, provocando edema ou ascite. (Pressão oncótica é a pressão osmótica gerada pelas proteínas no plasma sanguíneo. No plasma sanguíneo, os componentes dissolvidos possuem uma pressão osmótica). Edema = aumento do líquido intersticial ou cavitário. “Acúmulo de líquido no tecido intercelular (intersticial), nos espaços ou nas cavidades do corpo”. O mecanismo básico que envolve o processo de geração do edema consiste em alterações, em um ou mais, componentes do conjunto de forças que determinam o movimento de fluido através da membrana dos capilares. Ocorre um desequilíbrio hidrostático. Aumento da permeabilidade vascular é uma causa de edema e pode acontecer na inflamação aguda. O edema inflamatório geralmente aparece após evento traumático de torção, queda, batida ou por excesso de esforço. Trata-se de um processo de defesa do organismo onde é aumentada a permeabilidade dos vasos sangüíneos para permitir a chegada de células e proteínas do sangue, especializadas no combate a agressores externos (vírus e bactérias) e no reparo do tecido danificado. Pressão hidrostática no leito arterial vai determinar a pressão arterial, se a pressão arterial estiver elevada não vai deixar com que a água volte, a mantém dentro no vaso. A água fica no interstício e gera edema. Diminuição da pressão oncótica = não vai conseguir manter a água dentro do vaso (no que determina é a quantidade de soluto), a água escapa. Isso pode acontecer quando o indivíduo nunca come proteína (desnutrição energético-proteíca > hipoproteinemia > esteatose hepática > não ocorre formação de proteínas plasmáticas > não mantém a pressão oncótica > indivíduo propício a desenvolver edema generalizado [muito pronunciado no abdômen e pernas, pode chegar a acometer a face]). Obstrução da linfa = exemplo: elefantíase (filariose), a filária vai parasitar nódulos do sistema linfática causando uma obstrução mecânica. A linfa não flui. Outro exemplo: mulheres que fazem mastectomia e retiram linfonodos, aquela área ficará acometida (braços inchados). Não tem o sistema linfática para ajudar na drenagem.O desequilíbrio entre os fatores que regem essa hidrodinâmica entre interstício e meio intravascular é que origina o edema. Esses fatores compreendem a pressão hidrostática sanguínea e intersticial, a pressão oncótica vascular e intersticial e os vasos linfáticos: 1) Pressão hidrostática sanguínea: Aumento da pressão hidrostática no interior do capilar: o que determina uma maior saída de fluido do capilar para o interstício. A partir do momento em que a capacidade de os vasos linfáticos de retornar o líquido em excesso para a circulação sanguínea é ultrapassada, teremos o desenvolvimento de edema. Situação comum em estados de hipertensão e drenagem venosa defeituosa (por exemplo, em casos de varizes, insuficiência cardíaca etc). Aumento da Permeabilidade Vascular. Causas: Obstáculos ao fluxo venoso (Trombose; embolia; compressão venosa por abscessos, granulomas, tumores, útero gravídico, cirrose hepática, etc...; força da gravidade x postura) e ICC (Hipertensão venosa sistêmica). 2) Pressão hidrostática intersticial: se diminuída essa força, o líquido não retorna para o meio intravascular (interior do vaso), acumulando-se intersticialmente. 3) Pressão oncótica sanguínea: a redução da pressão oncótica provoca o não deslocamento do líquido do meio intersticial para o interior do vaso. Essa variação da pressão oncótica é determinada pela diminuição da quantidade de protéinas plasmáticas presentes no sangue. 4) Pressão oncótica intersticial: um aumento da quantidade de proteínas no interstício provoca o aumento de sua pressão oncótica, o que favorece a retenção de líquido nesse local. Além disso, o aumento dessa força contribui para a dificuldade de drenagem linfática na região. 5) Vasos linfáticos: se a função destes de drenagem dos líquidos estiver comprometida, pode surgir o edema. Esse quadro é observado, por exemplo, em casos de obstrução das vias linfáticas (ex.elefantíase). 6) Acúmulo de sódio no interstício: ocorre quando há ingestão de sódio maior do que sua excreção pelo rim; o sódio em altas concentrações aumenta a pressão osmótica do interstício, provocando maior saída de água do vaso. Kwashiorkor é uma desnutrição proteico-energética onde há deficiência dietética de proteína, embora a ingestão calórica se mantenha adequada. As reservas de gordura e massa muscular, no início, não são afetadas, dando aspecto ilusório de nutrição adequada. A falta extrema de proteínas provoca um desequilíbrio osmótico no sistema gastrointestinal causando edema e retenção de água. A retenção de fluidos observada em indivíduos que sofrem de é resultado direto de mau funcionamento do sistema linfático e das trocas capilares. Gera um edema pronunciado no rosto, pescoço. Fluído todo fora do vaso. Em países muitos pobres é comum aparecer nas famílias em situação extrema de pobreza. Cita-se maior ocorrência no primeiro filho porque quando nasce o segundo filho, a mãe tem a necessidade de alimentá-lo com todo o seu leite. Marasmo: desnutrição clássica, indivíduo caquético, atrapalha muito o desenvolvimento, não tem edema por ter um mecanismo de sinalização diferente. Kwashiorkor-marasmático: um acaba levando outro. A criança começa com kwashiorkor e desenvolve o marasmo pelo consumo das proteínas estruturas (edema + estado caquético). • Kwashiorkor: Desnutrição predominante protéica. • Marasmo: Desnutrição energético-protéica equilibrada. • Kwashiorkor-marasmático: Forma mista, em que existe a desnutrição energética e a protéica, porém de forma desequilibrada. A origem pode ser de um marasmo que entrou em déficit proteico ou de um Kwashiorkor que passou a sofrer déficit energético. Cirrose (outra causa de edema): fibrose hepática já avançada. Tecido fibrótico substituindo o parênquima (conjunto de células que são responsáveis pela função de um determinado órgão). Além das funções hepáticas comprometidas, também terá a circulação hepática comprometida (os vasos sanguíneos do fígado estão prejudicados). O sangue ficará represado dentro do fígado, entrando num processo de estase, mais sangue vai chegando e fazendo pressão na parede de uma veia que já está com a circulação afetada. A pressão hidrostática dentro do fígado aumenta. E quando a pressão hidrostática no leito venoso aumenta, chamamos de congestão. Para aliviar a pressão e fazer o sangue fluir, ocorre vaso-dilatação e aumento da permeabilidade vascular, o plasma então vai exsudar para o interstício e para a cavidade abdominal, o indivíduo desenvolve a “barriga de chopp” causada pela hipertensão hepática. Atrás do fígado temos os intestinos, estômago e esôfago, começa a represar sangue e as veias superficiais da barriga ficam dilatadas e tortuosas (varizes [nas arterias é aneurisma]). Síndrome hepatorrenal (colapso cardiocirculatório) é uma complicação comum em pacientes com cirrose, insuficiência hepática e hipertensão portal. O rim alivia a hipertesão do fígado, o sangue é direcionado para o rim que entra em colapso e para (sistema para controle de pressão). Vai favorecer ainda mais a formação do edema pois vai liberar moléculas que vão diminuir a resistência vascular. A insuficiência renal causa edema na sepse (neutrófilos ativados destroem micro-organismos e eles também causam aumento da permeabilidade vascular, ocasionando edema tecidual [?]). Na cirrose, também pode ocorrer o edema generalizado (atenção aos pés e membros inferiores inchados). Importante para a prova: cirrose e insuficiência cardíaca congestiva. Insuficiência cardíaca congestiva (ICC): Quando existe o comprometimento na circulação (pequena ou segunda). A insuficiência cardíaca é uma síndrome clínica caracterizada pelo desempenho cardíaco inadequado sob condições de trabalho existentes. Em outras palavras, o coração mostra-se incapaz de bombear sangue suficiente para suprir as necessidades metabólicas do corpo. O coração e o corpo tentam se adaptar a esse conjunto de circunstâncias por diversos meios, inclusive dilatação e hipertrofia cardíacas. A congestão venosa sistêmica e pulmonar se instala, produzindo os sintomas e sinais clínicos primários que, em conglomeração, são intitulados insuficiência cardíaca congestiva. O indivíduo tem uma hipertensão não-tratada, gera hipertrofia concêntrica e leva a insuficiência (não tem espaço para o preenchimento e formação do volume). O sangue excedente fica para trás do coração esquerdo, nos pulmões que vão sofrer hipertensão pulmonar (processo congestivo). Para aliviar a pressão, o plasma vai sair e vai para os alvéolos causando edema pulmonar (tosse por dispnéia ou no sono, pela superfície inundada por água). Após um tempo, o sangue excedente começa a ficar atrás dos pulmões, no coração direito. Sangue represado, causando cardiomiopatia dilatada (ele vai precisar aumentar seu espaço), as fibras ficam aumentadas, gera insuficiência. Até que passa a atingir o corpo inteiro. Se o problema inicial for no coração esquerdo, poderá influenciar no direito e vice-versa. No indivíduo com edema ao apertar o local do inchaço se forma uma depressão que demora a retornar. O grau da depressão e tempo que demora para retornar são indicativos de edema. Sinal de cacifo ou sinal de Godet é um sinal clínico avaliado por meio da pressão digital sobre a pele, por pelo menos 5 segundos, a fim de se evidenciar edema. É considerado positivo se a depressão formada não se desfizer imediatamente após a descompressão. Tipos de edema: • Anasarca: Edema generalizado. Do indivíduo que tem kwashiorkor, choque séptico, ICC. Anasarca é o edema grave, caracterizado por intenso inchaço dos tecidos subcutâneos e acúmulo de fluido nas cavidades corporais de maneira generalizada. • Hidropericárdio: Edema localizado no saco pericárdico, entre o pericárdio e o coração. • Hidroperitônio ou ascite: Cavidade abdominal. • Hidrocefalia: Acúmulo de líquidonos ventrículos/cavidades cerebrais.
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