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Caderno de Processo Civil IV

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PROCESSO CIVIL IV 
 
Até o século XIX, a todo direito correspondia uma ação (teoria imanentista). Atração histórica entre 
direito material e processual. Assim, existiam várias ações diferentes. Ainda não se tinha uma distinção 
entre processo e procedimento. Isso gerou uma crise no judiciário, que não foi de excesso de processo, 
mas organizacional, pois cada direito material correspondia a uma ação, com procedimento próprio, 
etc., o que dificultava a organização dos cartórios e gabinetes. 
Oskar von Bülow (alemão) em 1868 concebeu o processo como relação jurídica autônoma em relação 
ao direito material e criou uma fronteira entre processo e direito material. Criou um procedimento 
que fosse comum a todas as pretensões materiais. Contudo, alguns direitos materiais, por conterem 
caraterísticas próprias, não "cabiam" nesse procedimento, assim, foram criados os procedimentos 
especiais, mas que apesar de especiais são capítulos do processo de conhecimento. 
Assim, a crise foi resolvida com sistematização e criação do conceito de causa de pedir, que é a 
necessidade da tutela jurisdicional (condição da ação). A causa de pedir é um portal que liga o direito 
material ao processo. O processo passou a contar com regras específicas, autônomas ao direito 
material. Até hoje processo e procedimento são confundidos, e também processo e direito material. 
A primeira ação que surgiu na história da humanidade foi a de execução, assim, natural que as 
primeiras codificações, até Roma, fossem executórias. O que faz um título ser executivo é o elemento 
volitivo do devedor. Hoje chamamos de liquidez, certeza e exigibilidade. Naquela época, as relações 
eram simples, assim, quase todas as dívidas vinham com uma confissão de dívida, por isso as ações já 
eram primordialmente de execução. Quando se tinha dúvidas sobre a legitimidade do devedor, abria-
se uma exceção para verificar se o devedor era o devedor mesmo. Por isso até hoje exceção tem 
sinônimo de defesa. A ética católica traz a cognição como requisito para execução. 
 
Hoje o procedimento pode ser: 1. comum (corporifica o processo de conhecimento); 2. especial 
(corporifica o direito material). O processo de execução também tem um procedimento, que é 
comum, pois apesar de pequenas divergências, se realiza na mesma sequência de atos. 
 
A capitulação de uma sentença é a capitulação da inicial, a teoria da ação e a teoria da jurisdição 
obedecem aos mesmos requisitos teóricos básicos. 
Formas de pedido: 1. cumulado simples; 2. cumulado sucessivo; 3. subsidiário; 4. alternativo. 
Procedimento --> método --> satisfação 
Procedimento pode ser comum ou especial (direito material). 
Método pode ser um processo de conhecimento ou executivo. 
E a satisfação refere-se às ações. 
 
Para Buzaid existiam três tipos de ações: declaratórias, constitutivas e condenatórias, sendo que só 
esta última tinha o condão de levar à execução (nulla executio sine titulo), assim, para ter execução 
era necessário, primeiro, criar o título através do processo de conhecimento. 
Divisão ternária das ações (Buzaid): 1. declaratória; 2. constitutiva; 3. condenatória. 
Ação declaratória: (in)existência de relação jurídica. 
Ação constitutiva: modulação da relação jurídica já existente. 
Ação condenatória: pagamento. Ação que leva a execução. 
Ações executivas estrito senso: 1. pagar quantia certa a devedor solvente; 2. insolvência civil; 3. dar 
coisa certa ou incerta; 4. fazer ou não fazer; 5. alimentos. 
 
A escola italiana, de Carnelutti, em 1920, inspirada na sistematização do von Bülow, criou o processo 
cautelar com autonomia, pois o objeto das tutelas poderia ser perdido pela demora na prolação da 
sentença. Eram tutelas vinculadas ao poder geral de cautela, definidas pelo nível de prova, quanto 
mais prova, mais satisfativa seriam. Sistematização das tutelas de urgência. 
Para Carnelutti, o poder geral de cautela (PGC) é a discricionariedade do juízo diante das provas, que 
darão a tutela mais próxima do direito (satisfativa) e mais longe do direito (apenas congela o tempo 
processual – cautelar propriamente dita). 
Assim, Carnelutti dividia as cautelares em duas: 1. propriamente ditas. 2. urgentes/satisfativas 
(irreversíveis). 
O nosso CPC de 1939 trazia as cautelares dentro do processo de conhecimento, sem autonomia, 
porém mais próximas das provas. 
E Buzaid, seguindo Carnelutti, no CPC de 1973, criou esse processo cautelar próprio (replicante), 
sumário, com várias ações cautelares, nominadas e inominadas. Ele queria dar autonomia ao processo 
cautelar. Por ser autônomo, o processo cautelar poderia ter uma liminar em sentido oposto a sentença 
do processo de conhecimento. 
Buzaid fez isso baseado na ideia de nulla executio sine titulo, pois com a demora do processo, essencial 
a formação do título, o objeto poderia se perder. Assim, a cautelar resguardava-o. 
No Código anterior (1939), quando uma sentença era proferida num sentido oposto a cautelar 
inicialmente concedida, a cautelar se "extinguia", pois "o acessório segue o principal", e se houvesse 
recurso, por exemplo, a cautelar não estaria mais congelando os bens do réu, possível devedor, até o 
trânsito em julgado. Por isso Buzaid retirou esse conceito de liminar que era interno ao processo para 
dar autonomia a ele, mantendo-o até o trânsito em julgado, pois independe da sentença proferida 
nos autos principal. 
 
Contudo, essa classificação ternária cheia de tutelas absurdas e autônomas de cunho executivo ou 
mandamental "incomodava" Pontes de Miranda, que baseado na doutrina alemã, verificou que nem 
o CPC de 39 errou ao deixar as cautelares dentro do processo e nem o CPC de 73 acertou ao retirar 
todas, chegando a conclusão de que algumas tutelas pertencem a decisão de mérito (antecipatória), 
por isso devem ficar no processo de conhecimento, e outras tutelas são autônomas ao processo de 
mérito e podem ficar fora dele (cautelar). Toda tutela executiva ou satisfativa implica na execução da 
sentença. Já as cautelares protegem a eficácia da sentença, mas não a antecipam. Assim, para ele, a 
tutela satisfativa continha carga de eficácia da sentença de mérito, nunca devendo ter saído da 
sentença. Enquanto a cautelar nunca pertenceu a sentença de mérito, portanto, tem condição de ser 
autônoma. Purificação do processo cautelar devolvendo ao processo de conhecimento o que é dele. 
Assim, a tutela que poderia ser autônoma, é aquela que nunca se encontra com a sentença de mérito, 
orbita, protege, mas não se encontra. E as satisfativas, por conterem cargas de eficácia, nunca deviam 
ter saído do processo de conhecimento. 
Pontes estabeleceu um novo elemento de classificação da tutela e criou a fórmula: 
Sm = Pe + Aa 
Sentença de mérito = provimento efetivo + assentamento da ação. 
Elemento executivo = provimento efetivo. 
Elemento normativo = sentença de mérito. 
 
Para consagrar isso, Pontes criou duas novas ações: mandamental e executiva lato senso. Ele esvaziou 
aquelas cinco ações executivas estrito senso para que já na sentença fosse possível executar. 
Ação mandamental: ignora a existência do devedor e realiza o pedido. 
Ação executiva lato senso: recai sobre devedor. 
Exemplo: existem duas formas de retirar um nome do Serasa - o indivíduo deve ingressar contra a 
empresa pedindo para ela retirar (ação executiva lato senso), ou poderá requerer ao juiz que mande 
ofício diretamente ao Serasa para retirar o nome (mandamental). 
O sobrenome da execução é força, assim todas as vezes que a ação recair sobre o devedor, podemos 
dizer que ela é executiva lato senso. 
 
SINTETIZANDO 
Divisão ternária das ações (Buzaid): 1. declaratória; 2. constitutiva; 3. condenatória. 
Ação declaratória:(in)existência de relação jurídica. 
Ação constitutiva: modulação da relação jurídica já existente. 
Ação condenatória: pagamento. Ação que leva a execução. 
Divisão quinária das ações (Pontes de Miranda): 1. declaratória; 2. constitutiva; 3. condenatória; 
4. mandamental; 5. executiva lato senso. 
Ação mandamental: ignora a existência do devedor e realiza o pedido - resultado efetivo 
equivalente. 
Ação executiva lato senso: recai sobre devedor. 
Ações meramente enunciativas: declaratória e constitutiva. 
Ação que leva a execução: condenatória. 
Ações auto executivas: mandamental e executiva lato senso. 
Ações executivas estrito senso: 1. pagar quantia certa a devedor solvente; 2. insolvência civil; 3. 
dar coisa certa ou incerta; 4. fazer ou não fazer; 5. alimentos. 
 
Prova inequívoca: demonstração cabal de fato pretérito. Art. 444. É de difícil demonstração, por isso 
o que geralmente temos é começo de prova. 
Definição de prova pelo professor: demonstração cabal de fato pretérito na sua inteireza, enquanto 
tempo, meio e modo. 
 
Em 1994 uma reforma ao CPC traz a tutela antecipatória (provimento efetivo) para o Processo Civil 
brasileiro no Livro I (processo de conhecimento), mas manteve o Livro III (processo cautelar) que tinha 
um terceiro gênero processual. A mudança efetivou a tutela antecipada, mas trouxe o texto falando 
em "verossimilhança da alegação", o que remete à cautelar. Ainda, essa reforma fala que a 
antecipatória não será concedida em caso de se tornar irreversível a sua antecipação, sendo que em 
tese a antecipatória, por conter conteúdo satisfativo (próximo do direito), geralmente não é reversível 
mesmo. Ex.: marca passo. 
Antecipatória: satisfativa (perto do direito - irreversível); dependente da sentença de mérito. 
Cautelar: não precisa de prova inequívoca, juízo de verossimilhança, autônoma. 
Sobre a irreversibilidade, pouco depois da reforma de 1994, passou-se a entender que tanto a 
concessão da tutela quanto a sua negativa contém uma carga de irreversibilidade (ex.: transfusão de 
coração não concedido leva a morte [irreversível] assim como a sua concessão também é irreversível, 
pois não irão retirar o coração no futuro). 
Em 2002, houve uma reforma da reforma tentando corrigir os erros cometidos em 1994 e trouxe, 
entre outros, o § 7º, dizendo que em caso de erro, interpondo uma antecipatória que na verdade 
deveria ser cautelar, pelo princípio da fungibilidade, poderia o juiz conceder a tutela cautelar em 
caráter incidental se presentes os requisitos desta. 
O CPC de 2015, mantém o princípio da fungibilidade entre cautelares e antecipatórias e concilia ambas 
as escolas (italiana e alemã), criando uma teoria uniforme. Assim, podemos interpretar tudo como 
parte de um mesmo universo, onde a antecipação é só um prolongamento do acautelamento, 
portanto tudo seria antecipatória, em maior ou menor grau (Didier). Tudo é provimento efetivo, mas 
com análise probatória. Uma combinação das duas teorias, comportando um sistema que sai da 
cautelaridade urgentíssima e vai até a evidência sem urgência nenhuma. 
Toda ação contém cargas de eficácias de outras ações. Exemplo: para reconhecer paternidade e 
requerer alimentos, o filho deve ingressar com uma ação declaratória para ter reconhecida a 
paternidade, com isso ele modulará a relação que foi criada, onde serão constituídos os direitos e 
deveres do pai, e em consequência, acabará com uma condenação em pagamento de alimentos. 
Desta forma, essa ação será declaratória, constitutiva e condenatória. 
Ainda, nem sempre as tutelas se encontram com a ação, por conterem cargas de eficácias diferentes. 
Exemplo: no reconhecimento de paternidade acima mencionado, o filho pode, desde a propositura 
da ação, requerer alimentos provisórios, assim, como essa tutela já recai sobre o devedor (pai) ela é 
executiva lato senso. Exemplo 2: o cachorro é impedido de ficar no apartamento, o condomínio cobra 
multa do morador, e para ter o direito de permanecer com o cachorro bem como não pagar as multas, 
o morador ingressa com ação constitutiva, pois pretende modular a relação jurídica já existente entre 
ele e o condomínio, mas requer uma tutela cautelar para suspender a cobrança das multas, que por 
recair sobre o condomínio é executiva lato senso. 
Podemos dizer que a carga de eficácia prevalente, que mais se destaca, dará o nome da ação 
(satisfação), que nem sempre vai se encontrar com a tutela requerida (cargas de eficácia). 
 
 
LINHA DO TEMPO ATÉ AQUI 
 
• Século XIX: teoria imanentista, a todo direito correspondia uma ação. Crise organizacional. 
• 1868: Oskar von Bülow sistematiza o processo falando em único procedimento que 
comportaria todos os direitos materiais. 
• 1920: Carnelutti, inspirado em von Bülow, cria o processo cautelar com autonomia. Poder 
geral de cautela: nível de prova. Cautelares propriamente ditas e satisfativas (irreversíveis). 
• CPC de 1939: cautelares pertenciam ao processo de conhecimento, portanto sem 
autonomia, contudo, estavam mais próximas das provas. 
• CPC de 1973: Buzaid, seguindo Carnelutti, a partir da teoria ternária das ações, cria o 
processo cautelar autônomo/independente ao de conhecimento. 
• 1975: Pontes de Miranda, baseado na doutrina alemã, diferencia as tutelas que pertencem 
a decisão de mérito (antecipatória - satisfativas), e as tutelas autônomas ao processo de 
mérito (cautelar - congelam). Cargas de eficácia. Criou a fórmula Sm = Pe + Aa e as ações 
mandamental e executiva lato senso (teoria quinária). 
• 1994: reforma ao CPC de 1973, trazendo a tutela antecipatória no Livro I (processo de 
conhecimento), contudo confundindo conceitos ao falar em prova inequívoca e 
verossimilhança da alegação, bem como da irreversibilidade. 
• 2002: reforma da reforma, princípio da fungibilidade deu fim ao processo cautelar 
autônomo, pois caso uma medida cautelar fosse requerida como antecipatória (Livro I - 
conhecimento), o juiz deveria aceitá-la, desde que presentes os requisitos daquele. Assim, 
ninguém mais interpunha processos cautelares. 
• CPC de 2015: concilia as escolas italiana e alemã e mantém o princípio da fungibilidade. 
 
STF 
STJ TSE TST STM 
TJ TRF TRE TRT TM 
Juiz de 
direito 
Juiz federal Juiz 
eleitoral 
Juiz do 
trabalho 
Juiz militar 
Requisitos dos recursos para o segundo grau: tempestividade, preparo e legitimidade. 
Requisitos dos recursos para os órgãos de superposição (STJ, TSE, TST, STM e STF): tempestividade, 
preparo, legitimidade e dissídio. 
 
O CPC é dividido em parte geral e parte especial. A parte geral tem 6 livros (princípios, ação e 
jurisdição, sujeitos, atos processuais, tutelas provisórias e formação/suspensão/extinção do processo) 
e a parte especial possui 4 livros (processo de conhecimento, processo de execução, recurso, 
disposição transitória). 
Além de compartimentar o CPC de forma mais didática, Didier também trouxe algumas 
novidades/dispositivos em várias partes do Código, para que haja harmonia com o ordenamento 
jurídico. Nesse sentido, foram inseridos vários dispositivos que de alguma maneira relacionam-se com 
as tutelas provisórias. 
LIVRO I – PRINCÍPIOS: o art. 3 prevê que "Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão 
a direito", remetendo às tutelas provisórias através da "ameaça" e à ação através da ideia de "lesão a 
direito". O art. 11 também foi inserido, prevendo que "Todos os julgamentos dos órgãos do Poder 
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade", guardando 
relação com o art. 93, inciso IV da Constituição Federal. Com isso, tentou dirimir a jurisprudência 
defensiva. Tratando-se, agora, de matéria infraconstitucional,pois previsto no CPC, poderá o STJ 
conhecer o recurso que se fundamentar nesse princípio. Infraconstitucionalização de princípios 
constitucionais. Didier também trouxe de Portugal o princípio da cooperação, que orienta os sujeitos 
do processo. Para alguns doutrinadores significa que os sujeitos do processo devem agir de forma 
correta na sua atuação. Contudo, outra corrente (adotada pelo professor) defende que esse princípio 
se subdivide em tantos outros, orientando a atuação das partes. Está no art. 6 “Todos os sujeitos do 
processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa 
e efetiva”. Dois princípios informativos da cooperação: no art. 9 (“Não se proferirá decisão contra 
uma das partes sem que ela seja previamente ouvida”) temos, para além de uma ramificação do 
contraditório, uma ramificação também da cooperação, onde é vedada a decisão surpresa, ou seja, 
aquela em que decide com base em algum argumento não trazido pelas partes e sem ouvi-las. E o art. 
10 apesar de redundante, traz na sua parte final que não decidirá sem ouvir as partes, mesmo que se 
trate de matéria que deva declarar de ofício. Ambos derivam da cooperação assim como a prevalência 
da sentença de mérito. O ordenamento jurídico também passou a permitir o negócio jurídico 
processual (art. 190 e 191), onde as partes podem convencionar sobre atos processuais, datas, 
adequando-o às especificidades do caso. 
LIVRO II – AÇÃO E JURISDIÇÃO: inovou para "esculhambar". No CPC de 73, o art. 4 previa a ação 
declaratória "O interesse do autor pode limitar-se à declaração: I - da existência ou da inexistência de 
relação jurídica", todas as demais eram influídas do sistema. No CPC de 2015 o art. 19 passou a prever 
que "O interesse do autor pode limitar-se à declaração: I - da existência, da inexistência ou do modo 
de ser de uma relação jurídica". Todo assentamento de ação tem uma carga de declaratividade, e pra 
facilitar, Didier trouxe ambas as ações (declaratória e constitutiva) no mesmo artigo, com nome de 
declaração para não confundir mais os operadores do direito. A confusão entre declaratória e 
constitutiva é tanta, que atinge até órgãos superiores: Súmula 181 do STJ "É admissível ação 
declaratória, visando a obter certeza quanto à exata interpretação de cláusula contratual" (era para 
ser constitutiva - modulação da relação jurídica já existente). 
LIVRO III – SUJEITOS DO PROCESSO: encontramos a primeira perna da teoria da prova nos poderes 
do juiz (destinatário das provas). O art. 805 do CPC de 2015 traz uma norma ética subjetiva: menor 
onerosidade ou gravidade ao devedor ("Quando por vários meios o exequente puder promover a 
execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado"). O próprio CPC 
nas tutelas provisórias trata de substituição, art. 300, § 1º (Para a concessão da tutela de urgência, o 
juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a 
outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente 
hipossuficiente não puder oferecê-la). Efetivação da justiça. Tutela da tutela: art. 139 do CPC "O juiz 
dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: IV - determinar todas as 
medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o 
cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária". 
Juiz pode cassar passaporte, retirar CNH, etc. 
No Capítulo III temos a intervenção de terceiros. Litisconsórcio = mesma sorte no litígio se comporta 
de três maneiras, quanto ao polo pode ser ativo ou passivo, quanto ao direito pode ser facultativo ou 
necessário (de acordo com o nível de comunhão existente), quanto ao tempo pode ser originário ou 
anterior (o anterior gera a intervenção de terceiros, porque a intervenção de um terceiro em um dos 
polos, implica em litisconsórcio). 
No CPC de 1973 a intervenção de terceiro era baseada na prejudicialidade interna ou externa, que é 
quando um direito se sobrepõe ao direito discutido e não uma pessoa que se sobrepõe. Exemplo: 
numa denunciação a lide, onde o hospital (réu) denuncia o médico pelo erro, temos duas ações: uma 
do paciente contra o hospital e o médico em litisconsórcio passivo, e outra do hospital contra o médico 
para saber quem pagará a indenização. Isso é prejudicialidade. Litisubordinante e litisubordinada era 
o elemento característico da intervenção de terceiros que nada mais era do que um litisconsórcio 
ulterior e parcial, pois havia uma ação subjacente. No CPC de 73 também existia o litisconsórcio e a 
assistência. A assistência pode ser litisconsorcial e a simples. A simples é aquele semelhante ao 
assistente de acusação do processo penal. 
Didier também simplificou essa parte, e no CPC de 2015 toda vez que um terceiro intervém, temos 
intervenção de terceiros, em cinco modalidades: 1. assistência (passou a ser intervenção de terceiro); 
2. denunciação da lide; 3. chamamento ao processo; 4. incidente de desconsideração de 
personalidade jurídica; 5. amicus cure (antiga forma de assistência simples). 
Oposição era intervenção de terceiro, mas apesar de ainda existir como procedimento autônomo, não 
tem razão para existir pois não deixa de ser uma espécie de embargos de terceiro com limitação 
temporal. 
Processo____________________sentença_____________________________adjudicação___5 dias 
 _______________oposição até aqui _________________________________embargos de terceiro 
A desconsideração da personalidade jurídica é para atingir a pessoa física, mas pode ser inversa, ou 
seja, desconsideração da pessoa física para atingir a pessoa jurídica. Única intervenção de terceiro que 
tem um procedimento próprio (tutela). 
Embargos infringentes não existem mais. 
Cargas de eficácia que não viram ação, viram tutelas. Então, tudo está numa mesma teoria, em maior 
ou menor intensidade. 
 
Didier queria transformar a tutela provisória em antecipatória, julgando-o ser mais simples, pois não 
haveria mais tutela cautelar, sendo ela uma modalidade menos agressiva da antecipatória, e a 
antecipatória propriamente dita, seria a mais agressiva. Contudo, Fux voltou para o nome que gerava 
complicações, nomeando-o novamente em provisória. 
CPC de 1973: Art. 798. "Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código regula no 
Capítulo II deste Livro, poderá o juiz determinar as medidas provisórias que julgar adequadas, 
quando houver fundado receio de que uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da 
outra lesão grave e de difícil reparação". CPC de 2015: Art. 297. "O juiz poderá determinar as medidas 
que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória". 
Porque provisória está errado? Pois contém uma característica antecipatória. Não tem caráter 
instrumental. É um Pe pequeno que vira um Aa. É substituído por algo de mesma natureza. Já as 
temporárias são puramente instrumentais e nada materiais, pois não antecipam nada. Ex.: casa e 
andaimes. Os andaimes são temporários pois não serão substituídos por nada, são instrumentos para 
a construção da casa. 
O provisório tende a durar até que seja trocado por algo definitivo. O temporário tem duração 
indefinida, uma vez que irá perdurar enquanto for necessário e não é substituído pelo definitivo. Ex.: 
indisponibilização de bens é cautelar. 
A intenção de Didier era, portanto, transformar tudo em antecipatória, com maior ou menor 
intensidade, mas Fux voltou com a nomenclatura "provisória". Crítica ao sistema de tutelas 
provisória: o título do Livro ressuscita uma crise escolástica entre gaúchos e paulistas que já havia sido 
superada. 
Provisória antecipatória.Será substituído por algo definitivo (casa). 
Temporária cautelar. Puramente instrumental (andaimes). 
 
LIVRO V 
DA TUTELA PROVISÓRIA 
 TÍTULO I 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
Existem dois vieses para se percorrer em relação aos institutos: procedimental e processual. 
No CPC de 1973, uma medida cautelar poderia ser preparatória ou incidental, e uma vez analisada 
liminar, ajuizava-se a ação principal, com mesmos documentos, preparos distintos, instruções 
distintas e sentenças distintas, dois recursos distintos... Esse elemento procedimental o prof. chama 
de DUPLO VETOR COGNITIVO. Autonomia de Buzaid. 
Didier, no CPC de 2015, "aproximou" as tutelas da ação principal, fazendo com que uma liminar fosse 
requerida (preparatória), mas o autor devendo emendar o pedido, inserindo a ação principal, num 
prazo estipulado pelo juiz: ÚNICO VETOR COGNITIVO. Essa ação vira no prazo que o juiz conceder, 
uma única ação. Um preparo, uma instrução, uma sentença. Autonomia com racionalização em um 
único processo, a sentença vai confirmar ou não a tutela. Manutenção da autonomia com unificação 
procedimental. Assim, a sentença pode ser indeferida ao autor, mas a indisponibilidade dos bens do 
réu, pode permanecer até o trânsito em julgado. 
Procedimentalmente essa unificação de tutelas e ação principal foi um grande avanço. 
As tutelas em 1973 eram todas de urgências: cautelares (mais próximas do não direito) ou 
antecipatórias (mais próximas do direito). O código de 2015 trouxe novidades que já haviam sido 
inseridas nas reformas de 1994 e 2002, consolidando alguns conceitos. Trouxe uma nova classificação: 
• Tutelas provisórias 
o De urgência - com periculum in 
mora 
▪ Cautelar 
▪ Antecipatória 
o De evidência - sem periculum in 
mora (somente quando for 
incontroversa ou haver abuso 
do direito de defesa) 
▪ Antecipatória 
(reconhecimento de 
pedido) 
 
 
CPC de 2015: Art. 294. "A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou 
evidência"(processo). Parágrafo único. "A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode 
ser concedida em caráter antecedente ou incidental" (procedimento). De certa forma, a tutela de 
evidência já existia no CPC de 1973 a partir da alteração de 1994. 
CPC de 1973: Art. 273. § 6º "A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais 
dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso". Contudo, mesmo que já 
existisse, não havia como se executar, pois não era considerado título executivo. CPC de 1973: Art. 
273. "O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela 
pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança 
da alegação e: II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito 
protelatório do réu". 
Reconhecimento de pedido não é confissão, é autotutela, pois afasta o magistrado da relação, 
enquanto a confissão é prova. 
Tutela incidental do CPC de 2015: Art. 295. "A tutela provisória requerida em caráter incidental 
independe do pagamento de custas" (procedimento). Não recolhe preparo pois está unificado com a 
ação principal. Em sentido contrário, quando a tutela for antecedente, recolherá o preparo, contudo, 
no aditamento da ação principal não pagará, pois já foi paga. Único vetor cognitivo. 
Raciocínio simétrico: a medida incidental não recolhe custas, portanto, a ação principal, após a a 
medida antecedente, também não recolherá. 
Ou seja, agora no CPC de 2015, as tutelas podem ser: antecedente (antecedem a ação principal) ou 
incidental (na ação principal). 
No CPC de 1939, as tutelas eram todas cautelares, satisfativa ou cautelar propriamente dita, mas todas 
internas ao processo (incidental), que tirava a autonomia. O CPC também permitia um pedido cautelar 
urgente, ajuizado às pressas, que posteriormente seria apensado a ação principal. Ação acessória à 
ação principal. 
No CPC de 1973, Buzaid cria o processo cautelar autônomo, de forma preparatória. Mas não foi 
completamente entendido, gerando confusão com a cautelar acessória que havia no sistema anterior. 
Tanto que em 1994, acrescentou-se a esse sistema (Livro III – processo cautelar) a tutela antecipada 
no Livro I – de conhecimento. É um movimento de retorno ao sistema anterior. E, em 2002 positivou-
se o §7º do art. 273, que prevê que "Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência 
de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida 
cautelar em caráter incidental do processo ajuizado", ou seja, mesmo que o pedido seja cautelar 
(autonomia), o juiz poderá aceitar a título de antecipação (incidental). Dessa forma, qualquer que 
fosse a tutela, era pedido dentro da ação (incidental). Fim da autonomia processual da cautelar, apesar 
de ainda existir no sistema. 
No CPC de 2015, Didier ressuscitou a tutela antecedente, que agora deve ser aditada, após um prazo 
estipulado pelo juiz, com os pedidos da ação principal. Isso aqui é um eco do CPC de 1973. Vintage. O 
costume da incidentalidade faz a medida antecedente ser de pouco uso. 
Não preclusividade da tutela: dura enquanto durar o processo, assim, mesmo que houver recurso de 
mérito, a tutela pode ou não ser mantida ou revogada. Independentes uma da outra. "Art. 296. A 
tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser 
revogada ou modificada". Ou seja, antes do trânsito em julgado, a tutela poderá pender tanto pra um 
lado quanto para outro. E somente com a definitividade, a tutela seguirá a decisão principal. A 
preclusão "olha para trás", assim, se houver fato novo, a tutela sempre poderá ser revista. Tutela 
provisória, qualquer que seja, não faz coisa julgada. 
Art. 296. §u. "Salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a eficácia durante o 
período de suspensão do processo" é possível fazer um link com o art. 190 que fala do negócio jurídico 
processual: "Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição [direitos disponíveis 
em pode-se transigir], é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento 
para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e 
deveres processuais, antes ou durante o processo". Buraco negro. 
Sintetizando: art. 294 – nova classificação; §u – procedimento (vintage); art. 295 – custas (raciocínio 
simétrico); art. 296 – pendência; §u – buraco negro. 
Art. 18. "Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo 
ordenamento jurídico". Norma liberal individual, pois preconiza a prevalência do indivíduo sobre o 
coletivo. O art. 333, vetado, dizia "Atendidos os pressupostos da relevância social e da dificuldade de 
formação do litisconsórcio, o juiz, a requerimento do Ministério Público ou da Defensoria Pública, 
ouvido o autor, poderá converter em ação coletiva a ação individual que veicule pedido que: [...]", 
seria uma ação civil pública, que nasce individual, mas se torna coletiva. O art. 18 é a base da teoria 
individual, mas não é geral do processo, pois é específico do direito de ação. 
Art. 297. "O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela 
provisória": poder geral de cautela, que é discricionariedade do juízo sobre as provas. Conexão com 
art. 139 e depois com o art. 369 e seguintes. 
"que considerar adequadas" = significa que não necessariamente o juiz deferirá o que a parte pediu, 
pois ele tem discricionariedade. Ex.: o cara foi aprovado num concurso e não foi chamado, porém o 
aprovado depois dele foi. Liminarmente o indivíduo pede a posse(medida provisória). Contudo, o 
magistrado pode, invés de dar a posse a este, suspender a posse do outro (medida temporária). O 
conceito disso é psicanalítico e tem relação com as provas. A discricionariedade tem uma relação 
direta com: prova + experiência + direito. 
Discricionariedade = prova + experiência + direito 
Quando o juiz não domina muito bem a teoria das provas e o direito aplicável, acaba prevalecendo a 
experiência do magistrado. Dilema de Calamandrei = acidente de trânsito. Há uma batida entre dois 
carros, ambos alegam que passaram o sinal verde, e cada um arrola uma testemunha que alega que 
o sinal estava verde para aquele. O IPUF alega que os sinais estão sincronizados, e ambas as 
testemunhas são firmes no que alegam. O que definirá neste caso quem arcará com os prejuízos da 
batida, será um elemento subjetivo do juiz, e que a parcialidade do juiz é que decidirá. Nenhuma 
decisão baseada exclusivamente em fatos, principalmente se for baseada em prova oral, será parcial. 
Condição humana do juiz, com suas experiências, preconceitos, e etc. Elemento de parcialidade como 
subjetividade do juiz. 
A teoria da prova se divide num tripé: principiologia, definição de prova e regras de aplicação da 
prova. Tudo submetido a um conceito objetivo: contraditório. Prova sem contraditório não é prova. O 
contraditório é o direito de fazer prova. 
CPC de 1973: princípio inquisitivo = "Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, 
determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou 
meramente protelatórias". Esse dispositivo estava previsto no capítulo que falava dos poderes do juiz. 
CPC de 2015: manteve o princípio inquisitivo = "Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento 
da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito". Didier transportou o princípio 
para o capítulo que fala das provas. 
Ainda no CPC de 2015: "Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, 
incumbindo-lhe: VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para 
inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso". Esse dispositivo 
trata dos poderes do juiz, dentro de capítulo específico. São poderes específicos do juiz sobre as 
provas. Didier deixou a principiologia das provas para o capítulo das provas. 
CPC de 1973: livre convencimento motivado = "Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, 
atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas 
deverá indicar, na sentença, os motivos que Ihe formaram o convencimento". Aqui que mora a 
subjetividade das provas. Também estava previsto no capítulo que trata dos poderes do juiz. 
CPC de 2015: manteve o livre convencimento motivado = "Art. 371. O juiz apreciará a prova constante 
dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da 
formação de seu convencimento". De novo, foi transportado do capítulo referente aos poderes do 
juiz, para o capítulo das provas. 
Art. 489 prevê os elementos essenciais da sentença (relatório, fundamentação e dispositivo). O §1º 
prevê: "Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou 
acórdão, que: IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, 
infirmar a conclusão adotada pelo julgador". Aqui reside o conceito subjetivo do juiz, e o obriga a 
enfrentar todos os argumentos. 
Dois princípios: inquisitivo e livre convencimento motivado (e o art. 489 para garantir àqueles). A 
instrumentalização desses princípios pode ser estática ou dinâmica. 
Art. 333 no CPC de 1973 e o art. 372 no CPC de 2015 fala do ônus da prova, que, em geral, recai a 
quem o alega (estática). Regra geral que comporta exceções em função da impossibilidade ou falta de 
acesso à prova. É o caso das inversões do ônus da prova (dinâmica), como nas relações consumeristas. 
Contudo, nem sempre a hipossuficiência gera essa inversão, ou melhor, gera uma reinversão, pois a 
prova poderia estar a disposição da parte mas não a contraparte. 
Distribuição estática das provas: o ônus da prova cabe a quem alega. 
Distribuição dinâmica das provas: o ônus cabe a quem pode provar. 
Como a teoria das provas deriva do princípio do contraditório, previsto na Constituição Federal, uma 
prova emprestada só será admitida se ela for submetida ao contraditório. 
Prova é demonstração cabal de fato pretérito na sua inteireza enquanto tempo, meio e modo. 
Contudo isso é ficção, essa prova não existe. Por isso Carnelutti fala em prova direta e indireta. Todo 
documento prova diretamente algo e indiretamente sugere outras coisas. Essa relatividade está numa 
fase intermediária das provas: o começo de prova, que precisam ser combinados com outros começos 
de provas. 
"Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, é admissível a prova testemunhal 
quando houver começo de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se pretende produzir a 
prova". 
Prova direta: prova 
Prova indireta: começo de prova 
Abaixo disso: indício probatório 
Uma delação premiada é indício probatório e não prova, pois a parte tem interessa na causa, assim, 
suas alegações servem apenas para si mesmo. 
Regras de interpretação: art. 375. "O juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas 
pela observação do que ordinariamente acontece e, ainda, as regras de experiência técnica, 
ressalvado, quanto a estas, o exame pericial". Mas o que é uma regra de experiência comum? 
Teoria do domínio do fato = de Roxin, surgiu no mensalão, e parte da premissa que a partir de um 
determinado escalão é impossível que não se saiba o que está sendo feito, pois seria na alçada 
exclusiva do agente. Assim, seria impossível o chefe do gabinete civil, que articula o executivo junto 
ao legislativo não soubesse do mensalão. 
As regras de experiência comum são subministradas por aquilo que ordinariamente acontece. Regras 
de análise probatória = sistema de presunções. Em que pese a busca pela verdade real, a 
processualística civil se conforma com presunções = verdades formais. Revelia é presunção de que os 
fatos são verdadeiros, ou seja, o ônus probatório é invertido. 
Elementos de interpretação da prova: presunções. Mas não abrange o reconhecimento do pedido, 
que se difere da confissão, pois retira do juiz a possibilidade de julgar. 
Existem três meios de provas: documental, pericial e oral. 
 
No CPC de 1973, o art. 273 falava da tutela antecipada e o §6º trazia a tutela de evidência. "§ 6º A 
tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou 
parcela deles, mostrar-se incontroverso". Contudo, como essa tutela era deferida em decisão 
interlocutória, não criava título executivo, e a parte não podia executar. Criaram um dispositivo com 
letra morta, pois positivou a tutela de evidência, mas não criou uma forma de executá-la. 
No CPC de 2015, o parágrafo único do art. 297 trouxe essa possibilidade de execução: "A efetivação 
da tutela provisória observará as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que 
couber". Mas porque executar provisoriamente se a parcela é incontroversa? Esse dispositivo não tem 
ancestral no antigo CPC, por isso deveria ser autônomo. Já o caput tem uma correspondência do poder 
geral de cautela: "Art. 798. Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código regula 
no Capítulo II deste Livro, poderá o juiz determinar as medidas provisórias que julgar adequadas, 
quando houver fundado receio de que uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da 
outralesão grave e de difícil reparação". 
CPC de 2015, o art. 298 "Na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar a tutela provisória, o 
juiz motivará seu convencimento de modo claro e preciso", tem ligação com o art. 11 (princípios) 
"Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as 
decisões, sob pena de nulidade". Pois em que pese o art. 11 prever que todas as decisões devem ser 
fundamentas, alguns magistrados não aplicavam isso às tutelas. Portanto, o art. 298 veio reforçar essa 
necessidade de fundamentação. 
A regra de competência das tutelas está no art. 299. "A tutela provisória será requerida ao juízo da 
causa e, quando antecedente, ao juízo competente para conhecer do pedido principal". Esse 
dispositivo trata de REFEREBILIDADE (exemplo: gestante e o feto, o cordão umbilical é a referebilidade 
que os liga, apesar de serem coisas diferentes e receberem tratamentos diferentes do ordenamento). 
Existem três espécies de competência: em razão do valor (serve apenas para o juizado especial, pois 
com o fim do procedimento ordinário e sumário, ela se esvaziou), em razão da matéria (ordem pública 
- insanável), e em razão da pessoa (ordem pública - insanável), em razão do território (absolutamente 
disponível / prorrogável - ou seja, as partes podem inclusive escolher o local). Desta forma, quando se 
propõe uma tutela antecedente, o ideal é que se explique a referebilidade, pois como o pedido 
principal não fora ajuizado ainda, o juiz precisa entender porque ele será competente para aquele 
caso. 
Art. 299. "Parágrafo único. Ressalvada disposição especial [regimento interno de tribunal superior, 
pois o regimento do STF tem natureza jurídica de lei complementar à constituição e do STJ de lei 
ordinária - Buzaid que criou isso], na ação de competência originária de tribunal e nos recursos a tutela 
provisória será requerida ao órgão jurisdicional competente para apreciar o mérito". 
Exemplo: recurso especial (STJ) e extraordinário (STF) perdem o efeito suspensivo, dessa forma, 
poderá ser interposto um pedido de tutela antecedente incidental para recuperar esse efeito 
suspensivo, contudo, autônoma. 
Como ambos os recursos são recursos bifásicos, de gênero extraordinário que tem um requisito a 
mais: o dissídio. E tem um exame de admissibilidade no TJ e depois no órgão superior. Assim, antes 
da admissibilidade, a competência para analisar essa tutela antecedente incidental será do tribunal a 
quo, e depois da admissibilidade, surge a competência do tribunal ad quem. 
PALAVRAS CHAVES PARA ENTENDER OS DISPOSITIVOS 
LIVRO V 
DA TUTELA PROVISÓRIA 
 TÍTULO I 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
Art. 294. Tutela de urgência ou evidência. Processo. 
Parágrafo único. Antecedente ou incidental. Procedimento. 
Art. 295. Custas. Raciocínio simétrico. 
Art. 296. Pendência. Tutela não faz coisa julgada. 
Parágrafo único. Suspensão do processo. Buraco negro. 
Art. 297. Poder geral de cautela. Provas. 
Parágrafo único. Cumprimento provisório de sentença. 
Art. 298. Fundamentação da decisão. 
Art. 299. Competência das tutelas. Referebilidade. 
Parágrafo único. Regimento interno de Tribunal Superior. 
 
TÍTULO II 
DA TUTELA DE URGÊNCIA 
 CAPÍTULO I 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
Art. 300. "A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a 
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo". Assim, o 
periculum in mora e o fumus boni iuris, em regra, são condições específicas da tutela de urgência, 
mas não são fixos e monolíticos, ou seja, existem circunstâncias em que é possível fazer a modulação 
do fumus boni iuris quando houver excesso de periculum in mora. Ex.: cirurgia para colocação de um 
marca-passo, pois há risco de dano reverso. Link com o § 3º: "§ 3o A tutela de urgência de natureza 
antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão". 
Nas palavras do professor, deve-se avaliar, também, se a não concessão da tutela implicar também 
em irreversibilidade - DANO REVERSO. O que determina isso é o periculum in mora. Ancestral no CPC 
de 1973: art. 297, § 2º "Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de 
irreversibilidade do provimento antecipado". 
 
Contudo, diferente desse §3, os §§ 1 e 2 estão dissociados do caput, e retratam a TUTELA INAUDITA 
ALTERA PARTE, ou seja, a possibilidade de se dar uma tutela sem a oitiva da contraparte. 
O § 1º trata da possibilidade de caução: "Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme 
o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a 
sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder 
oferecê-la", e o § 2º fala da justificação prévia: "A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente 
ou após justificação prévia". 
Esses dispositivos esbarram nas cargas de eficácia, que sempre têm uma característica executiva lato 
senso ou mandamental, portanto o verbo sempre será ordenar, determinar, entre outros. 
A Constituição Federal, em seu art. 5, inciso LIV prevê que "ninguém será privado da liberdade ou de 
seus bens sem o devido processo legal" (due process of law). Desta forma, indaga-se se a tutela 
inaudita altera parte seria inconstitucional, já que vai atingir bens sem contraditório e ampla defesa, 
princípios que devem ser lidos em conjunto com o devido processo legal? 
A lógica da execução (força) se aplica a toda a tutela (pois o verbo é o mesmo): imposição de um 
direito, pois já foi analisado o poder geral de cautela, portanto é constitucional pois deferida ante a 
prova apresentada. Importante frisar, também, que isso não implica numa nova dimensão do poder 
geral de cautela, que contém uma dimensão material, mas sim uma nova dimensão processual. 
O caução e justificação prévia são elementos de convencimento do magistrado: probatório 
(justificação previa) e econômico (caução). 
O art. 301 assim como aquele §1 do art. 300 (caução real ou fidejussória idônea), traz algumas 
cautelares inominadas do antigo CPC, que agora só tem previsão residual jurisprudencial, pois não 
tem estão mais no CPC. "Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada 
mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e 
qualquer outra medida idônea para asseguração do direito". 
Todas essas medidas são medidas cautelares assecuratórias de crédito. Através do Decreto-Lei 
911/69, é possível perceber que o principal esforço à época era recuperação de crédito, e pior: 
poderiam recair em prisão de devedor, ou seja, permitiam a prisão civil. Contexto histórico: governo 
militar. 
Decreto-Lei 911/69: "Art. 3º O proprietário fiduciário ou credor [banco] poderá, desde que 
comprovada a mora, na forma estabelecida pelo § 2o do art. 2o, ou o inadimplemento, requerer 
contra o devedor ou terceiro a busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente, a qual será 
concedida liminarmente, podendo ser apreciada em plantão judiciário". 
Processo do banco contra devedor começava com busca e apreensão. E prossegue: "Art. 4º Se o bem 
alienado fiduciariamente não for encontrado ou não se achar na posse do devedor, o credor poderá 
requerer a conversão do pedido de busca e apreensão, nos mesmos autos, em ação de depósito, na 
forma prevista no Capítulo II, do Título I, do Livro IV, do Código de Processo Civil". 
A ação de depósito permitia a prisão civil. Era assim que o governo militar prendia quem não pagasse 
dívidas aos bancos [esse art. 4º foi alterado em 2014]. 
Todas as assegurações de crédito eram voltadas a transformar o devedor em depositárioinfiel, para 
que fosse possível prendê-lo. 
O CPC de 1973 previa a forma com que essa busca e apreensão ocorreria: 
"Art. 842. O mandado será cumprido por dois oficiais de justiça, um dos quais o lerá ao morador, 
intimando-o a abrir as portas. § 1o Não atendidos, os oficiais de justiça arrombarão as portas externas, 
bem como as internas e quaisquer móveis onde presumam que esteja oculta a pessoa ou a coisa 
procurada". 
Ou seja, além de do poder de arrombar portas a fim de encontrar a coisa (medida autoritária), ainda 
existia a possibilidade de prisão civil, caso a coisa não fosse encontrada. 
As tutelas de urgência do CPC de 1973 eram, portanto, voltadas para recuperação de crédito. 
No atual CPC “Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante 
arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer 
outra medida idônea para asseguração do direito”. 
Não existem mais cautelares inominadas, por isso não faz sentido mencionar arresto, sequestro, 
arrolamento de bens e registro de protesto contra alienação de bem. 
No CPC de 1973, o art. 813 disciplinava o arresto, que pode caber sempre para qualquer título. 
Art. 813. O arresto tem lugar: 
I - quando o devedor sem domicílio certo intenta ausentar-se ou alienar os 
bens que possui, ou deixa de pagar a obrigação no prazo estipulado; 
II - quando o devedor, que tem domicílio: 
a) se ausenta ou tenta ausentar-se furtivamente; 
b) caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens que possui; contrai ou 
tenta contrair dívidas extraordinárias; põe ou tenta pôr os seus bens em 
nome de terceiros; ou comete outro qualquer artifício fraudulento, a fim de 
frustrar a execução ou lesar credores; 
III - quando o devedor, que possui bens de raiz, intenta aliená-los, hipotecá-
los ou dá-los em anticrese, sem ficar com algum ou alguns, livres e 
desembargados, equivalentes às dívidas; 
IV - nos demais casos expressos em lei. 
E continua o art. 814 do CPC de 1973: 
Art. 814. Para a concessão do arresto é essencial: 
I - prova literal da dívida líquida e certa; 
II - prova documental ou justificação de algum dos casos mencionados no 
artigo antecedente. 
Parágrafo único. Equipara-se à prova literal da dívida líquida e certa, para 
efeito de concessão de arresto, a sentença, líquida ou ilíquida, pendente de 
recurso, condenando o devedor ao pagamento de dinheiro ou de prestação 
que em dinheiro possa converter-se. 
No inciso I podemos ver que sequer é necessário que a dívida seja exigível, bastante ser líquida e certa. 
Ainda, o paragrafo único permite que seja realizado arresto mesmo pendente recurso. Arresto é 
procedimento cautelar, e não execução, então não caracteriza execução provisória. 
Na sequência, o art. 815 do CPC de 1973 prevê que “A justificação prévia, quando ao juiz parecer 
indispensável, far-se-á em segredo e de plano, reduzindo-se a termo o depoimento das testemunhas”. 
Justificação prévia é a oitiva pelo juiz do autor da tutela. 
Ainda, o CPC de 1973, no art. 816, também previa hipótese de concessão do arresto sem essa 
justificação quando: “O juiz concederá o arresto independentemente de justificação prévia: I - quando 
for requerido pela União, Estado ou Município, nos casos previstos em lei; II - se o credor prestar 
caução (art. 804)”. Único devedor que poderá prestar caução sem sofrer prejuízos é banco. 
Mais a frente, o art. 821 do CPC de 1973, prevê que “Art. 821. Aplicam-se ao arresto as disposições 
referentes à penhora, não alteradas na presente Seção”. Ou seja, se o bem é alienado, o devedor é 
considerado como depositário infiel. 
Arresto serve para crédito. Dinheiro. Portanto, recai sobre tantos bens quanto bastarem. Referível a 
dinheiro. Execução por quantia certa contra devedor solvente. 
Sequestro é asseguração em ação de reivindicação – já não é mais necessariamente crédito; ou seja, 
é para ação reivindicatória. Coisa específica. Assim, recai sobre o bem específico. Referível a ações 
reivindicatórias. 
O procedimento de ambos é igual, e ambos podem recair em penhora, pois assim, possibilitam a 
prisão, através do depositário infiel. 
Essas tutelas eram assim para que não permitissem uma margem ao juiz. 
O arrolamento de bens não serve apenas para credores, pois o art. 856 do CPC antigo menciona que 
pode requerer qualquer um que tiver interesse na conservação dos bens. E funciona muito para 
questões societárias, pois os sócios não são credores e devedores uns dos outros, mas tem interesse 
na conservação dos bens. Também serve para o sociedade matrimonial, entre outros. 
Art. 856. Pode requerer o arrolamento todo aquele que tem interesse na 
conservação dos bens. 
§ 1o O interesse do requerente pode resultar de direito já constituído ou que 
deva ser declarado em ação própria. 
§ 2o Aos credores só é permitido requerer arrolamento nos casos em que 
tenha lugar a arrecadação de herança. 
O protesto serve para notificar o devedor que ele está mora. Forma de notificação oficial. Serve, por 
exemplo, quando a obrigação não tem data. Ou quando o contrato estiver tacitamente inovado (deve 
pagar aluguel sempre dia 5, mas sempre pagou dia 10 sem multa), o credor poderá voltar a cobrar dia 
5, ou depois com multa, caso notifique de que não tolerará mais atrasos. O protesto serve então para 
constituir em mora ou retornar o contrato ao estado anterior quando tiver sido inovado tacitamente. 
Contudo, o CPC atual fala em protesto contra alienação de bem, que é uma modalidade específica do 
protesto previsto no CPC de 1973, presento no paragrafo único do art. 870: 
Parágrafo único. Quando se tratar de protesto contra a alienação de bens, 
pode o juiz ouvir, em 3 (três) dias, aquele contra quem foi dirigido, desde 
que Ihe pareça haver no pedido ato emulativo, tentativa de extorsão, ou 
qualquer outro fim ilícito, decidindo em seguida sobre o pedido de 
publicação de editais. 
Essa notificação era meramente premonitória, sendo uma forma de criar no registro do bem uma 
observação de que o bem está protestado. Não tem efeito de ônus real, mas com essa averbação fica 
realmente difícil alienar. Os autos desse protesto, depois de traslado, será entregue ao requerente. 
Os autos do protesto contra alienação de bem é entregue à parte. Intenção de viabilizar crédito. 
No CPC de 2015, o art. 302 prevê que “Independentemente da reparação por dano processual, a parte 
responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa [...]”. O dano 
processual, refere-se à litigância de má-fé, ou seja, ato atentatório contra a dignidade da justiça. E o 
artigo traz quatro incisos, com hipóteses em que essa responsabilização será efetivada: “I - a sentença 
lhe for desfavorável”: sentença na ação principal. “II - obtida liminarmente a tutela em caráter 
antecedente, não fornecer os meios necessários para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) 
dias”: isso evita que o autor tente efetivar a tutela sem o conhecimento da contraparte. “III - ocorrer 
a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal”: cassação em agravo, por exemplo. “IV 
- o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor”: é uma decisão com 
resolução de mérito. A caução do § 1º do art. 300 serve para efetivar essa responsabilidade civil 
prevista no art. 302. 
As medidas cautelares assecuratórias de créditos, referidas no art. 301, são formas inominadas de 
cautelares já revogadas, que visam tutelar crédito, mas também tutelar o próprio magistrado que 
fica sem outra alternativa a não ser deferir a asseguração. São medidas que obrigam o juiz a conceder 
a tutela. Contudo, para os bancos tudo é contabilidade, portanto, caução é uma mera operação 
contábil. 
Caução é demonstraçãode solvabilidade do credor, para eventuais prejuízos que causar ao réu na 
ação. Garantia de concessão de tutela. Demonstrando que o judiciário está voltado para quem ter 
poder econômico. 
Ex.: art. 53, § 4º da Lei 9.099 diz que “Não encontrado o devedor ou inexistindo bens penhoráveis, o 
processo será imediatamente extinto, devolvendo-se os documentos ao autor”, demonstrando que, 
de fato, o judiciário não se incomoda com pequenas causas. 
 
CAPÍTULO II 
DO PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE 
Crítica a uma inversão didática de Didier, pois no art. 294, parágrafo único refere-se a tutela cautelar 
e depois antecipada, mas aqui inverte e fala da antecipada antes da cautelar. 
O art. 303 e 304 formam um binômio importado, inovações no Brasil. 
A petição inicial dessa tutela antecipada em caráter antecedente vai requer apenas a tutela, pois é 
antecedente, ou seja, antecede o processo principal. Por ser uma petição inicial, tem que indicar 
também valor da causa, etc. E além dos capítulos para explicar o fomus boni iuris e o periculum in 
mora, o autor deve explicar a REFEREBILIDADE (exposição da lide). Esses requisitos estão no art. 303 
do CPC. 
A irreversibilidade não é motivo para não concessão, pois muitas vezes a não concessão gera um dano 
reverso. 
Depois de 2002, com a reforma da reforma, ninguém mais requeria tutelas autônomas, pois o § 7º 
inserido no art. 273 passou a permitir o requerimento no processo principal (incidentalmente). 
Portanto, esses dispositivos é uma forma de ressuscitar esse processo autônomo que estava morte 
desde 2002. 
“Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial 
pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a 
exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do 
processo.” A palavra que salva esse dispositivo, é o “pode”, pois dá uma faculdade à parte, que optar 
por requer o pedido incidentalmente. 
Mas esse art. 303 também é a introdução de um novo procedimento, previsto no art. 304. Ou sejam, 
eles formam um binômio: “Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se 
estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso” (o recurso devido é 
agravo de instrumento). Estabilização da medida é uma forma de preclusão. 
Existem quatro tipos de preclusão: consumativa (perde direito de exercer um direito por já o ter 
realizado), temporal (perder o prazo), lógica e máxima (coisa julgada). 
“§ 1o No caso previsto no caput, o processo será extinto”. Sem referir se é com ou sem resolução de 
mérito. 
“§ 2o Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a 
tutela antecipada estabilizada nos termos do caput”. O nome desse art. 304 é estabilização da 
medida, ou do francês référé. Serve para medidas satisfativas que esgotam a pretensão, pois para o 
autor, já terá satisfeito sua pretensão. Ou seja, satisfativa na integralidade. Porque não faz sentido, se 
a ação é integralmente satisfativa, o autor ter que aditar a ação para pleitear algo que já conseguiu na 
tutela. Assim, o réu na tutela, caso se sinta prejudicado, poderá ajuizar uma ação para cobrar os 
prejuízos que sofrer com a satisfação da tutela do autor. 
“§ 3o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada por 
decisão de mérito proferida na ação de que trata o § 2o”. O grande problema desse dispositivo é que 
no Brasil, todo mundo sempre recorre, portanto, é lei morta. Eficácia semelhante à de coisa julgada. 
“§ 5o O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 2o deste artigo, 
extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos 
do § 1o”. Esse artigo acaba com o prazo prescricional previsto no Código Civil para requerer 
indenização e se assemelha com o prazo prescricional para ajuizamento da ação rescisória. 
O que é estabilização da medida (possível pergunta de prova)? É o fenômeno processual previsto 
no art. 304 do CPC, no qual, o provimento efetivo se estabiliza, sem, no entanto, fazer coisa julgada, 
mas tendo um prazo decadencial de 2 anos, para que ele possa ser revisto. 
“§ 6o A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos 
só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma 
das partes, nos termos do § 2o deste artigo”. Ou seja, a concessão dessa tutela não faz coisa julgada, 
apenas a estabiliza, que é um meio caminho da coisa julgada. 
 
CAPÍTULO III 
DO PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR REQUERIDA EM CARÁTER ANTECEDENTE 
A cautelar consegue ser pior. Também está contaminada com autonomia. O art. 305 traz os moldes 
da petição inicial dessa tutela. Mas o que salva esse sistema, é o § 1º do art. 308: “O pedido principal 
pode ser formulado conjuntamente com o pedido de tutela cautelar”. O sistema é semelhante ao 
anterior, contudo, aqui o autor da tutela é obrigado a aditar o pedido principal (art. 309), pois a 
cautelar não está dentro da sentença de mérito, apenas a orbita, por isso depende da sentença de 
mérito. 
A diferença é que, como se trata de medida cautelar, o réu será citado para contestar em 5 dias o 
pedido de tutela (art. 306). Essa mesma norma era prevista no CPC de 73, no art. 802, que tratava das 
tutelas cautelares, aquelas que haviam sido mortas com a reforma da reforma de 2002. Ou seja, 
depois de 13 anos mortos, o processo cautelar foi ressuscitado, mas num mesmo eixo cognitivo, 
exigindo um aditamento. 
Art. 305, parágrafo único: “Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza 
antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303”: cuidado quando for tutela cautelar em ação 
declaratória constitutiva, pois o juiz pode entender como antecipação, quando na verdade, pode ser 
cautelar, pois a cautelar é um primeiro passo da tutela antecipada. É um risco que se corre ao ingressar 
com essa tutela antecipada. 
 
Em que pese essas novidades de tutelas antecipadas e cautelares antecedentes (contaminadas com 
autonomia), na prática forense, os operadores do direito acabam sempre requerendo de forma 
incidental. No entanto, mesmo incidentalmente, as tutelas podem continuam com autonomia, ou 
seja, autonomia não é própria das tutelas antecedentes. 
 
TÍTULO III 
DA TUTELA DA EVIDÊNCIA 
A tutela de evidência será sempre antecipatória. Ela já estava no CPC de 1973, art. 273, no seu §6 
previa que “§ 6o A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos 
cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso”. E agora está no art. 311. 
A tutela de evidência prescinde do periculum in mora, e deferida, poderá ser executada 
provisoriamente, conforme art. 297, parágrafo único. “A efetivação da tutela provisória observará as 
normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que couber. Abuso de direito de defesa 
é pleitear contra súmula. 
Contudo, uma das inovações do CPC de 2015 foi o julgamento parcial da lide (art. 356 do CPC "O juiz 
decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou parcela deles: I - 
mostrar-se incontroverso"), que terá uma execução definitiva (art. 356. "§ 4o A liquidação e o 
cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito poderão ser processados em autos 
suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz"), ou seja, conceder a parte incontroversa 
em tutela de evidência, será executado provisoriamente (art. 297, parágrafo único), enquanto a 
concessão em julgamentoparcial e antecipado da lide, terá caráter de execução definitiva. 
 
TUTELAS DIFERENCIADAS 
PROCEDIMENTOS ACESSÓRIOS 
Existem formas de ressuscitar os antigos procedimentos acessórios do CPC de 1939 (no Livro V), ou 
repetir tutelas em procedimentos especiais. Ou seja, tutelas que podem integrar o processo de 
conhecimento ou estar em procedimentos especiais autônomos. 
Esses procedimentos acessórios eram a caução, a justificação, produção antecipada de prova, e 
exibição. Temos um meio de asseguração de prova para cada espécie de prova que existe. 
O art. 381 do atual Código, dispõe sobre a produção antecipada de prova (que visa preservar a higidez 
da prova), e no seu § 5º dispõe "Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que pretender justificar a 
existência de algum fato ou relação jurídica para simples documento e sem caráter contencioso, que 
exporá, em petição circunstanciada, a sua intenção". 
Nesse sentido, a justificação foi inserida pelo Didier como meio de produção de prova oral. A exibição 
de documento ou coisa é a forma de produção de prova documental. E, por fim, para a prova pericial 
o CPC prevê a produção antecipada de prova. Já a caução como procedimento acessório, serve para 
demonstrar solvabilidade. 
Produção antecipada de prova prova pericial 
Justificação prova oral 
Exibição de documentos prova documental 
Caução demonstração de solvabilidade 
Na exibição de documento ou coisa, se a parte que deveria não exibe o documento, podendo fazê-lo, 
serão presumidos como verdadeiros os fatos alegados. Ou seja, há uma inversão do ônus da prova. 
Art. 400. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por 
meio do documento ou da coisa, a parte pretendia provar se: 
I - o requerido não efetuar a exibição nem fizer nenhuma declaração no prazo do 
art. 398; 
II - a recusa for havida por ilegítima. 
Portanto, esses procedimentos são acessórios, não são propriamente cautelares, mas sim 
ajudas/reforços com uma característica de tutela. 
 
Questão: prejudiciais (formas de extinção com resolução de mérito), preliminares (defesas 
processuais diretas que podem extinguir o processo sem resolução de mérito), prévias (suspendem o 
andamento do processo sem comprometer a existência dele até sua resolução). 
 
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS 
Os procedimentos especiais estão no Livro I (processo de conhecimento), Título III (procedimentos 
especiais). Todas as tutelas em todos os procedimentos especiais se traduzem como tutelas referíveis, 
ou vinculadas ao mérito (cautelares ou antecipadas). 
Crítica do professor em relação a existência de procedimentos especiais no Código de Processo Civil. 
Toda a teoria geral das tutelas estudada até aqui, incide também nesses procedimentos especiais, 
portanto, o importante agora, é apenas destacar onde estas tutelas podem ser visualizadas nesses 
procedimentos. 
Exemplos de procedimentos especiais (ações possessórias) que contém tutelas: 
Manutenção e Reintegração de Posse: Art. 562. "Estando a petição inicial devidamente instruída, o 
juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, 
caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para 
comparecer à audiência que for designada". 
Interdito Proibitório: Art. 567. "O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser 
molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante 
mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o 
preceito". 
Nesses casos de ações possessórias, professor alega que poderiam deixar de existir, passando a ser 
meramente ações mandamental/executiva lato senso com um pedido de tutela. E ela se exauriria por 
si só, sem necessidade de um procedimento especial. 
 
TEORIA GERAL DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS 
Segundo o professor Eduardo de Mello e Souza 
Como são ações oitocentistas, a primeira característica identificadora é a accio duplex, não admitindo 
reconvenção, pois como se restringe a um único direito material, a simples contestação, já implica 
numa ação própria, por isso não é angular. Repete no processo o sinalagma do direito material. Ex.: 
ação de esbulho possessório que sendo improvida, dá ao réu da ação uma declaração de posse. 
Nas ações comuns, caso o réu tenha alguma pretensão, ela deve ser deduzida na contestação como 
reconvenção, ela não deriva pura e simplesmente do direito de defesa exercido (contestação). 
Ex.: a improcedência de uma ação declaratória de inconstitucionalidade, declara que àquela norma é 
constitucional, mesmo que não haja nenhum pedido nesse sentido. 
A segunda característica identificadora é a incompatibilidade procedimental com o procedimento 
comum. Ex.: inventário não obedece ao modelo de inicial, contestação, instrução, sentença. O 
inventário é uma universalidade de bens, ou seja, faz-se levantamento de bens, dívidas, quitação 
destas, e partilha daqueles. 
Essa incompatibilidade pode ser visualizada no art. 612 do CPC "O juiz decidirá todas as questões de 
direito desde que os fatos relevantes estejam provados por documento, só remetendo para as vias 
ordinárias as questões que dependerem de outras provas". 
O procedimento de consignação em pagamento é a ação que o devedor propõe contra o credor 
quando este se nega a receber o pagamento da dívida e dar a quitação àquele. Então o devedor requer 
a quitação em juízo, comprovando a tentativa de pagamento inexitosa. Se a ação for julgada 
improcedente, a sentença vale como título executivo para o réu do processo, que era o credor. 
Art. 545, § 2o "A sentença que concluir pela insuficiência do depósito [indeferimento do pedido de 
quitação do autor] determinará, sempre que possível, o montante devido e valerá como título 
executivo [para o réu que é o credor], facultado ao credor promover-lhe o cumprimento nos mesmos 
autos, após liquidação, se necessária". 
Na ação monitória, o art. 701 dispõe: "Sendo evidente o direito do autor [tutela de evidência], o juiz 
deferirá a expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação 
de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o 
pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à causa". 
Contudo, caso o réu embargue (art. 702), que é basicamente o mesmo que contestar no procedimento 
comum, ficará suspensa a eficácia da decisão do art. 701, mesmo que não haja agravo de instrumento 
do réu. A tutela de evidência poderia ser executada provisoriamente no rito comum (art. 297, p.u.), 
contudo, aqui, poderá ficar suspenso. 
Art. 702. Independentemente de prévia segurança do juízo, o réu poderá opor, nos 
próprios autos, no prazo previsto no art. 701, embargos à ação monitória. 
§ 1o Os embargos podem se fundar em matéria passível de alegação como defesa 
no procedimento comum. 
§ 4o A oposição dos embargos suspende a eficácia da decisão referida no caput do 
art. 701 até o julgamento em primeiro grau. 
Entretanto, se os embargos forem rejeitados (procedência da ação), constitui-se título executivo 
judicial, e por ser sentença de mérito, caberá apelação, com efeito devolutivo e suspensivo. Ou seja, 
§ 8o Rejeitados os embargos, constituir-se-á de pleno direito o título executivo 
judicial, prosseguindo-se o processo em observância ao disposto no Título II do Livro 
I da Parte Especial, no que for cabível. 
Ou seja, aquela tutela que a princípio foi reconhecida como de evidência, não poderá ser executada 
sequer provisoriamente. 
Portanto, é um típico procedimento que não precisava existir pois conseguiria se adequar ao 
procedimento comum. 
 
Pareiem 1h da aula do dia 25/05/2016. Faltou meia hora de aula.

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