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Prof. Dr. Helton José Wiggers Helton.unioeste@gmail.com 1 Reações dos AlcenosReações dos Alcenos 2 Conteúdos Adição de haletos de hidrogênio Regiosseletividade de reações de adição eletrofílica Adição de água e adição de alcoóis Rearranjo de carbocátions Adição de halogênios Oximercuração-redução e alcoximeruração-redução Adição de borano: hidroboração-oxidação Adição de radicais. Estabilidade relativa de radicais Adição de hidrogênio. Estabilidade relativa de alcenos Catálise heterogênea Epoxidação de alcenos Formação de glicóis Ozonólise de alcenos Análise de alcenos Introdução 3 Existem milhões de compostos orgânicos, de modo que não é viável memorizar como cada substância orgânica reage separadamente. Todos os membros de uma mesma função química reagem de maneira semelhante. Considere a reação de adição eletrofílica em alcenos. O comportamento da dupla ligação é o mesmo em uma molécula simples como o eteno, ou em uma molécula complicada como o colesterol. Como os alcenos reagem? eteno etileno colesterol 4 A primeira etapa da reação tem uma adição relativamente lenta do próton eletrofílico ao alceno nucleofílico para formar o carbocátion intermediário. Na segunda etapa, o carbocátion intermediário está carregado positivamente (um eletrófilo) e reage rapidamente com o íon brometo carregado negativamente (um nucleófilo). Como os alcenos reagem? lento rápido carbocátion intermediário Introdução 5 Iremos considerar uma grande quantidade de reações de alcenos. E alguns casos serão formados carbocátions intermediários, algumas formam outros tipos de intermediários e outras não formam intermediário algum. Porém, em todos os casos haverá uma similaridade a ser considerada: a disponibilidade relativa dos elétrons contidos na ligação dupla carbono- carbono que são atraídos por um eletrófilo. A reação se inicia com a adição de um eletrófilo a um dos carbono sp2 do alceno e conclui com a adição de um nucleófilo ao outro carbono sp2. Como os alcenos reagem? a ligação dupla é composta por uma ligação e outra eletrófilo nucleófilo a ligação se quebra e novas ligações se formam Introdução Adição de haletos de hidrogênio 6 Se o reagente eletrofílico que se adiciona a um alceno for um haleto de hidrogênio (HF, HCl, HBr ou HI), o produto de reação será um haleto de alquila. eteno cloreto de etila 2,3-dimetil-2-buteno 2-bromo- 2,3-dimetilbutano ciclo-hexeno iodo-ciclo-hexano 2-metilpropeno cloreto de terc-butila cloreto de isobutila ou 7 A adição de HCl ao 2-metilpropeno fornece cloreto de terc-butila ou cloreto de isobutila? cátion terc-butila cátion isobutila cloreto de terc-butila único produto formado cloreto de isobutila não se forma Adição de haletos de hidrogênio cátion terc-butila cátion isobutila diferença na estabilidade dos estados de transição diferença na estabilidade dos carbocátions Progresso de reação En er gi a l ivr e 8 cátion terc-butila cátion isobutila cloreto de terc-butila único produto formado cloreto de isobutila não se forma Adição de haletos de hidrogênio Regiosseletividade das reações de adição eletrofílica 9 Quando um alceno com substituintes diferentes em seus carbonos sp2 sofre uma reação de adição eletrofílica, o produto majoritário da reação é obtido pela adição de um eletrófilo no carbono sp2, que resultará na formação do carbocátion mais estável. carbocátion secundário carbocátion primário 2-cloropropano 10 2-metil-2-buteno 2-iodo-2-metilbutano produto majoritário 2-iodo-3-metilbutano produto minoritário 1-bromo-1-metil- ciclo-hexano produto majoritário 1-bromo-2-metil- ciclo-hexano produto minoritário 1-metilciclo-hexeno Reações em que dois ou mais isômeros constitucionais podem ser obtidos como produtos, em que um deles predomina, são chamadas de reações regiosseletivas. Regiosseletividade das reações de adição eletrofílica 11 Existem graus de regiosseletividade: uma reação pode ser moderadamente regiosseletiva, altamente regiosseletiva ou completamente regiosseletiva. A adição de HCl ao 2-metilpropeno possui maior grau de regiosseletidade que a adição de HCl ao 2-metil-2-buteno. 2-metil-2-buteno 2-cloro-2-metilbutano produto majoritário 2-cloro-3-metilbutano produto minoritário único produto formado não se forma 2-metil-propeno cloreto de terc-butila cloreto de isobutila Regiosseletividade das reações de adição eletrofílica 12 Observe que a adição de HBr ao 2-penteno não é regiosseletiva. A adição de um próton tanto em um carbono sp2 quanto em outro produzem carbocátions secundários. Ambos têm a mesma estabilidade, assim serão formados com a mesma facilidade. Ou seja, serão obtidas quantidade aproximadamente iguais dos dois haletos de alquila. 2-penteno 2-bromopentano 3-bromopentano Regiosseletividade das reações de adição eletrofílica 13 “Quando um haleto de hidrogênio se adiciona a um alceno assimétrico, a adição ocorre de modo que o halogênio se ligue ao átomo de carbono da dupla ligação do alceno que contenha o menor número de hidrogênios”. Como o H+ é a primeira espécie a se adicionar a um alceno, muitos químicos reescreveram a regra de Markovnikov do seguinte modo: “O hidrogênio se adiciona ao carbono sp2 que está ligado ao maior número de hidrogênios”. Regra de Markovnikov Vladimir Vasilevich Markovnikov (1837–1904) Regiosseletividade das reações de adição eletrofílica Exercícios 14 1. Qual será o produto majoritário obtido para a adição de HBr a cada uma das seguintes substâncias. a) b) c) d) e) f) Br Br Br Br Br Br 15 2. Qual alceno deve ser usado para sintetizar cada um dos seguintes brometos de alquila? Br Br Br Br a) b) c) d) Exercícios 16 3. Em qual dos seguintes alcenos a adição de HBr é mais altamente regiosseletiva? a) b) ou ou Exercícios Adição de água 17 Quando água é adicionada a um alceno, nenhuma reação ocorre porque não há eletrófilo presente para dar início à reação de adição do nucleófilo ao alceno. não há reação Se um ácido é adicionado a solução, há a hidratação do alceno. 18 As duas primeiras etapas do mecanismo para a adição de água catalisada por ácido a um alceno são essencialmente as mesmas etapas do mecanismo para a adição de haleto de hidrogênio a um alceno. adição do eletrófilo adição do nucleófilo álcool protonado H2O remove um próton, regenerando o catalisador ácido lenta rápida rápida álcool Adição de água 19 Uma substância que aumenta a velocidade da reação e não é consumida por ela é um catalisador. O catalisador não afeta a constante de equilíbrio da reação. Progresso de reação En er gi a l ivr e Adição de água Exercícios 20 4. Dê o produto majoritário obtido na hidratação catalisada por ácido de cada um dos seguintes alcenos: a) b) c) d) OH OH OH OH OH Adição de alcoóis 21 Os alcoóis reagem com alcenos da mesma maneira que a água. O produto da reação é um éter. 2-metóxipropano lenta rápida rápida éter Exercícios 22 5. Escreva os mecanismos das seguintes reações : CH3 C CH2 CH3 H+ CH3 C+ CH3 CH3 CH3OH CH3 C CH3 CH3 O + CH3 H H+ CH3 C CH3 CH3 O CH3 CH3 C CH2 CH3 + CH3OH H+ a) CH3 C CH2 CH3 + H2O H+ b) CH3 C CH2 CH3 H+ CH3 C+ CH3 CH3 H2O CH3 C CH3 CH3 O + H H H+CH3 C CH3 CH3 O H 23 5. Escreva os mecanismos das seguintes reações : CH3 C CH2 CH3 + HCl c) CH3 C CH2 CH3 + HBr d) CH3 C CH2 CH3 HCl CH3 C+ CH3 CH3 Cl- CH3 C CH3CH3 Cl Cl- CH3 C CH2 CH3 Br- CH3 C+ CH3 CH3 Br- CH3 C CH3CH3 Br Br- Exercícios 24 6. Como poderiam ser preparadas as seguintes substâncias usando um alceno como material de partida? a) b) c) O CH3 CH3 O C CH3 CH3 CH3 CH3 CH2 O CH CH3 CH2 CH3 + CH3OH H+ CH3 C CH3 CH2 + CH3OH H+ CH2 CH CH2 CH3 + CH3CH2OH H+ Exercícios Exercícios 25 6. Como poderiam ser preparadas as seguintes substâncias usando um alceno como material de partida? d) CH3 CH CH2 CH3 OH e) OH f) CH3 CH2 CH CH2 CH2 CH3 OH CH2 CH CH2 CH3 + H2O H+ + H2O H+ CH3 CH CH CH2 CH2 CH3 + H2O H+ CH3 CH2 CH CH CH2 CH3 + H2O H+ Exercícios 26 7. Mostre o mecanismo para a reação? CH3 CH CH3 CH2 CH2 OH + CH3 C CH3 CH2 H+ CH3 CH CH3 CH2 CH2 O C CH3 CH3 CH3 CH3 C CH3 CH2 H+ CH3 C+ CH3 CH3 CH3 CH CH3 CH2 CH2 OH CH3 CH CH3 CH2 CH2 O+ C CH3 CH3 CH3 H H+ CH3 CH CH3 CH2 CH2 O C CH3 CH3 CH3 Exercícios Rearranjo de carbocátions 27 Algumas reações de adição eletrofílica fornecem produtos, em princípio, “inesperados”. 2-bromo-3-metilbutano produto minoritário 2-bromo-2-metilbutano produto majoritário 3-metil-1-buteno 2-cloro-3,3- dimetilbutano produto minoritário 2-cloro-2,3- dimetilbutano produto majoritário 3,3-dimetil-1-buteno 28 F.C. Whitmore foi o primeiro a sugerir que o produto “inesperado” era resultado de um rearranjo de carbocátions. Não são todos os carbocátions que sofrem rearranjo. Os carbocátions só rearranjam quando se tornam mais estáveis como resultado do rearranjo. 3-metil-1-buteno carbocátion secundário carbocátion terciário produto minoritário produto majoritário adição ao carbocátion não rearranjado adição ao carbocátion rearranjado deslocamento 1,2 de hidreto Rearranjo 1,2 de hidreto Rearranjo de carbocátions 29 2,2-dimetil-1-buteno carbocátion secundário carbocátion terciário produto minoritário produto majoritário adição ao carbocátion não rearranjado adição ao carbocátion rearranjado deslocamento 1,2 de metila Rearranjo 1,2 de metila Rearranjo de carbocátions 30 Se um rearranjo de carbocátion não levar a um carbocátion mais estável, o rearranjo de carbocátion não ocorrerá. o carbocátion não rearranja 4-metil-1-penteno Rearranjo de carbocátions 31 Os rearranjos de carbocátions também podem ocorrer por expansão de ciclos, outro tipo de deslocamento 1,2. Rearranjos por expansão de ciclos A expansão de ciclos leva a um carbocátion mais estável – o terciário que é mais estável que o secundário, e um ciclo de cinco membros tem tensão angular menor que um ciclo de quatro membros. Rearranjo de carbocátions Exercícios 32 8. Quais dos seguintes carbocátions você esperaria que se rearranjasse? CH2 + C+ CH3 CH+ CH3 CH3 CH2 CH+ CH3 CH3 CH CH+ CH3 CH3 a) b) c) d) e) 33 9. Dê o(s) produto(s) majoritário(s) obtido(s) de uma reação de cada um dos seguintes alcenos com HBr: CH3 CH CH CH2 CH3 a) b) CH2 CH3 CH CH3 CH2 CH CH2 c) CH3 C CH CH3 Br H CH3 CH3 Br CH3 CH CH3 CH2 CH CH3 Br Exercícios 34 9. Dê o(s) produto(s) majoritário(s) obtido(s) de uma reação de cada um dos seguintes alcenos com HBr: d) CH3 e) CH2 CH C CH3 CH3 CH3 f) CH3 CH3 Br CH3 CH C Br CH3 CH3 CH3 CH3 Br CH3 Br Exercícios 35 Estereoquímica da adição pelo mecanismo iônico íon bromônio 1,2-dibromoetanol dibrometo vicinal Adição de halogênios 36 Os halogênios Br2 e Cl2 se adicionam a alcenos. íon bromônio cíclico do eteno íon bromônio cíclico do cis-2-buteno Quando os elétrons do alceno se aproximarem de uma molécula de Cl2 ou Br2, um dos átomos de halogênio aceitará o par de elétrons e liberará os elétrons compartilhados para o outro átomo de halogênio. Desse modo, em uma reação de adição eletrofílica, Br2 se comporta como se fosse Br+ e Br-, e Cl2 se comporta como se fosse Cl+ e Cl-. 37 Mecanismo - estereoquímica Passo 1 Passo 2 Orbitais 38 Os halogênios Br2 e Cl2 se adicionam a alcenos. íon bromônio cíclico do eteno íon bromônio cíclico do cis-2-buteno O íon bromônio cíclico é mais estável do que o carbocátion poderia ser, desde que todos os átomos (exceto o hidrogênio) no íon bromônio tenham octetos completos, ao passo que o átomo de carbono carreado positivamente do carbocátion não tem um octeto completo. mais estável menos estável Adição de halogênios 39 Os halogênios Br2 e Cl2 se adicionam a alcenos. íon bromônio cíclico do eteno íon bromônio cíclico do cis-2-buteno Como não é formado carbocátion quando Br2 ou Cl2 se adiciona a um alceno, não ocorrem rearranjos de carbocátion nessas reações. 2-metilpropeno 2-dicloro-2-metilpropano dicloreto vicinal o esqueleto de carbono não rearranja 3-metil-1-buteno 1,2-dibromo-3-metilbutano dibrometo vicinal Adição de halogênios 40 Os halogênios F2 e I2 não podem ser usados como reagentes de adição eletrofílica. O F2 reagem explosivamente com alcenos, assim a adição de F2 não é uma reação de uso sintético. A adição de I2 a um alceno é uma reação termodinamicamente desfavorável: os diiodetos vicinais são instáveis à temperatura ambiente, se decompondo ao alceno e a I2. Adição de halogênios 41 Adição de halogênios Estereoquímica 42 43 Adição ao ciclohexeno 44 Reações estereoespecíficas 45 Escreva o mecanismo para as reações esteroespecíficas do trans-buteno e cis-buteno com o Bromo (Br2) 46 Quando o substrato é trans o produto é o (2R,3S)-2,3- dibromobutano, um composto meso 47 Quando o substrato é cis o produto é uma mistura racêmica do (2R,3R)-2,3-dibromobutano e (2R,3R)-2,3- dibromobutano 48 Se H2O em vez de CH2Cl2 for usado como solvente, o produto majoritário da reação será uma haloidrina vicinal. bromoidrina produto majoritário cloroidrina produto majoritário produto minoritário produto minoritário propeno 2-metil-2-buteno Adição de halogênios OHX R R Haloidrina 49 Mecanismo para formação de haloidrina A reação é regiosseletiva. lenta rápidarápida estado de transição menos estável estado de transição mais estável Adição de halogênios Qual é o fenômeno eletrônico responsável pela estabilidade? 50 Quando nucleófilos diferentes da água são adicionado ao meio de reação, eles também alteram o produto de reação. Adição de halogênios 51 Esboce um mecanismo que justifique a formação do trans-2- bromociclopentanol e de seu enantiômero quando o ciclopenteno é tratado com uma solução aquosa de bromo Repita o mecanismo para o 1-metilciclopenteno, qual produto majoritário? Adição de borano: hidroboração-oxidação 52 O borano (BH3), uma molécula neutra, é um eletrófilo porque o boro apresenta apenas seis elétrons compartilhados em sua camada de valência. Os alcenos se submetem a reações de adição eletrofílica com boranos que servem como eletrófilo. Quando a reação termina, uma solução aquosade NaOH e H2O2 é adicionada ao meio de reação, resultando em uma álcool. um álcool 53 A hidroboração-oxidação é uma adição anti-Markovnikov. propeno propeno 1-propanol 2-propanol Adição de borano: hidroboração-oxidação 54 alquilborano adição de BH3 adição de HBr estado de transição menos estável estado de transição mais estável estado de transição menos estável estado de transição mais estável A ligação C-B é formada em maior grau que a ligação C-H. Consequentemente, o carbono sp2 que não está ligado ao boro tem carga parcial positiva. Adição de borano: hidroboração-oxidação Boro 55 O alquilborano formado na primeira etapa de reação reage com outra molécula de alceno para formar um dialquilborano, o qual reage ainda com outra molécula de alceno para formar um trialquilborano. alquilborano dialquilborano dialquilborano trialquilborano Em cada uma das reações acima, o boro se adiciona ao carbono sp2 ligado ao maior número de hidrogênios e o íon hidreto nucleofílico se adiciona ao outro carbono sp2. Adição de borano: hidroboração-oxidação 56 Quando a hidroboração termina, soluções aquosas de NaOH e H2O2 são adicionadas ao meio de reação. O final da reação resulta na troca do boro pelo grupamento OH. Com a troca do boro pelo grupamento OH tem-se uma reação de oxidação, a reação total é chamada de hidroboração-oxidação. Adição de borano: hidroboração-oxidação Oxidação diminui o número de ligações C-H e aumenta C-O ou C-N ou C-X 57 O íon hidroperóxido (uma base de Lewis) reage com R3B (um ácido de Lewis). Um deslocamento 1,2 de alquila desloca um íon hidróxido e estas etapas são repetidas duas vezes. repetir as duas etapas anteriores duas vezes repetir as três etapas anteriores duas vezes Adição de borano: hidroboração-oxidação 58 1 mol de BH3 reage com 3 mols de alceno para formar 3 mols de álcool. O OH termina no carbono sp2 que estava ligado ao maior número de hidrogênio porque ele entra no lugar do boro, o qual era o eletrófilo original na reação. Como os carbocátions intermediários não são formados na reação de hidroboração, não ocorrem rearranjos de carbocátions. Em resumo: 3-metil-1-buteno 3,3-dimetil-1-buteno 3-metil-1-butanol 3,3-dimetil-1-butanol Adição de borano: hidroboração-oxidação 59 Qual produto é obtido pela hidroboração-oxidação dos seguintes alcenos? a) 2-metil-2-buteno b) 1-metilciclohexeno Adição de radicais – Estabilidade relativa de radicais 60 A adição de HBr ao 1-buteno forma o 2-bromobutano. CH3 CH2 CH CH2 Br- HBr CH3 CH2 CH+ CH3 Br- CH3 CH2 CH CH3 Br 2-bromobutano A síntese do 1-bromobutano, por adição de HBr ao 1-buteno requer um mecanismo anti-Markovnikov e pode ser realização mediante adição de peróxido ao meio de reação. CH3 CH2 CH CH2 + HBr CH3 CH2 CH2 CH2 Br 1-bromobutano ROOR Adição de radicais – Estabilidade relativa de radicais 61 O peróxido reverte a ordem porque altera o mecanismo da reação, uma vez que leva a formação do radical bromo, que é agora o eletrófilo na reação. Clivagem heterolítica da ligação Clivagem homolítica da ligação Adição de radicais – Estabilidade relativa de radicais 62 Adição de HBr a alcenos via mecanismo radicalar peróxido de alquila radicais alcoxila luz ou radical bromo radical alquila Seta com o uma farpa significa o movimento de um elétron. Adição de radicais – Estabilidade relativa de radicais 63 Radicais não se rearranjam tão facilmente quanto carbocátions. As estabilidade relativas dos radicais segue a mesma ordem dos carbocátions, porém, as diferenças de energia entre os radicais são bem menores do que entre os carbocátions. mais estável menos estável radical metilaradical terciário radical secundário radical primário o esqueleto carbônico não se rearranja peróxido Adição de radicais – Estabilidade relativa de radicais 64 O mecanismo de adição radicalar pode ser divido em etapas: etapas de iniciação etapas de propagação Adição de radicais – Estabilidade relativa de radicais 65 O mecanismo de adição radicalar pode ser divido em etapas: etapas de terminação Adição de radicais – Estabilidade relativa de radicais 66 Um peróxido não tem efeito na adição de HCl ou HI a um alceno. Na presença de um peróxido, a adição ocorre como na ausência de peróxido. peróxido peróxido Adição de radicais – Estabilidade relativa de radicais 67 A ausência no efeito de peróxido quando do uso de HCl e HI no lugar de HBr nas reações de adição eletrofílica em alcenos pode ser entendida com os dados abaixo. Apenas com o uso de HBr as duas etapas são exotérmicas. exotérmica exotérmica exotérmica Hidrogenação catalítica de Alcenos 68 O H2 é adicionado a alcenos na presença de um catalisador metálico, como platina, paládio ou níquel. O metal é usado em estado finamente divido e adsorvido em carvão. O catalisador de platina é frequentemente usado na forma de PtO2, o qual é conhecido como catalisador de Adams. Roger Adams (1889–1971) 2-buteno butano 2-metilpropeno 2-metilpropano ciclo-hexeno ciclo-hexano Hidrogenação catalítica de Alcenos 69 A hidrogenação dos alcenos é uma reação exotérmica. No entanto, os valores de calores de hidrogenação são positivos, porque a expressão “calor de hidrogenação” foi definida desta forma: é o valor absoluto da entalpia correspondente à hidrogenação de 1 mol de alceno. Quando dois (ou mais) alcenos diferentes fornecem o mesmo alcano ao serem hidrogenados, a diferença entre os calores de hidrogenação é igual à diferença de energia potencial entre os alcenos. Hidrogenação catalítica de Alcenos 70 Em manuais (“handbooks”) é mais fácil encontrar os valores de calores de formação. A comparação dos calores de formação de alcenos isômeros pode ser utilizada para conseguir os mesmos resultados obtidos com os calores de hidrogenação. 71 a. Qual composto é o mais estável? b. Qual composto é o menos estável? c. Qual composto tem o menor calor de hidrogenação? Catálise Heterogênea 72 Na hidrogenação de alcenos são utilizados catalisadores heterogêneos. Adição sinestéria (sin) Catálise Heterogênea 73 Catálise Heterogênea Geral: Classificação Classe Funções Exemplos Metais Hidrogenação, desidrogenação, hidrogenólise (oxidação) Fe, Ni, Pd, Pt, Ag, Cu Óxidos semicondutores e sulfuretos Oxidação, desidrogenação, desulfuração NiO, ZnO, MnO2, Cr2O3, Bi2O3-MoO3, WS2 Óxidos estequiométricos Desidratação Al2O3, SiO2, MgO Ácidos Polimerização, isomerização, cracking, alquilação Zeólitos FIQUEIREDO, J. L.; RIBEIRO, F. R. Catálise Heterogênea. Fundação Calouste Gunbenkian, Lisboa, 1989. Catálise Heterogênea 74 Estágios do Ciclo Catalítico Difusão do substrato sobre a superfície; Adsorção física através de interações fracas do tipo van der Waals; Adsorção química (quimiosorção) mediante a formação de ligações química entre o substrato e a superfície catalítica; Migração do substrato para o sítio catalítico ativo; Reação; Desorção dos produtos da superfície catalítica; Difusão dos produtos sobre a superfície do catalisador. Catálise heterogênea Superfície A B C C Estágio 1: DifusãoEstágio 2: Adsorção físicaEstágio 3: QuimiosorçãoEstágio 4: Difusão sobre a superfícieEstágio 5: Reação A C B C Estágio 6: DesorçãoEstágio 7: Difusão M Catálise heterogênea Superfície M Os sítios ativos são porosos Catálise heterogêneaLegenda: o carbono é representado na cor verde, o oxigênio em vermelho e o catalisador na cor cinza. Fonte: http://www.physics.usyd.edu.au/cmt/co2.html Animação mostrando uma molécula de CO, adsorvida em uma superfície de rutênio, interagindo com oxigênio vizinho e desorvendo uma molécula de CO2 Estabilidade Relativa de Alcenos 78 Os alcenos mais substituídos são mais estáveis (no sentido de que têm menor conteúdo de energia potencial). Há alguns argumentos para explicar a estabilidade relativa dos alcenos, vamos considerar dois baseados em: 1. Congestionamento estérico (tensão torsional); 2. Hiperconjugação. Estabilidade Relativa de Alcenos 79 O composto II tem ângulos maiores do que o composto I e, portanto, deve ser mais estável por apresentar menor repulsão entre grupos volumosos. Estabilidade Relativa de Alcenos 80 Há tensão estérica (repulsão de van der Waals) Não há tensão estérica (repulsão de van der Waals) cis-2-buteno trans-2-buteno Estabilidade Relativa de Alcenos 81 2. Hiperconjugação A hiperconjugação é um fenômeno que resulta da interação de um orbital σ com um orbital p vazio ou parcialmente preenchido. Em um alceno não há orbitais p vazios nem parcialmente preenchidos, porém, podemos contornar essa objeção para justificar uma possível hiperconjugação em alcenos considerando a separação de cargas. Olefinas mais substituídas apresentam maiores possibilidades de hiperconjugação (porque têm mais ligações C – H ou C – C em posição apropriada), portanto são mais estáveis. 82 Ranqueie os seguintes compostos em ordem decrescente de estabilidade trans-3-hexeno, cis-3-hexeno, 1-hexeno, cis-2,2,5,5-tetrametil-3-hexeno Epoxidação de Alcenos 83 A epoxidação é a formação de um epóxido por oxidação de um alceno. O meio mais simples de conseguir essa transformação é por tratamento da olefina com um peroxiácido, geralmente em solução em diclorometano ou clorofórmio. Estes peroxiácidos são espécies eletrofílicas. A velocidade de reação é maior para alcenos mais substituídos. Alcenos terminais reagem lentamente. A epoxidação de alcenos por peroxiácidos é uma reação estereoespecífica, ocorrendo adição cis à dupla ligação. 84 Formação de Glicóis 85 O reagente mais eficaz para fazer a hidroxilação de alcenos formando glicóis é o tetraóxido de ósmio, OsO4, apresentando elevados rendimentos e produtos puros. Os dois oxigênios ligam-se simultaneamente aos carbonos, dando origem a glicóis cis (reação estereoespecífica). O éster cíclico A que se forma nesta reação é um intermediário e pode ser isolado, mas ele é usualmente decomposto em solução por sulfito de sódio ou outros reagentes. O OsO4 é extremamente caro e tóxico. É possível realizar a reação com pequenas quantidades de OsO4, que age como catalisador, adicionando oxidantes apropriados para reoxidar o ósmio, como H2O2, por exemplo. Formação de Glicóis 86 O meio mais simples e barato de resolver esse problema é usar permanganato de potássio em meio alcalino. Como o permanganato é um oxidante muito forte, a reação deve ser realizada a frio e diluído em água. A base é importante na hidrólise do intermediário, sem o uso de base, a reação poderia seguir outros caminhos resultando em produtos mais oxidados, como compostos carbonílicos. Formação de Glicóis 87 Pode-se oxidar os alcenos utilizando-se ácido peroxifórmico. Forma- se inicialmente um epóxido. Como o ácido fórmico, presente no meio de reação, é um ácido relativamente forte, há abertura do anel epóxido para formar um monoformiato 1,2 e depois, por hidrólise, o diol. Observe que o diol assim formado tem estereoquímica trans. Ozonólise de Alcenos 88 A ozonização consiste na reação de um alceno com ozônio, O3. Forma-se inicialmente um produto de adição chamado de molozonídeo, que rapidamente sofre um rearranjo transformando-se no ozonídeo. Os ozonídeos são geralmente reduzidos (ou oxidados) logo em seguida à sua formação. Como esse processo provoca a quebra da molécula em dois fragmentos, o processo como um todo é chamado de ozonólise. A redução de um ozonídeo dá origem a dois compostos carbonílicos (aldeído ou cetona). Os ozonídeos são relativamente estáveis: podem ser isolados e analisados de diversas maneiras; são, porém, compostos perigosos. Esta reação ainda é usada hoje, especialmente, para fins preparativos. No passado, porém, ela teve enorme importância analítica, para determinação da posição da dupla ligação em alcenos. Análise de Alcenos 89 Não podemos distinguir um alceno de um alcino utilizando os testes acima. Como esses testes podem dar resultado positivo para outros compostos, é preciso efetuar todos os três testes para ter uma certeza razoável de que o composto é um alceno. 1. Descoramento da solução de Br2 em CCl4 2. Descoramento da solução de KMnO4 a frio 3. Solubilidade em H2SO4 Análise de Alcenos 90 1. A solução de bromo em CCl4 é vermelha (a cor do bromo) e reage rapidamente com alcenos, tornando-se incolor. Um composto carbonílico (aldeído ou cetona) também descora a solução de bromo, mas através de uma reação de substituição que forma também HBr; o HBr é um gás praticamente insolúvel em CCl4, e sairá da solução. Você poderá talvez observar a formação de bolhas, mas um teste bem eficiente para HBr é exalar o ar de seus pulmões no interior do tubo de ensaio: o ar úmido provocará, com HBr, a formação de uma névoa branca bem visível. Se o composto testado for um alceno, obviamente, não haverá névoa. Análise de Alcenos 91 1. A solução de bromo em CCl4 é vermelha (a cor do bromo) e reage rapidamente com alcenos, tornando-se incolor. O H+ O+ H H - H+ OH OH Br Br O+ H Br O Br - H+- Br- Obs. Também é possível detectar carbonila com bromo Análise de Alcenos 92 2. Outra reação muito rápida é o descoramento da solução de KMnO4 a frio. Está reação também é positiva para aldeídos, que são oxidados a ácidos carboxílicos. A oxidação de alcenos com permanganato a frio já foi apresentada em slides anteriores. 2. Solubilidade em ácido sulfúrico. A solubilidade em ácido sulfúrico concentrado é também um teste valioso; mas outros compostos orgânicos que contêm oxigênio (álcoois, aldeídos, etc.) são também solúveis em H2SO4 concentrado. Palavras-Chave e Conceitos Reações de adição Regiosseletividade Regra de Markovnikov Rearranjo de carbocátions Hidratação Halogenação Oximercuração-redução Alcoximercuração-redução Hidroboração-oxidação Adição de radicais Hidrogenação Catálise heterogênea Estabilidade relativa de alcenos Formação de glicóis Ozonólise de alcenos Análise de alcenos
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