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Psicologia Humanista

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Psicologia Humanista
A Psicologia Humanista: A Terceira Força
No início dos anos 60, há mais de três décadas, desenvolveu-se na psicologia americana um movimento conhecido como psicologia humanista ou a terceira força. Ele não pretendia ser a revisão nem a adaptação de nenhuma escola de pensamento corrente, ao contrário do que ocorria com algumas posições neofreudianas e neocomportamentais. Em vez disso, como o termo terceira força o indica, a psicologia humanista queria substituir o comportamentalismo e a psicanálise, as duas principais forças da psicologia.
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A Psicologia Humanista: A Terceira Força
Os temas básicos da psicologia humanista, como os de todos os movimentos, tinham sido reconhecidos e defendidos anteriormente. Os pontos essenciais eram 
uma ênfase na experiência consciente 
(2) uma crença na integralidade da natureza e da conduta do ser humano
(3) a concentração no livre-arbítrio, na espontaneidade e no poder de criação do indivíduo
(4) o estudo de tudo o que tenha relevância para a condição humana. 
Antecipações dessas idéias podem ser encontradas nas obras dos primeiros psicólogos.
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A Psicologia Humanista: A Terceira Força
Antecipações dessas idéias podem ser encontradas nas obras dos primeiros psicólogos. 
Consideremos o caso de Franz Brentano, oponente de Wundt e precursor dos gestaltistas. Brentano criticou o uso da abordagem mecanicista e reducionista da ciência natural para a psicologia e favoreceu o estudo da consciência como qualidade molar ativa, e não como conteúdo molecular passivo. Oswald Külpe demonstrou que nem toda experiência consciente podia ser reduzida à forma elementar ou ser explicada em termos de respostas a estímulos. William James se opusera à abordagem mecanicista e conclamara à concentração na consciência e no indivíduo inteiro.
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A Psicologia Humanista: A Terceira Força
Os gestaltistas acreditavam que a psicologia deveria abordar a consciência a partir da perspectiva da totalidade. Diante da primazia do comportamentalismo, eles continuaram a insistir que a experiência consciente era uma área de estudo legítima e proveitosa para a psicologia. Alguns psicólogos afirmaram que a semelhança entre a psicologia da Gestalt e a psicologia humanista é tão forte que não há razão para dar ao movimento mais novo nenhum outro nome. Eles acreditam que o rótulo Gestalt é adequado para descrever os temas compreendidos pela psicologia humanista (Wertheimer, 1978).
Há vários antecedentes da posição humanista na psicanálise. Adler, Horney, Erikson e Allport se opuseram à idéia freudiana de que a personalidade é determinada por forças biológicas e eventos passados. Também, discordaram da noção de Freud de que as pessoas são governadas por forças inconscientes. Esses dissidentes da psicanálise ortodoxa acreditavam que as pessoas são primordialmente seres conscientes que possuem espontaneidade e livre- arbítrio e são pelo menos tão influenciadas pelo presente e pelo futuro quanto pelo passado. Eles creditavam à personalidade humana o poder criativo de moldar a si mesma.
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A Psicologia Humanista: A Terceira Força
Com todos os movimentos da psicologia moderna, o Zeitgeist faz sentir sua influência ao transformar antecedentes e tendências num ponto de vista efetjvo. A psicologia humanista parecia refletir a insatisfação e o desgosto veiculado pelos jovens dos anos 60 contra os aspectos mecanicistas e materialistas da cultura ocidental contemporânea. Dissemos que todo novo movimento usa seu oponente mais antigo, a posição estabelecida, como base a partir da qual impele a si mesmo para ganhar impulso. Em termos práticos, o novo movimento precisa afirmar articuladamente e em voz alta as fraquezas da visão dominante vigente. A psicologia humanista tinha dois desses alvos: o comportamentalismo e a psicanálise.
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A Psicologia Humanista: A Terceira Força
Os psicólogos humanistas acreditavam que o comportamentalismo era uma abordagem estreita, artificial e relativamente estéril da natureza humana. A ênfase no comportamento manifesto era, diziam eles, desumanizante, reduzindo-nos a animais ou máquinas. Eles rejeitavam a concepção de seres humanos funcionando de modo determinista em resposta a experiências infantis ou a eventos-estímulo do ambiente. Além disso, o comportamentalismo não chegara a um acordo com características propriamente humanas, com as qualidades e capacidades conscientes subjetivas que distinguem as pessoas dos animais de laboratório. Uma psicologia baseada em respostas condicionadas discretas faz da pessoa um organismo mecanizado que apenas responde aos estímulos apresentados. Para os psicólogos humanistas, os seres humanos são muito mais do que ratos brancos, robôs ou computadores, não podendo ser objetificados, quantificados e reduzidos a unidades de estímulo-resposta. Em outras palavras, os indivíduos não são organismos vazios.
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A Psicologia Humanista: A Terceira Força
Os psicólogos humanistas também se opunham às tendências deterministas encontradas na abordagem freudiana da psicologia, bem como à sua minimização do papel da consciência. Os freudianos eram criticados por só estudarem pessoas perturbadas — neuróticos e psicóticos. Se os psicólogos tivessem como foco exclusivo a doença mental, como poderiam aprender alguma coisa sobre a saúde mental, sobre qualidades e características humanas positivas? Desconsiderando atributos como o júbilo, a satisfação, o contentamento, o êxtase, a gentileza e a generosidade, e concentrando-se no lado mais sombrio da personalidade humana, a psicologia ignorava todas essas forças e virtudes distintamente humanas. Assim, foi em resposta à forma limitadora de psicologia promovida pelo comportamentalismo e pela psicanálise que os psicólogos humanistas apresentaram sua alternativa como a terceira força em psicologia.
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Todos os aspectos da experiência peculiarmente humana são levados em consideração pela psicologia humanista: o amor, o ódio, o medo, a esperança, a felicidade, o bom humor, a afeição, a responsabilidade e o sentido da vida. Esses aspectos da existência humana não são tratados por muitos manuais modernos de psicologia por não serem suscetíveis de definição operacional, quantificação ou manipulação de laboratório. Os críticos da psicologia humanista asseveram que o seu escopo parece vago, mas isso é da natureza do movimento. Ê mais fácil descrever aquilo a que se opõem os psicólogos humanistas do que aquilo que defendem ou como esperam alcançar suas metas. O termo psicologia humanista veio a ter muitos sentidos, e é “improvável que uma definição explícita dele que venha a ser formulada satisfaça mesmo uma pequena parcela das pessoas que denominam a si mesmas ‘psicólogos humanistas’
(Wertheiiner, 1978, p. 743).
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Abraham Maslow (1908-1970)
Abraham Maslow é considerado o pai espiritual da psicologia humanista, e é provável que tenha feito mais do que ninguém para difundir o movimento e conferir-lhe um certo grau de respeitabilidade acadêmica. Maslow desejava compreender as mais elevadas realizações que os seres humanos são capazes de alcançar, razão por que estudou uma pequena amostra das pessoas mais saudáveis psicologicamente que pôde encontrar a fim de determinar de que maneira diferiam das pessoas cuja saúde mental não passava da média. A partir desse estudo, ele desenvolveu uma teoria da personalidade que se concentra na motivação para crescer, para se desenvolver e realizar o eu a fim de concretizar de modo pleno nossas capacidades e potencialidades humanas.
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Abraham Maslow (1908-1970)
Segundo a perspectiva de Maslow, cada pessoa traz em si uma tendência inata para tomar-se auto-realizadora (Maslow, 1970). Esse
nível mais alto da existência humana envolve o desenvolvimento e o uso supremos de todas as nossas qualidades e capacidades, a realização de todo o nosso potencial. Para tomar-se auto-realizadora, a pessoa precisa satisfazer as necessidades que estão na escala mais baixa da hierarquia de necessidades proposta por Maslow. Essas necessidades são inatas, e cada uma delas tem de ser satisfeita antes que a próxima necessidade da hierarquia surja para nos motivar. As necessidades, na ordem em que têm de ser atendidas, são: (1) as necessidades fisiológicas de comida, água, ar, sono e sexo; (2) as necessidades de garantia: segurança, estabilidade, ordem, proteção e libertação do medo e da ansiedade; (3) as necessidades de pertinência e de amor; (4) as necessidades de estima dos outros e de si mesmo; e (5) a necessidade de auto-realização.
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A Teoria da Autorrealização e a Pirâmide das Necessidades de Abraham Maslow
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Abraham Maslow (1908-1970)
O maior volume das pesquisas de Maslow concentrou-se nas características de pessoas que atenderam à necessidade de auto-realização e são por isso consideradas psicologicamente saudáveis. Maslow disse que elas não chegam a 1% da população. Essas pessoas são livres de neuroses e psicoses e quase sempre têm da meia-idade em diante. Elas têm em comum as seguintes características: uma percepção objetiva da realidade; a plena aceitação de sua própria natureza; compromisso e dedicação a algum tipo de trabalho; simplicidade e naturalidade em seu comportamento; necessidade de autonomia, privacidade e independência; experiências místicas ou culminantes (momentos de êxtase, maravilhamento, assombro e deleite intensos); empatia com toda a humanidade e afeição por ela; resistência ao conformismo; estrutura de caráter democrática; atitude de criatividade; e um alto grau de interesse social (um conceito tomado de Alfred Adler).
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Abraham Maslow (1908-1970)
Nessa descrição, Maslow apresentou uma imagem otimista e lisonjeira da natureza humana, uma concepção de saúde psicológica e de realização que pode ser considerada um bem-vindo antídoto para os aspectos doentios, preconceituosos e hostis que podemos encontrar em nossa vida cotidiana. Muitas pessoas consideram tranqüilizador acreditar que ao menos alguns de nós são capazes de alcançar um estado próximo da perfeição.
O método de pesquisa e os dados de Maslow têm sido criticados a partir da alegação de que sua amostra de cerca de vinte pessoas é demasiado pequena para permitir generalizações. Além disso, seus sujeitos foram escolhidos segundo seus próprios critérios subjetivos de saúde psicológica, e os seus termos são definidos de maneira ambígua e inconsistente. Maslow admitiu que seus estudos não preenchiam os requisitos da pesquisa científica, mas retorquiu que não há outra maneira de estudar a auto-realização. Ele disse que seu programa de pesquisa consistia em estudos pilotos, e permaneceu convencido de que as suas conclusões um dia seriam confirmadas.
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Abraham Maslow (1908-1970)
A teoria da auto-realização tem apenas um limitado apoio laboratorial empírico; a maioria das pesquisas não conseguiu sustentá-la. Ela foi aplicada nos negócios e na indústria, onde muitos executivos acreditam que a necessidade de auto-realização é uma útil força motivadora e uma fonte potencial de satisfação no trabalho. Apesar de sua popularidade entre os lideres de negócios, a teoria tem um baixo grau de validade científica e uma aplicabilidade apenas limitada ao mundo do trabalho. Ela tem sido aplicada em outras áreas, incluindo a psicoterapia, a educação e a medicina.
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Carl Rogers (1902-1987)
Carl Rogers é conhecido por uma abordagem popular de psicoterapia denominada terapia centrada na pessoa ou terapia centrada no cliente. Com base em dados derivados de sua terapia, Rogers desenvolveu uma teoria da personalidade que se concentra numa única motivação avassaladora, semelhante ao conceito de auto-realização de Maslow. Rogers propôs que cada pessoa possui uma tendência inata para atualizar as capacidades e potenciais do eu. Ao contrário de Maslow, no entanto, as visões de Rogers não foram formuladas a partir do estudo de pessoas saudáveis, mas advieram do tratamento de indivíduos emocionalmente perturbados através da terapia centrada na pessoa.
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Carl Rogers (1902-1987)
O nome de sua terapia sugere algo da sua concepção da personalidade humana. Atribuindo a responsabilidade da mudança à pessoa ou cliente, e não ao terapeuta, como é o caso na psicanálise ortodoxa, Rogers supôs que as pessoas podem alterar consciente e racionalmente seus pensamentos e comportamentos indesejáveis, tornando-os desejáveis. Ele não acreditava que as pessoas sejam controladas por forças inconscientes ou por experiências da infância. A personalidade é moldada pelo presente e pela maneira como o percebemos conscientemente.
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Carl Rogers (1902-1987)
A idéia de Rogers de que a personalidade pode ser compreendida apenas em termos das nossas experiências subjetivas pode refletir um incidente de sua própria vida. Quando tinha vinte e dois anos e assistia na China a uma conferência de estudantes cristãos, começou a questionar as crenças religiosas fundamentalistas dos pais e a desenvolver uma filosofia de vida mais liberal (ver Rogers, 1967). Convenceu-se de que as pessoas devem confiar em seu próprio exame e na interpretação das suas próprias experiências. Ele também acreditava que as pessoas podem melhorar conscientemente a si mesmas. Esses conceitos se tornaram pilares de sua teoria da personalidade. No curso de uma carreira ativa, Rogers desenvolveu sua teoria e sua abordagem psicoterapêutica, exprimindo idéias em inúmeros artigos e livros populares.
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Carl Rogers (1902-1987)
Rogers sugeriu que a principal força motivadora da personalidade é a atualização do eu (Rogers, 1961). Embora esse impulso para a auto-atualização seja inato, ele pode ser ajudado ou prejudicado por experiências infantis e pela aprendizagem. 
Rogers enfatizou a importância da relação mãe-filho porque ela afeta o crescente sentido do eu da criança. Se a mãe satisfazer sua necessidade de amor, que Rogers denominava estima positiva, a criança tenderá a se tornar uma personalidade saudável. Se a mãe condicionar seu amor pelo filho ao comporta mento adequado (o que é denominado estima positiva condiciona!), a criança vai internalizar a atitude da mãe e desenvolver condições de valor. Nessa situação, a criança só tem um sentido de valor próprio em certas condições, e evita os comportamentos que produzam desaprovação por parte da mãe. Como resultado, o eu da criança não consegue se desenvolver de modo pleno, já que está impedido de exprimir todos os seus aspectos.
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Terapias Humanísticas 
(Abordagem Centrada na Pessoa)
Rogers propôs uma motivação única, inata e imprescindível: a tendência a atualizar e desenvolver nossa capacidade e nossos potenciais, desde os aspectos biológicos até os aspectos psicológicos mais sofisticados do nosso ser. Esse objetivo essencial é atualizar o self para tornar-se o que Rogers denominou uma pessoa em pleno funcionamento. 
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Terapias Humanísticas 
(Abordagem Centrada na Pessoa)
Condições que facilitam o crescimento psicológico:
Autenticidade - Descobriu-se que a transformação pessoal é facilitada quando o psicoterapeuta é aquilo que é, quando as suas relações com o cliente são autênticas e sem máscara nem fachada, exprimindo abertamente os sentimentos e as atitudes que nesse momento fluem nele. Utilizamos o termo “congruência” para tentar descrever essa condição. Com este termo, procura-se significar que os sentimentos que o terapeuta estiver vivenciando estão disponíveis para ele, disponíveis para sua consciência e ele pode viver esses sentimentos, assumi-los
e pode comunicá-los, se for o caso. 
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Terapias Humanísticas 
(Abordagem Centrada na Pessoa)
Condições que facilitam o crescimento psicológico:
Ninguém realiza plenamente esta condição e, portanto, quanto mais o terapeuta souber ouvir e aceitar o que se passa em si mesmo, quanto mais ele for capaz de assumir a complexidade dos seus sentimentos, sem receio, maior será o seu grau de congruência. 
Quanto mais autêntico e congruente o terapeuta for na relação, maior possibilidades haverá de que ocorram modificações na personalidade do cliente. 
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Terapias Humanísticas 
(Abordagem Centrada na Pessoa)
Condições que facilitam o crescimento psicológico:
Aceitação incondicional - Quando o terapeuta está vivenciando uma atitude calorosa, positiva e de aceitação para com aquilo que está no seu cliente, isso facilita a mudança. Isto implica que o terapeuta esteja realmente pronto a aceitar o cliente, seja o que for que este esteja sentindo no momento — medo, confusão, desgosto, orgulho, cólera, ódio, amor, coragem, admiração. Significa que o terapeuta se preocupa com seu cliente de uma forma não-possessiva, que o aprecia mais na sua totalidade do que de uma forma condicional, que não se contenta com aceitar simplesmente o seu cliente quando este segue determinados caminhos e com desaprová-lo quando segue outros. 
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Terapias Humanísticas 
(Abordagem Centrada na Pessoa)
Condições que facilitam o crescimento psicológico:
Trata-se de um sentimento positivo que se exterioriza sem reservas e sem avaliações. A expressão a que se recorreu para designar a situação foi “consideração positiva incondicional”. Mais uma vez a investigação demonstra que, quanto mais o terapeuta vivencia essa atitude, mais a terapia tem probabilidades de ser bem-sucedida.
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(Abordagem Centrada na Pessoa)
Condições que facilitam o crescimento psicológico:
Empatia - Podemos designar a terceira condição como a compreensão empática. Quando o terapeuta é sensível aos sentimentos e às significações pessoais que o cliente vivencia a cada momento, quando pode apreendê-los “de dentro” tal como o paciente os vê, e quando consegue comunicar com êxito alguma coisa dessa compreensão ao paciente, então está cumprida essa terceira condição. 
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(Abordagem Centrada na Pessoa)
Condições que facilitam o crescimento psicológico:
Julgo que cada um de nós já descobriu que esse tipo de compreensão é extremamente raro. Recorremos a um outro tipo de compreensão que é muito diferente. “Eu compreendo o seu problema.” “Eu compreendo o que o levou a agir dessa maneira”; ou então: “Eu também passei por esse problema e reagi de modo muito diferente”; estes são os tipos de compreensão que estamos habituados a dar e a receber, uma compreensão que julga do exterior. 
Mas quando alguém compreende como sinto e como sou, sem querer me analisar ou julgar, então. nesse clima, posso desabrochar e crescer. E a investigação confirma esta observação comum. 
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(Abordagem Centrada na Pessoa)
Condições que facilitam o crescimento psicológico:
Quando o terapeuta é capaz de apreender a vivência, momento a momento, que ocorre no mundo interior do cliente como este a sente e a vê, sem que a sua própria identidade se dissolva nesse processo de empatia, então a mudança pode ocorrer.
Estudos realizados com diversos clientes mostraram que quando essas três condições estão presentes no terapeuta e o cliente as percebe pelo menos parcialmente, o movimento terapêutico continua, o cliente nota que aprende e se desenvolve, dolorosa e definitivamente, e ambos consideram que o resultado é positivo. Pode-se concluir dos nossos estudos que são atitudes como as que descrevemos, mais do que o conhecimento e a capacidade técnica do terapeuta, as principais responsáveis pela modificação terapêutica
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(Abordagem Centrada na Pessoa)
- Os resultados da terapia (modificações relativamente duradouras que ocorrem)
O cliente modifica-se e reorganiza a concepção que faz de si mesmo. Desvia-se de uma idéia que o torna inaceitável aos seus próprios olhos, indigno de consideração, obrigado a viver segundo as normas dos outros.
Conquista progressivamente uma concepção de si mesmo como uma pessoa de valor, autônoma, capaz de fundamentar os próprios valores e normas na sua própria experiência. Desenvolve uma atitude muito mais positiva em relação a si mesmo. 
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(Abordagem Centrada na Pessoa)
- Os resultados da terapia (modificações relativamente duradouras que ocorrem)
Há um estudo que mostra que no início da terapia as atitudes habituais para consigo mesmo são negativas na proporção de quatro para uma, mas que, no decurso da quinta fase do tratamento, estas mesmas atitudes são positivas muitas vezes na proporção de duas para uma. O cliente torna-se menos defensivo, e, por isso, mais aberto à sua própria experiência e à dos outros. 
Suas percepções tornam-se mais realistas e mais diferenciadas. Sua adaptação psicológica melhora, como se pode ver pela aplicação do Teste de Rorschach, do Teste de Apercepção Temática (TAT), pela apreciação do terapeuta ou por qualquer outro índice. Seus objetivos e ideais mudam de forma a se tornarem mais acessíveis. 
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Terapias Humanísticas 
(Abordagem Centrada na Pessoa)
- Os resultados da terapia (modificações relativamente duradouras que ocorrem)
A distância inicial entre o eu que ele é e o eu que ele desejaria ser diminui consideravelmente. Dá-se uma redução da tensão em todas
as suas formas — tensão fisiológica, mal-estar psicológico, ansiedade. Percebe os outros indivíduos de uma forma mais realista e os aceita mais. Descreve seu próprio comportamento como mais amadurecido e, o que é importante, é visto por aqueles que o conhecem bem, agindo de modo mais maduro.
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Terapias Humanísticas 
(Abordagem Centrada na Pessoa)
- Os resultados da terapia (modificações relativamente duradouras que ocorrem)
Não são apenas os diversos estudos que mostram o aparecimento dessas alterações durante o período terapêutico, mas minuciosos trabalhos de acompanhamento levados a efeito durante um período de seis a dezoito meses, depois da conclusão do tratamento, que indicam igualmente uma persistência dessas alterações.
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A Influência da Psicologia Humanista
A psicologia humanista exibiu no início do seu desenvolvimento as mesmas características que vimos em todos os outros novos movimentos da história da psicologia, Seus membros foram enfáticos em apontar as fraquezas das posições mais antigas, o comportamentalismo e a psicanálise, ambas bases sólidas a partir das quais tomar impulso. Muitos psicólogos humanistas eram zelosos e cheios de retidão, preparados para combater os demônios da situação estabelecida.
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A Influência da Psicologia Humanista
O movimento foi formalizado com a fundação da publicação Joumal of Huinanistic Psychology em 1961, da Associação Americana de Psicologia Humanista em 1962, e da Divisão de Psicologia Humanista da APA em 1971. Assim, os traços distintivos de uma escola coesa de pensamento ficaram evidentes. Os psicólogos humanistas deram sua própria definição de psicologia, distinta da das outras duas forças do campo, e descreveram seu próprio objeto de estudo, seus próprios métodos e sua própria terminologia. E, sobretudo, possuíam aquilo que todas as outras escolas de pensamento se gabavam de ter em seus primeiros dias: uma apaixonada convicção de que o seu era o melhor caminho a ser seguido pela psicologia.
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Psicologia Humanista
A Influência da Psicologia Humanista
Apesar desses símbolos e características de escola de pensamento, a psicologia humanista não se tomou de fato uma escola. Foi esse o julgamento dos próprios psicólogos humanistas numa reunião de 1985, quase três décadas depois do início do movimento. “A psicologia humanista foi uma grande
experiência”, disse um deles, “mas é basicamente uma experiência fracassada, já que não há uma escola de pensamento humanista em psicologia, nem uma teoria que possa ser reconhecida como uma filosofia da ciência” (Cunningham, 1985, p. 18).
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A Influência da Psicologia Humanista
Carl Rogers concordou. “A psicologia humanista não tem tido um impacto significativo sobre a corrente principal da psicologia”, afirmou. “Somos percebidos como tendo relativa mente pouca importância” (Cunningham, 1985, p. 16). Rogers disse aos que apoiavam a sua posição que, se quisessem uma prova de sua afirmação, bastava que examinassem qualquer manual introdutório de psicologia. Ali, encontrariam os mesmos tópicos que caracterizavam a psicologia vinte e cinco anos antes, com pouca menção à pessoa inteira. Uma análise dos manuais correntes na época revelou que Rogers tinha razão: menos de 1% do conteúdo dos livros se ocupava da psicologia humanista. Os poucos dados existentes falavam apenas da hierarquia de necessidades de Maslow e da terapia centrada na pessoa de Rogers (Churchill, 1988).
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Psicologia Humanista
A Influência da Psicologia Humanista
Por que a psicologia humanista não se tomou parte da corrente principal do pensamento psicológico? Uma das razões é que a maioria dos psicólogos humanistas trabalha em clínicas particulares, e não em universidades. Ao contrário dos psicólogos acadêmicos, os humanistas não fizeram o mesmo número de pesquisas nem publicaram artigos ou treinaram novas gerações de alunos de pós-graduação para dar continuidade à sua tradição.
Outra razão se relaciona com o momento do seu protesto. No seu auge, os anos 60 e inicio dos 70, os psicólogos humanistas atacavam posições que já não tinham tanta influência na psicologia. Tanto a psicanálise freudiana como o comportamentalismo skinneriano já tinham sido amortecidos e enfraquecidos pela divisão em seus quadros, e ambos já estavam começando a mudar na direção indicada pelos psicólogos humanistas. Tal como os gestaltistas ao chegarem aos Estados Unidos, os psicólogos humanistas estavam se opondo, nos anos 60, a movimentos que já não dominavam em sua forma original.
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A Influência da Psicologia Humanista
Embora a psicologia humanista não tenha transformado o campo como um todo, ele reforçou a idéia, contida na psicanálise, de que podemos consciente e livremente preferir moldar a nossa própria vida. Ela pode ter ajudado a fortalecer o crescente reconhecimento da consciência na psicologia acadêmica, pois foi contemporânea do movimento cognitivo. Ela promoveu métodos terapêuticos que acentuam a auto-realização, a responsabilidade pessoal e a liberdade de escolha, bem como a consideração da pessoa no contexto da família, do trabalho e dos ambientes sociais. A psicologia humanista ajudou a expandir e ratificar mudanças já em curso, e, desse ponto de vista, pode-se considerar o movimento bem-sucedido.
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