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ESUCRI - ESCOLA SUPERIOR DE ENSINO DE CRICIUMA
CURSO SUPERIOR DE PSICOLOGIA
2
OS EFEITOS DO DIVÓRCIO NAS FAMÍLIAS
2018
Carolina Mattos 1
Melissa Teifke 2
Michelle Rodrigues 3
Natalia Nichele 4
Professora: Jaqueline B. Taufembach 5
RESUMO
A forma que o casal enfrenta o fim de um relacionamento exige muito cuidado principalmente quando se tem filhos, portanto é fundamental que o casal enfrente a situação de forma equilibrada a fim de causar menos prejuízos psíquicos para esta família.
Palavras-chave: Divórcio, Mediação, Relações. 
INTRODUÇÃO
A separação representa uma mudança na estrutura familiar que provoca alterações nas relações que seus membros estabelecem entre si, tanto entre os cônjuges quanto entre pais e filhos (Hetherington& Stanley-Hagan, 1999).
Toda separação causa um grau de sofrimento a todos e à criança em particular, pois ela depende física e psiquicamente de seus genitores. A separação provoca, indubitavelmente, repercussões importantes nos filhos, porém nem sempre catastróficas ou traumáticas.
A partir de pesquisas e estudos, sabe-se que crianças menores, tem facilidade de se ajustarem às novas configurações familiares, enquanto adolescentes e jovens adultos têm mais dificuldade. Outra questão, é que a minoria dos casais consegue separar funções conjugais da função de criação dos filhos após o divórcio (SCHABBEL, 2005). Por tanto, é relevante abordar desses assuntos para que se tenha uma conclusão correta sobre a separação de um casal e os prejuízos psicológicos que podem acometer uma família.
RELAÇÕES FAMILIARES NA SEPARAÇÃO CONJUGAL
2.1. Contribuições da mediação
Em processo de divórcio a mediação contribui na conciliação do acordo judicial, é realizada por um ou mais profissionais, porém a psicologia que fundamenta toda a estratégia dessa prática, fornecendo informações sem aconselhar, decidir ou favorecer um parecer (GONÇALVES et al, 2013).
Durante a separação e divórcio, o casal passa por um conjunto de frustrações pessoais e sentimentos negativos assim desencadeando difíceis comunicações e disputas. Diante disso, um dos pais ou o casal poderá incluir os filhos na disputa, formando o triângulo relacional, que caracteriza interdependência emocional na criança ou adolescente. O processo da triangulação afeta a família, fortalece as brigas e disputas judiciais (COSTA et al, 2009).
As comunicações de equilíbrio utilizadas por casais são simétrica e complementar, no entanto, no divórcio litigioso é encontrada a comunicação simétrica, que pode levar a um padrão patológico da comunicação do casal, de maneira que os conflitos podem durar anos. (COSTA et al, 2009). Contudo, a mediação contribui na separação e nas relações familiares, auxiliando nos interesses individuais do casal, promovendo diálogo, esclarecendo condições emocionais, redefinindo os limites de intimidade e poder, papéis parentais e renegociações de um relacionamento com objetivo de assumir novas funções de estruturas familiares. (SCHABBEL, 2005).
A mediação, na separação e no divórcio, apresenta características que lhe são peculiares, em virtude da complexidade das disputas. Há aspectos legais que envolvem guarda, pensão e divisão patrimonial, todos mesclados, e sentimentos conflituosos. A mediação, ao reconhecer e atuar nos aspectos emocionais da crise de separação vivida pelo casal, reconhece que as emoções são tanto parte do problema quanto de sua solução e, uma vez endereçados, clareados e resolvidos, facilitam a negocia (OLIVEIRA, 1999, p. 18).
2.2. Filhos durante separação
Antes mesmo da separação, os filhos presenciam inúmeras brigas do casal. E quando ocorre a separação, os pais tendem a “comprá-los” ou super protegê-los. Presos a um círculo vicioso, intensificado pelos processos, os pais acabam por arrolar as crianças em suas impossibilidades. A separação conjugal traz inúmeras mudanças para o homem, mulher e os filhos. A decisão de que a guarda dos filhos ficará com a mãe permanece, ainda hoje, como uma realidade da maioria das famílias. É fruto da organização tradicional de papéis de gênero que condicionou a estrutura familiar (RAMIRES, 1997).
De acordo com Winnicott (1982), a doença das crianças que sofrem privações não resulta da própria perda, mas que esta ocorreu num estágio do desenvolvimento emocional em que a criança ou bebê ainda não era capaz de uma reação madura a ela. O ego imaturo não pode lamentar a perda, não pode sentir o luto. Nesse sentido, seria importante alertar os pais a ficarem atentos ao sofrimento que a desorganização familiar poderá acarretar à criança principalmente na primeira infância.
Os filhos precisam consideravelmente dos pais durante o processo de separação, e é exatamente neste período que tanto o pai quanto a mãe estão mais vulneráveis e frágeis, uma vez que há uma perda a ser elaborada e inúmeros sentimentos não são compreendido, além de aspectos práticos a ser resolvidos. Esse ponto pode ser ilustrado pelos casais que chegam às Varas da Família para homologar sua separação, seja por consenso ou para discussão em ação litigiosa, e apresentam um sentimento de perda ao falharem no casamento, sentindo-se profundamente fracassados (CEZAR-FERREIRA, 1995).
2.3. Efeitos do divórcio na família com filhos pequenos
A decisão de separação gera um processo de mudanças constantes dentro da família, sendo necessário que os pais estejam atentos para que os filhos não sejam diretamente atingidos e não terem prejuízos biopsicossociais. Para Giddens (1999), “os efeitos do divórcio na vida dos filhos serão sempre de difícil avaliação, porque não sabemos o que teria acontecido se os pais estivessem juntos” (p.102). 
Este fato fica validado pela citação de Mcgoldrick (1995) que afirma ser o divórcio considerado um dos eventos mais estressantes para a família. O impacto do divórcio nas crianças de seis a oito anos são mais profundos. Entende-se na pesquisa de Wallerstein e Kelly (apud MCGOLDRICK; CARTER, 1995), que as crianças nessa idade são mais crescidas, porém não conseguem lidar com esse impacto do rompimento. Demonstram sentimento de responsabilidade, de tristeza e saudade do genitor que partiu. Com isso, as crianças muitas vezes pensam que pode solucionar os problemas dos pais, e tentam reaproximar o casal. Quando não têm sucesso na reconciliação, sentem-se frustradas emocionalmente. De acordo com Mcgoldrick e Carter (1995), é preciso ter três objetivos para um trabalho clínico do casal que está se divorciando. O primeiro é tornar lenta a decisão do divórcio, para que isso cause menos danos à família, e principalmente ao filho, quando o casal decidir se separar, o segundo é evitar que o parceiro que não teve a primeira atitude para o divórcio levasse os filhos a ficar contra o cônjuge que quis separar, terceiro objetivo é ajudar o casal a reconhecer os benefícios para os filhos não sofrerem tanto emocionalmente com o impacto do divórcio.
2.4. Filhos de pais separados e como psicologia pode ajudar
Acompanhamento Psicológico após uma separação vem sendo indispensável não somente para os adultos envolvidos, como também para os seus filhos. O casal que se encontra a beira de um divórcio, muitas vezes optam por deixar seus filhos no escuro sobre o ocorrido, com a esperança de poupá-los de qualquer tipo de tristeza envolvida. “Emprega-se aqui esclarecer no sentido de conversar sobre o assunto com os filhos, deixai que estes façam perguntas e respondê-las, o que difere de um simples comunicado que era dado, às vezes, quando da saída de casa de um dos pais, ou dias após o fato transcorrido.” (Brito 2006, pg.36). 
Segundo Carter & McGoldrick (1980/2001) citado por Grzybowski e Wagner (2010, pg.77). “Dentre as diversas tarefas pós-divórcio, provavelmente a mais complexa fique ao encargo dos progenitores. Estes, recém-separados como casal, permanecem unidos pelos laços parentais, devendo compartilhar a tarefa comum de educar os filhos”. A coparentalidade não é algo fácil, e que demanda muito esforço de ambas as partes. Respeito, determinação, e muitapaciência são necessários, para garantir que a criança não seja envolvida em brigas pessoais do ex-casal. Segundo Kaslow e Schwartz (1995) citado por Almeida (2000, pg. 40) “reconhecem que a separação causa mudanças nos divorciados, as quais interferem em seus comportamentos privados (sentimentos, emoções e pensamentos)”.
 Portanto há a necessidade de acompanhamento psicológico após a separação do casal para assim garantir a estabilidade emocional de ambos os pais e filhos, ajudando todos a melhor lidar com a situação ocorrida e as emoções envolvidas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através dos temas abordados, considera-se que o psicólogo enquanto mediador na separação judicial, além de colaborar para o acordo, pode minimizar conflitos e crises do casal, e contribuir nos processos de reajuste familiar. 
Durante a separação e divórcio as decisões e reorganizações devem ser realizadas vagarosamente, pois são fundamentais para o desenvolvimento psíquico, principalmente das crianças e adolescentes. Contudo, conclui-se que a atuação do profissional de psicologia é fundamental para a família durante o divórcio, amparando nos aspectos emocionais e psíquicos de cada sujeito, reduzindo o sofrimento e contribuindo para a formação de novos papéis familiares.
REFERÊNCIAS
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1 Acadêmico de Graduação em Bacharel em Psicologia. E-mail: carol.mattos20@hotmail.com
2 Acadêmico de Graduação em Bacharel em Psicologia. E-mail: mbrodrigues7@gmail.com
3 Acadêmico de Graduação em Bacharel em Psicologia. E-mail: michelleparodiag@gmail.com
4 Acadêmico de Graduação em Bacharel em Psicologia. E-mail: n.nichele@yahoo.com.br
5 Professora da Faculdades Esucri/Criciúma-SC. E-mail: jaqueline@esucri.com.br

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