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RESUMO DE PRCESSO PENAL AV2. ROSE KELE - 25/11/2018 VAI CAIR 2 CASOS CONCRETOS ( ESTUDAR 1 AO 16) 1- EMENDATIO LIBELI E MUTATIO LIBELLI 2- JÚRI 3-PROVAS NO PROCESSO PENAL 4-JJUIZADOS 5- RECURSOS NO PROCESSO PENAL 1 - EMENDATIO LIBELLI E MUTATIO LIBELLI De acordo com a emendatio libelli, o juiz, quando da sentença, verificando que a tipificação não corresponde aos fatos narrados na petição inicial, poderá de ofício apontar sua correta definição jurídica. Na “emendatio” os fatos provados são exatamente os fatos narrados. Assim, dispõe o CPP sobre a matéria: Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. Por outro lado, verifica-se a mutatio libelli, quando o juiz concluir que o fato narrado na inicial não corresponde aos fatos provados na instrução processual; nesse caso, deve o juiz remeter o processo ao Ministério Público que deverá aditar a peça inaugural. Os fatos provados são distintos dos fatos narrados. Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. 2 - JÚRI O Tribunal do Júri é composto de um juiz de direito (presidente), que sorteará vinte e cinco jurados para a reunião periódica e extraordinária (art. 433 do Código de Processo Penal), e é regido por princípios previstos especialmente no art. 5º, XXXVIII, da Constituição Federal, dentre os quais podemos citar: a) plenitude da defesa: no procedimento do júri, a autodefesa e a defesa técnica são exercidas de forma plena; b) sigilo das votações: os votos dos jurados são secretos; c) soberania dos veredictos: cabe apenas aos jurados decidirem pela condenação ou absolvição do acusado; decisão essa que, em regra, não pode ser modificada pelos Tribunais, salvo nas hipóteses do art. 593, inciso III, alíneas "a", "b", "c" e "d", do Código de Processo Penal (apelação); ou dos arts. 621 a 631 do mesmo diploma (revisão criminal); ) competência para julgar crimes dolosos contra a vida: o tribunal do júri é competente para julgar homicídio doloso, infanticídio, aborto, auxílio, induzimento ou instigação ao suicídio, em suas formas tentadas ou consumadas. Esse rol de crimes pode ser ampliado por meio de leis infraconstitucionais. Cabe também ao júri julgar os crimes comuns que são conexos aos crimes dolosos contra a vida (art. 78, I, do CPP); e) oralidade: prevalecem os atos orais no dia do julgamento pelo júri. Organização e composição do júri O sorteio do júri será realizado de portas abertas entre o décimo quinto e décimo dia útil antecedente à reunião, sendo que os jurados sorteados serão convocados pelo correio ou por qualquer outro meio hábil para que compareçam no dia e hora designados para a reunião. Feito isso, serão fixados na porta do Tribunal as referências sobre o processo (nome dos jurados, nome do acusado, dos procuradores, assim como dia, hora e local das sessões de instrução e julgamento - art. 435 do CPP). A notória idoneidade e a idade mínima de dezoito anos são os requisitos para os jurados, sendo que o serviço é obrigatório, incorrendo em multa aquele que se recusar a prestar tal função injustificadamente. Porém, "estão isentos do serviço do júri: I – o Presidente da República e os Ministros de Estado; II – os Governadores e seus respectivos Secretários; III – os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras Distrital e Municipais; IV – os Prefeitos Municipais; V – os Magistrados e membros do Ministério Público e da Defensoria Pública; VI – os servidores do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública; VII – as autoridades e os servidores da polícia e da segurança pública; VIII – os militares em serviço ativo; IX – os cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que requeiram sua dispensa; X – aqueles que o requererem, demonstrando justo impedimento" (art. 437 do CPP). Os jurados convocados que comparecerem à sessão do júri não terão desconto de seus salários nem de seus vencimentos, ao passo que aqueles que deixarem de comparecer à sessão incorrerão em multa de um a dez salários mínimos, fixada a critério do juiz (art. 442 do CPP). Os jurados convocados responderão criminalmente nos mesmos termos em que os juízes, nos termos do art. 445 da referida Lei. Estão impedidos de servir como jurados marido e mulher (inclusive os que mantiverem união estável reconhecida), ascendente, descendente, sogro, genro, nora, irmãos, cunhados (durante o cunhadio), tio, sobrinho, padrasto, madrasta ou enteado (art. 448 do diploma legal em questão). As demais regras de impedimento e suspeição relativas aos juízes também serão aplicadas aos jurados. Também não poderá exercer a função de jurado aquele que tenha funcionado no julgamento anterior do mesmo processo, que tenha participado do conselho de sentença como acusado da prática de mesmo crime ou que tenha manifestado prévia disposição de absolver ou condenar o réu. No entanto, mesmo que excluídos do júri, tais jurados serão considerados para a composição do número legal necessário à sessão. Quando o conselho conhecer mais de um processo no mesmo dia seus componentes deverão prestar compromisso (art. 452 do CPP). Sendo assim o jurado, além da idoneidade e idade mínima de dezoito anos, deve ser capaz (perfeita faculdade mental) e ser cidadão, ou seja, estar em gozo de seus direitos políticos, ter residência na comarca e ser alfabetizado. Procedimento O rito do júri é o mesmo para todos os crimes de sua competência, independente de serem apenados com detenção ou reclusão, sendo que seu procedimento é chamado de escalonado ou bifásico, por ser dividido em duas fases, quais sejam: 1ª fase: sumário de culpa ou judicium accusationis: é realizada pelo juiz singular e segue procedimento semelhante ao dos crimes apenados com reclusão (rito ordinário até o art. 405 CPP - instrução criminal). Tem a finalidade de formar o juízo de admissibilidade da acusação (juízo de prelibação). Inicia-se com o recebimento da denúncia ou queixa e termina com a decisão de pronúncia, impronúncia, desclassificação ou absolvição sumária. 2ª fase: juízo da causa ou judicium causae: é realizada pelo juiz presidente e pelo conselho de sentença (7 jurados que irão julgar o acusado). Tem a finalidade de julgar o mérito do pedido (juízo de delibação). Inicia-se com o trânsito em julgado da sentença de pronúncia, quando o juiz determina a intimação do Ministério Público e do defensor para apresentarem, respectivamente, o rol de testemunhas. Termina com o trânsito em julgado da decisão do Tribunal do Júri. 1. Sumário de culpa - 1ª fase Esta primeira etapa, que vai do art. 406 ao art. 412 do CPP, é semelhante ao procedimento ordinário de competência do juiz singular. Oferecida a denúncia pelo órgão acusatório o juiz poderá recebê-la ou rejeitá-la. Em recebendo ele ordenará a citação do réu para responder a acusação, no prazo legal de 10 (dez) dias, ocasião em que deverá arguir preliminares além de alegar qualquer tese que interesse a sua defesa, oferecendo documentos, justificações bem como especificando as provas que pretende produzir e arrolando testemunhas, no número máximo de 08 (mesmo número de testemunhas permitido a acusação). Em oferecendo exceções estas deverão ser processadasem apartado. Se o acusado trouxer alguma preliminar ou juntar algum documento, o órgão acusador deverá ser ouvido, no prazo legal de 05 (cinco) dias. O juiz ouvirá as testemunhas arroladas pelas partes, bem como praticará as diligências necessárias para elucidar o ocorrido. Na audiência de instrução, será ouvido primeiramente o ofendido, em havendo, após as testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, eventuais esclarecimentos de peritos, acareações, reconhecimentos de pessoas e coisas e, por fim, interrogará o acusado. Frise-se que as provas serão produzidas em uma só audiência e que as alegações serão orais, concedendo-se primeiro a palavra à acusação e depois à defesa, pelo prazo igual de vinte minutos, prorrogáveis por mais dez. Depois disso, será ouvido o assistente do Ministério Público pelo prazo de dez minutos, prorrogáveis pelo mesmo tempo. Terminados os debates o juiz proferirá a sentença na própria audiência ou no prazo de dez dias (art. 411 e §§ do CPP). Desta forma, pode-se observar que, diferentemente do que ocorre no procedimento ordinário comum, na primeira fase do procedimento do júri não existe a possibilidade de absolvição sumária após o oferecimento da resposta escrita pelo acusado. Outra diferença está no prazo para conclusão do procedimento. Com efeito, afirma o artigo 412, do CPP, que o procedimento será concluído no prazo máximo de 90 (noventa) dias, ao passo que no procedimento ordinário comum o prazo para instrução do processo é de 60 (sessenta) dias. Finda essa primeira fase o juiz poderá proferir uma das seguintes decisões: A - Pronúncia Se o juiz se convencer da existência do crime e de indícios suficientes de que o réu seja o autor, deverá pronunciá-lo. A pronúncia consiste em decisão interlocutória mista não terminativa, ou seja, não julga o mérito, nem põe fim ao processo e deverá conter o dispositivo legal em que julgar ser o réu incurso, bem como especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento da pena. Proferida a sentença de pronúncia, e preclusa a via impugnativa, não poderá mais ser alterada, salvo se ocorrerem circunstâncias supervenientes que modifiquem a classificação do delito (art. 421 c.c. art. 384, parágrafo único, do CPP), caso em que deverá remeter os autos ao Ministério Público. - Efeitos da pronúncia 1. submete o acusado a julgamento pelo Tribunal do Júri; 2. interrompe a prescrição (art. 117, II, do CP); 3. se o réu estiver preso, será mantido na prisão em que se encontrar; se estiver solto, será expedido mandado de prisão, salvo se for primário e de bons antecedentes (hipótese em que poderá deixar de ser expedido mandado de prisão, ou, se preso, revogar a prisão). - Intimação da pronúncia A intimação da pronúncia será feita pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado, ao Ministério Público e, na forma do art. 370, §1º, do CPP, para o assistente do Ministério Público, ao defensor constituído e ao querelante. Se o réu estiver solto e não for encontrado será intimado por edital. - Recurso Contra a decisão de pronúncia cabe recurso em sentido estrito, previsto no art. 581, IV, do CPP. - Despronúncia A despronúncia pode ocorrer em razão da interposição do recurso em sentido estrito, em que o juiz se retrata e impronúncia o réu, ou quando o juiz mantém a sentença de pronúncia e o Tribunal dá provimento ao recurso em sentido estrito, impronunciando o réu. B - Impronúncia Se o juiz não se convencer da existência do crime ou de indícios suficientes de autoria, será proferida decisão de impronúncia, que também é uma decisão interlocutória mista terminativa, sendo que os crimes conexos serão remetidos ao juízo competente. Lembra-se que, "enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova" (art. 414, parágrafo único do CPP). Contra a decisão de impronúncia cabe apelação. Dispõe ainda o art. 417 da Lei em pauta que "se houver indícios de autoria ou de participação de outras pessoas não incluídas na acusação, o juiz, ao pronunciar ou impronunciar o acusado, determinará o retorno dos autos ao Ministério Público, por 15 (quinze) dias, aplicável, no que couber, o art. 80 deste Código". C - Desclassificação O juiz, com base nas provas produzidas nos autos, convencendo-se de que não se trata de crime de competência do júri, deverá proferir a sentença de desclassificação e remeterá os autos ao juízo competente para julgá-lo. Da decisão de desclassificação cabe recurso em sentido estrito. De acordo com o art. 492, §§ 1º e 2º do CPP "se houver desclassificação da infração para outra, de competência do juiz singular, ao presidente do Tribunal do Júri caberá proferir sentença em seguida, aplicando-se, quando o delito resultante da nova tipificação for considerado pela lei como infração penal de menor potencial ofensivo, o disposto nos arts. 69 e seguintes da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. § 2o Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso contra a vida será julgado pelo juiz presidente do Tribunal do Júri, aplicando-se, no que couber, o disposto no § 1o deste artigo". D - Absolvição sumária A absolvição sumária ocorre quando for comprovada a existência de excludente de ilicitude ou de culpabilidade. Ela faz coisa julgada material. Prevê o art. 415, do CPP, que "o juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando: I – provada a inexistência do fato; II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; III – o fato não constituir infração penal; IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime". A inimputabilidade, via de regra, não será aplicada neste caso, salvo quando for a única tese defensiva. Da decisão de absolvição sumária cabe apelação. Na existência de crimes conexos deve o juiz apenas remeter os autos ao juízo competente. 2. Juízo da causa - 2ª fase Determina o art. 422, do CPP, que "ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência". Depois de decidido sobre as provas a serem produzidas o Juiz ordenará as "diligências necessárias para sanar qualquer nulidade ou esclarecer fato que interesse ao julgamento da causa e fará relatório sucinto do processo, determinando sua inclusão em pauta da reunião do Tribunal do Júri" (art. 423, I e II do CPP). Desaforamento Segundo estabelece o art. 427, do CPP, "se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante representação do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas". O desaforamento somente terá efeito suspensivo se os motivos forem consideravelmente relevantes, devendo o relator fundamentar sua decisão. Cumpre ressaltar que ele poderá também ser requerido em caso de comprovado excesso de serviço, quando o julgamento não puder ser realizado dentro de seis meses contados do trânsito em julgado da decisão de pronúncia, sendo que, neste caso, o juiz presidente e a parte contrária deverão ser ouvidos (art. 428 da lei em questão). Também não será admitido o desaforamento quando houver pendência de recurso contra a decisão de pronúncia ou quando efetivado o julgamento, porém, nesta última hipótese,haverá admissão se o fato tiver ocorrido durante ou após a realização de julgamento anulado. Sorteio e convocação dos jurados Depois da organização de pautas, em que terão preferência os presos e dentre eles os que tiverem maior tempo de prisão, o juiz presidirá o sorteio dos jurados a ser realizado de portas abertas até que se complete o número de vinte e cinco jurados. Tal sorteio será realizado entre o 15o (décimo quinto) e o 10o (décimo) dia útil antecedente à instalação da reunião (art. 433, §1º do CPP), e será acompanhado pelo Ministério Público, pela OAB e pela Defensoria Pública. Vale lembrar que o jurado que não for sorteado pode ter seu nome incluído em reuniões futuras. Ademais, os jurados sorteados serão convocados pelo correio ou por qualquer outro meio hábil para comparecer no dia e hora designados para a reunião, sob pena de multa. Sessões do Tribunal do Júri O julgamento só será adiado pelo não comparecimento do Ministério Público ou do advogado do acusado. Não haverá adiamento do julgamento se não comparecerem o assistente e advogado do querelante, e o acusado solto, se devidamente intimados. Quando a testemunha intimada falta na sessão o juiz suspenderá os trabalhos até que a mesma seja conduzida, ou adiará o julgamento. O juiz declarará instalados os trabalhos com a presença de, pelos menos, quinze jurados. Caso contrário realizar-se-á o sorteio dos suplentes necessários e designar-se-á data pata nova sessão (art. 464 do CPP). Durante a sessão os jurados não poderão se comunicar entre si e com outras pessoas, nem dar opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do conselho e multa (art. 466 do CPP). Serão sorteados sete jurados para compor o Conselho de Sentença, sendo que pode a defesa e depois o Ministério Público recusarem três dos jurados, cada um, sem motivar a recusa. Depois de formado o Conselho de Sentença o juiz entregará aos jurados cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório do processo (art. 472, parágrafo único do CPP). Instrução em plenário Dispõe o art. 473, do CPP, que "prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada a instrução plenária quando o juiz presidente, o Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor do acusado tomarão, sucessiva e diretamente, as declarações do ofendido, se possível, e inquirirão as testemunhas arroladas pela acusação". Tanto as partes como os jurados poderão inquirir as testemunhas (este último por intermédio do juiz), e requerer acareações, reconhecimento de pessoas e coisas. Feito isto, o acusado será interrogado, sendo que o Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor, nessa ordem, poderão formular, diretamente, perguntas a ele, conforme disposição do art. 474, § 1º, do CPP. Já as perguntas formuladas pelos jurados se darão por intermédio do juiz. Os depoimentos e o interrogatório serão registrados pelos meios ou recursos de gravação magnética, eletrônica, estenotipia ou técnica similar, devendo ser transcritos e juntado aos autos. Debates Encerrada a instrução será concedida a palavra ao Ministério Público, que fará a acusação nos limites da pronúncia (art. 476 do CPP). O assistente falará em seguida, sendo que se se tratar de ação penal privada falará primeiro o querelante e depois o Ministério Público. Logo depois, a defesa se pronunciará, e a acusação terá direito a réplica e a defesa a tréplica, admitindo-se a reinquirição de testemunhas (art. 476, § 4º da mesma lei). O tempo concedido às partes é de uma hora e meia para cada, e uma hora para réplica e outro tanto para a tréplica. Quando houver mais de um acusador o tempo será dividido entre eles de comum acordo, ou pelo juiz. No caso de haver mais de um acusado, o tempo para a defesa será acrescido de uma hora e elevado em dobro para a réplica e tréplica. Não é permitido que as partes façam menção "à decisão de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o acusado; ou ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de requerimento, em seu prejuízo" (art. 478 do diploma legal em questão); assim como não será permitida a leitura de documento ou exibição de objeto que não tenham sido juntados aos autos com antecedência de pelo menos três dias. Concluídos os debates o juiz indagará aos jurados se já estão habilitados para o julgamento ou se ainda necessitam de outros esclarecimentos, caso em que serão prestados à vista dos autos, os quais poderão ser fornecidos aos jurados. Se houver necessidade de verificação de algum fato imprescindível ao julgamento, que não puder ser realizada na hora, o juiz designará as diligências cabíveis para o caso. Votação O Conselho de Sentença deverá responder alguns quesitos sobre a matéria de fato e sobre a possibilidade de absolvição do acusado. "Os quesitos serão redigidos em proposições afirmativas, simples e distintas, de modo que cada um deles possa ser respondido com suficiente clareza e necessária precisão. Na sua elaboração, o presidente levará em conta os termos da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, do interrogatório e das alegações das partes" - art. 482, parágrafo único, do CPP. Se houver mais de três respostas negativas para os quesitos que indagaram sobre a materialidade do fato e da autoria e participação, o acusado será absolvido. Já se as resposta forem afirmativas, os jurados deverão responder se absolvem ou não o acusado. Se os jurados optarem pela condenação, deverão responder os quesitos formulados sobre as causas de diminuição da pena alegada pela defesa e circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena, reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação (art. 483, § 3º). Serão formulados quesitos sobre a desclassificação do crime, quando sustentada, e sobre a possível ocorrência do crime na forma tentada. Quando houver mais de um acusado os quesitos serão formulados de forma distinta. Feito isto, o juiz perguntará às partes se têm algum requerimento ou reclamação para fazer. "Não havendo dúvida a ser esclarecida, o juiz presidente, os jurados, o Ministério Público, o assistente, o querelante, o defensor do acusado, o escrivão e o oficial de justiça dirigir-se-ão à sala especial a fim de ser procedida a votação" - art. 485 da lei. Posteriormente, o juiz distribuirá cédulas aos jurados que serão utilizadas para a votação, sendo que a decisão será tomada por maioria de votos. Sentença Depois da votação, o juiz proferirá a sentença. "I - No caso de condenação: a) fixará a pena-base; b) considerará as circunstâncias agravantes ou atenuantes alegadas nos debates; c) imporá os aumentos ou diminuições da pena, em atenção às causas admitidas pelo júri; d) observará as demais disposições do art. 387 deste Código; e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva; f) estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da condenação; II – no caso de absolvição: a) mandará colocar em liberdade o acusado se por outro motivo não estiver preso; b) revogará as medidas restritivas provisoriamente decretadas; c) imporá, se for o caso, a medida de segurança cabível" (art. 492 do CPP). 3-PROVAS NO PROCESSO PENAL CONCEITO: A prova é o ato que busca comprovar a verdade dos fatos, afim de instruir o julgador. Busca reconstruir um fato passado, através das provas, buscando a verdade dos fatos. O autor Lopes Jr. (2017, p. 344) informa que o processo penal e a prova integramos modos de construção do convencimento do julgador que influenciará na sua convicção e legitimará a sentença. A prova geralmente é produzida na fase judicial, pois permite a manifestação da outra parte, respeitando assim o princípio do contraditório e da ampla defesa, direito de ser julgado de acordo com as provas produzidas, em contraditório e diante de um juiz competente, com todas as garantias. O art. 155, do Código de Processo Penal, preceitua no mesmo sentido, informando que o juiz formará sua convicção pelas provas produzidas em contraditório judicial, não podendo fundamentar exclusivamente nos elementos da investigação, isso porque as provas produzidas nessa fase, não possibilitou o contraditório da outra parte, assim, poderão ser utilizadas aquelas provas cautelares, as que não são repetíveis e as antecipadas. Os atos de investigação são realizados na investigação preliminar, no qual, se refere a uma hipótese, para formação de um juízo de probabilidade e não de convicção, como são designadas as provas. Principiologia das Provas O acusado é presumido inocente, conforme dispõe o art. 5º, LVII da Constituição “ 5°, LVII CF - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Em regra, o juiz não poderá condenar alguém cuja a culpabilidade não tenho sido completamente provada, respeitando o princípio do In dubio pro reo. Além disso, deve-se observar o princípio do contraditório, previsto no art. 5º, LV, CF, esse princípio consiste na ciência bilateral das partes a respeito da realização dos atos processuais. Aqui, o denunciado adquire o conhecimento da existência de um processo crime em seu desfavor e tem a partir deste momento a possibilidade de contestar as provas produzidas pela parte contrária. Meio de prova e objeto de prova O meio de prova consiste nos fatos, documentos ou alegações que infere na busca da verdade real dos fatos no processo. É através dos meios de prova que o juiz formará sua convicção acerca dos fatos. Não pode confundir meio de prova com objeto de prova, pois o sujeito que presta depoimento não é meio de prova, mas sim o seu depoimento. O meio de prova alcança uma finalidade, assim, dispõe o art. 369, do NCPC que as partes têm o direito de empregar todos os meios legais de prova. Provas ilícitas por derivação São meios probatórios que, não obstante produzidos validamente em momento posterior, encontram- se afetados pelo vício da ilicitude originária, que a eles se transmite, contaminando-os por efeito de repercussão causal. O autor Lopes Jr (2017, p. 401) informa que a origem do princípio da contaminação teve sua origem no caso Silverthorne Lumber & Co. v. United States, em 1920, tendo a expressão fruits of the poisonous tree sido cunhada pelo Juiz Frankfurter, da Corte Suprema, no caso Nardone v. United States, em 1937. Esse entendimento foi incorporado ao ordenamento jurídico através do artigo 157, § 1º, do CPP que diz: “São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. (...)”. Quando houver provas absolutamente independentes ou de provas derivadas, no caso concreto aquelas que inevitavelmente seriam descobertas, essas serão revestidas de legalidade, não devendo ser desentranhadas do processo. Aqui, são citadas duas teorias a respeito das provas: teoria da fonte independente e da descoberta inevitável de prova. Teoria da Fonte Independente Havendo demonstração pelo órgão da persecução penal da legitimidade dos novos elementos de informação a partir de uma fonte autônoma de prova, que não guarde qualquer relação de dependência nem decorra da prova originariamente ilícita com essa não mantendo vínculo causal, tais dados probatórios são admitidos uma vez que não estão contaminados pelo vício da ilicitude originária. A teoria da fonte independente encontra-se consagrada na legislação pátria no art. 157, §1º, do Código de Processo Penal. . Teoria da Descoberta Inevitável Esta teoria foi concebida através do direito norte-americano, e será aplicada nos casos onde haja a demonstração de que a prova seria produzida de qualquer maneira, por meio de atividades investigatórias lícitas, independentemente da prova ilícita que a originou. A utilização dessa teoria requer que os dados sejam concretos e não apenas meramente especulativos, sendo indispensável a existência de dados concretos que demonstrem que a descoberta seria inevitável. A limitação vem prevista no art. 157, § 2° CPP, com a seguinte ressalva: “Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova”. Com isso, podemos comprovar que é indispensável à análise de toda a estrutura a fim de que seja constatada a ilegalidade da prova e seu conseguinte direito à exclusão. 4. Exceções ao princípio da liberdade das provas 4.1. Provas relacionadas ao Estado das pessoas Com relação aos estados das pessoas, de acordo com o artigo 155 parágrafo único do CPP, estarão sujeitas às restrições estabelecidas na lei civil, por exemplo: a) Para provar um casamento, é necessária a juntada da certidão de casamento; b) Para comprovar a idade da pessoa, por exemplo, para aferir se esta pode ser vítima do crime de estupro de vulnerável, com simples presunção, devendo juntar a certidão de nascimento. 5. Obrigatoriedade do Exame de corpo de Delito O exame de corpo de delito é necessário quando a infração deixa vestígios. Caso essa infração penal, nos crimes materiais, deixar vestígios e tais vestígios não tiverem desaparecido, será indispensável a perícia. O artigo 158, do Código de Processo Penal, dispõe sobre a obrigatoriedade das provas e acaba sendo restringindo a liberdade das provas. Segundo Lopes Jr (2017, p. 424) a prova pericial demonstra um grau de possibilidade do delito. No entanto, todas as provas são relativas, até mesmo o laudo do perito, no qual, o juiz pode aceita-lo ou rejeitá-lo no todo ou em parte conforme dispõe o art. 182, do Código de Processo Penal. Assim, o juiz continua com sua livre convicção para apreciar as provas. 6. Direito à prova As partes processuais, acusação ou defesa tem direito à prova. Este direito é um desdobramento lógico do direito de ação, razão pela qual o mandando de segurança é o remédio constitucional utilizado pelo Ministério Público ou pelo particular na hipótese de indeferimento na produção de determinada prova. Caso uma prova licita tenha sua produção indeferida injustificadamente cabe mandado de segurança como remédio, a ser utilizado pelo acusador ou defesa. Os objetos de prova são os fatos inerentes à solução da causa, qual seja, todos os fatos, pessoas, lugares, documentos, tudo aquilo que importa à lide e que possa ajudar a formar a opinião do julgador na decisão do conflito. Os responsáveis pela produção da prova são o ofendido, a testemunha, os peritos, entre outros. O destinatário imediato das provas é o julgador, seja ele o juiz ou tribunal que estará envolvido na lide, devendo apreciar o caso por meio de um processo, devendo julgar e findar o processo com caráter definitivo. Possui também o destinatário mediato, que são as partes do processo. 7. Fonte de prova A fonte de prova pode ser confundido com os meios de prova, mas as fontes está ligada com pessoas ou coisas acerca das quais se pode obter a prova, sendo basicamente tudo que indica algum fato ou afirmação útil, no qual, as comprovações sejam necessárias para a confirmação da verdade, como porexemplo, uma peça acusatória (denuncia ou queixa). 8. Sistemas de Valoração da prova É adotado três sistemas de valoração da prova: 1. Sistema da intima convicção do juiz: é aquele que permite que o juiz avalie a prova com ampla liberdade, porém, sem a obrigação de fundamentar seu ato de decidir. No Brasil, esse sistema é adotado apenas no tribunal do júri, visto que o jurado não é obrigado a fundamentar sua decisão (art. 5º, XXVIII, CF 1998). 2. Sistema da verdade legal ou formal: A lei atribui o valor a cada prova, cabendo ao juiz simplesmente obedecer ao mandamento legal. Não é adotado no CPP, salvo em algumas hipóteses em que a lei determina: a) Prova quanto ao estado das pessoas, exigindo a apresentação de documento hábil a fim de que seja demostrado o estado civil da pessoa. b) Nos crimes que deixam vestígios será indispensável o exame de corpo de delito para que demonstre sua existência. 3. Sistema do livre convencimento motivado ou persuasão racional: é o sistema de valoração da prova adotado pelo Brasil onde o julgador tem liberdade para decidir de acordo com o que foi trazido nos autos, podendo até, se necessário for, afastar alguma prova desde que suas decisões sejam fundamentadas sob pena de vício determinante de nulidade absoluta. Deve ser destacado que os elementos informativos, ou seja, aqueles produzidos em fase préprocessual, isoladamente considerados, não são aptos a fundamentar uma sentença condenatória, entretanto, não devem ser completamente desprezados, podendo se somar a prova produzida em juízo, servindo como mais um elemento na formação da convicção do juiz. Sobre isso devemos observar o artigo 155, do CPP. Prova Emprestada É a utilização da prova em um processo distinto daquela em que foi produzida. Apenas será possível a utilização da prova emprestada se usada contra quem participou do processo anterior, sendo observado o contraditório na admissibilidade e na colheita das provas. A prova emprestada tem o mesmo valor que a prova originariamente produzida. Alguns doutrinadores falam em ilegitimidade da prova por violação ao princípio do contraditório, mas o Superior Tribunal de Justiça decidiu inexistir nulidade processual, caso a defesa tenha concordado com a produção da prova emprestada. 10. Ônus da Prova É o encargo que recai sobre a parte de provar a veracidade do fato alegado. Existe o ônus da prova da acusação, cabendo à acusação provar tanto a existência do fato típico quanto provar a autoria ou participação do agente no fato criminoso bem como o nexo causal. Tarefa mais árdua da acusação é demonstrar os elementos subjetivos, quer dizer, dolo ou culpa que deve ser comprovado a partir da análise dos elementos objetivos do caso concreto. O ônus da prova da defesa, dispõe que deverá provar os fatos modificativos, impeditivos, extintivos e um eventual álibi. Como consequência, caso haja dúvida quanto à existência de uma excludente da ilicitude ou da culpabilidade, deve o juiz absolver o acusado. 4-JJUIZADOS Este assunto está previsto, a partir do artigo 60, na Lei do Juizado Especial Criminal (Lei Federal 9.099/95). Os Juizados Especiais Criminais nada mais são do que órgãos da Justiça que julgam infrações penais de menor potencial ofensivo, objetivando rapidez na resolução do processo, assim como a reparação do dano causado à vítima, por meio de um acordo. O Juizado Especial Criminal é “provido por juízes togados ou togados e leigos e … tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.” Qual o conceito de infração penal de menor potencial ofensivo? Bem, de acordo com o artigo 61 da referida Lei, consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa, submetidos ou não a procedimento especial. Havendo enquadramento em uma dessas hipóteses, autor e vítima, ou só o autor a depender da ação, se é condicionada ou incondicionada, serão intimados a comparecer à audiência preliminar. Contudo, é necessário esclarecer que ficam excluídas do conceito de menor potencial ofensivo as hipóteses de que trata a Lei 11.340/06 (Maria da Penha), ou seja, os casos de violência doméstica e familiar contra mulher. Como funciona na prática a Composição Civil dos Danos (1º momento da audiência preliminar do Juizado Especial Criminal)? A audiência de conciliação será conduzida pelo juiz ou por conciliador sob sua orientação. Na audiência preliminar, estarão presentes o Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o responsável civil, caso esta seja incapaz, acompanhados por seus advogados, ocasião em que o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição civil dos danos (vantagens e desvantagens em fazer o acordo). Com relação ao fato que deu causa ao processo, busca-se sempre que possível, nessa audiência preliminar, um acordo entre autor e vítima. Havendo composição dos danos, “acordo” no caso de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta renúncia ao direito de queixa ou de representação, nos termos do disposto no parágrafo único do artigo 74 da Lei 9.099/95. A composição dos danos será homologada pelo juiz mediante sentença irrecorrível e terá eficácia de título a ser executado no juízo cível competente. Ou seja, caso o acordo entre as partes tenha se resolvido mediante pagamento de uma indenização em favor da vítima, se eventualmente o autor descumprir este termo (deixar de pagar o valor ajustado), poderá a vítima executar a sentença homologatória do acordo perante o juízo cível. Ademais, para que fique claro, o acordo de composição dos danos perante o Juizado Criminal impede que a vítima promova ação judicial de cobrança de quaisquer diferenças no juízo cível, porque a questão já ficou resolvida – fez coisa julgada. Não havendo a composição entre autor e vítima, “acordo”, será dada imediatamente ao ofendido “vítima” a oportunidade de exercer seu direito de representação verbal, ou seja, dizer se quer ou não prosseguir com a ação. Entretanto, importante deixar claro que se o ofendido não manifestar interesse pela representação na audiência preliminar, isso não implicará na decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo de 6 (seis) meses. Neste momento entra aquele famoso “terminho”, conhecido por muitos comoTransação Penal, popularmente denominado de “pagamento de uma cesta básica”. Mas, afinal o que é Transação Penal? A transação penal é um “acordo” feito entre o “suposto” autor do fato e o Ministério Público, ocasião em que o Ministério Público oferece a proposta de Transação Penal consistente no pagamento de uma multa ou prestação de serviços à comunidade, contanto que haja representação ou, quando se tratar de crime de ação penal pública incondicionada, não haja motivo para arquivamento. Entretanto, para que o autor faça jus a este benefício, é necessário que preencha alguns requisitos, conforme disposto no artigo 76, parágrafo 2º, incisos I a III da Lei 9.099/95. – não ter sido o autor da infração condenado pela prática de crime à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; – não pode ter usufruído deste benefício nos últimos 5 (cinco) anos; – os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias revelem ser necessária e suficiente a adoção da medida. O autor aceitando uma destas duas propostas: pagamento de multa ou prestação de serviços à comunidade não corre o risco de ser condenado ao final,se eventualmente fosse considerado culpado. Pode também o autor aceitar esse benefício, ainda que em seu íntimo saiba que é inocente, para evitar o prosseguimento de ação penal, ficando longe da carga psicológica e do dispêndio financeiro. A aceitação da proposta não pode ser considerada como reconhecimento de culpa ou de responsabilidade civil sobre o fato, bem como não gera reincidência, nem antecedentes. O fato só será registrado para impedir que o réu obtenha direito ao mesmo benefício nos próximos 5 (cinco) anos. Ademais, caso cumprido o acordo de transação penal homologado pelo juiz, haverá a extinção de punibilidade do autor do fato, com arquivamento definitivo. Entretanto, em caso de descumprimento, o acordo será revogado, podendo o Ministério Público apresentar denúncia, dando início ao processo, se recebida pelo magistrado. Feito estes apontamentos, podemos observar que o objetivo da Lei dos Juizados Especiais é a desburocratizar o processo penal, fazendo com que a justiça criminal seja mais célere, bem como evitando que o “suposto autor” enfrente um processo criminal. . 5- RECURSOS NO PROCESSO PENAL Para o recurso ser reconhecido, isto é, admitido, deve passar por um juízo de admissibilidade no qual são considerados pressupostos subjetivos e objetivos. A verificação dos requisitos processuais de interposição do recurso deve ser feita pelo órgão que prolatou a decisão, para que ele seja encaminhado à instância superior. a) Pressuposto Subjetivo: (i) Interesse Recursal – a parte interessada em interpor o recurso deve conseguir algum tipo de benefício da decisão recursal procedente, em geral, o réu. Já ao Ministério Púbico é garantido a possibilidade de apresentar recurso, pois é interessado no cumprimento da lei; (ii) Legitimidade – o recurso deve ser oferecido por quem é parte na relação processual (art. 598, caput, CPP). b) Pressuposto Objetivo: (i) Cabimento – deve haver previsão legal para a interposição do recurso; (ii) Adequação – a parte deve utilizar-se do recurso indicado na lei para a correspondente decisão impugnada; (iii)Tempestividade – o recurso deve ser apresentado e dirigido ao Tribunal para reexame respeitando o prazo estabelecido em lei. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO O recurso em sentido estrito é o direito de ação cabível para impugnar as decisões interlocutórias do magistrado. O agravo é utilizado para as decisões interlocutórias, enquanto a apelação é interposta perante as decisões definitivas que envolvam mérito. Exemplo de interposição de recurso em sentido estrito é quando a prisão é relaxada pelo juiz por não preencher os requisitos de sua legalidade. Ao Ministério Público cabe a possibilidade de interpor recurso em sentido estrito. O prazo para sua interposição é de cinco dias, exceto no caso do artigo 581, inciso XIV, Código Penal, no qual o prazo é de vinte dias. Em regra, possui efeito devolutivo, ou seja, devolve ao tribunal o conhecimento da matéria abordada nele, mas não suspende o andamento do feito. O artigo 581 do Código de Processo Penal elenca as possibilidades de interposição de recurso em sentido estrito. Vejamos: “ Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não receber a denúncia ou a queixa; II - que concluir pela incompetência do juízo; III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; IV – que pronunciar o réu; V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; VI - (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008) VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade; X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena; XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional; XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte; XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta; XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial; XVII - que decidir sobre a unificação de penas; XVIII - que decidir o incidente de falsidade; XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado; XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra; XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774; XXII - que revogar a medida de segurança; XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação; XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples.” APELAÇÃO Disposta no Título II – Dos Recursos em Geral, Capítulo III – Da Apelação, é o recurso cabível contra decisões definitivas que julguem extinto o processo, com ou sem a apreciação do mérito. 1. Hipóteses de cabimento (art. 593, CPP): I) Das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular: são decisões terminativas de mérito. Podem acolher a imputação da denúncia ou queixa, nos casos de condenação, ou rejeitando tal imputação, quando houver absolvição. II) Das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não abrangidos pelo recurso em sentido estrito: chamadas decisões interlocutórias mistas, são as hipóteses que não julgam o mérito, mas colocam fim à controvérsia, podendo o não extinguir o processo. Um exemplo é quando o juiz extingue, de ofício, o feito por reconhecer a exceção da coisa julgada, cabendo apelação. III) Das decisões do Tribunal do Júri, quando: (a) Ocorrer nulidade posterior à pronúncia; (b) For a sentença do juiz presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; (c) Houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; (d) For a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. Aqui, o legislador procurou garantir o duplo grau de jurisdição e buscar preservar a soberania dos veredictos, afinal a decisão do Tribunal do Júri não é atacada por inconformismo, mas apenas diante das situações elencadas acima. Nesse sentido, Súmula 713, STF: “O efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito aos fundamentos de sua interposição”. 2. Processamento e trâmite A apelação deve ser interposta em cinco dias contados a partir da intimação da decisão, e pode ser interposta perante todo o julgado ou apenas em parte deste, seguindo o princípio da voluntariedade dos recursos (permite à parte a livre apreciação da decisão judicial). Interposta, haverá um prazo de oito dias para cada parte oferecer as razões e contrarrazões de apelação, dirigidas ao tribunal. Caso trate-se de uma contravenção penal, o prazo é reduzido para três dias, segundo o artigo 600, CPP. Apesar do prazo de cinco dias da apelação ser fatal, o prazo de oito dias para apresentação de razões pode ser ultrapassado, e não é fatal. Todavia, caso haja dois ou mais apelantes, os prazos serão comuns (art. 600, § 3º, CPP). Na hipótese de um réu desejar apelar enquanto os outros réus ainda não foram julgados ou não tiverem recorrido, ocorrerá o desmembramento do feito e remessa ao tribunal, devendo o apelante fornecer as cópias necessárias para a formação do novo volume, sob pena de deserção. EMBARGOS: DECLARAÇÃO, NULIDADE E INFRINGENTES 1) Declaração: Utilizado para o esclarecimento de dúvidas surgidas no acórdão quando configuradaambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão, de forma a permitir o efetivo conhecimento do julgado. Assim preceitua o artigo 382, CPP: “Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão.” Apesar de não estar expresso no texto legal a possibilidade de embargos de declaração para o primeiro grau, aplica-se o referido dispositivo de forma geral, abrangendo tanto as sentenças quanto os acórdãos. Entretanto, não é cabível contra decisões interlocutórias, sendo o caminho adequado neste caso, a impetração de habeas corpus. O prazo para sua interposição é de dois dias contados da ciência da sentença ou do acórdão, e interrompe o prazo para outros recursos (a interrupção, diferentemente da suspensão, retoma o prazo por inteiro à parte). Possui legitimidade qualquer das partes, desde que o esclarecimento possa trazer- lhe algum benefício. Os embargos declaratórios podem, ainda, ter efeito infringente: modificação substancial do julgado, quando se cuidar de omissão ou contradição. Dessa forma, os magistrados terão que decidir sobre ponto que ainda não tinham abordado ou sanar uma incoerência, situações que podem alterar a decisão. 2) Infringentes e de Nulidade: “Recurso privativo da defesa, voltado a garantir uma segunda análise da matéria decidida pela turma julgadora, por ter havido maioria de votos e não unanimidade, ampliando-se o quórum do julgamento”, ensina Guilherme de Souza Nucci. Este recurso possibilita que não apenas os votos dos magistrados que compuseram a turma julgadora sejam computados, mas sim de todos que participam daquela câmara. Para ilustrar a situação, um exemplo é a câmara do Tribunal de Justiça, composta por cinco desembargadores, em que em um caso hipotético participam do julgamento apenas três, que condenam o réu (dois votos a um). Cabe, aqui, a interposição de embargos infringentes, chamando o restante da câmara para julgamento. Todavia, é preciso haver ao menos um voto favorável ao réu, ou ainda quando exista condenação unânime mas caso um dos votos fosse acatado, sua pena seria menor ou com benefícios penais mais extensos. Nos embargos infringentes e de nulidade, a matéria discutida pode ser voltada para questões de direito material, ou seja, aquelas que envolvam mérito (infringentes) ou pode ligar-se a tema exclusivamente processual (de nulidade). Em seu processamento, o recurso deve estar instruído com as razões, pois não será permitida sua interposição após esse prazo. A legitimidade do recurso cabe ao réu, diretamente, ou por seu defensor, tendo em vista que é um recurso voltado exclusivamente para o interesse da defesa. Em seguida, seguirá o trâmite previsto no artigo 613, CPP, sendo idêntico ao da apelação. HABEAS CORPUS 1) Introdução O habeas corpus, apesar de estar inserido na lei processual como recurso, é ação de natureza constitucional que visa assegurar direitos fundamentais, coibindo qualquer ilegalidade ou abuso de poder contra a liberdade de locomoção. Seu fundamento constitucional está amparado no artigo 5º, incisos LXVIII e LXXVII: Art. 5º, LXVIII: “conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. Art. 5º, LXXVII: “são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania”. O instituto foi introduzido expressamente no ordenamento jurídico brasileiro a partir da Constituição Republicana de 1891, assim como documentos internacionais de proteção aos direitos humanos, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (art. 8º). 2) Abrangência e Natureza jurídica O habeas corpus pode ser interposto perante qualquer ato constritivo direta ou indiretamente à liberdade, ainda que se refira a decisões jurisdicionais não vinculadas à decretação da prisão. Deixa de ser, portanto, apenas uma medida para cessar a prisão considerada ilegal, como originalmente era utilizado. Para Ada, Magalhães e Scarance, trata-se de ação de conhecimento, que pode objetivar um provimento declaratório (extinção de punibilidade), constitutivo (anulação de ato jurisdicional) ou condenatório (condenação nas custas da autoridade que agiu de má-fé). Já para Guilherme de Souza Nucci, o provimento condenatório inexiste, afinal é prevista constitucionalmente a gratuidade da ação, nunca havendo custas a pagar. Em suas lições, Nucci aduz que este instituto pode assumir duas formas, sendo: “liberatório, quando a ordem dada tem por finalidade a cessação de determinada ilegalidade já praticada, ou preventivo, quando a ordem concedida visa a assegurar que a ilegalidade ameaçada não chegue a se consumar”. 3) Cabimento O artigo 648 do Código de Processo Penal elenca as possibilidades de coação ilegal em que há possibilidade de se impetrar habeas corpus: Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: I - quando não houver justa causa; II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei; III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza; VI - quando o processo for manifestamente nulo; VII - quando extinta a punibilidade REVISÃO CRIMINAL Assim como o habeas corpus, a revisão criminal constitui uma ação autônoma de impugnação, para assegurar direitos e garantias fundamentais. A revisão criminal destina-se a rever a decisão condenatória, com trânsito em julgado, quando ocorreu erro judiciário, assemelhando-se à uma ação rescisória. É chamada de ação sui generis – apenas o autor que questiona o erro configura na ação, que não possui polo passivo. Sua competência originária dos tribunais e possui fundamento constitucional: Art. 5º, LXXXV, CF/88: “O Estado indenizará o condenado por erro judiciário”. 1) Cabimento: Art. 621, CPP: “A revisão dos processos findos será admitida: I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos; II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos; III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.” Requisito indispensável é o efetivo trânsito em julgado da sentença condenatória, afinal, não caberá revisão se houver a possibilidade da interposição de outro recurso. Todavia, entende-se que a revisão pode ser proposta também para sentença absolutória imprópria, isto é, aquela que é imposta ao inimputável. 2) Ônus da Prova: O ônus da prova, ou seja, o encargo de demonstrar a inocência é do réu, que na ação de revisão criminal é o próprio autor. Ele deverá apresentar novos fatos e provas novas para que seu pedido possa ser acolhido, demonstrando a inexatidão do que foi realizado. Neste momento do processo, é vigente o princípio in dubio pro societate, pois a revisão criminal é uma exceção do respeito à coisa julgada. 3) Órgão competente para julgamento: A competência para julgamento da revisão é originária dos tribunais. Portanto, nunca poderá ser apreciada por um juiz de primeira instância. O artigo 625, CPP dispõe que a revisão será distribuída a um relator e a um revisor, sendo necessariamente o relator um desembargador ou ministro que não tenha participado do processo. Assim: a) Se a decisão provier de magistrado de primeiro grau: o órgão competente para julgamento darevisão criminal será o mesmo que julgaria recurso ordinário; b) Se a decisão provier de câmara ou turma de tribunal de segundo grau: a revisão poderá ser interposta perante o próprio tribunal, que será competente para julgamento da revisão. Cabe ressaltar que aqui o julgamento não será feito pela mesma câmara, mas sim pelo grupo de câmaras criminais. c) Se a decisão provier de Órgão Especial ou Pleno do tribunal, ou dos tribunais superiores: caberá o julgamento ao mesmo colegiado. Se a decisão provier do STF ou do STJ: compete ao próprio STF ou STJ o julgamento da revisão criminal de seus julgados. CASOS CONCRENTOS 1 AO 16 CASO 1. Na tentativa de identificar a autoria de vários arrombamentos em residências agrupadas em região de veraneio, a polícia detém um suspeito, que perambulava pelas redondezas. Após alguns solavancos e tortura físicopsicológica, o suspeito, de apelido Alfredinho, acabou por admitir a autoria de alguns dos crimes, inclusive de um roubo praticado mediante sevícia consubstanciada em beliscões e cusparadas na cara da pessoa moradora. Além de admitir a autoria, Alfredinho delatou um comparsa, alcunhado Chumbinho, que foi logo localizado e indiciado no inquérito policial instaurado. A vítima do roubo, na delegacia, reconheceu os meliantes, notadamente Chumbinho como aquele que mais a agrediu, apesar de ter ele mudado o corte de cabelo e raspado um ralo cavanhaque. Deflagrada a ação penal, o advogado dos imputados impetrou habeas corpus, com o propósito de trancar a persecução criminal, ao argumento de ilicitude da prova de autoria. Solucione a questão, fundamentadamente, com referência necessária aos princípios constitucionais pertinentes. A forma expressa do art. 5ª, LVI, da CF/88 e do art. 157 do CPP, que proíbem a utilização das provas ilícitas no processo são pautadas p elo os Princípios pertinentes, Vedação da prova ilícita, devido processo legal e dignidade da pessoa humana. As provas obtidas são ilícitas e ilícitas por derivação. O habeas corpus deverá ser concedido ao acusado, tendo em vista que as pro vas obtidas foram mediante tortura, conforme prever o art. 1º, I “ a” da lei 9.4 55/97 (lei de tortura). CASO 2 O Padre José Roberto ouviu, em confissão, Maria admitir que mantém por conta própria estabelecimento onde ocorre exploração sexual, com intuito de lucro. No local, admitiu Maria ao Vigário que garotas de programa atendem cl ientes para sat isfazer seus diversos desejos sexuais med iante o pagamento de entrada n o valor de R$100,00 no estabelecimento, e o valor d e R$500,00 p ara a atendente. Maria, efetivamente, responde a pro cesso crime onde lhe foi imputada a conduta descrita n o art. 229 do CP. O M inistério Público arrolou o Padre José Roberto como testemunha da acusação e pretende ouvi-lo na AIJ, já que trata- se de testemunha com alto grau de idoneidade. Pergunta-se: 1) pode o magistrado obrigar o Padre a depor em juízo, sob p e na de comet er o crime do art. 342 do CP? Não, pois trata-se de segredo sacramental da conf issão é inviolável, mesmo que a pessoa revele um crime. A relação entre padre e fiel segue as determinações mo rais e éticas do sigilo profissional. Segu ndo a inteli gência do art . 207 do código de processo penal, são proibidas de depor as pessoas que em razão de ministério devam guardar segredo. CASO 3 O MP of ereceu denúncia contra Caio por, em tese, o mesmo ter subtraído o aparelho de telefone celular de Maria, na Av. Rio Branco, na altura do nº 23 , pugnando pela condenação do acusado nas penas do art. 155, inciso II do CP (furto qualificado pela destreza). No entanto, ao lon go da instrução probatória, nas declarações prestadas pela vít ima e pelo d epoimento de uma testemunha arrolada pela acusação, constatou -se que Caio teria, na ocasião d os fatos, dado um forte t apa no rosto d a vítima no momento em que arrebatou o aparelho celular. Assim sendo, diante das p rovas colhidas n a instrução probatória, o magistrado prolatou sentença condenatória contra Caio, fixando a pena de 4 anos e 6 meses, a ser cumprida em regime semi -aberto, diante da primariedade e da a usência d e antecedentes criminais do acusado, como incurso no art. 157 d o CP. Pergu nta -se: Agiu corretamente o magistrado? Indique na resposta todos os fundamentos cabíveis ao caso. R: O magistrado incorreu em erro in procedendo, pois houve Mutatio Libelli n o presente caso, uma vez que a denúncia trouxe determinados fatos, os quais foram objetos de ataque da defesa. No final da instrução probatória se verifica a mudança da narrativa ao qual o defensor não teve oportunidade de se manifestar. Logo, c onsiderando que o réu se defende dos fatos, seria necessária a formação de novo contraditória, do contrário, fica cerceada a ampla defesa. Verifica-se a mutatio libelli, quando o juiz co ncluir que o fato narrado na inicial não corresponde aos fatos provados na instrução processual; nesse caso, deveria o magistrado remeter o processo ao Ministério Público que deverá aditar a peça inaugural, afim de constar os novos fatos. CASO 4 HUGUINHO, ZEZINHO e LUIZINHO praticaram um roubo na Agência do Banco do Brasil, no centro do Rio de Janeiro. Os três comparsas, ao se evadirem do local, seguiram em direções d iferentes. LUIZINHO foi alcançado pela polícia e preso em flagrante e encontra- se pre so no Complexo de Bangu, na cidade do Rio. Os outros dois conseguiram escapar. HUGUINHO, para não ser en contrado vive se o cultando e ZEZI NHO encontra-se em local incerto e n ão sabido. Ao receber a denúncia, o juiz da 10 ª vara Criminal da Comarca do Rio de Janeiro, determinou, diante da situação descrita, que fosse realizada a citação po r edital, de acordo com o art. 363, § 1º, CPP dos três acu sados. Foi correta a decisão do magistrado? Justifique sua resposta. Não f oi correta a decisão do magistrado, pois Luizinho, nos termos do artigo 360, CPP, deveria ter sido citado pessoalmente, poi s encontra- se preso. Com relação aos outros comparsas, o edital seria o meio eficaz segundo a inteligência do artigo 363, § 1º, CPP. CASO 5. Marcílio responde a processo crime como incurso nas penas do art. 213 do CP pois, em tese, teria constrangido Lucilha, mediante emprego de arma de fogo, a manter com ele relações sexuais. O Juiz designou Audiência de Instrução e Julgamento onde ouviu primeiramente Gumercindo, testemunha arrolada pela defesa, uma vez que as testemunhas arroladas pelo MP ainda não tinham chegado ao Fórum. Posteriormente, o Magistrado ouviu as demais testemunhas da acusação e da defesa e, por fim, interrogou Marcilio. Perguntase: Você, Defensor Público, argüiria qual tese defensiva em favor do seu assistido Marcílio? Resposta: A s disposi ções do arti go 400 do Código de Processo Penal , prevê que serão inq ui rid as as tes tem u nhas de ac usação, as de defesa, interrogando -se, em seg ui da, o ac usado. D e ve -se respe itar a o rdem e s tabeleci da pelo procedi mento legal , poi s o p rej uízo ca usado ao r é u pela i nversão da o rdem da oi ti va das testem unhas é pres umi do uma ve z que , se ndo uma tes tem unha de acusaçã o o uvi dano fi nal , a ac usada nã o poderia se co ntrapor a ela CASO 6 Semprônio, motorista de um Uber, dirigia seu veículo pela pista de esquerda (pista de ultrpassagem), sendo certo que a sua frente estava o carro de Felizberto, septuagenário, que dirigia a aproximadamente 50 Km/h, o que impedia, na ocasião, Semprônio de fazer a ultrapassagem. Quando Felizberto parou o seu carro em um sinal de trânsito, Semprônio desceu de seu Uber e começou a desferir chutes e socos na lataria do carro do idoso. Uma viatura daPM que passava pelo local autuou Semprônio e o conduziu a sede policial onde foi lavrado termo circunstanciado, uma vez que a Autoridade Policial entendeu que ocorrera crime do art. 163, do CP. Semprônio não aceitou a proposta de transação penal oferecida pelo MP, sendo certo que o mesmo diante da recusa, ofereceu denúncia em face do mesmo. Ocorre que Semprônio ocultou-se para não ser citado e, diante disso, o Magistrado orientou o oficial de justiça a proceder à citação por hora certa, na forma do art.362 do CPP. Pergunta-se: Agiu corretamente o Magistrado no caso em conformidade com o procedimento sumaríssimo? O Magistrado comete erro no procedimento uma vez que deveria Ter aplicado Art. 66 único da lei 9099/95 e remetido o feito ao juiz comum para adoção do procedimento previsto em lei. CASO 7 Juninho Boca, jovem de classe média da zona sul do Rio de Janeiro, está respondendo a processo criminal como incurso nas penas do art. 33 da lei 11.343/06 pois, em tese, seria o responsável pela distribuição de cocaína em um conhecido bar em Copacabana. Realizada a AIJ, na forma do art. 56 do mesmo diploma legal, em sede de alegações finais a defesa pugnou pela nulidade do feito, uma vez que o perito que havia subscrito o laudo definitivo de constatação da substância entorpecente também havia funcionado na elaboração do laudo prévio. Pergunta-se: Assiste razão a defesa de Juninho Boca? Resposta: C onforme o A r t.50, §2º da le i 11.343 /06, não assiste ra zão à defesa, pois o p eri to q ue s ub scre ve r o la udo pré vio não fi cará i mpedi do de partici pa r da ela boração do laudo defi nitivo . P orém , a úni ca ressal va g uarda guari da q uanto ao laudo defi ni ti vo q ue de verá se r elaborado por doi s peri tos ofi ci ai s, sob pe na de nu li da de. CASO 8 (OAB) Caio, professor do curso de segurança no trânsito, motorista extremamente qualificado, guiava seu automóvel tendo Madalena, sua namorada, no banco do carona. Durante o trajeto, o casal começa a discutir asperamente, o que faz com que Caio empreenda altíssima velocidade ao automóvel. Muito assustada, Madalena pede insistentemente para Caio reduzir a marcha do veículo, pois àquela velocidade não seria possível controlar o automóvel. Caio, entretanto, respondeu aos pedidos dizendo ser perito em direção e refutando qualquer possibilidade de perder o controle do carro. Todavia, o automóvel atinge um buraco e, em razão da velocidade empreendida, acaba se desgovernando, vindo a atropelar três pessoas que estavam na calçada, vitimando-as fatalmente. Realizada perícia de local, que constatou o excesso de velocidade, e ouvidos Caio e Madalena, que relataram à autoridade policial o diálogo travado entre o casal, Caio foi denunciado pelo Ministério Público pela prática do crime de homicídio na modalidade de doloeventual, três vezes em concurso formal. Realizada Audiência de Instrução e Julgamento e colhida a prova, o Ministério Público pugnou pela pronúncia de Caio, nos exatos termos da inicial. Na qualidade de advogado de Caio, chamado aos debater orais, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso: a) Qual (is) argumento (s) poderia (m) ser deduzidos em favor de seu constituinte? ; b) Qual pedido deveria ser realizado? ; c) Caso Caio fosse pronunciado, qual recurso poderia ser interposto e a quem a peça de interposição deveria ser dirigida? a)A m elhor tese defens iva, seria argum entar que n o caso o reu agiu com culpa consc iente , por que a pesar de ter sido possível a ele, antever a ocorr ência de um resultado naturalístico, ele sinceramente e equivoc adamente, não aceitava o resultado e ainda acr editava que nada pod eria acontec er, tendo em vista que ele era per ito em direção. b)O pedid o a ser reali zado seria pela desclassificação própria, com remessa dos autos p aro o órgão com competência originaria (aplicaçã o das regra s procedim entais da lei 9503/97) c) Neste caso o recurs o a s er interposto, seria o re curso em sentido estrito n a f orma do artigo 5 81, IV do C PP, e a petição deve ser endereçada ao jui z que prolatou a s entença. CASO 9 Antônio foi submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri e condenado. Após o julgamento, descobriu-se que integrou o Conselho de Sentença o jurado Marcelo, que havia participado do julgamento de Pedro, co-réu no mesmo processo, condenado por crime de roubo conexo ao delito pelo qual Antônio foi condenado. Pergunta-se: Qual a defesa que poderá ser apresentada pelo Defensor de Antônio em eventual recurso interposto? Justifique a suaresposta: A defesa poderá alegar a nulidade do julgamento com base na súmula 206n do STF.No caso apresentado a nulidade será absoluta porque o réu foi condenado por 4x3 e o prejuízo ficou evidente. D esta forma, não pode servir no conselho quem tiver tomado parte, como jurado, em julgamento anterior, inclusive de co-réu. CASO 10 Ministério Público PR / 2008) Tício foi condenado à pena privativa de liberdade de 06(seis) anos de reclusão por violação ao artigo 157, parágrafo 2, incisos I e II do Código Penal. Da sentença condenatória, Tício foi intimado em 09/05/2008 (sexta-feira), oportunidade em que manifestou o interesse de não recorrer da decisão condenatória. O advogado de Tício, defensor devidamente constituído, fora intimado da decisão condenatória em 08/05/2008 (quinta-feira). No dia 16/05/2008, o advogado de Tício interpôs recurso de apelação. O recurso é tempestivo ou não? Justifique a sua resposta abordando as controvérsias sobre o tema indagado. R: Conforme entendimento do STF, em observância ao principio constitucional da ampla defesa, a intimação deve ser feita em face do réu e também de seu defensor constituído, contando-se o prazo a partir daquela que ocorreu em ultimo lugar. Assim, no caso em tela, se a última intimação se deu em 09/05 (sexta feira), o prazo final para o oferecimento da apelação '' cinco dias'' seria em 16/05 ( sexta feira), sendo portanto tempestivo o recurso. CASO 11 (OAB) Pedro, almejando a morte de José, contra ele efetua disparo de arma de fogo, acertando-o na região toráxica. José vem a falecer, entretanto, não em razão do disparo recebido, mas porque, com intenção suicida, havia ingerido dose letal de veneno momentos antes de sofrer a agressão, o que foi comprovado durante instrução processual. Ainda assim, Pedro foi pronunciado nos termos do previsto no artigo 121, caput, do Código Penal. Na condição de Advogado de Pedro: I. indique o recurso cabível; R: Recurso em sentido estrito (art. 581,{4 CPP) . Prazo de interposição 5 dias. II. o prazo de interposição; R: 5 DIAS. III. a argumentação visando à melhoria da situação jurídica do defendido. R; Desclassificação do crime consumado para tentado, já que a ação de Pedro não deu origem a morte de José. Cuida-se de hipótese de com causa a absolutamente independente pre existente '' art. 13 CP''. Indique, ainda, para todas as respostas, os respectivos dispositivos legais. CASO 12 Georgefoi p ronunciado, na fo rma do art. 413 do CPP, pelo crime previsto no art. 121, § 2º, II do CP por, em t ese, ter matado a vítima Leônidas Malta em u ma briga na saída da boate TheNight. O processo tramitou regularmente na primeira fase do procedimento, com designação de AIJ para o dia 11 novembro de 2015, tendo sido o acusado pronunciado no dia 2 de março de 2016. Assim, o julgamento em Plenário ocorreu efet ivamente no d ia 9 de dezembro de 2016. Após a oitiva das testemunhas arroladas p ara o julgamento em Plenário , como tese defensiva, o acusado, orientado por seu advogado, optou por exercer a garantia constitucional prevista no art . 5º, LXIII da CRFB/88. Em sede de debates o rais o M P sustentou a acu sação n os limites da denúncia, sendo certo que a defesa técnica sustentou a tese d e legít ima defesa e a ausência de provas nos autos que comprovassem o que fora sustentado pela acusação. R: recurso de apelação (prazo de 5 d ias) com a tese defe nsiva de preliminar de nulidade absoluta (art. 478, II, CPP). Último dia do prazo 16/12. 2- Em 20/05/2016, Cláudio foi preso em flagrante pela prática do crime previsto no artigo 33 da Lei 11.343/2006. Regularmente processado, ao f im da instrução criminal o mesmo foi condenado com fulcro no art. 33 § 4º da referida lei, a p ena base d e 05 anos, q ue foi reduzida em 2/3 em razão do § 4º, sendo a pena final de 01 anos e 08 meses de reclusão, em regime semiaberto. Somente o Ministério Público recorreu da decisão, buscando af astar a aplicação do § 4º d o art . 33 da Lei 11.343/2006. O Tribunal de Justiça, ao julgar o referido recurso, proferiu a segu inte decisão: nego p rovimento ao recurso e abrando o re gime prisional para o aberto, com expedição do alvará de soltura, substituindo a p ena privativa de liberdade por restritivas de direitos, a ser fixada pelo juízo da execução. Diante essa situação hipotética, mencione: a) Qual foi o recurso interposto pelo Ministério Púb lico? R: Apelação. art. 593,inc III do CPP b) a decisão proferida pelo Tribunal de Justiça está correta? Recurso cabivel apelação art 593, inc I do CPP Justifique sua resposta. Sim. A quetão versa , sobre os efeitos do Recurso devolutivo. CASO 13 Herculino foi condenado a 20 anos de reclusão pela p rática de lat rocínio. Na sentença condenatória, o juiz demonstra clara contradição entre as razões de sua fundamentação com sua decisão, principalmente ao acolher os d epoimentos favoráveis das testemunhas de defes a bem como ao considerar boa a tese de desclassificação ap resentada em alegações finais orais sob o argumento de violação de princípio constitucional (prova obtida por meio ilícito). Sabendo que a decisão foi prolatada em AIJ (audiência de instrução e ju lg amento) no dia 16 de junho, p ergunta-se: a) qual o instrumento cab ível, no caso em tela, para obter o esclarecimento da contradição? R: Embargos de declaração, para afastar a contradição, previsão legal art. 382 CPP b) qual o último d ia p ara in terposição do instrumento citado na questão anterior? R: Exclui o dia do começo, o prazo é de 2 dias, sendo o prazo máximo 07/03 (começa na segunda) c) levando em consideração q ue a decisão do s embargos se deu no dia 16 de junho (quinta- feira), qual a data máxima para a interposição do recurso cabível contra a sentença condenatória? R:Os efeitos dos embargos de declaração será interruptivo, aplicando por analogia o art. 538 do CPC, sendo assim, o prazo do recurso de apelação será utilizado por completo de 5 dias após a intimação da decisão que julgou os embargos de declaração. (os embargos de declaração no JECRIM, o prazo é de 5 dias, e os efeitos são suspensivos) CASO 14 Aristóteles foi condenado à pena de 9 anos de reclusão pela prática do crime de estupro (artigo 213, caput, C P). Após o trânsito em julgado da sentença condenatória, Aristóteles, através de seu advogado, ajuíza pedido de revisão criminal da sentença que lhe fora desfavorável, sustentando vício processual insanável consistente na ausência da intimação de seu então patrono para a apresentação de resposta preliminar obrigatória (art. 396, CPP). O Tribunal de Justiça competente acolhe o pleito de revisão crimin al, anulando o referido processo. Nesta hipótese, pergunta-se: Seria juridicamente possível que, após a anulação, por meio de revisão criminal, do primeiro julgamento de Aristóteles, seja proferida, em um segundo julgamento pelo juízo de primeiro grau, sentença condenatória com imposição de sanção penal m ais gravosa do que aquela que lhe fora anteriormente imposta? Justifique a sua resposta: R: A vedação constante no paragrafo único do art. 626 do CPP, diz respeito tanto a refortio in pejus como também a refortio in pejus indireta, de sorte que, se depois de declarada nula a sentença em sede de revisão criminal, por algum vicio insanável, e vedado que juiz prolate nova decisão com pena exasperada tendo em vista que seria incabível revisão criminal pro societate. CASO 15 (OAB) Caio, na qualidade de diretor financeiro de uma conhecida empresa de fornecimento de material de informática, se apropriou das contribuições previdenciárias devidas dos empregados da empresa e por esta descontadas, utilizando o di nheiro para financiar um automóvel de luxo. A partir de comunicação feita por Adolfo, empregado da referida empresa, tal fato chegou ao conhecimento da Polícia Federal, dando ensejo à instauração de inquérito para apurar o crime previsto no artigo 168 -A do C ódigo Penal. N o curso do aludido procedimento investigatório, a autoridade policial apurou que Caio também havia praticado o crime de sonegação fiscal, uma vez que deixara de recolher ICMS relativamente às operações da mesma empresa. Ao final do inquérito poli cial, os fatos ficaram comprovados, também pela confissão de Caio em sede policial. Nessa ocasião, ele afirmou estar arrependido e apresentou comprovante de pagamento exclusivamente das contribuições previdenciárias devidas ao INSS, pagamento realizado após a instauração da investigação, ficando não paga a dívida relativa ao ICMS. Assim, o delegado encaminhou os autos ao Ministério Público Federal, que denunciou Caio pelos crimes previstos nos artigos 168-A do Código Penal e 1º, I, da Lei 8.137/90, tendo a inicial acusatória sido recebida pelo juiz da vara federal da localidade. Após analisar a resposta à acusação apresentada pelo advogado de Caio, o aludido magistrado entendeu não ser o caso de absolvição sumária, tendo designado audiência de instrução e ju lgamento. Com base nos fatos narrados no enunciado, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) Qual é o meio de impugnação cabível à decisão do Magistrado que não o absolvera sumariamente? R: Caberia habeas corpus, uma vez que não ha previsão de recurso contra a decisão que não absolverá sumariamente o acusado, sendo cabível ação mandamental, conforme estabelece o art.
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