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ANÁLISE FÍLMICA - Fragmentado

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE - UFCG
	
	CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE - CCBS
	
	UNIDADE ACADÊMICA DE PSICOLOGIA - UAPSI
	
	CURSO: PSICOLOGIA
	
	Disciplina: Semiologia e Semiotécnica Psicopatológica
Data: 09 de julho de 2017
Professora: Roseane Christhina da Nova Sá Serafim 
Discentes: Anny Kelly Oliveira, Giovanni Sampaio e Leonídia Pereira.
INTRODUÇÃO: O filme Fragmentado (“Split” – Estados Unidos, 2016, 117 min.), do gênero suspense, dirigido por M. Night Shyamalan, conta a história de Kevin (James McAvoy), um homem que possui o Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI). Apesar de Kevin apresentar 23 personalidades diferentes, apenas 6 assumem o controle da “luz” para si durante o filme, onde “a luz” seria os momentos em que elas se separa da identidade real. 
Ao longo do filme surge a presença da Dra. Fletcher (Betty Buckley) a qual por meio de atendimentos psicoterápicos explica o(s) comportamento(s) de Kevin, classificando-os como uma espécie de “superpoder”. Perspectiva essa que carrega consigo um caráter didático persuasivo para a narrativa, mas que ao mesmo tempo não se sustenta nem na evolução da narrativa e menos ainda no nível da realidade extra ficção. 
DESENVOLVIMENTO: Embora seja apresentado em uma linguagem acessível que o torna mais atrativo, o filme também utiliza recursos fíctícios e metafóricos que prejudicam a possibilidade de se ter uma representação mais realística de uma pessoa que sofre com TDI. Nesse sentido, percebe-se que a supervalorização do transtorno, decorrente do envolvimento científico da psicóloga, pode ter contribuído a transmitir uma minimização do sofrimento de Kevin. 
Isto pois, etiologicamente, o desenvolvimento de uma ou mais personalidades além da identidade real, deriva de episódios traumáticos os quais o indivíduo tenta retirá-los da consciência, outorgando às personalidades a missão de gerir inconscientemente o pensamento e o comportamento ao se deparar com circunstâncias estressoras (WHITBOURNE; HALGIN, 2015), e no filme, não é revelado a implicação da psicóloga no trabalho dessas circunstâncias. 
Embora tenha ocorrido o esforço no manejo clínico para assumir uma postura que facilitasse o estabelecimento da aliança terapêutica com Kevin, o que é imprescindível na psicoterapia para que assim, o paciente possa estabelecer com o terapeuta uma relação de confiança a qual ele recorre para trabalhar o seu sofrimento (MORRISON, 2010), o envolvimento pessoal de Karen comprometeu a sua própria segurança ao se deslocar sozinha até a residência do paciente para assegurar que ele estava bem. 
CONCLUSÃO: Nesse viés, uma das possibilidades de tratamento seria a psicoterapia pautada na Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) onde segundo ROGERS, (1976) por meio das atitudes facilitadoras do terapeuta (empatia, congruência e aceitação positiva incondicional) aliadas ao aporte teórico e ético da Psicopatologia Fenomenológica o cliente seria acolhido em sua singularidade. O foco não seria o diagnóstico de TDI, mas sim a relação que Kevin estabelece com os seus sintomas e como ele os interpreta e compreende. Para isso, o terapeuta propiciaria um ambiente sem ameaças onde Kevin se sentiria acolhido e seguro para trabalhar os seus traumas de forma ativa, na medida em que reconhece sua autonomia e elabora novas estratégias de enfrentamento à causalidade do seu sofrimento. 
 Outra tarefa do terapeuta seria a de identificar no discurso de Kevin o que é real e o que é fantasia, a partir do aporte teórico da semiologia psicopatológica, avaliando os sinais e sintomas dos transtornos e também da semiotécnica, por referir-se ao contato direto com esse outro (o paciente, seus familiares, amigos, entre outros). 
Por fim, tem-se como crítica negativa ao filme à abordagem de um tema complexo, como a saúde mental, pela dimensão do sobrenatural que, além de reforçar estigmas, implicam também na associação do papel do psicólogo a um verdadeiro “Sherlock Holmes” que tenta desvendar os mistérios acerca do transtorno, invibilizando o objetivo principal da psicoterapia que é construir junto ao paciente formas de amenizar o seu sofrimento. 
Referências:
SPLIT. Direção: M. Night Shyamalan, Produção: Marc Bienstock. EUA: Universal Pictures, 2017. 117 min. DVD. Son. Color. Legendado.
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. ed. Porto Alegre : Artmed, 2008.
MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS, DSM-V, 5.ª edição, 2014.
MORRISON, J. R. Entrevista inicial: em saúde mental. 3. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2010. 304 p.
ROGERS, C. Tornar-se pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 1976. 
WHITBOURNE, S. K.; HALGIN, R. P. Psicopatologia. Perspectivas clínicas dos transtornos psicológicos. Trad. Márcia Cristina G. Monteiro. McGraw Hill Education. Artmed, AMGH Editora, 2015. 459p

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