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ENXERTIA E ESTAQUIA 1) ENXERTIA 1.1. INTRODUÇÃO Enxertia é a operação que consiste em se justapor um ramo ou fragmento de ramo com uma ou mais gemas sobre outro vegetal, de modo que ambos se unam e passem a constituir um único indivíduo. O princípio fundamental da enxeria baseia-se na faculdade que possuem as plantas de unirem suas partes, graças a atividade do câmbio (tecido delgado situado entre o floema e o xilema e composto por células meristemáticas capazes de se dividirem e formarem novas células). Uma planta propagada por enxertia é composta por duas partes: o porta-enxerto ou cavalo e o enxerto ou cavaleiro. O porta-enxerto ou cavalo é responsável pela formação do sistema radicular assegurando a nutrição mineral e, geralmente, é representado por uma planta jovem, proveniente de sementes ou de estaca, bastante rústica e resistente às pragas e moléstias. O enxerto é a parte representada por um fragmento da planta, contendo uma ou mais gemas, responsáveis pela formação da parte aérea da nova planta que se quer reproduzir, sendo responsável pela absorção da luz do Sol e do carbono do ar para transformação da seiva bruta em seiva elaborada, essencial à vida da planta. Os tecidos das plantas enxertadas não se unem completamente. Há sempre uma visível linha de separação entre elas. Cada planta conserva sua própria individualidade, mas a seiva circula entre elas, permitindo-lhe uma vida comum. Os porta-enxertos, geralmente, são obtidos através de sementes (“pés-francos”) e os enxertos são obtidos dos ramos das plantas matrizes (planta-mãe) selecionadas que se quer propagar. 1.2. MÉTODOS DE ENXERTIA a) BORBULHIA A borbulhia é o processo que consiste na justaposição de uma única gema sobre o porta-enxerto enraizado. A época de enxertia para esse tipo de multiplicação deve ser na primavera-verão, quando os vegetais se encontram em plena atividade vegetativa. Os principais tipos de enxerto em borbulhia podem ser: T normal; T invertido e Placa embutida. As principais espécies propagadas por borbulhia são citrus, abacateiro, mangueira, marmeleiro e pessegueiro. Tipos de Borbulhia: 1. Borbulhia em T normal: fende-se o cavalo com o canivete, no sentido transversal e, depois, no sentido perpendicular, de modo a formar um T. O escudo ou gema é retirado, segurando-se o ramo em posição invertida. Prende-se o escudo lateralmente ou pelo pecíolo, levanta-se a casca com o dorso da lâmina e introduz-se a borbulha. Corta- se o excesso e amarra-se de cima para baixo. FIGURA 1. Esquema da borbulha em T normal 2. Borbulhia em T invertido: Procede-se de modo semelhante ao anterior. Difere apenas na posição normal do ramo para a retirada da borbulha e do modo de introduzir e amarrar. A colocação da borbulha, bem como a amarração é feita de baixo para cima. Esse tipo apresenta a vantagem sobre o anterior, por evitar a penetração da água e também por ser mais fácil de manejar. FIGURA 1. Esquema da borbulha em T invertido 3. Borbulhia em placa: são realizadas no porta-enxerto duas incisões transversais e duas longitudinais, de modo a liberar a região a ser ocupada pela borbulha. A borbulha é retirada do garfo praticando-se duas incisões transversais e duas longitudinais no ramo, de modo a obter um escudo idêntico à parte retirada do cavalo. A borbulha é a seguir embutida no retângulo vazio e deve ficar inteiramente em contato com os tecidos do cavalo. A seguir o enxerto é amarrado. Deve ser utilizado em espécies que possuem a casca grossa e com facilidade de soltar a casca com facilidade (goiabeira, abacateiro, mangueira) Figura. Esquema da borbulhia em placas Cuidados na enxertia: verificar pegamento (15-20 dias após a enxertia); desamarrar a fita (10-15 dias após verificado o pegamento); forçamento do enxerto - método da torção: para adiantar o desenvolvimento do enxerto, uma vez constatado seu pegamento, faz-se a torção da haste um pouco acima do local da enxertia e curva-se o ramo para o solo. A seiva, devido à curvatura, tende a reduzir sua velocidade e acumular-se na região do enxerto, comunicando-lhe grande vigor. Além disso, ocorre a inibição de hormônio que são produzidos no ápice da planta e que descem por gravidade inibindo as brotações. Por esse meio consegue-se em algumas espécies adiantar o desenvolvimento de dois a três meses. - método do semianelamento: pode-se também forçar o desenvolvimento do enxerto com incisões ou anelamento praticados na região abaixo dele. Utilizado em espécies que quebram com facilidade os galhos quando utilizado o método da torção (mangueira, abacateiro, etc.). eliminação dos ramos ladrões; enxerto com 3-4 pares de folhas é feito a decapitação do porta-enxerto; tutoramento; nova decapitação para formar galhos b) GARFAGEM A garfagem é o processo que consiste em soldar um pedaço de ramo destacado (garfo) sobre outro vegetal (cavalo), de maneira a permitir seu desenvolvimento. A garfagem difere da borbulhia, por possuir normalmente mais de uma gema. Utilizado em: Videira, macieira, pereira, amexeira, caquizeiro, figueira, sapoti, caju e jaboticaba. Os principais tipos de garfagem são os seguintes: fenda cheia; dupla garfagem; à “inglesa simples” e à “inglesa complicado.” Em todos os tipos citados, o porta- enxerto tem a sua parte superior decapitada. O enxerto de garfagem é feito 20 cm, aproximadamente, acima do nível do solo ou abaixo dele, na raiz, na região do coleto. Para o sucesso da enxertia, é essencial que a região cambial do garfo seja colocada em contato íntimo com a do cavalo. Tipos de garfagem: 1. Fenda cheia: podado o cavalo, alisado o corte, faz-se com o canivete uma fenda perpendicular, no sentido do diâmetro, até aprofundar-se 2 a 3 cm. A fenda completa pode ser cheia ou esvaziada. O garfo, que deve ter o mesmo diâmetro do cavalo, é preparado na forma de cunha e introduzido na fenda. Figura. Esquema da garfagem em fenda completa 2. Dupla garfagem: é utilizado quando o garfo é de diâmetro inferior ao raio do cavalo. Usam-se dois garfos, cada um introduzido em uma das extremidades. O método é igual ao da fenda completa. Figura. Esquema da dupla garfagem 3. À inglesa simples: para a prática desse tipo de enxerto, é necessário que o cavalo e o cavaleiro apresentem o mesmo diâmetro. A operação é bastante fácil e consiste tão- somente no corte em bisel do cavalo e no cavaleiro. Unem-se as partes e em seguir amarram-se. Figura. Esquema garfagem à inglesa simples 4. À inglesa complicado: a operação é semelhante ao inglês simples, mas, neste tipo, faz-se uma incisão longitudinal em ambas as partes a unir. A incisão será feita no terço inferior do garfo, se a do cavalo for feita no terço superior, para que haja perfeito encaixe entre as fendas. O inglês complicado dá ao enxerto maior penetração de uma parte sobre a outra, e, portanto, maior fixação. Figura. Esquema garfagem à inglesa complicado Cuidados na enxertia por garfagem: coincidência casca amarrio apertado proteção pegamento (40-50 dias) Aspectos importantes na enxertia: parentesco entre plantas; estado vegetativo: ramo estado compatível com o porta-enxerto; justaposição perfeita; evitar chuvas e ventos fortes; sanidade; rapidez; habilidade/treinamento 2) ESTAQUIA 2.1. Estaca Qualquer segmento de um vegetal (ramos, raízes, folhas) que contendo pelo menos uma gema vegetativa, é capaz deoriginar uma nova planta. É utilizado, principalmente, em espécies com facilidade de enraizamento. Ex: videira, hibisco, roseira, etc. 2.2. Tipos de estacas • Lenhosas: período de repouso da planta mãe – inverno. Utiliza a parte basal dos ramos. Estacas lignificadas. • Semi-lenhosas: período final de crescimento. Quando se utiliza parte intermediária dos ramos. Ex: acerola, roseira, videira, figueira, marmeleiro, romãzeira, aveleira, cirigueleira, limeira, etc. • Herbácea: período de intenso crescimento. Quando se utiliza a ponta do ramo para obtenção da estaca. • Raiz: final de inverno a início de primavera. 2.3. Cuidados na obtenção de estacas • Plantas sadias e sem danos (provocados por seca, geada, etc.) • Plantas com nutrição adequada • Plantas com características peculiares da espécie 2.4. Preparo e Manejo das estacas Comprimento: - Lenhosas: 20 a 30 cm - Semi lenhosa: 7,5 a 15 cm - Herbáceas: < 7,5 cm Corte em bisel simples no ápice da estaca, para evitar apodrecimento e indicar o ápice. Nas estacas lenhosas pode-se fazer lesões na base para aumentar a superfície de enraizamento, retirando uma porção da casca. Nas lenhosas fazer lesões na base para aumentar a superfície de enraizamento Estratificação: consiste na disposição de camadas de areia, em condição úmida, com o objetivo de conservar as estacas e proporcionar a formação prévia de calo na base das estacas (em aproximadamente 20 dias os calos já estarão formados). 2.5. Plantio Pode ser realizado em recipientes individuais, diretamente em viveiros ou no local definitivo.
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