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Apostila de Fruticultura Geral - UFCG

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APOSTILA DE 
FRUTICULTURA GERAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
2 
0 
1 
4 
MATERIAL DIDÁTICO 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AUTORES 
 
RAILENE HÉRICA CARLOS ROCHA 
FRANCISCO TARCÍSIO LUCENA 
GUILHERME VELOSO DA SILVA 
IVANDO COMANDANTE DE MACEDO SILVA 
JACKSON SILVA NOBREGA 
JERFFESON ARAÚJO CAVALCANTI 
JOSEANO GRACILIANO DA SILVA 
NATALI ALMEIDA EVANGELISTA PEREIRA 
ODAIR HONORATO DE OLIVEIRA 
PEDRO JORGE DA SILVA SEVERO 
 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 3 
 
Apresentação 
 
Nossa primeira apostila da disciplina de fruticultura geral é uma iniciativa da 
professora Dr. Railene Hérica Carlos Rocha juntamente com o grupo PET Agronomia 
CCTA/UFCG, que tem por objetivo contribuir com a qualidade do ensino da referida 
disciplina, auxiliando os alunos no conteúdo teórico e prático. Esta apostila é uma coletânea 
de informações colhidas na literatura existente e de aspectos práticos do dia a dia, não tem 
qualquer pretensão de ser um trabalho de pesquisa, apenas aperfeiçoar o conhecimento dos 
alunos e servir de alternativa além dos livros específicos da disciplina. 
 Assim, esta publicação foi estruturada de forma simples e objetiva com instruções 
sobre a importância, conceitos, práticas e cuidados relacionados à instalação e manutenção de 
pomares, além de práticas de colheita e beneficiamento de frutas e outras práticas agrícolas. 
No momento em que o país promove incentivos a ações sociais voltadas para a 
melhoria da qualidade alimentar da população, através dos programas do governo federal, o 
grupo PET Agronomia acredita que esta iniciativa irá contribuir, também, com a melhoria do 
curso de graduação do Centro de Ciência e Tecnologia Agroalimentar da Universidade 
Federal de Campina Grande. 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 4 
 
Sumário 
CAP. 1 - INTRODUÇÃO À FRUTICULTURA .................................................................. 11 
1. DEFINIÇÃO ............................................................................................................. 11 
2. IMPORTÂNCIA DA FRUTICULTURA .............................................................. 11 
2.1.Importância econômica .......................................................................................... 11 
2.2. Importância social ............................................................................................. 18 
2.3. Importância nutricional ................................................................................... 18 
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................................... 20 
 
CAP. 2 – PROPAGAÇÃO DE FRUTÍFERAS E PRODUÇÃO DE MUDAS .................... 23 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 23 
2. PROPAGAÇÃO VEGETATIVA .................................................................... 24 
2.1. Estaquia ................................................................................................................ 24 
2.1.1. Técnicas de estaquia ......................................................................................... 37 
2.2. Enxertia .............................................................................................................. 40 
2.2.1.Finalidades da enxertia ....................................................................................... 41 
2.2.2.Fatores que afetam o pegamento do enxerto ..................................................... 43 
2.2.2.1. Incompatibilidade .......................................................................................... 43 
2.3. Condições ambientais ....................................................................................... 44 
2.4. Outros fatores importantes .............................................................................. 44 
3. EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS ..................................................................... 46 
4. PROCESSOS DE ENXERTIA ............................................................................... 47 
4.1. Borbulhia .............................................................................................................. 47 
4.2. Garfagem ........................................................................................................... 49 
5.3 Garfagem em fenda dupla ou inglês complicado ............................................... 50 
4.3. Encostia .............................................................................................................. 51 
 5.MERGULHIA ........................................................................................................... 52 
5.1.Tipos de mergulhia ................................................................................................. 53 
5.1.1. Mergulhia no sol ................................................................................................ 53 
5.1.2. Mergulhia aérea ................................................................................................ 54 
6. Estruturas especializadas ................................................................................. 55 
7. MICROPROPAGAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS .................................... 57 
8. VIVEIROS PARA PROPAGAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS ................. 60 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 5 
 
8.1. TIPOS DE VIVEIROS ........................................................................................ 61 
9. PREPARO DA ÁREA ............................................................................................. 63 
9.1. Viveiro de raiz nua .............................................................................................. 63 
9.2. Viveiro em recipientes ...................................................................................... 63 
10.CAPACIDADE E EXTENSÃO .............................................................................. 63 
10.1. Espécie e espaçamento ...................................................................................... 64 
11.INSTALAÇÕES ....................................................................................................... 64 
12.QUEBRA-VENTOS ................................................................................................ 65 
13.RECIPIENTES ........................................................................................................ 66 
13.1. Funções dos recipientes ..................................................................................... 66 
13.2. Tipos de recipientes ........................................................................................... 67 
14.SUBSTRATOS ......................................................................................................... 68 
14.1. Características físicas ........................................................................................ 68 
14.2. Características químicas .................................................................................. 70 
15.IRRIGAÇÃO ............................................................................................................ 71 
15.1. Tipos de irrigação .............................................................................................. 71 
16.TRATOS CULTURAIS .......................................................................................... 72 
16.1. Transplante ........................................................................................................ 72 
16.2. Tratamento da muda, embalagem e classificação .......................................... 72 
16.3. Viveirista ............................................................................................................ 73 
17.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................73 
 
CAP. 3 – PLANEJAMENTO E INSTALAÇÃO DE POMARES ....................................... 77 
1. LOCAL PARA O CULTIVO DE FRUTÍFERAS ................................................ 78 
2. Planejamento ............................................................................................................ 79 
2.1. Requisitos básicos .............................................................................................. 79 
3. INSTALANDO O POMAR ..................................................................................... 80 
4. ARAÇÃO E GRADAGEM ..................................................................................... 80 
5. INSTALAÇÃO DE QUEBRA-VENTOS .............................................................. 81 
6. ESCOLHA DE ESPÉCIES ADAPTADAS ........................................................... 82 
7. COLETA DE SOLO ................................................................................................ 82 
8. ROTAÇÃO DE CULTURA OU REPLANTIO .................................................... 83 
9. Mão-de-obra ............................................................................................................. 83 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 6 
 
10.Abertura das covas e sulcos de plantio .................................................................. 84 
11.DENSIDADE DO POMAR ..................................................................................... 87 
12. CUIDADOS PÓS-PLANTIO ................................................................................. 89 
12.1. Condução do pomar .......................................................................................... 89 
13.ADUBAÇÃO EM FRUTEIRAS ............................................................................. 90 
13.1.Análise do solo ....................................................................................................... 91 
14.MANEJO DA ADUBAÇÃO EM FRUTÍFERAS ................................................. 91 
15.ADUBAÇÃO DE FUNDAÇÃO E ADUBAÇÃO DE COBERTURA ................. 92 
16.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 94 
 
CAP. 4 – IRRIGAÇÃO EM FRUTEIRAS ........................................................................... 98 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 98 
2. MÉTODOS DE IRRIGAÇÃO ................................................................................ 99 
2.2. Irrigação localizada ............................................................................................ 99 
2.1. Irrigação por aspersão .................................................................................... 100 
2.2. Fatores que afetam a escolha do sistema de irrigação ................................. 101 
 
CAP. 5 – PODA EM FRUTEIRAS .................................................................................... 103 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 103 
2. IMPORTÂNCIA DA PODA ................................................................................. 103 
3. OBJETIVO DA PODA .......................................................................................... 104 
4. FISIOLOGIA DA PODA ...................................................................................... 104 
5. HÁBITOS DE FRUTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES FRUTÍFERAS
 105 
6. TIPOS DE PODAS ................................................................................................ 106 
6.1. Poda de formação .............................................................................................. 106 
6.2. Poda de frutificação ........................................................................................ 107 
6.3. Poda de rejuvenescimento .............................................................................. 107 
6.4. Poda de limpeza ............................................................................................... 107 
7. SISTEMAS DE CONDUÇÃO DE PLANTAS .................................................... 108 
8. ÉPOCA DE PODA ................................................................................................. 110 
8.1. Poda seca ou hibernal ........................................................................................ 110 
8.2. Poda verde ou de verão ................................................................................... 110 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 7 
 
8.3. Poda de outono ................................................................................................ 111 
9. INTENSIDADE DE PODA ................................................................................... 111 
10. INSTRUMENTOS DE PODA ............................................................................. 111 
11.PODA NA GOIABEIRA ....................................................................................... 112 
12.PODA NO MARACUJAZEIRO .......................................................................... 114 
13.PODA DA MANGUEIRA ..................................................................................... 115 
14.REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 118 
 
CAP. 6 - COLHEITA E MANUSEIO PÓS-COLHEITA .................................................. 123 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 123 
2. PONTOS CRÍTICOS NO MANUSEIO PÓS-COLHEITA ............................... 124 
2.1. DANOS MECÂNICOS ................................................................................... 124 
2.2. Danos mecânicos por compressão ................................................................. 124 
3. COLHEITA MANUAL ......................................................................................... 125 
3.1. Colheita mecanizada ....................................................................................... 126 
4. ÍNDICE DE MATURIDADE ................................................................................ 128 
4.1. Métodos de observação prática ...................................................................... 128 
5. AVALIAÇÃO DA MATURIDADE ..................................................................... 128 
5.1.Métodos Subjetivos ............................................................................................... 128 
5.2. Métodos objetivos ............................................................................................ 129 
6. AVALIAÇÃO DA MATURIDADE ..................................................................... 130 
7. COLHEITA E PÓS-COLHEITA DO MELÃO .................................................. 132 
8. OPERAÇÕES NO GALPÃO DE EMBALAGEM ............................................. 136 
9. MANGA .................................................................................................................. 138 
10.COLHEITA E PÓS-COLHEITA DA GOIABA ................................................ 143 
10.4. MANEJO PÓS-COLHEITA .......................................................................... 146 
10.5. EMBALAGEM ............................................................................................... 149 
10.6. ROTULAGEM ................................................................................................ 150 
10.7. ARMAZENAMENTO .................................................................................... 150 
11.CAJU ....................................................................................................................... 151 
12.REFRERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 152 
 
CAP. 13 – PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS ......................................................156 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 8 
 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 156 
2. DEFINIÇÃO ........................................................................................................... 157 
3. SITUAÇÃO ATUAL DO SISTEMA DO SISTEMA DE PRODUÇÃO 
INTREGRADA DE FRUTAS NO BRASIL. ............................................................ 157 
4. DESAFIOS .............................................................................................................. 159 
5. NORMAS TÉCNICAS PARA A PRODUÇÃO INTEGRADA ......................... 160 
6. VANTAGENS DA PRODUÇÃO INTEGRADA ................................................ 160 
7. CERTIFICAÇÃO .................................................................................................. 161 
8. ANÁLISE COMPARATIVA DOS SISTEMAS PRODUÇÃO INTEGRADA, 
CONVENCIONAL E ORGÂNICO .......................................................................... 161 
9. PRODUÇÃO INTEGRADA E A INDÚSTRIA .................................................. 162 
10.QUALIDADE DOS PRODUTOS ........................................................................ 162 
11. RASTREABILIDADE ......................................................................................... 163 
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 164 
 
CAP. 8 – BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS ....................................................................... 168 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 168 
2. FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR NA QUALIDADE DO PRODUTO 
NA COLHEITA .......................................................................................................... 168 
3. PRÁTICAS SANITÁRIAS NO CAMPO ............................................................ 169 
3.1. Manejo sanitário ............................................................................................. 169 
3.2. Agravantes ....................................................................................................... 170 
4. OPERAÇÕES NO GALPÃO DE EMBALAGEM ............................................. 172 
4.1. Recepção e pesagem ........................................................................................ 172 
4.2. Limpeza e sanitização ..................................................................................... 172 
5. EMBALAMENTO ................................................................................................. 175 
6. PRÁTICAS SANITÁRIAS PARA EMBALADORES ....................................... 177 
7. TRANSPORTE ...................................................................................................... 179 
8. SAÚDE E HIGIENE DOS TRABALHADORES ............................................... 180 
9. TREINAMENTO ................................................................................................... 181 
10.RASTREAMENTO ............................................................................................... 182 
11.CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 183 
12.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 183 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAP. 1 – INTRODUÇÃO A FRUTICULTURA 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 11 
 
CAP. 1 - INTRODUÇÃO À FRUTICULTURA 
 
1. DEFINIÇÃO 
A fruticultura pode ser conceituada como sendo o conjunto de técnicas e práticas 
aplicadas adequadamente com o objetivo de explorar plantas que produzam frutas 
comestíveis, comercialmente (FACHINELLO, 2008). 
A fruticultura é um ramo da agricultura convencional e difere da mesma por necessitar 
do tratamento individual de cada planta. Enquanto na agricultura, as plantas recebem um 
tratamento coletivo, isto é, semeia-se e colhe-se como um todo, na fruticultura, para chegar à 
colheita, além da semeadura, são necessárias operações como: repicagem, transplante, 
enxertia, condução, poda desbaste, controle fitossanitário e colheita individual, isto é, fruto a 
fruto, conservação e embalagem (SIMAO, 1998). 
 
2. IMPORTÂNCIA DA FRUTICULTURA 
2.1. Importância econômica 
A produção mundial de frutas e vegetais tem tido grande avanço nos últimos anos. Só 
na última década a produção demonstra crescimento a um ritmo anual da ordem de 3 % (três 
por centos ano
-1
). Em 2011, quase 640 milhões de toneladas de frutas foram coletadas em 
todo o mundo. O crescimento da produção mundial foi em grande parte impulsionado pela 
expansão da área na Ásia, especialmente a China, que emergiu como o maior produtor de 
frutas do mundo, responsável por 20 % da produção mundial. Altas taxas de crescimento de 
frutas também foram registradas em regiões de deficiência alimentar e de baixa renda como a 
África Subsaariana e no Sul da Ásia. A produção frutícola promove altos rendimentos por 
unidade de terra (kg.ha
-1
), assegurando perspectivas promissoras de receita, especialmente 
para pequenos agricultores, sobretudo em áreas onde o valor da terra é alto e a quantidade, 
escassa. Ademais, a fruticultura pode contribuir para a redução da pobreza, fornecendo 
oportunidades de postos de trabalho (FAO, 2013). 
A importância econômica da fruticultura no mundo pode ser verificada nas figuras 
abaixo (1 e 2). 
 
 
 
 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 12 
 
Figura 1: Países produtores de frutas, excluindo o melão (milhões de toneladas, em 2010). 
 
Fonte: FAO, Statistics Division (FAOSTAT), 2013. 
 
 
 
Figura 2: Produção per capita de frutas, excluindo o melão (2000 - 2010). 
 
Fonte: FAO, Statistics Division (FAOSTAT), 2013. 
 
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e 
Alimentação – FAO, em 2012, o Brasil se destaca entres os grandes produtores mundiais de 
frutas (excluindo o melão), ocupando a terceira posição do ranking, com 38,3 milhões de 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 13 
 
toneladas produzidas por ano, o que representa 6 % da produção mundial, ficando atrás da 
China que produz 139,6 milhões de toneladas e da Índia com produção anual de 71 milhões 
de toneladas. 
Considerando dados do IBGE de 2012 (Tabela 1), o Brasil produz anualmente 
(incluindo-se melão) cerca de 40,9 milhões de toneladas de frutas. Da figura 2, constata-se 
que os continentes América, Oceania e Europa experimentaram ligeira queda da produção per 
capita (kg/pessoa) entre os anos de 2000 a 2010, enquanto a produção de frutas nos 
continentes africano e asiático, bem como no mundo, apresentou suave aumento no mesmo 
período. 
No Brasil, a fruticultura é praticada em todas as regiões, desde o clima mais temperado 
da região Sul até o Semiárido Nordestino. A cadeia produtiva da fruticultura brasileira é 
responsável por boa parte das exportações comerciais, contribuindo para promoção de postos 
de trabalho e divisas ao país. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio 
(MDIC) revelam que, em 2013, o volume brasileiro de exportações foi de 778 mil toneladas 
de frutas (incluindo nozes e castanhas), gerando um montante de mais de 800 milhões de 
dólares. Observando a evolução das exportações brasileiras de frutas entre os anos de 2003 e 
2013, nota-se que a partir do ano de 2008 houve uma queda do volume exportado (Gráfico 1). 
Essa queda foi decorrente da eclosão da grave crise econômica que atingiu o comércio 
mundial e persistiu até 2011, onde é possível observar uma discreta elevação das exportações 
neste e em anos que seguem, reflexo de uma lenta recuperaçãoda economia global. 
 
Quadro 1: Exportações de frutas no Brasil – 2012 e 2013. 
Produtos 
2012 2013 
Valor (US$ 
milhões) 
Quantidade 
(mil toneladas) 
Valor (US$ 
milhões) 
Quantidade (mil 
toneladas) 
Frutas (inclui 
nozes e 
castanhas) 
910 765 878 778 
Frutas frescas 
e secas 
582 595 621 611 
Fonte: AgroStat Brasil, a partir de dados da SECEX/MDIC. 
http://agrostat.agricultura.gov.br/
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 14 
 
Figua 3:. Evolução da receita e quantidade de frutas exportadas do Brasil – 2003/2013.
Fonte: AgroStat Brasil, a partir de dados da SECEX/MDIC. 
 
Segundo recentes dados do IBGE (Tabela 1), no Brasil a laranja lidera o ranking de 
produção anual nacional (18.012.560 ton.), sendo seguida pela produção de banana 
(6.902.184 ton.) e melancia (2.079.547 ton.). A citricultura é desenvolvida principalmente no 
estado de São Paulo, que produziu em 2012, mais de 13 milhões de toneladas da fruta. 
Analisando-se a produção na região semiárida do Nordeste (Tabela 2), a posição de destaque 
é ocupada pela banana, como principal frutífera cultivada (1.279.937 ton. ano
-1
), 
acompanhada da mangicultura (714.184 ton. ano
-1
) e do melão (545.027 ton. ano
-1
). Nesta 
região a fruticultura é fortemente desenvolvida nos perímetros irrigados, a exemplo da 
Chapada do Apodi (RN), Várzeas de Sousa (PB), Tabuleiro de Russas (CE), Vale do São 
Francisco (PE e BA) e Vale do Açu (RN), onde se produz frutas de excelência, que ganham 
cada vez mais o mercado internacional. 
Abaixo, estão relacionados os dados que dimensionam a cadeia produtiva da 
fruticultura a nível nacional, regional e local. 
 
Tabela 1 - Áreas colhidas, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção das 
principais frutas no Brasil – 2012. 
Cultura 
Área colhida 
(Hectares) 
Quantidade 
produzida 
(Toneladas) 
Valor da 
produção (Mil 
Reais) 
Rendimento 
(kg/ha) 
Abacate 9.568 159.903 123.057 16.712,27 
Abacaxi* 65.502 1.697.734 1.727.858 25.918,81 
Exportações brasileiras de frutas (inclui nozes e castanhas)
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
800.000
900.000
1.000.000
1.100.000
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Mil US$
Toneladas
http://agrostat.agricultura.gov.br/
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 15 
 
Banana (cacho) 481.116 6.902.184 4.396.349 14.346,20 
Cacau 684.333 253.211 1.234.157 370,01 
Caqui 8.170 158.241 211.885 19.368,54 
Castanha de caju 756.846 80.630 110.743 106,53 
Coco-da-baía* 257.742 1.954.354 897.678 7.582,60 
Goiaba 15.171 345.332 331.877 22.762,64 
Laranja 729.583 18.012.560 4.595.830 24.688,84 
Limão 47.349 1.208.275 553.080 25.518,49 
Maça 38.688 1.339.771 969.760 34.630,14 
Mamão 31.310 1.517.696 1.165.886 48.473,20 
Manga 73.310 1.175.735 660.159 16.037,85 
Maracujá 57.848 776.097 857.595 13.416,14 
Melancia 94.612 2.079.547 998.206 21.979,74 
Melão 22.789 575.386 475.676 25.248,41 
Pera 1.668 21.990 28.964 13.183,45 
Pêssego 19.155 232.987 293.858 12.163,25 
Tangerina 51.841 959.672 566.374 18.511,83 
Uva 82.063 1.514.768 2.042.870 18.458,60 
TOTAL 3.528.664 40.966.073 22.241.862 
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal. (Adaptado por OLIVEIRA, F. S.) 
 (*) Quantidade produzida (Mil frutos) 
 
Tabela 2 - Áreas colhidas, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção das 
principais frutas no Semiárido Nordestino do Brasil – 2012. 
Cultura 
Área colhida 
(Hectares) 
Quantidade 
produzida 
(Toneladas) 
Valor da 
produção (Mil 
Reais) 
Rendimento 
(kg/ha) 
Abacate 464 2.555 2.107 5.506,47 
Abacaxi* 9.245 229.635 209.799 24.838,83 
Banana (cacho) 102.812 1.279.937 738.510 12.449,30 
Cacau 35.286 10.736 52.871 304,26 
Caqui 8 32 26 4.000,00 
Castanha de caju 493.852 49.255 70.181 99,74 
Coco-da-baía* 34.038 337.525 146.590 9.916,12 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 16 
 
Goiaba 6.304 136.623 140.996 21.672,43 
Laranja 27.165 364.237 117.564 13.408,32 
Limão 2.585 25.916 14.128 10.025,53 
Maça 45 1.215 1.276 27.000,00 
Mamão 6.579 244.801 177.396 37.209,45 
Manga 43.527 714.184 391.087 16.407,84 
Maracujá 29.887 393.109 412.143 13.153,18 
Melancia 22.047 467.855 253.336 21.220,80 
Melão 19.778 545.027 438.412 27.557,24 
Tangerina 919 6.082 2.864 6.618,06 
Uva 8.843 279.229 659.466 31.576,28 
TOTAL 843.384 5.087.953 3.828.752 
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal. (Adaptado por OLIVEIRA, F. S.) 
 (*) Quantidade produzida (Mil frutos) 
 
No estado da Paraíba, as maiores produções de frutas (Tabela 3) são impulsionadas 
pelo abacaxi (294.640 ton.), banana (141.974 ton.) e coco (57.456 ton.). A banana e abacaxi 
são cultivados principalmente na microrregião do brejo e litoral norte paraibano, 
respectivamente. Já a produção de coco é concentrada no perímetro irrigado de São Gonçalo, 
região de Sousa. 
O panorama local no município de Pombal – PB revela um discreto desenvolvimento 
da fruticultura. Dados da produção de 2012 apontam uma área colhida total de apenas 100 
hectares, com produção de 1.045 toneladas e receita gerada da ordem de 501 mil reais. 
 
Tabela 3 - Áreas colhidas, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção das 
principais frutas no estado da Paraíba – 2012. 
Cultura 
Área colhida 
(Hectares) 
Quantidade 
produzida 
(Toneladas) 
Valor da 
produção (Mil 
Reais) 
Rendimento 
(kg/ha) 
Abacate 89 617 366 6.932,58 
Abacaxi* 9.847 294.640 320.799 29.921,80 
Banana (cacho) 12.830 141.974 85.701 11.065,78 
Castanha de caju 5.412 818 1.266 151,15 
Coco-da-baía* 9.817 57.456 32.122 5.852,70 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 17 
 
Goiaba 526 2.866 1.693 5.448,67 
Laranja 949 4.393 2.721 4.629,08 
Limão 282 1.619 1.150 5.741,13 
Mamão 997 43.831 40.755 43.962,89 
Manga 1.751 12.199 6.328 6.966,88 
Maracujá 670 5.497 8.176 8.204,48 
Melancia 206 4.002 1.659 19.427,18 
Tangerina 1.726 7.334 4.327 4.249,13 
Uva 102 1.836 4.399 18.000,00 
TOTAL 45.204 579.082 511.462 
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal. (Adaptado por OLIVEIRA, F. S.) 
 (*) Quantidade produzida (Mil frutos) 
 
Tabela 4 - Áreas colhidas, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção das 
principais frutas no município de Pombal, estado da Paraíba – 2012. 
Cultura 
Área colhida 
(Hectares) 
Quantidade 
produzida 
(Toneladas) 
Valor da 
produção (Mil 
Reais) 
Rendimento 
(kg/ha) 
Banana (cacho) 60 900 430 15.000,00 
Coco-da-baía* 20 80 37 4.000,00 
Goiaba 5 20 11 4.000,00 
Manga 15 45 23 3.000,00 
TOTAL 100 1.045 501 
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal. (Adaptado por OLIVEIRA, F. S.) 
 (*) Quantidade produzida (Mil frutos) 
 
Quadro 2: Ranking dos 10 maiores municípios produtores de frutas (exceto abacaxi e coco 
da baía) do Brasil – 2012. 
Município Quantidade produzida (Toneladas) 
Casa Branca - SP 724.546 
Mogi Guaçu - SP 457.607 
Petrolina - PE 449.278 
Rio Real - BA 432.710 
Itapetininga - SP 398.087 
Itápolis - SP 377.827 
Águas de Santa Bárbara - SP 364.100 
Brotas - SP 340.829 
Bebedouro - SP 328.646 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 18 
 
Botucatu - SP 318.240 
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal. (Adaptado por OLIVEIRA, F. S.) 
 
2.2. Importância social 
Atrelado ao importante papel econômico desempenhado pela fruticultura no Brasil 
existe também um importante papel social, pois gera cerca de 4 milhões de empregos, sendo 
considerada a atividade que mais emprega no setor agrícola brasileiro (VIEIRA, 2000). 
O valor da fruticultura é incalculável, já que, tratando-se de cultivo extensivo e 
intensivo, exige a presença constante do agricultor e ocupa mão-de-obra em grande número 
(SIMÃO, 1998). 
A fruticultura é um fator de fixação do homem a terra e possibilita a subdivisão da 
gleba em pequenas propriedades altamente produtivas. Eleva o padrão de vida do lavrador, 
dos operários, e sua função estende-se além dos campos, ao integrar milhares de braçosna 
comercialização, distribuição, venda e industrialização dos produtos (SIMÃO, 1998). 
De acordo com Buainain e Batalha (2007), cada hectare ocupado com fruticultura 
emprega diretamente cerca de 2 a 5 pessoas ao longo da cadeia produtiva. Esses autores 
revelam que a manutenção da posição competitiva atual da fruticultura nacional no mercado 
internacional depende da capacidade do país de enfrentar desafios ligados ao ambiente 
institucional e à introdução de inovações tecnológicas, tanto na organização, produção como 
nos segmentos pós-colheita. 
A fruticultura desempenha um importante papel social na agricultura familiar no 
Brasil, segundo Lourenzani et al. (2004), a agricultura familiar voltada a fruticultura apresenta 
grande importância social e econômica, assim como fragilidades e potencialidades. Por um 
lado, observa-se a capacidade de geração de renda e emprego, além da importante 
contribuição da agricultura familiar para a produção agropecuária. Por outro, fica claro 
também que a agricultura familiar ainda é depositária de um grande contingente de pessoas 
vivendo em condições sociais e de produção extremamente heterogêneas, muitas vezes, 
formando bolsões de pobreza rural. 
 
2.3. Importância nutricional 
A nutrição constitui-se no objetivo principal do homem, e a saúde humana, é regulada 
por uma ingestão equilibrada de alimentos. Estes podem ser divididos em proteínas, 
carboidratos, lipídeos, sais minerais e vitaminas (SIMÃO, 1998). 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 19 
 
Os elementos minerais reconhecidos como essenciais são comumente divididos entre 
macroelementos (cálcio, fósforo, potássio, sódio, cloro, magnésio, enxofre) e microelementos 
(ferro, cobre, cobalto, manganês, zinco, iodo, flúor, molibdênio, selênio, cromo, silício), de 
acordo com as quantidades maiores ou menores em que são encontrados no organismo 
humano. A importância de sua inclusão na dieta tem sido amplamente discutida em textos 
sobre nutrição (SGABIERI, 1987). 
As frutas desempenham papel importantíssimo na saúde humana, pois, além de 
elementos energéticos, catalíticos, sais minerais e vitaminas etc., fornecem celulose e água. A 
celulose constitui o meio mais efetivo para promover o funcionamento normal do organismo, 
corrigindo preguiça intestinal e a prisão de ventre, tão comuns nos climas quentes (SIMÃO, 
1998). 
O consumo de frutas diário fornece uma quantidade considerável de minerais 
(potássio, zinco, cálcio, magnésio, cobre, etc.) e de vitaminas especialmente vitamina C. 
Além disso, as frutas fornecem quantidades relativamente reduzidas de calorias (DIREÇÃO 
GERAL DE SAÚDE, 2005). 
Segundo a World Health Organization (2002), o consumo insuficiente de frutas 
aumenta o risco de doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares e alguns 
tipos de câncer, e entre os 10 fatores de risco que mais causam mortes e doenças em todo o 
mundo. Tal consumo equivale amenos de 400 g por dia ou cerca de 7% a 8% do valor 
calórico de uma dieta de 2.200 kcal/dia. 
 
Tabela 5: Valor nutricional de algumas frutas de valor comercial. 
Frutas 
(100 g) 
Calorias 
(K/cal) 
Proteínas 
(g) 
Lipídeos 
(g) 
Cálcio 
(mg) 
Fósforo 
(mg) 
Ferro 
(mg) 
Abacate 162 1,8 16 13 47 0,7 
Abacaxi 52 0,4 0,2 18 8 0,5 
Açaí 247 3,8 12,2 118 0,5 11,8 
Banana 89 1,3 0,3 15 26 0,2 
Cacau 562 21,8 52,1 120 72 3 
Cajá 46 0,8 0,2 56 67 0,3 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 20 
 
Caju 36,5 0,8 0,2 50 18 1 
Cupuaçu 72 1,7 1,6 23 26 2,6 
Goiaba 42,5 0,9 0,1 17 30 0,7 
Graviola 60 1,1 0,4 24 28 0,5 
Laranja 45,5 0,6 0,4 45 21 0,2 
Maçã 63,2 0,4 0,5 7 12 0,3 
Mamão 68 0,2 1 21 26 0,8 
Manga 64,3 0,4 0,3 21 17 0,78 
Mangaba 47,5 0,7 0,3 41 18 2,8 
Maracujá 90 2,2 0,7 13 17 1,6 
Melancia 31 0,5 0,2 7 12 0,23 
Melão 29,9 0,84 0,13 17 0,16 0,4 
Morango 39 1 0,6 22 22 0,9 
Umbu 44 0,6 0,4 20 14 2 
Uva 78 1,4 1,4 19 35 0,7 
Fonte: www.diariodeumadietista.com 
 
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 
BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO 
(MAPA). Estatísticas e Dados Básicos de Economia Agrícola. Brasília: MAPA, 2014. 
Disponível em: 
<http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/Pasta%20de%20Abril%20%202014.pdf>. Acesso 
em: 13 jun. 2014. 
 
BUAINAIN, A. M.; BATALHA, M. O. Cadeia Produtiva de Frutas. Ministério da 
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Política Agrícola, Instituto 
Interamericano de Cooperação para a Agricultura. Brasília: IICA: MAPA/SPA, 2007. 
 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 21 
 
DIREÇÃO GERAL DA SAÚDE. Princípios para uma Alimentação saudável – Frutos, 
legumes e hortaliças. Lisboa, 2005. 
 
FACHINELLO, J.C.; NACHTIGAL, J. C.; KERSTEN, E. Fruticultura: Fundamentos e 
Práticas. Pelotas, 2008. 
 
FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION (FAO). Organization United Nations 
(ONU). FAO Statistical Yearbook 2013: World food and agriculture. Roma: FAO, 2013. 
289 p. Disponível em: <http://www.fao.org/docrep/018/i3107e/i3107e00.htm>. Acesso em: 
13 jun. 2014. 
 
LOURENZANI, A. E. B. S.; LOURENZANI, W. L.; BATALHA, M. O. Barreiras e 
Oportunidades na Comercialização de Plantas Medicinais provenientes da Agricultura 
Familiar. Informações Econômicas, São Paulo, v.34, n.3, 2004. 
 
SGABIERI, W. C. Alimentação e nutrição: Fator de saúde e desenvolvimento. 
Campinas/São Paulo: Unicamp/Almed, 1987. 
 
SIMÃO, S. Tratado de fruticultura. Piracicaba: FEALQ, 1998, 757p. 
 
VIEIRA, F.C. Panorama da fruticultura brasileira. Revista Preços Agrícolas, 2000. 
 
WORLD HEALTH ORGANIZATION. The world report 2002: reducing risks, promoting 
healthy life. Geneva: World Health Organization, 2002. 
 
 
 
 
 
 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAP. 2 – PROPAGAÇÃO DE 
FRUTÍFERAS E PRODUÇÃO DE MUDAS 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 23 
 
CAP. 2 – PROPAGAÇÃO DE FRUTÍFERAS E PRODUÇÃO DE MUDAS 
 
1. INTRODUÇÃO 
A propagação vegetativa ou assexuada é um processo de reprodução onde não ocorre a 
fusão de gametas, deferindo da propagação sexuada, baseando-se na multiplicação e 
regeneração de partes da planta matriz. A propagação vegetativa é um processo de 
multiplicação e regeneração de partes da planta-mãe, ocorrendo por processos de divisão e 
diferenciação celular, baseando-se no princípio de que todas ás células vegetais contém 
informação genética para a regeneração da planta, a partir de qualquer órgão, processo 
denominado totipotência (SASSO, 2009). 
Enquanto que a propagação sexuada ou por sementes, é o principal mecanismo de 
multiplicação das plantas superiores e de, praticamente, todos os angiospermas. É o processo 
onde ocorre a fusão dos gametas masculinos e femininos para formar uma só célula, 
denominada zigoto, no interior do ovário, após a polinização. Esses gametas podem ser 
provenientes de uma mesma flor, ou de flores diferentes de uma mesma planta 
(autopolinização) ou, ainda, de flores pertencentes a plantas diferentes (polinização cruzada). 
A população proveniente da reprodução sexuada apresenta variabilidade genética, devido à 
segregação e à recombinação de genes (FACHINELLO; HOFFMANN; NACHTIGAL, 
2015). 
Uma característica marcante sobre as sementes é a mono ou a poliembrionia, 
geralmente observada nas sementes de manga, como se pode observar na figura 1 (SANTOS; 
PINHEIRO, 2015). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Semente de manga mono (à esquerda) e poliembriônica (à direita). 
 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 24 
 
Esse tipo de semente resulta em plântulas “anormais”, como se pode observar na 
figura 2 (SANTOS; PINHEIRO, 2015). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2: Plântulas de manga monoembriônica (à esquerda) e poliembriônica (à direita). 
 
 
2. PROPAGAÇÃO VEGETATIVA 
2.1. Estaquia 
 A estaquia e um processo de propagação assexuada, onde ocorre a indução do 
enraizamentoadventício em segmentos destacado da planta matriz (planta mãe), que quando 
condicionado a condições ambientais favoráveis dar-se origem a uma nova planta. A estaquia 
é um processo simples, podendo ser utilizada para obtenção de porta-enxertos ou as próprias 
mudas, entretanto, impossibilita a capacidade deformação de raízes das espécies ou cultivares 
utilizadas (FACHINELO, NACHTIGAK e KERSTEN, 2008). 
 Estaquia é o termo utilizado para a propagação por meio de estacas, utilizando 
qualquer parte da planta (ramos, raízes ou folhas), que quando colocadas em meio adequado 
são capazes de formar raízes adventícias e dar origem a uma nova planta (EMBRAPA, 2010). 
 O princípio do método de estaquia baseia-se na regeneração de partes da planta, 
podendo ser utilizadas ramos, raízes, caules e até mesmo fascículos. 
 
 
 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 25 
 
i. Ciclo de propagação das plantas 
As fases de propagação e enraizamento adventício nas plantas se dá por meio do 
processo de desdiferenciação, onde as células diferenciadas não-meristemáticas reassumem a 
divisão celular e forma novos meristemas; a formação das raízes iniciais: formação de 
estruturas morfogênicas nas células diferenciadas; o desenvolvimento dos primórdios 
radiculares: são estruturas morfogênicas que se desenvolvem em primórdios radiculares, 
visualmente, perceptíveis; e o crescimento e emergência radicular: onde ocorre formação 
radical suficiente para proporcionar a sustentação da nova planta. Esse processo é 
representado esquematicamente na figura 3. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3. Ciclo de propagação das plantas (Fonte: XAVIER, WENDING, SILVA, 2009). 
 
 Vantagens da propagação: 
 Obtenção de muitas mudas originária de uma única planta – mãe; 
 Técnica de baixo custo e fácil de ser realizada; 
 Não ocorre problemas com incompatibilidade como no caso de enxertia; 
 As plantas originadas de um porta-enxerto possuem maior uniformidade. 
 
 Desvantagens: 
 Maior risco de contaminação, ao utilizar partes da planta infectada; 
 As mudas obtidas possuem menor longevidade; 
 Sistema radicular fasciculado; 
 Poe se tornar inviável: algumas espécies podem apresentar baixo potencial de 
enraizamento. 
 
b. Aplicações da enxertia 
 A enxertia pode ser utilizada em diversas aplicações, como: 
 Multiplicação de variedades ou espécies com a aptidão para emitir raízes adventícias; 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 26 
 
 Na produção de porta enxertos; 
 Perpetuação de espécies oriundas do melhoramento genético de plantas. 
 
c. Classificação das estacas 
 As estacas podem ser classificadas de acordo com vários critérios, mas o mais 
utilizado é o critério é a classificação quanto à época, em que são divididas, com o seu estágio 
de desenvolvimento, em estacas herbáceas, semilenhosas e lenhosas. 
a) Estacas herbáceas: essas estacas são obtidas geralmente no período de crescimento 
vegetativo (primavera/verão), período esse que os tecidos apresentam uma alta 
atividade meristemática e um baixo grau de lignificação. As estacas herbáceas 
apresentam alto potencial de regeneração, em contrapartida estas apresentam baixa 
tolerância a desidratação. Normalmente essas estacas são colhidas nos ápices da planta 
matriz, contendo de um a dois pares de folhas. O tamanho das estacas varia de 10 à 20 
cm de comprimento e são frágeis sendo necessários cuidados especiais. As estacas 
necessitam de um substrato poroso, com boa drenagem e devem ser cultivadas em 
locais com alta umidade, sendo necessário controle da temperatura e irrigação por 
nebulização em casa de vegetação ou estufa, a fim de proporcionar as condições 
adequadas para a sobrevivência e o enraizamento das estacas. As estacas de espécies 
que apresentam folhas grandes, estas devem ser cortadas ao meio com objetivo de 
evitar as perdas de água e facilitar o manejo. As estacas levam de três a cinco semanas 
para enraizarem, após esse período deve ser feito a repicagem e muda-las para um 
ambiente com menor umidade. 
b) Estacas semilenhosas: são consideradas intermediárias, ou seja, entre herbáceas e 
lenhosas. Essas estacas são obtidas no período final do verão e inicio do outono, elas 
diferem da herbácea por apresentarem um maior grau de lignificação e com um grau 
menor que as lenhosas. O tamanho das estacas varia de acordo com a espécie, 
variando de 7,5 à 15 cm de comprimento. Os cuidados a serem tomados com as 
estacas são principalmente com a desidratação, por isso deve-se utilizar irrigação por 
nebulização intermitente, evitando o murchamento e a queda das estacas. 
c) Estacas lenhosas: essas estacas são obtidas no período de dormência (inverno). As 
estacas lenhosas apresentam alto grau de lignificação e maior taxa de regeneração 
potencial. Não é necessário cuidados e estruturas especiais, como nebulização e casa 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 27 
 
de vegetação, podendo ser cultivadas no próprio viveiro. O tamanho das estacas varia 
de 20 à 30 cm de comprimento e com diâmetro de 1,5 à 2,5 cm, devendo ser 
cultivadas em substrato à base de solo e requerem irrigação controlada. As estacas 
levam de 5 à 10 semanas para enraizarem, por isso devem ficar do plantio até a 
formação completa da muda no substrato, este estando devidamente nutrido. 
d) Estacas de raiz: em algumas espécies possuem grandes dificuldades para enraizarem 
por estacas, possuindo alto potencial de enraizamento e brotações por meio das estacas 
do tipo raiz. A melhor idade para colher as estacas é quando a planta matriz estiver 
com três a quatro anos. A época ideal para retirar as estacas é no fim do inverno e 
início da primavera, período em que as raízes estarão com maiores reservas, como 
pode-se observar na figura 3. O tamanho das estacas de raiz varia de 6 à 15 cm, sendo 
colocados no sentido horizontal no leito contendo substrato, onde enraízam e brotam, 
dando origem a uma nova planta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3. Morfologia da raiz e armazenamento de reservas. 
 
i. Lesão na base da estaca 
A lesão que deve ser realizada na base da estaca (local que será enterrado) serve para 
estimular a formação de raízes e pode ser feita apenas retirando uma parta da “casca” da 
estaca, como se pode observar na figura 4. 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4. Lesão na base de estacas de figueira e de goiabeira (à esquerda e à direita, lenhosa e semilenhosa, 
respectivamente). 
 
d. Anelamento 
A prática de anelamento consiste na retirada de um anel de casca da estaca a ser 
propagada ou por meio do estrangulamento com um fio de cobre. Isso permite que a seiva 
elaborada não retorne às raízes, fazendo com que ela seja produzida no local do anelamento 
(FACHINELLO; LUCCHESI; GUTIRREZ, 1988). 
 
 
 
 
 
 
Figura 5. Anelamento por estrangulamento 
 
e. Dobramento dos ramos 
Esta técnica de condicionamento consiste na dobra manual dos ramos durante a 
estação de crescimento. Estes ramos ficam presos à planta por uma porção de lenho e casca 
até a época de utilização das estacas lenhosas (inverno) como se pode observar na figura 6. 
Este tipo de injúria provoca um aumento da relação C/N e a formação de um tecido pouco 
diferenciado, resultante da cicatrização, na região da dobra, com aumento da capacidade de 
emissão de raízes. 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6. Processo de dobra de ramos para obtenção de estacas de pessegueiro. 
 
f. Nebulização na produção de mudas 
A nebulização pode ser instalada em telados, estufas plásticas ou mesmo no ambiente 
externo. O ambiente protegido é o mais adequado para esta técnica, uma vez que permite uma 
aplicação controlada da água, além de evitar o efeito do vento sobre a irrigação (figura 7). 
 
Figura 7. Nebulização de mudas em ambiente protegido 
 
O controle dos intervalos de acionamentodo sistema de nebulização pode ser efetuado 
através de alguns mecanismos, tais como a folha úmida, na qual há uma superfície de tela, 
que simula a superfície de uma folha. Quando esta superfície perde água a um nível pré-
estabelecido, é acionado o mecanismo da nebulização. 
 
g. Princípios anatômicos do enraizamento 
No momento em que se prepara uma estaca, esta consiste de uma ou mais gemas e de 
uma porção de tecido diferenciado, onde o sistema radicular ainda não está formado. As 
FRUTICULTURA GERAL 
PET - Agronomia UFCG 30 
 
raízes a serem formadas na estaca serão resultado do traumatismo produzido pelo corte, diante 
disso exista dois aspectos fundamentais para o enraizamento das estacas: 
a) Diferenciação: é a capacidade das células maduras retornarem as condições 
meristemáticas e desenvolverem um novo ponto de crescimento. 
b) Totipotência: é a informação genética que cada célula possui para a reconstrução de 
uma planta e as suas funções, portanto, as células da planta são responsáveis por 
conter todas as informações genéticas necessárias para que ocorra a perpetuação das 
espécies. 
 No momento do preparo das estacas ocorre uma lesão nos tecidos, tanto nas células do 
xilema quanto do floema, causada pelo corte. O traumatismo causado pelo corte é seguido de 
uma cicatrização, ocorrendo a formação de uma camada de suberina reduzindo a desidratação 
da área danificada. Na região danificada ocorre a formação de uma massa de células 
parenquimatosas, constituindo um tecido pouco diferenciado, desorganizado e em diferentes 
etapas de lignificação, chamado de calo. O calo é um tecido cicatricial que pode surgir a partir 
do câmbio vascular, córtex ou da medula, dando início ao processo de regeneração. As células 
que se tornaram meristemas dando origem aos primórdios radiculares. Logo após as células 
adjacentes ao câmbio e ao floema iniciam a formação das raízes adventícias. A formação das 
raízes adventícias ocorre em duas fases, a primeira fase é de iniciação, onde ocorre a divisão 
celular, e em seguida uma segunda fase em que ocorre a diferenciação das células em um 
primórdio radicular, resultando no crescimento da raiz adventícia. O processo de iniciação 
das raízes ocorre basicamente, seguidas de quatro etapas de modificações morfológicas: 
 Diferenciação de algumas células adultas; 
 Formação de iniciais de raízes próximos aos feixes vasculares; 
 Formação de primórdios radiculares; 
 Desenvolvimento dos primórdios e emergência, através do córtex e da epiderme da 
estaca, das raízes adventícias, acompanhado da sua conexão com sistema vascular da 
estaca. 
 
h. Princípios fisiológicos do enraizamento 
 A capacidade de uma estaca emitir raízes está relacionada a fatores endógenos e as 
condições ambientais proporcionadas ao enraizamento. Para se obter sucesso na produção de 
mudas deve ter conhecimento sobre esses princípios, além disso os estudos desses aspectos 
auxiliam na caracterização de uma espécie sendo fácil ou difícil o enraizamento. Tem sido 
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observado que na formação de raízes adventícias vários fatores desempenham papel 
fundamental, entre eles os reguladores de crescimento: 
 Auxinas 
As auxinas que são hormônios que desempenham maior papel na formação das raízes 
em estacas. O AIA (ácido indolilacético) foi identificado em 1934, constituído na auxina 
ocorrendo comumente em plantas, onde suas primeiras utilizações foi promover o 
enraizamento de segmentos de plantas. Posteriormente, outras substâncias de origem exógena, 
como AIB (ácido indolbutírico) e ANA (ácido naftalenacético), mostraram-se mais eficientes 
que o próprio AIA na promoção do enraizamento de estacas, mesmo estes sendo de origem 
exógena. 
 A auxina é sintetizada nas gemas apicais e folhas novas e translocada para a base da 
planta por um transporte polar. As raízes também produzem auxinas, mas não ocorre o 
acumulo de auxinas nas raízes, devido a grande quantidade de substâncias inativadoras de 
auxina nesta parte da planta. 
O aumento da concentração de auxina exógena na aplicação nas estacas, estimula as 
raízes até um valor máximo, onde o acréscimo de auxina atua como inibidor. Com a aplicação 
da auxina, ocorre um aumento na concentração da base da estaca, e se os requerimentos 
fisiológicos estiverem em condições satisfatórias ocorre a formação do calo, resultante do 
ativamento das células do câmbio e das raízes adventícias. 
 Giberelina 
A giberelina é um hormônio que aumenta o tamanho do caule, onde a mais importante 
encontrada na natureza é o AG3 (ácido giberélico). As giberelinas podem atuar inibindo o 
enraizamento se estiver em uma concentração alta, isso pode ocorrer devido a interferência na 
regulação da síntese de ácido nucléico. Por outro lado alguns inibidores da giberelina, como 
SADH (ácido succínico 2,2-dimetilhidrazida) ácido abscísico e paclobutrazol, mostram 
efeitos benéficos ao enraizamento de estacas. 
 Citocininas 
A citocinina é um hormônio que atua como estimulador da divisão celular, caso esteja 
presente a auxina, sendo assim, atuando na formação de calos e na iniciação de gemas. 
Entretanto espécies com altas concentrações de citocininas imprimem um efeito de difícil 
enraizamento do que aquelas com concentrações menores. A relação citocinina/auxina em 
baixas estimula a formação de primórdios foliares, ao passo que uma relação elevada 
proporciona a formação das raízes. 
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 Ácido abscísico 
O ácido abscísico é um hormônio que ainda está sendo estudado com relação ao seu 
efeito no enraizamento, mas a princípio ele atua como inibidor do crescimento das raízes 
adventícias. 
 Etileno 
O etileno em baixas concentrações próximas a 10 ppm estimula a formação e o 
desenvolvimento das raízes, isso pode ocorrer através da interação com a auxina onde o 
etileno sintetizado quando com a aplicação de auxina explica esse efeito de enraizamento das 
estacas. O etileno é o hormônio mais dependente entra as interações complexas do que a 
concentração simples do regulador. 
Outras substâncias de ocorrência natural atuam no sinergismo com a auxina, sendo 
necessária para que ocorra o enraizamento, substâncias essas denominadas cofatores do 
enraizamento. Esses cofatores são sintetizados em gemas e folhas jovens e em maiores 
concentrações em estacas originadas de plantas jovens, sendo transportados pelo xilema e 
floema. Devido a isso em algumas espécies deve-se manter as folhas e gemas vegetativas, 
esses órgãos vão atuar como um laboratório na produção de reguladores de crescimento e 
nutrientes. As folhas são importantes para a formação das raízes, pois esta atua na síntese de 
carboidratos. 
Inicialmente Bouillenne e Went em 1933 adotaram o termo “rizocalina”, que 
englobava o conjunto de substâncias, além dos reguladores de crescimento que atuam no 
estimulo do enraizamento, muitas ainda não são conhecidas totalmente. Em 1955 propuseram 
que a rizocalina era um complexo constituída por três componentes: 
a) Um orto-dihidroxifenol, atuando como fator específico transporta a partir das folhas; 
b) A auxina, considerado um fator não específico; 
c) Uma enzima especifica do tipo polifenoxidase, encontrada em alguns tecidos, com 
periciclo, floema e câmbio. As reações entre esses três componentes dão origem a 
rizocalina. 
i. Fatores que afetam a formação das raízes 
 O conhecimento sobre os fatores que afetam o enraizamento das estacas é de grande 
importância, para que possa explicar-se por que uma espécie possui facilidade ou ou 
dificuldade para enraizar, como também, o manejo adequado propicia sucesso na produção de 
mudas. Esses fatores são classificados em fatores internos e externos: 
 Fatores internos 
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Condição fisiológica da matriz: refere-se ao conjunto das características internas damesma, 
tais como o conteúdo de água, condição nutricional, teor de reservas, estado fisiológico, 
estado fitossanitário, potencial genético e balanço hormonal. 
 As estacas retiradas de uma planta matriz que sofre com déficit hídrico, terão menor 
capacidade de enraizamento, do que aquelas oriundas de plantas com suprimento de água 
adequado. 
 A condição nutricional afeta diretamente a capacidade do enraizamento, uma vez que 
o conteúdo adequado e em equilíbrio de P, K, Ca e Mg, favorecem o enraizamento, o N é um 
importante componente para a síntese de proteínas e ácidos nucléicos, essenciais para que 
ocorra o enraizamento, porém, em excesso pode tornar-se prejudicial. Já o Zn atua como 
ativador do triptofano este percursor da auxina, sendo necessário a sua presença para que 
ocorra a formação das raízes. Deve-se ter cuidado com teores excessivos, especialmente com 
o N e Mn na planta matriz, sendo indispensável um manejo adequado da adubação das plantas 
matrizes que irá fornecer as estacas. 
 Idade da planta: geralmente as estacas provenientes de plantas mais jovens possuem 
maior facilidade de enraizamento do que aquelas originadas de plantas mais velhas. 
Este fator pode estar relacionado com o aumento do conteúdo de inibidores e a 
diminuição do conteúdo dos cofatores à medida que aumenta a idade da planta. 
 Tipo de estaca: o tipo adequado de estaca varia de acordo com cada espécie, como a 
composição química variam ao longo dos ramos, as estacas provenientes do mesmo 
ramo tendem a diferir quanto a sua capacidade de enraizamento. Assim, em estacas 
lenhosas, são obtidos melhores resultados quando utiliza-se a porção basal, isso pode 
ocorrer devido ao acumulo de substâncias de reserva, a um menor teor de N e a inicial 
presença de raízes pré-formadas nesta região. Já nas estacas lenhosas e herbáceas, 
ocorre o inverso onde os melhores resultados são obtidos quando se utiliza uma 
porção mais apical. Podendo ser atribuído a uma maior proximidade com promotores 
do enraizamento, pela proximidade com os sítios da síntese de auxina, e á menor 
diferenciação dos tecidos, resultando em uma maior facilidade das células voltarem a 
se tornar meristemáticas. 
 Época do ano: a época de ano possui uma estreita ligação com a consistência das 
estacas, quando coletadas no período de crescimento vegetativo (primavera/verão) as 
estacas apresentam-se mais herbáceas, apresentando maior capacidade de 
enraizamento em espécies de difícil enraizamento. Já quando as estacas são coletadas 
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no inverno possuem um alto grau de lignificação, tornando-se mais dificultoso o seu 
enraizamento. 
 Potencial genético de enraizamento: refere-se a potencialidade de uma espécie 
formar raízes, variando de acordo com cada espécie e/ou cultivar. 
 Sanidade: a sanidade durante o processo da estaquia é influenciada pelo grau de 
contaminação do material propagativo, pelo substrato, pela qualidade da água utilizada 
na irrigação e pelo tratamento fitossanitário que venha ser realizado nesse período. 
Viroses, fungos e bactérias podem ocasionar a morte das estacas, antes ou após o 
enraizamento, podendo afetar também a sobrevivência das estacas e a qualidade do 
sistema radicular da muda. 
 Balanço hormonal: o equilíbrio entre os regulados de crescimento possui grande 
influência no enraizamento de estacas. Então é necessário que aja um balanceamento 
adequado, especialmente entre as auxinas, giberelinass e citocininas. Uma das formas 
mais comuns para favorecer o balanço hormonal para o enraizamento é a aplicação 
exógena de reguladores sintéticos, tais como o AIA (ácido indolacético), o ANA 
(ácido naftalenacético) e o AIA (ácido indolacético), os quais possuem a capacidade 
de elevar o teor de auxinas nos tecidos. 
 Oxidação de composto fenólicos: em algumas espécies, especialmente da família 
Myrtacea, ocorre um forte escurecimento na região de corte das estacas, este 
proveniente da oxidação de compostos fenólicos. Os diferentes tipos de fenóis ao 
entrarem em contato com o oxigênio, inicia as reações de oxidação, resultando na 
produção de produtos tóxicos os tecidos. A minimização das reações de oxidação 
desses compostos pode ocorrer com a utilização de substâncias oxidantes, tais como o 
o ácido ascórbico, o PVP (polivinilpirrolidona), o ácido cítrico e o DLECA 
(dietilditiocarbamato). 
 Fatores externos 
 Temperatura: O aumento da temperatura favorece a divisão celular, atuando na 
formação das raízes, entretanto, especialmente em estacas herbáceas e semilenhosas 
estimula uma elevada taxa transpiratória, induzindo ao murchamento da estaca. Pode 
ocorrer também o desenvolvimento de brotações antes que ocorra o enraizamento, 
aspecto indesejável. Quando busca-se o enraizamento de estacas lenhosas, recomenda-
se manter o substrato aquecido, visando a reduzir a respiração e transpiração na parte 
exposta ao ar e o favorecimento da divisão celular ne região de formação das raízes. 
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Deve-se manter as temperaturas diurnas entre 21 e 26 °C e as noturnas entre 15 e 
21°C, sendo consideradas as mais adequadas para o enraizamento. 
 Luz: a luz desempenha papel importante para o enraizamento, estando relacionada a 
fotossíntese e degradação de compostos fotolábeis, como as auxinas. A baixa 
intensidade luminosa na planta matriz antes da coleta das estacas, favorece a formação 
das raízes, isso ocorre provavelmente pela preservação das auxinas e outras 
substâncias endógenas. O estiolamento dos ramos de onde serão retiradas as estacas, é 
uma prática recomendada, especialmente em espécies de difícil enraizamento. É 
necessário que se mantenha um ambiente escuro na região basal das estacas, região 
essa onde serão formadas as raízes. 
 Umidade: para que ocorra a divisão celular, é necessário que as células se mantenha 
turgidas. O potencial da perda de água nas estacas é muito grande, através das folhas 
ou brotações em desenvolvimento, especialmente considerando o período em que as 
raízes não estão formadas. A perda de água é considerada uma das principais causas 
da morte das estacas. Sendo necessário a prevenção contra o murchamento, 
especialmente em espécies que exigem um longo período para que ocorra a formação 
das raízes e nos casos em que as estacas possuem folhas e/ou consistência em 
herbáceas. É bastante utilizado nebulização imtermitente, permitindo que ocorra a 
redução da perda de umidade pela formação de uma película de água nas folhas, como 
também, a redução da temperatura, com a manutenção da atividade fotossintética nas 
estacas com folhas. A alta umidade favorece ao desenvolvimento de patógenos, sendo 
necessários cuidados para evitar a ocorrência. 
 Substrato: o substrato tem a função de sustentar as estacas durante o período de 
enraizamento, mantendo sua base em um ambiente escuro, úmido e aerado 
adequadamente. Os efeitos que o substrato exerce sobre o enraizamento e na qualidade 
das raízes formadas, está relacionado especialmente a porosidade, a qual exerce 
função no teor de água retido e o seu equilíbrio com a aeração. Podendo ser 
constituídos de diferentes materiais, como a areia, vermiculita, a cinza de casca de 
arroz, solo, entre outros. O substrato para ser considero bom deve apresentar as 
seguintes características: 
 proporcionar a retenção do teor de água suficiente para manter as células 
turgidas prevenir contra o murchamento das estacas; 
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 permitir uma aeração adequada a base da estaca, de modo que permita a 
iniciação e o desenvolvimento das raízes; 
 apresentar uma boa aderência à estaca; 
 não favorecer à contaminação e ao desenvolvimento de organismos 
patógenos e saprófitos; 
 permitir que as estacas sejam removidas com o mínimo de danos as raízes; 
 é de baixo custo de obtenção e de fácil obtenção; não conter ou liberar substância que possa exerce efeito fitotóxico ás estacas. 
 Condicionamento: em espécies de difícil enraizamento deve-se realizar alguns 
tratamentos antes de realizar à estaquia, com o objetivo de conseguir bons resultados. 
Em diversos casos o condicionamento é fundamental para que se possa obter bons 
resultados no enraizamento das estacas. São exemplos de alguns condicionamentos: 
 Tratamento com fitorreguladores: a utilização de fitorreguladores tem como 
objetivo, aumentar a percentagem de estacas que formam raízes, acelerar sua 
iniciação, aumentar o número e qualidade das raízes formadas e aumentar aa 
uniformidade do enraizamento das estacas. Alguns reguladores favorecem ao 
enraizamento, como as auxinas sintéticas que inibem o desenvolvimento de gemas, e 
consequentemente dos ramos, exercendo um efeito no balanço hormonal favorecendo 
o enraizamento. São exemplos de auxinas sintéticas utilizadas o AIA, AIB, ANA e 
2,4-D, que visam elevar o conteúdo hormonal nos tecidos da estaca. As citocininas 
também são utilizadas em tratamentos, atuando no estimulo do desenvolvimento de 
raízes adventícias, importante em estacas com folhas e de raízes. 
 Anelamento: consiste na obstrução da casca de um ramo da planta matriz, com a 
finalidade de bloquear a translocação descendentes de carboidratos, hormônios e 
cofatores de enraizamento, permitindo que ocorra a acumulação desses composto 
acima do local onde foi feita a obstrução, região que será a base da futura estaca. Esse 
acumulo de compostos favorece a formação e o crescimento das raízes, o aumento da 
quantidade de células parenquimatosas e tecidos menos diferenciados. O anelamento é 
feito na região basal ou mediana do ramo onde será retirada à estaca, onde realiza-se 
um corte ou com um anel de arame. O anelamento deve ser realizado no momento em 
que o comprimento do ramo o permita fazer, durante a fase ativa de crescimento 
vegetativo, visando assegurar o maior acumulo de compostos. 
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 Estiolamento: entende-se por estiolamento o crescimento exagerado em altura da 
planta, quando está com deficiência de luminosidade, o que resulta em brotações 
alongadas, folhas pequenas e não expandidas e apresentando baixo teor de clorofila. 
Além disso, são encontrados em tecidos estiolados baixos teores de lignina e altos 
teores de auxinas endógenas e de outros cofatores do enraizamento, uma vez que esses 
compostos são sensíveis a incidência de luz, favorecendo o enraizamento. 
 Dobra de ramos: é uma técnica de condicionamento que consiste em dobrara 
manualmente os ramos, durante a estação de crescimento. Estes ramos ficam presos a 
planta por uma porção do lenho e casca até que seja feita a utilização das estacas 
lenhosas. Esse tipo de injúria provoca um aumento da relação C/N e a formação de um 
tecido pouco diferenciado, resultado da cicatrização da região onde foi feita a dobra, 
resultando no aumento da capacidade de enraizamento. 
 
2.1.1. Técnicas de estaquia 
 Preparo e manejo das estacas 
Depois de realizada à seleção e coleta das estacas, estas devem ser levadas para um 
galpão ou estrutura semelhante para que sejam preparadas as estacas. O preparo das estacas 
pode ser feito com o auxílio de uma tesoura de poda ou com serras elétricas, no caso de 
estacas lenhosas em grandes quantidades. Feitas as estacas estas devem permanecer 
embebidas em água até o momento de serem colocadas no substrato. 
O comprimento e o diâmetro das estacas variam de acordo com o tipo e a espécie, as 
estacas lenhosas podem ter de 20 à 30 cm de comprimento e um diâmetro de 0,6 á 2,5 cm, já 
as estacas semilenhosas, em geral, apresentar um comprimento que varia de 7,5 à 15 cm e as 
estacas herbáceas possuem dimensões que podem ser até menores. Após o preparo, deve-se 
realizar a separação das estacas de acordo com o tamanho, permitindo uma maior 
homogeneidade de plantas, facilitando a realização de operações posteriores. Também 
recomenda-se realizar a identificação dos lotes de estaca por cultivar, de forma que evite a 
mistura posterior no viveiro. 
Em estacas lenhosas e herbáceas devem ser mantidas as folhas apicais, em geral 2 ou 
3, estas favorecem ao enraizamento, devido a produção de cofatores de enraizamento nas 
folhas. Nas estacas lenhosas a presença de gemas nas estacas aumenta o enraizamento em 
diversas espécies. Por outro lado, a presença de folhas nas estacas representa uma superfície 
transpiratória, onde a perda de água aumenta em condições de elevadas temperaturas. Por isso 
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deve ser realizada a nebulização nas estacas folhosas. As folhas que são mantidas na parte 
superior da estaca podem ser cortadas ao meio, como meio de reduzir a perda de água e 
facilitar seu manejo. 
O corte superior da estaca deve ser feito logo acima de uma gema e o corte inferior 
logo abaixo. Essa recomendação é mais viável com o número baixo de estacas, onde um 
número grande de estacas torna-se inadequado. É possível realizar o armazenamento de 
estacas lenhosas durante o inverno, podendo ocorrer a formação de calo ou iniciais de raízes. 
As estacas podem ser armazenadas em leitos aquecidos ou em substrato umedecido. 
Em algumas espécies cortes realizados na lateral na base da estaca, favorecem o 
enraizamento, especialmente em espécies em que o esclerêquima constitui uma barreira física 
a emissão das raízes. A exposição do câmbio, proporcionados por cortes, podem favorecer ao 
enraizamento, devido a absorção de substâncias promotoras de enraizamento. 
 Estaqueamento 
O plantio das estacas pode ser feito em recipientes (sacos plásticos, vasos, caixa, 
baldes, etc.), aplicado para as estacas folhosas (semilenhosas e herbáceas), estas que 
necessitam de alta umidade sobre as folhas. Já as estacas lenhosas podem ser plantadas em 
estruturas de propagação ou diretamente no viveiro, especialmente em espécies cauducífolias, 
quando a umidade é propiciada pela chuva ou por irrigações esporádicas. Essa prática é 
denominada de enviveiramento, destinado principalmente para produção de mudas em larga 
escala e multiplicação de espécies que possuem facilidade para enraizarem. Neste caso, deve-
se realizar em solos profundos, com boa drenagem e com viabilidade de uso para irrigação. 
A profundidade de plantio varia de acordo com o tipo de estaca, para estacas de ramos 
aconselha-se que dois terços sejam enterrados no substrato. Para estacas de raiz é importante 
mante-las enterradas a uma profundidade de 2,5 à 5 cm, na posição horizontal, de modo a 
manter sua correta polaridade. Com relação a prevenção de doenças recomenda-se à imersão 
das estacas em solução fungicida. Para aumentar a sobrevivência das estacas pode fazer a 
mistura de fungicidas e AIA (ácido indobulrítico). 
 No momento do plantio, é importante que a estaca tenha uma boa aderência ao 
substrato, uma vez que a presença de grandes espaços porosos pode fazer com que ocorra um 
aumento na desidratação das estacas. 
 
 
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 Substrato 
O substrato é um dos fatores que exerce maior influência no enraizamento, sendo 
necessário atenção especial na escolha do substrato a ser utilizado. Deve-se levar em 
consideração no momento da escolha do substrato a espécie que vai ser plantada, observando 
qual substrato é melhora para determinada espécie, especialmente aquelas que possuem maior 
dificuldade para enraizamento. 
Um bom substrato deve ter características desejáveis, como proporcionar retenção de 
água suficiente, de forma que previna a dessecação da base da estaca e, quando saturado 
mantenha uma quantidade adequada de espaços porosos para facilitar a entrada de oxigênio, 
indispensáveis para que se inicie o desenvolvimento radicular e prevenir contra o 
desenvolvimento de patógenos nas estacas. Deve-se utilizar substratos quenão seja inóculos 
de patógenos saprófitos, evitando assim que ocorra infecção das mudas por estes organismos. 
Existe vários tipos de substrato utilizados, os mais comuns são areia, vermiculita e 
solo, e uma diversidade de outros que podem ser utilizados na produção de mudas. Além dos 
substratos já citados existe outros tipos, como o musgo turfoso, musgo esfagnineo e a água, 
são bastante utilizados. Na utilização da água é necessário possuir um bom sistema de 
oxigenação para que permita o desenvolvimento das raízes. 
 Técnicas de condicionamento 
Estratificação: é uma técnica que consiste na adição de camadas alternadas de areia grossa 
e/ou solo, em condições úmidas, visando proporcionar a prévia formação do calo, além de 
propiciar a conservação da estaca. A intensidade da formação do calo pode ser aumentada, a 
partir da elevação da umidade e temperatura a certos limites. Devem ser tomados cuidados 
com para evitar o desenvolvimento de fungos e bactérias, a acumulação de água e o 
dessecamento, essenciais a formação das raízes. Assim que os calos ou as brotações são 
formadas é necessário a retirada da estratificação. 
Lesões na base da estaca: é uma técnica utilizada especialmente em estacas que apresentam 
madeira velha na sua base, onde os cortes favorecem a formação do calo e das raízes nas 
bordas da lesão. Nessa região a divisão celular é estimulada pelo aumento na taxa respiratória 
e nos teores de auxinas, carboidratos e etileno na área lesionada. As lesões permitem que haja 
uma maior absorção de água e de reguladores de crescimento, aumentando a sua eficiência. 
Em contrapartida, as lesões permitem que ocorra o rompimento da barreira física, barreira esta 
formada por anéis de esclerênquima, o que é um fator indesejado, pois, pode impedir que 
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ocorra a emergência das raízes. Recomenda-se nessa técnica realizar apenas um ou dois cortes 
de 2,5 à 5 cm na base da estaca. 
Uso de nebulização: A nebulização é a aplicação de água em forma de névoa, sobre as 
estacas, com a finalidade de criar uma atmosfera que propicie menor perda de água pelas 
folhas. A redução das taxas de transpiração e respiração e a redução da temperatura das folhas 
é obtida a partir da formação de uma película de água sobre as folhas, proporcionada pela 
nebulização intermitente, assegurando a destinação dos fotosintatos e nutrientes para a 
formação das raízes. Deve-se manter intervalos durante as aplicações de água, durante o 
período diurno, evitando a aplicação em excesso, podendo ser dispensada a nebulização 
durante a noite. A nebulização pode ser instalada em telados, estufas plásticas ou mesmo em 
ambiente externo. O ambiente protegido é o mais indicado para utilização dessa técnica, 
permitindo uma aplicação controlada da água e evitando a ação do vento e solo. O controle 
dos intervalos de acionamento do sistema de nebulização pode ser feito através de alguns 
mecanismos, como: 
- Folha úmida, na qual há uma superfície de tela que simula a superfície de uma folha. 
Quando esta superfície perde água a um nível pré-estabelecido, é acionado o mecanismo 
de nebulização; 
- O temporizador, aparelho que aciona o sistema de nebulização em intervalos regulares 
de tempo; 
- controlador eletrônico de umidade, constituído de um sistema computadorizado de 
acionamento da irrigação, com base na temperatura e umidade relativa do ar. 
 
Figura 2.3: Sistema de nebulização (A); Lesões em estacas (B). 
 
2.2. Enxertia 
A enxertia é o método de propagação assexuada que consiste em se unir duas ou mais 
porções de tecido de modo que a união destas partes venha a constituir-se em uma nova 
A B 
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planta. É um dos principais métodos de propagação e é largamente utilizado em um grande 
número de espécies, tais como os citros, pessegueiro, ameixeira, goiabeira, macieira, pereira, 
abacateiro, entre outros. 
A grande importância da enxertia deve-se ao fato de que, na verdade são conjugados 
os aspectos favoráveis (vigor, tolerância a fatores bióticos e abióticos adversos, produtividade, 
entre outros) de duas ou mais plantas às quais podem ser de uma mesma espécie ou até 
mesmo gêneros diferentes. 
A planta propagada por enxertia é composta por duas partes, chamadas de porta-
enxerto e enxerto. 
Porta-enxerto ou cavalo é a parte que confere o sistema radicular à planta propagada, 
podendo ser proveniente de sementes ou de propagação vegetativa. Porta-enxertos oriundos 
de sementes, em geral, são mais vigorosos e apresentam sistema radicular pivotante e mais 
profundo. Porta-enxertos oriundos de propagação vegetativa como a estaquia ou a mergulhia 
podem ser menos vigorosos, porém são geneticamente mais uniformes. 
Enxerto, borbulha, garfo ou cavaleiro é a parte que irá originar a parte aérea da planta 
e pode consistir de um segmento de ramo com uma ou duas gemas (garfo) ou de uma gema 
com uma pequena porção de casca (borbulha). O enxerto deverá ser retirado de uma planta 
com todas as características da cultivar, bem como que tenha ultrapassado o período da 
juvenilidade, assim, tão logo haja área foliar suficiente para percepção dos estímulos 
indutores do florescimento e para sustentação dos frutos, a planta irá produzir, reproduzindo 
fielmente as características da planta-mãe. 
 
2.2.1. Finalidades da enxertia 
 Manter as características genéticas de uma espécie, de uma cultivar ou de um clone 
A enxertia, bem como os demais métodos de propagação assexuada, permite que as 
características produtivas das plantas sejam mantidas em seus descendentes, garantindo o 
valor agronômico das mesmas, produzindo plantas mais uniformes quanto ao porte, 
exigências edafoclimáticas e tratamentos fitossanitários, entre outros. 
 Propagar plantas que não podem ser multiplicadas por outros métodos 
 Algumas espécies frutíferas produzem sementes com baixo poder germinativo, como é 
o caso da ameixeira (cerca de 2%), e outras simplesmente não as produzem. Por sua vez, em 
espécies altamente heterozigotas, a propagação por sementes implicaria modificações 
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genéticas nos descendentes. Além disso, a enxertia é utilizada em espécies que apresentam 
dificuldade de formar raízes. 
 Obter benefícios do porta-enxerto 
Embora os porta-enxertos sejam responsáveis apenas pela formação do sistema 
radicular e sustentação das novas plantas, em muitos casos, podem determinar características 
importantes como, por exemplo, conferir maior ou menor vigor à copa, como nos casos da 
macieira, da pereira, da videira e de citros, ou conferir melhor qualidade aos frutos. Além 
disso, muitos porta-enxertos são tolerantes a condições desfavoráveis, como solos pesados - 
com excesso ou falta de umidade - ataque de pragas ou doenças, entre outras. 
 Substituir cultivares de plantas estabelecidas 
Muitas vezes, em pomares estabelecidos com uma determinada cultivar, surgem 
problemas, como a baixa produtividade, frutos de qualidade inferior, hábito de crescimento 
inadequado, ou mesmo, suscetibilidade a pragas e doenças. Essas dificuldades podem ser 
solucionadas com a enxertia de uma nova cultivar mais adequada, sem necessidade de se 
implantar um novo pomar. 
Outra situação muito comum de uso da enxertia em plantas já estabelecidas é aquela 
em que se têm pomares com cultivares que necessitam de polinização cruzada eque, por morte 
ou número insuficiente de plantas polinizadoras, podem ter a produção comprometida e 
requerem a presença de plantas ou ramos de uma cultivar polinizadora. 
Em pequenos pomares domésticos, a enxertia possibilita que, numa mesma planta, 
tenha-se mais de uma cultivar ou mais de uma espécie. Isso é possível, enxertando-se uma 
cultivar ou espécie diferente em cada ramo principal. Contudo, nesse caso, deve-se ter o 
cuidado para que as cultivares enxertadas tenham o mesmo

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