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Educacao Ambiental Unidade 04

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1
Educação Ambiental - Unidade 04
Educação Ambiental
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
ENSINANDO E APRENDEND O
Sumário
1. Noções iniciais 2. Bases filosóficas da Educação Ambiental 3. Epistemologias da 
Educação Ambiental: holismo, interdisciplinaridade e hermenêutica 4. A Educação 
Ambiental e o lugar do educador ambiental
Unidade 04 - Educar para a sustentabilidade
Olá! Seja bem-vindo a Nota de Aula da Unidade 4, da dis-
ciplina de Educação Ambiental. Aqui você encontra o texto 
produzido pelo professor conteudista, além de outras fon-
tes de pesquisa. Não esqueça de desenvolver seus estudos 
acompanhando a web-aula da unidade. Agora veja o que 
você vai aprender nessa unidade. Boa leitura!
2
Educação Ambiental - Unidade 04
Na Unidade 4 você identificará as diferentes relações 
estabelecidas entre as sociedades e a natureza ao longo 
da história, identificando também os principais marcos 
históricos que assinalaram mudanças de cunho pedagógico 
nessas relações. 
Objetivo
1. Noções Iniciais
A noção de educação para a sustentabilidade abarca um conjunto de princípios, 
valores, atitudes e comportamentos que demonstram uma percepção do planeta 
como uma única comunidade, sendo muito mais ampla do que uma simples relação 
com a economia.
Trata-se, portanto, de um ponto de referência ético indissociável da civilização 
planetária e da ecologia e supõe o reconhecimento do planeta como um ser vivo e 
inteligente.
A educação para a sustentabilidade não pode ser apenas ambiental, deve ter 
como foco a superação das desigualdades, a eliminação das diferenças econômicas 
e a integração. Este é um dos desafios da cidadania ambiental promovida através 
da educação.
Uma educação para a cidadania ambiental deve conduzir sua proposta para 
o desenvolvimento de uma cultura de sustentabilidade, uma cultura de vida e da 
convivência equilibrada entre os seres humanos e a natureza – equilíbrio dinâmico. 
(GUTIÉRRES; PRADO, 1999.)
É nesse contexto que se pode falar de uma Educação Ambiental que promove 
a aprendizagem – promove o sentido das coisas – desenvolvendo-se a partir da 
vida cotidiana.
3
Educação Ambiental - Unidade 04
2. Bases filosóficas da Educação Ambiental
O momento atual é marcado pela necessidade de definição da identidade da 
Educação Ambiental frente a outros campos da educação, e encontra no conceito de 
interdisciplinaridade um recurso muito conveniente para lhe dar a especificidade 
requerida por um campo que se reconhecia como de convergência disciplinar 
de áreas em conflito epistemológico e socioprofissional: as ciências naturais e as 
ciências sociais.
No documento final gerado pela Conferência Intergovernamental de Educação 
Ambiental, realizada em Tbilisi em 1977, afirmou-se que:
[...] educação ambiental não é uma matéria suplementar que se soma 
aos programas existentes, exige interdisciplinaridade, quer dizer, uma 
cooperação entre as disciplinas tradicionais, indispensável para poder se 
perceber a complexidade dos problemas do meio ambiente e formular sua 
solução.
Em Tbilisi (1977) foram recuperadas algumas estratégias de desenvolvimento 
do currículo buscando “compreender, segundo uma perspectiva holística, os diversos 
aspectos ecológicos, sociais, culturais e econômicos do meio ambiente, quer dizer, 
os currículos devem ter caráter interdisciplinar”.
4
Educação Ambiental - Unidade 04
Atualmente, a noção de interdisciplinaridade está começando 
a ser deslocada para a de complexidade. O pensamento 
complexo representa uma das mais recentes contribuições 
para a reformulação das fronteiras e dos objetos de estudo 
das disciplinas científicas, destruindo assim, os mitos da 
acumulação, progressiva e depurada, do conhecimento 
científico, da inviolabilidade do sujeito humano e das 
verdades universais. 
Entretanto, a interdisciplinaridade encontra-se longe de 
se materializar em extensas propostas curriculares que 
transformem o positivismo predominante na organização do 
conhecimento escolar. A complexidade é vislumbrada apenas 
como um horizonte de possibilidades para se construir 
novos territórios do pensamento e da ação crítica, não só do 
ambiental como de todas as esferas do conhecimento.
Importante
Do ponto de vista filosófico, não se pode imaginar a interdisciplinaridade 
como solução para todos os problemas da educação, mas sim como uma proposta 
epistemológica vigorosa que tende a superar a excessiva especialização disciplinar 
surgida da racionalidade científica moderna. É, portanto, uma forma de reorganizar 
o conhecimento para responder melhor aos problemas da sociedade. Parte-se da 
premissa de que a realidade é divisível desde o teórico, para fins de estudo, mas os 
diferentes componentes cognitivos, que dão origem às diversas disciplinas, estão 
de fato absolutamente relacionados.
A interdisciplinaridade trata-se de uma abordagem mais 
avançada sobre a questão ambiental.
Conceito
5
Educação Ambiental - Unidade 04
No entanto, torna-se importante perceber e compreender como o pensamento 
sistêmico e interdisciplinar se desenvolveu ao longo do tempo, buscando um 
melhor entendimento acerca da evolução do pensamento ambiental na perspectiva 
filosófica. A seguir você acompanhará as ideias compiladas da obra “Pensar 
o Ambiente: bases filosóficas para a Educação Ambiental”, desenvolvida com 
apoio da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência 
e a Cultura) e do Ministério da Educação brasileiro. Essas visões tratam sobre as 
diversas referências epistemológicas e abordagens filosóficas que influenciaram o 
pensamento ambiental atual.
Platão 
Em Crítias (2010), Platão lamenta a devastação das paisagens gregas. O filósofo 
fala sobre um universo original, onde os conceitos como physis, ethos, aletheia, 
entre outros, nos remetem a um saber e a uma experiência ainda sem tradução nos 
dias atuais. 
A ideia de ethos como morada dá pistas desta outra experiência do real e da 
convivência, anterior às dicotomias que posteriormente vieram a constituir o modo 
moderno de pensar o mundo. 
Os Pré-Socráticos, com seus fragmentos, permitem imaginar outros sentidos 
para habitar o mundo como ambiência, uma noção que pode ser referência para a 
Educação Ambiental.
Aristóteles 
Construiu um grande sistema de saber que influenciou muito o desenvolvimento 
tanto da ciência grega, como medieval. Aristóteles concebe o ser humano como 
parte da natureza e ambos são dotados de um telos (finalidade). 
6
Educação Ambiental - Unidade 04
A Ética, em Aristóteles, consiste na busca do equilíbrio, 
situando o saber instrumental – o qual provoca tantos 
problemas ambientais hoje – como dependente do saber 
prudencial.
Para o filósofo, a ação ética deve evitar os extremos, 
caracterizando-se pelo equilíbrio e prudencia. Para o 
pensamento aristotélico, a dificuldade em fazer o bem está 
em achar o meio termo, a justa medida.
Importante
Aristóteles entende que a pólis (cidade) também faz parte das coisas naturais 
e o homem, por sua vez, é um animal político. Esta abordagem pode ser muito útil 
à Educação Ambiental, pois trata-se de um saber prático que permite a tomada 
de decisões em relação ao meio ambiente, às políticas públicas etc., evitando as 
soluções fáceis ou meramente técnicas, desvinculadas de um contexto ético.
Santo Agostinho e São Tomás 
Consideram a natureza como uma livre criação de Deus no tempo e, como 
todo ser criado do nada, é essencialmente boa. Toda natureza é sempre um bem. 
Para estes filósofos, a natureza do espírito é sempre superior à natureza do 
corpo. Essa noção de natureza é uma forma de ver o mundo de maneira unificada,ainda sem a distinção entre natureza e cultura, estabelecida por Descartes no séc. 
XVII, e que está na base do materialismo Ocidental.
A ideia principal da filosofia da natureza é a de que o céu e a natureza dependem 
da razão, e até mesmo Deus se rege por razões. Há um componente holístico em 
Tomás de Aquino que pode interessar à Educação Ambiental.
Francis Bacon 
O projeto epistemológico de Bacon expressa o pensamento da modernidade e 
encarna o ideal de alcançar um conhecimento racional autônomo. 
7
Educação Ambiental - Unidade 04
Bacon lança as bases do que viria a desenvolver-se no método experimental-
matemático nas mãos de Galileu, Newton, entre outros. A natureza, enfim, pode ser 
dominada.
René Descartes 
Descartes é considerado um dos responsáveis pela dominação da natureza 
pela ciência e técnica mecanicistas. É também lembrado pelo seu profundo 
antropocentrismo e pela famosa frase que diz que, com a aplicação de sua filosofia 
prática, nos tornaremos ‘senhores e possuidores da natureza’.
A René Descartes pode-se imputar a perda de memória ocorrida na modernidade 
com seu projeto de um entendimento puro, livre das influências culturais. 
Mauro Grün (2007, p.34) afirma “que sem memória e historicidade não há 
conservação ambiental nem educação ambiental, pois os problemas ambientais 
estão sempre inscritos em uma perspectiva histórica que nos ultrapassa 
amplamente”.
Espinosa 
Filósofo do séc. XVII que propagou o pensamento holista, o qual se mostra 
preocupado com a denúncia da servidão e a proposição de uma ética baseada na 
liberdade e na alegria, tomadas como potência do ser.
Seu pensamento o aproxima dos problemas ecológicos 
contemporâneos, contribuindo para uma ética ambiental 
focada na libertação das tiranias entre os humanos e na 
relação entre humanos e natureza. Entende que o sujeito 
humano submete-se à servidão porque é triste, o que o 
deixa exposto à tirania do outro, em quem ele deposita a 
esperança de felicidade.
Importante
8
Educação Ambiental - Unidade 04
Denuncia a utilização política das paixões tristes pelos tiranos, especialmente 
a esperança, a humilhação e o medo. Por analogia, seria como se denunciasse que 
o estado de servidão imposto à natureza pelos homens é o que está gerando a 
degradação de ambos. Esta situação decorre da condição de passividade e de 
submissão (reino das paixões tristes) vividas pelas pessoas, do qual elas precisam 
sair para promover a integração com o meio ambiente.
Rousseau
A natureza é um conceito filosófico fundamental no pensamento de Rousseau. 
Nele o filósofo questiona a relação entre ciência e virtude, opondo-se à ideia de 
progresso que domina seu século.
Nesta perspectiva, o homem está ‘junto com’ e ‘na’ natureza e mantém para 
com ela um sentimento subjetivo, que lhe permite preservá-la, ao mesmo tempo em 
que faz um distanciamento para construir sua liberdade.
Portanto, Rousseau oferece argumentos importantes para a Educação Ambiental 
e seu projeto de formação de um sujeito virtuoso que toma nos dias de hoje a forma 
de um sujeito ecológico. 
Kant 
Este filósofo escreveu três grandes críticas: a “Crítica da Razão Pura” (1781), 
a “Crítica da Razão Prática” (1788) e a “Crítica do Juízo” (1790). Esta última tem 
grandes implicações para a Ética Ambiental e a Educação Ambiental por apresentar 
duas espécies de juízos reflexivos:
 ৵ os juízos de gosto;
 ৵ os juízos teleológicos voltados, principalmente, para organismos 
biológicos.
Esses juízos são importantes para a Educação Ambiental por focarem suas 
abordagens pelo sentimento de vida responsável pelas sensações de prazer ou 
desprazer. Esta perspectiva é fundamental para compreendermos como podemos 
chegar a uma apreciação estética da natureza, e é justamente através do juízo do 
9
Educação Ambiental - Unidade 04
gosto que os seres humanos aprendem a “amar a natureza e a vida e, portanto, a 
cuidar dela”. Através do prazer estético o ser humano sente-se bem no mundo e 
isso faz com que ele cuide da natureza.
Karl Marx 
Marx realiza em sua obra um profundo questionamento da relação capital-
trabalho e do modo de produção capitalista. Utiliza, para tanto, uma concepção 
dialética das relações sociais e históricas, que expõem as contradições que movem 
novas reordenações da realidade, pensada como síntese complexa de múltiplas 
determinações.
Para Marx, a natureza é unidade complexa e dinâmica, auto-organizada em 
seu próprio movimento contraditório. Nesta perspectiva, o ser humano é parte da 
relação “eu-mundo” constitutiva das dimensões materiais e simbólicas da vida em 
sociedade.
Na perspectiva marxiana, mudar comportamentos, atitudes, aspectos culturais 
e formas de organização significa transformar o conjunto das relações sociais nas 
quais os seres humanos estão inseridos e as quais constituem e são constituídos, 
exigindo ação política coletiva, intervindo na esfera pública e conhecimento das 
dinâmicas social e ecológica.
Martin Heidegger 
Heidegger apresenta uma dimensão do pensar que supera a racionalidade 
unidimensional, contribuição de grande importância para o pensamento ecológico 
e à Educação Ambiental.
10
Educação Ambiental - Unidade 04
As noções heideggerianas de habitar, em seu sentido ético, 
restituem o sentido originário do ethos grego como ambiência 
e modo como o ser humano realiza sua humanidade. Para o 
pensamento de Heidegger, todo morar autêntico está ligado 
a um preservar, sendo assim, preservar não é apenas não 
causar danos a alguma coisa.
Importante
O preservar genuíno tem uma dimensão positiva, ativa e acontece quando 
deixamos algo na paz de sua própria natureza, de sua força originária. Desta forma, 
salvar não significa unicamente resgatar uma coisa do perigo, mas é restituir ou 
dar condições para que ela se revele naquilo que lhe é mais próprio. O pensamento 
de Heidegger constitui uma das mais importantes referências para o pensamento 
ambiental de nosso tempo.
Hannah Arendt 
O conceito fundamental no pensamento de Hannah Arendt é o de ação política 
como condição humana de existência e de convivência democrática. No que se 
refere ao conceito de natureza, faz o contraponto entre a natureza no sentido 
romano-cristão – cuja tradução latina, natura, está na origem etimológica e cultural 
do nosso conceito de natureza – e a noção grega de physis. 
A natura está submetida às leis que lhe impõem uma regularidade desde o 
exterior, ou seja, às “leis da natureza”. Entende-se, assim, que quem regula as leis 
da natureza é uma ordem divina, que está fora do mundo. 
O mundo natural é uma coordenação de organismos, impelidos e destinados, 
para um fim determinado, por um espírito inteligente que lhe é exterior, ou seja, o 
Deus Criador e Senhor da natureza.
Arendt compreende os seres humanos como criados por Deus, passando a ser 
imortais, enquanto a natureza é mortal. Contrapõe-se, neste ponto, a lógica grega, 
11
Educação Ambiental - Unidade 04
onde a physis era eterna e a vida do indivíduo humano era mortal.
Gadamer
O pensamento de Gadamer nos leva a compreender o papel que a ciência 
moderna exerce nos desdobramentos da crise ecológica e de que modo uma 
Educação Ambiental, ética e política, pode intervir nesse processo objetificador.
Este filósofo defende a ideia de que ainda há tempo de uma convivência dos 
seres humanos com a natureza. Para tanto, é necessário respeitar a natureza como 
um “outro”, ou seja, em nossa relação com esse outro, devemos aprender a respeitar 
não só a reciprocidade, mas também a diferença.
Gadamer chama a atenção para um aspecto primordial:
[…] nós não podemos simplesmente explorar nossos meios de poder 
e possibilidades efetivas,mas precisamos aprender a parar e respeitar o 
outro como outro, seja esse outro a Natureza ou as crescentes culturas dos 
povos e nações; e assim sermos capazes de aprender a experienciar o outro 
e os outros, como outros de nós mesmos, para participar um com o outro. 
(GADAMER, 2002, p.56)
Vygotsky 
A questão posta por Vygotsky é: como os seres humanos, em sua curta tra jetória 
de vida, avançam e se distanciam tanto de suas características biológicas iniciais 
em tão diversas direções? Para ele, os seres humanos não se limitam à herança 
genética e libertam-se devido ao pensamento e à linguagem, diferente das demais 
espécies que se baseiam na percepção.
Este pensador oferece uma diversidade de direções para educadores, pois seu 
pensamento funda as bases para uma teoria da aprendizagem, que compreende a 
psicologia humana mediada pela cultura.
12
Educação Ambiental - Unidade 04
No processo de aprendizagem, a linguagem e o simbolismo 
são usados como mediações no contato com o meio ambiente 
e, somente em seguida, aparecem em nosso contato interior, 
podendo esta ser a origem de um sujeito ecológico ou 
socioambiental.
Importante
Paulo Freire
Freire desenvolveu os conceitos de diálogo e consciência, 
muito atuais para a Educação Ambiental, pois incorpora 
uma orientação que significa buscar, eticamente, práticas 
de convivência social em que as relações socioculturais 
e econômicas não se dão mais de forma hierarquizada, 
mas com o objetivo de possibilitar novas articulações 
entre sujeitos históricos contextualizados, na construção 
de projetos coletivos de reação à desigualdade e à 
exclusão social. 
Conceito
Isto requer a construção de novos conhecimentos e formas críticas de 
intervenção na realidade. Nesta visão, uma ação dialógica implica na solidariedade 
entre pares que se reconhecem como humanos, com a capacidade potencial de 
serem sujeitos históricos e pronunciar o mundo.
Para este pensador, o diálogo verdadeiro implica no pensar ético, a ação 
politicamente comprometida com o “outro”, em que não existe a dicotomia entre Homem 
e Mundo, mas a inquebrantável solidariedade que, criticamente, analisa e intervém, 
captando o dever da realidade e promovendo a superação do pensamento ingênuo. 
13
Educação Ambiental - Unidade 04
3. Epistemologias da Educação Ambiental: holismo, 
interdisciplinaridade e hermenêutica
O atual prestígio que o enfoque holístico desfruta em Educação Ambiental 
e ética ambiental tem contribuído para que tal postura seja aceita, sem maiores 
questionamentos, como uma solução para o trabalho em Educação Ambiental. O 
problema ecológico não é somente um problema técnico, mas também ético.
O mecanicismo apresentado na filosofia de René Descartes 
(1596-1650) é um importante parâmetro para compreender 
como o antropocentrismo se firmou no mundo moderno, 
conduzindo a separação entre sujeito e objeto, e natureza e 
cultura, sendo apontado como um dos principais motivos da 
devastação ambiental.
Importante
A mente e a matéria são completamente distintas para Descartes. A mente que 
indaga é o local da verdade sobre o mundo natural. Paradoxalmente, a mente de 
Descartes era uma mente desprovida de corpo, que estava fora da natureza. 
Esta visão antropocêntrica influenciou fortemente a educação moderna. O 
ideal cartesiano postula que os seres humanos seriam os senhores e possuidores da 
natureza. Este processo é compreendido como a objetificação do mundo natural, ou 
seja, tornar a natureza um simples objeto à disposição da razão humana. Esta visão 
gera um problema epistemológico convergindo para a fragmentação do objeto que 
nos impede de ter uma visão complexa do meio ambiente em Educação Ambiental 
e ética ambiental.
O antropocentrismo fica evidente na tentativa de Descartes de conferir 
autonomia à razão, que faz do mundo um objeto manejável. Assim, tanto a 
objetivação quanto a fragmentação da natureza são frutos de um mesmo processo. 
14
Educação Ambiental - Unidade 04
Essa objetivação e a fragmentação resultam da busca da autonomia da razão, 
reafirmando o antropocentrismo e consagrando o domínio do ser humano sobre a 
natureza.
Neste contexto, o enfoque holístico passa a ser compreendido como uma 
abordagem que pretende integrar o ser humano à natureza com o propósito de 
superar a crise ambiental. Assim, os seres humanos seriam parte da natureza. 
Um dos maiores problemas éticos e epistemológicos de algumas dessas 
posturas é que estaríamos de tal modo “integrados” à natureza, que não seria mais 
possível fazer nenhuma distinção entre natureza e cultura, criando alguns problemas 
quanto à conservação ambiental.
Salienta-se, no entanto, que nem todas as substituições da visão cartesiana 
fragmentada, reducionista, mecanicista e antropocêntrica pelas posturas holísticas 
estão isentas de problemas éticos, políticos e epistemológicos.
Entretanto, consideramos a filosofia hermenêutica como uma possibilidade 
para a superação dos impasses expostos. A hermenêutica parte do princípio no 
qual podemos compreender algo que desejamos ao compará-lo com algo que 
já conhecemos. Aquilo que compreendemos agrupa-se em unidades sistêmicas, 
estabelecendo uma relação indissociável entre as partes o todo e vice-versa.
Por meio da hermenêutica podemos verificar quais das abordagens holísticas 
mantêm uma relação, entre o todo e as partes, que permita algumas distinções 
entre natureza e cultura e, portanto, propicie também a alteridade da natureza.
4. A Educação Ambiental e o lugar do educador ambiental
A Educação Ambiental não é uma tarefa isenta de intencionalidade e propósitos. 
Na sua essência, não se trata de ensinar as pessoas como o mundo é cheio de 
conflitos, nem tão pouco ocultá-lo.
Refere-se à totalidade de cada ser, de cada realidade e à 
rede de relações que une os seres entre si em conjuntos 
nos quais adquirem sentido.
15
Educação Ambiental - Unidade 04
O acúmulo de conflitos, valores e culturas que se cruzam na realidade atribui 
ao ambiental um valor superestimado de complexidade epistemológica e um 
status disciplinar de riqueza inigualável, pois nele se encontra uma diversidade 
de interesses contrapostos, de ideologias contrárias, de pressupostos filosóficos 
divergentes, de éticas díspares e de práticas cotidianas desiguais e variadas. Esta 
heterogeneidade não poderia ser entendida a partir da linearidade de um modelo 
de pensamento simplista estritamente lógico-positivista que ignore subjetividades, 
significados, intenções e interesses. 
Nesse sentido é preciso começar chamando as coisas por seus nomes e encerrar 
o debate sobre o que é e o que não é o meio ambiente ou formação ambiental, e 
sobre quais são ou deveriam ser os âmbitos de intervenção como setor profissional. 
Neste contexto, os educadores ambientais, preocupados com a intervenção 
profissional em qualquer setor, seja na formação, gestão, política, indústria, lazer, 
turismo, dentre outras, devem entender que um debate em profundidade acerca 
dos modelos de trabalho mais adequados para atuação no campo ambiental não 
se reduz a uma mera questão de crítica às tradições, metodologias e formas de 
atuação, diagnóstico, avaliação e análise de necessidades.
No âmbito do debate contemporâneo sobre a Educação 
Ambiental e o papel do educador ambiental, temos que 
considerar a capacidade para explicitar, revisar e analisar o 
que pensamos, sobre quais são e o que escondem os diferentes 
motivos por trás de cada recurso natural, o que escondem os 
diferentes modos de entender cada política ambiental, como 
se gera o conhecimento e se estrutura a formação. Assim 
como as explicações dadas sobre os problemas ambientais 
e os condicionantes históricos, sociais e contextuais quehá 
por trás de cada forma de indagar, analisar e resolver cada 
questão ambiental. 
Importante
16
Educação Ambiental - Unidade 04
O educador ambiental tem a responsabilidade de desvendar o que está oculto 
na realidade, tornando-o visível diante dos interlocutores e dos destinatários das 
ações.
As grandes transformações econômicas, políticas, culturais, sociais, educativas 
e tecnológicas e as crises de diferentes naturezas mudaram o cenário profissional, 
impondo um novo contexto de trabalho fundamentado em outro conceito do 
mesmo, em outras maneiras de organizá-lo e de entender o que afetam as relações 
profissionais, os setores ocupacionais e as qualificações, exigências e competências 
dos que devem realizá-lo.
Surge assim uma nova ideia de profissionalidade ambiental, modificando e 
construindo novos perfis profissionais em sintonia com as mudanças e pressões 
impostas pela realidade. 
De acordo com Sato e Carvalho (2005), hoje são diversos os empregos e novas 
profissões derivados do meio ambiente. Vejamos então alguns dos setores que 
tiveram essas ofertas:
 ৵ As melhoras no âmbito da moradia;
 ৵ Os temas relacionados com segurança e risco;
 ৵ Transportes coletivos;
 ৵ A revalorização dos espaços públicos urbanos;
 ৵ Os comércios de bairro;
 ৵ O setor turístico;
 ৵ A valorização do patrimônio cultural;
 ৵ O desenvolvimento cultural local;
 ৵ A gestão do lixo;
 ৵ A gestão da água;
 ৵ A proteção e a sustentabilidade de zonas naturais;
 ৵ A aplicação de normas, o controle de contaminação e a instalação de 
tecnologias corretoras.
17
Educação Ambiental - Unidade 04
No âmbito destes setores, destacam-se aplicações específicas tais como: 
 ৵ Avaliações de impacto;
 ৵ Gestão do lixo urbano;
 ৵ Gestão do lixo tóxico;
 ৵ Prevenção de catástrofes;
 ৵ Sistemas de qualidade ambiental;
 ৵ Avaliação de riscos e prevenção no trabalho;
 ৵ Saúde no trabalho e ergonomia;
 ৵ Implantação de agendas 21 e desenvolvimento local;
 ৵ Gestão ambiental municipal;
 ৵ Economia energética;
 ৵ Transporte, mobilidade e deslocamento;
 ৵ Consultoria ambiental;
 ৵ Normas ambientais;
 ৵ Marketing e publicidade;
 ৵ Educação ambiental.
A incorporação dos desafios ambientais ao mundo das profissões já consolidadas, 
como o jornalismo, o turismo e a educação, além de outros, fica refletida nos saberes 
específicos das diferentes profissões contemporâneas.
Paralelo a tudo isso, as exigências profissionais do trabalhador integrado ao 
mundo profissional de hoje mudaram quantitativamente e qualitativamente para se 
adaptarem às características do sistema econômico e socioprofissional atual. Esta 
situação afeta diretamente o meio ambiente e a institucionalização da profissional. 
Por fim, quando nos referimos à prática profissional no setor do meio ambiente, 
enfatizamos o papel do educador ambiental como profissional que atua no processo 
de intervenção socioambiental, empresarial, administrativo ou educativo, de suas 
tarefas, suas funções, suas atribuições e das exigências profissionais.
18
Educação Ambiental - Unidade 04
Finalizamos aqui as Notas de Aula da disciplina de Educação 
Ambiental. Esperamos que a disciplina tenha sido agradável 
e proveitosa.
Acompanhe ainda as web-aulas da disciplina e lembre-
se que você conta com o apoio do Ambiente Virtual de 
Aprendizagem para esclarecer suas dúvidas.
Até a próxima!
19
Educação Ambiental - Unidade 04
Referências
GADAMER, Hans-George. Hermenêutica da Obras de Arte. São Paulo: Martins 
Fontes, 2002.
GRÜN, Mauro. Ética e educação ambiental: a conexão necessária. São Paulo: 
Papirus, 2007
GUTIÉRREZ, Francisco; PRADO, Cruz. Ecopedagogia e cidadania planetária. São 
Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 1999.
MICHÈLE, Sato; CARVALHO, Isabel Cristina Moura (Orgs). Educação ambiental: 
pesquisa e desafios. Porto Alegre: Artmed, 2005.
MOURA, Isabel Cristina de et al (Org). Pensar o ambiente: bases filosóficas 
para a Educação Ambiental. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/
images/0015/001545/154579por.pdf>. Acesso em: 09 Jul 2012.
MOURA, Isabel Cristina de et al (Org). Pensar o ambiente: bases filosóficas para 
a Educação Ambiental. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/
publicacao4.pdf>.
PLATÃO. Crítias. (Tradução do grego, introdução e notas Rodolfo Lopes) 
Portugal: Universidade de Coimbra, 2010.
20
Educação Ambiental - Unidade 04
 Créditos
Núcleo de Educação a Distância
O assunto estudado por você nessa disciplina foi planejado pelo professor 
conteudista, que é o responsável pela produção de conteúdo didático, e foi 
desenvolvido e implementado por uma equipe composta por profissionais 
de diversas áreas, com o objetivo de apoiar e facilitar o processo ensino-
aprendizagem.
Roteiro de Áudio e Vídeo
José Glauber Peixoto
Produção de Áudio e Vídeo
José Moreira Sousa
Identidade Visual / Arte
Diego Silveira Maia C. da Silva
Francisco Cristiano L. de Sousa
Sérgio Oliveira Eugênio de 
Souza
Viviane Cláudia Paiva Ramos
Programação / Implementação
Antônia Suyanne Lopes Alves
Jairo Araújo dos Santos
Coordenação do Núcleo de 
Educação a Distância
Lana Paula Crivelaro Monteiro 
de Almeida
Supervisão Administrativa
Denise de Castro Gomes
Produção de Conteúdo Didático
João Batista Vianey
Design Instrucional
Andrea Chagas Alves de Almeida
Projeto Instrucional
Bárbara Mota Barros
Régis da Silva Pereira
Editoração
Camila Duarte do Nascimento 
Moreira
Revisão Gramatical
Luís Carlos de Oliveira Sousa

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