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Trabalho de Neurologia (Escrito) Distúrbios de Aprendizagem

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Introdução:  
Dificuldade de aprendizagem é uma expressão que se refere a um grupo heterogêneo de distúrbios manifestados por dificuldades intensas na aquisição e utilização da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita e do raciocínio matemático.
 
A expressão dificuldade de aprendizagem, propriamente dita, refere-se não a um único distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que podem afetar qualquer área do desempenho do sujeito, como a discalculia, disgrafia, a dislexia, hiperatividade e déficit de atenção.
A dificuldade de aprendizagem afeta a capacidade para compreender, recordar ou transmitir informações. Raramente ela pode ser atribuída a uma única causa, muitos aspectos diferentes podem prejudicar o funcionamento cerebral e gerar problemas psicológicos nessas crianças, frequentemente, os problemas psicológicos são agravados pelos ambientes familiar e escolar com abordagens pedagógicas inadequadas para a criança. 
 
 
 
 
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade: 
É um transtorno neurobiológico que aparece na infância e que na maioria dos casos acompanha o indivíduo por toda a vida. O TDAH caracteriza-se pela combinação de sintomas de desatenção, hiperatividade (inquietude motora) e impulsividade sendo a apresentação predominantemente desatenta conhecida por muitos como DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). 
De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção a prevalência do TDAH gira em torno de 3 a 5% da população infantil do Brasil e de vários países do mundo.
O TDAH é mais frequente no sexo masculino do que no feminino na população geral, na proporção de 2:1 em crianças e de 1,6:1 em adultos. 
Há três diferentes graus de TDAH:
 
Leve: poucos sintomas estão presentes além daqueles necessários para fazer o diagnóstico, e os sintomas resultam em não mais do que pequenos prejuízos no funcionamento social, acadêmico ou profissional.
 
Moderada: Sintomas ou prejuízo funcional entre “leve” e “grave” estão presentes.
Grave: Muitos sintomas além daqueles necessários para fazer o diagnóstico estão presentes, ou vários sintomas particularmente graves estão presentes, ou os sintomas podem resultar em prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional. 
Considerando-se que o TDAH é um transtorno heterogêneo (manifesta-se de inúmeras formas) e dimensional (os sintomas se combinam nos mais variados graus de intensidade) é possível inferir a complexidade da questão, com múltiplas causas e fatores de risco. 
Assim, ainda continua difícil precisar a influência e a importância relativa de cada fator no aparecimento do transtorno, havendo necessidade de mais pesquisas sobre o tema. Podemos dividir os fatores que causam o TDAH em fatores neurobiológicos (que incluem genética e anormalidades cerebrais) e fatores ambientais. 
Fatores Genéticos:
Os fatores genéticos parecem ter um papel bastante relevante na origem do TDAH. As pesquisas são concordantes e mostram que a prevalência de TDAH é bem maior em filhos e familiares de pessoas com TDAH em relação a pessoas sem o problema e que a herdabilidade média do TDAH é estimada em 76%. 
Estudos verificaram que 60% das crianças com TDAH tinham um dos pais com o transtorno, que a probabilidade de a criança ter o TDAH aumenta em até oito vezes se os pais também tiverem o problema; que entre familiares de pessoas com TDAH o risco de se ter o transtorno era cinco vezes maior que o de pessoas sem história familiar.
Anormalidades cerebrais:
Muitos estudos de imagem feitos no cérebro mostraram evidências de disfunção em pessoas com TDAH (no córtex pré-frontal, núcleos da base, cerebelo e outras). 
Fatores ambientais:
Estudos apontam que o baixo peso ao nascer (menos de 1.500 g) confere um risco 2 a 3 vezes maior para TDAH, embora a maioria das crianças que nascem com baixo peso não desenvolva o transtorno. Embora o TDAH esteja correlacionado com tabagismo na gestação, parte dessa associação reflete um risco genético comum. 
Características do TDAH: 
Em primeiro lugar, é necessário que a pessoa apresente um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfira no funcionamento e no desenvolvimento. 
Deixar de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou durante outras atividades 
Ter dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas 
Não escutar quando lhe dirigem a palavra 
Não seguir instruções e não termina deveres de casa, tarefas domésticas ou tarefas no local de trabalho 
Ter dificuldade para organizar tarefas e atividades 
Evitar, não gostar ou relutar em se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado (tarefas escolares, deveres de casa, preparo de relatórios etc.) 
O processo diagnóstico de TDAH segue uma relação de critérios médicos específicos, incluindo a determinação de subtipo, nível de remissão e gravidade do transtorno. O tratamento precoce do TDAH é o “ponto-chave” para que a vida daqueles que têm o transtorno seja mais saudável, produtiva e com mais qualidade. Por isso é imprescindível que os sintomas sejam logo identificados e tratados corretamente com equipe multidisciplinar, ou seja, se baseia na intervenção com profissionais de várias áreas, como os da área médica, de saúde mental e pedagógica. 
Avaliações com psicólogo, fonoaudiólogo, otorrinolaringologista, oftalmologista, e outros, podem ser necessárias, conforme a demanda de cada caso. A orientação aos pais é fundamental, pois os instrui sobre a doença, facilita o convívio em família, os ensinam a lidar com a criança e como prevenir futuras recaídas. 
Os psicoestimulantes são o padrão no tratamento do TDAH até os dias atuais. Eles apresentam um alto poder de eficácia e melhoram o funcionamento das áreas cerebrais responsáveis pelos sintomas do transtorno, somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para cada caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento.  
Muitas escolas não apenas ainda desconhecem o TDAH, como não têm a possibilidade de participar do tratamento dessas crianças, pelas mais variadas razões. É fundamental que a escola receba todo o suporte informativo pertinente ao TDAH, seus mecanismos e suas manifestações nas diferentes idades. É preciso que a escola saiba de sua importância como uma das principais fontes encaminhadoras de alunos para avaliação médica. Cada vez mais, é maior o número de crianças e adolescentes que chegam aos consultórios médicos por indicação da escola. 
O TDAH não tratado ou mesmo não diagnosticado pode trazer diversas consequência no dia a dia da criança, adolescente ou adulto com o quadro. Pessoas não diagnosticadas não receberão tratamento e certamente continuarão sendo rotuladas de preguiçosas e malcriadas, quando na verdade o que elas apresentam é um comportamento biologicamente determinado, com um amadurecimento em regiões do cérebro que é diferente daquele apresentado por indivíduos sem o transtorno. 
Dislexia: 
Dislexia é um transtorno genético e hereditário da linguagem, de origem neurobiológica, que se caracteriza pela dificuldade de decodificar o estímulo escrito ou o símbolo gráfico. A dislexia compromete a capacidade de aprender a ler e escrever com correção e fluência e de compreender um texto. Em diferentes graus, os portadores desse defeito congênito não conseguem estabelecer a memória fonêmica, isto é, associar os fonemas às letras. 
De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, o transtorno acomete de 0,5% a 17% da população mundial, pode manifestar-se em pessoas com inteligência normal ou mesmo superior e persistir na vida adulta. 
A causa do distúrbio é uma alteração cromossômica hereditária, o que explica a ocorrência em pessoas da mesma família. Pesquisas recentes mostram que a dislexia pode estar relacionada com a produção excessiva de testosterona pela mãe durante a gestação da criança. 
Sintomas:
Os sintomas variam de acordo com os diferentesgraus de gravidade do distúrbio e tornam-se mais evidentes durante a fase da alfabetização. Entre os mais comuns encontram-se as seguintes dificuldades: 
Para ler, escrever e soletrar; 
De entendimento do texto escrito; 
Para de identificar fonemas, associá-los às letras e reconhecer rimas e aliterações; 
De organização temporal e espacial e coordenação motora. 
Diagnóstico:
O diagnóstico é feito por exclusão, em geral por equipe multidisciplinar (médico, psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo, neurologista). Antes de afirmar que uma pessoa é disléxica, é preciso descartar a ocorrência de deficiências visuais e auditivas, déficit de atenção, escolarização inadequada, problemas emocionais, psicológicos que possam interferir na aprendizagem. 
É de extrema importância estabelecer o diagnóstico precoce para evitar que sejam atribuídos aos portadores do transtorno rótulos depreciativos, com reflexos negativos sobre sua autoestima e projeto de vida. 
Tratamento:
Ainda não se conhece a cura para a dislexia. O tratamento exige a participação de especialistas em várias áreas (pedagogia, fonoaudiologia, psicologia, etc.) para ajudar o portador de dislexia a superar, na medida do possível, o comprometimento no mecanismo da leitura, da expressão escrita ou da matemática. 
Recomendações:
Algumas dificuldades que as crianças podem apresentar durante a alfabetização só ocorrem porque são pequenas e imaturas e ainda não estão prontas para iniciar o processo de leitura e escrita. Se as dificuldades persistirem, o ideal é encaminhar a criança para avaliação por profissionais capacitados; 
O diagnóstico de dislexia não significa que a criança seja menos inteligente; significa apenas que é portadora de um distúrbio que pode ser corrigido ou atenuado; 
O tratamento da dislexia pressupõe um processo longo que demanda persistência; 
Portadores de dislexia devem dar preferência a escolas preparadas para atender suas necessidades específicas; 
Saber que a pessoa é portadora de dislexia e as características do distúrbio é o melhor caminho para evitar prejuízos no desempenho escolar e social e os rótulos depreciativos que levam à baixa-estima. 
Discalculia: 
A Discalculia é um tipo de transtorno de aprendizagem caracterizada por uma inabilidade ou incapacidade de pensar, refletir, avaliar ou raciocinar processos ou tarefas que envolvam  números ou conceitos matemáticos. Percebe-se desde muito cedo, mas é na escola que todos os sinais e dificuldades se expressam de maneira clara e explícita, pois as exigências são maiores e a sequenciação de tarefas que envolvem aritmética e proporções passam a ser rotineiras. 
Disgrafia: 
Disgrafia é uma alteração da escrita normalmente ligada a problemas perceptivo-motores. A execução motora da escrita exige maturação de Sistema Nervoso Central e Periférico e, certo grau de desenvolvimento psicomotor. 
De origens funcionais, que surge nas crianças com adequado desenvolvimento emocional e afetivo, onde não existem problemas de lesão cerebral, alterações sensoriais ou história de ensino deficiente do grafismo da escrita. As causas podem ser várias: neurológica, psicológica, oftalmológica e /ou audiológica. 
O problema acarretado por estas causas é sempre a dificuldade de coordenar a letra para a Escrita-Disgrafia e por estes fatores, é também chamada de letra feia, isso acontece devido a uma incapacidade de recordar a grafia da letra. Ao tentar recordar este grafismo escreve muito lentamente o que acaba unindo inadequadamente as letras, tornando a letra ilegível. A Disgrafia, porém, não está associada a nenhum tipo de comprometimento intelectual. 
Características são: 
Lentidão na escrita/Letra ilegível; 
Escrita desorganizada; 
Traços irregulares: ou muito fortes que chegam a marcar o papel ou muito leves; 
Desorganização geral na folha por não possuir orientação espacial; 
Desorganização do texto, pois não observam a margem parando muito antes ou ultrapassando. Quando este último acontece, tende a amontoar letras na borda da folha; 
Desorganização das letras: Letras retocadas, hastes mal feitas, atrofiadas, omissão de letras, palavras, números, formas distorcidas, movimentos contrários à escrita (um S ao invés do 5 por exemplo); 
Desorganização das formas: tamanho muito pequeno ou muito grande, escrita alongada ou comprida; 
O espaço que dá entre as linhas, palavras e letras é irregular; 
Liga as letras de forma inadequada e com espaçamento irregular. 
O Disgráfico não apresenta características isoladas, mas um conjunto de algumas destas citadas acima. 
Avaliação Psicopedagógica, tratamento e orientações: 
O tratamento requer uma estimulação linguística global e um atendimento Psicopedagógico complementar à escola. Todo acompanhamento/tratamento Psicopedagógico deve iniciar pela Avaliação - Psicodiagnóstico (avaliação de outros fatores associados aos fracassos caligráficos: aspectos intelectuais, aspectos da personalidade, sondagem pedagógica), para que sejam detectadas as verdadeiras dificuldades, pautando-se da perspectiva clínica. 
A reeducação, para além de ser terapêutica e eficaz, deve ser interessante e amena para a criança que, não se pode esquecer, sofre com as suas dificuldades na escrita. Tanto os pais, como os professores devem conhecer a necessidade de uma avaliação, com vistas a um Diagnóstico Diferencial, e também ao tratamento necessário para cada caso de Disgrafia. 
Conclusão:
Ambos os manuais diagnósticos são consensuais em afirmar que a criança com distúrbio de aprendizagem apresenta um déficit em funções corticais superiores, ou seja, um déficit linguístico. 
Deve ficar claro que o fonoaudiólogo é o profissional legalmente habilitado para intervir, tanto preventiva quanto terapeuticamente nesses casos. Afirma-se ainda, a importância de continuarem sendo realizadas pesquisas nessa área do conhecimento humano ainda tão pouco explorada.
 
 
 
 
 
Bibliografia: 
https://dda-deficitdeatencao.com.br/hiperatividade/ 
https://hiperatividade.pt/ 
https://drauziovarella.com.br/doencas-e-sintomas/dislexia/ 
http://www.minhavida.com.br/saude/temas/tda 
http://www.dislexia.com.br/sintomas.htm 
http://www.saudeatual.com.br/especialidades/psicologia/o-que-e-disgrafia 
https://neurosaber.com.br/artigos/o-que-e-discalculia/

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