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Efeito do comportamento gov por regras Volume 27 GARCIA, M. R. (Org.). Sobre Comportamento e Cognição. 306 313

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- Capítulo 27
Efeitos do comportamento governado 
por regras na prática clínica
f n ice Soarei
lim a A . (./oulart de S o u /n Hrilto
Pontilíci.i U niversidad e Catoliw i de C/oiás (PUC-C/O)
Aprondor a so comportar conformo a regra faz parto do controío social oxorcido 
pela cultura do grupo a qual o indivíduo pertence. As pessoas tendem a seguir rogras 
porque, geralmente, desde cedo foram expostas a eventos ambientais que favorece­
ram o seguimento de regras. De acordo com Skinner (1969/1980) a definição de regras 
apresenta características estruturais e funcionais. Do ponto de vista estrutural regras 
são estímulos antecedentos verbais que descrevem confingôncias ou parte das contin­
gências. Do ponto de vista funcional, uma regra funciona como estimulo discriminativo 
verbal.
O objetivo do presente estudo é o de fazer uma análise sobre os efeitos das 
contingências de reforço sobre o comportamento governado pelas rogras na prática 
clínica. O terapeuta dove ensinar ao cliente discriminar as contingências que controlam 
o seu comportamento. O terapeula deve tambóm analisar junto ao cliente, os evenlos 
presentes na contingência: o comportamento, suas consequoncias e as condições 
sob as quais o comportamento pode ser emitido.
Isso pode levá-lo a se comportar de modo mais oficiente, qual seja o cliente, 
será capaz de descrever as variáveis das quais seu comportamento ó função.
As regras formuladas polo terapeuta são importantes devido às contingências sociais 
que induziram o cliente a rolatar o que fez e por que o fez. Skinner (1969/1980) esclarece 
que a comunidade verbal gera consciência quando ensina uma pessoa a descrever 
seu comportamento passado e presente e o comportamento que ela provavelmente 
exibirá no futuro. Assim, o cliente aprenderá a identificar as variáveis das quais seu 
comportamento passado, presente e futuro é provavelmente função. O cliente pode 
usar os mesmos termos para tomar decisões, formular planos, estabelecer metas e, 
assim formular suas próprias regras.
Para alcançar esse autocontrole torna-se necessário que o cliente compreen­
da a noção de controle de ostímulos, um dos princípios básicos na análise do compor­
tamento. Um fato importante para essa análise ó compreondur que o comportamento 
humano exige tanto previsão quanto controle. Nessa posição que adota a interação 
organismo-ambiento, buscam-se explicações e a função do comportamento, quo sào 
arremetidas a eventos ambientais diretamente manipuláveis que auxiliam na provisão 
0 controlo (Baum, 1994/1999; Skinner, 1953/2003).
1 Piirto do TCC do |X>t ymdiMiçAo Inln aon.vi o it i Psicofuilologiii Sutaidioa (uirii ti Alintçúo Cllntui du |MliiK)lrii uutor hoIi orlontaçflu du sogiwfc {
3 0 « l-nicc M iirtfjm lo Soaie* c lima A C/ouliiit de V>u/,i Hntlo
icaro
Realce
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Realce
A compreensão de comportamento reflexo formulada por Pavlov, Skinner (1953/
2003) acrescentou a noção do comportamento operante. Os dois conceitos estão es- 
soncialmonto ligados á fisiologia do organismo, soja animal ou humano. Enquanto o 
comportamento refloxo ê uma reação eliciada por um ostimulo (como por exemplo, 
retrair a pupila dos olhos à luz ou suar ao correr em uma osteira), o comportamento 
operante é resultante de modelagem, controle de estímulos e outras variáveis que são 
conseqüências da relação entre indivíduos e o meio-ambiente, onde uma determinada 
resposta é modificada por suas conseqüências, e passa a controlar respostas futuras 
fronte a dotorminadas contingências.
Para Skinner (1953/2003) no modelo do seleção pelas consequências, não só 
as características anatômicas e fisiológicas, mas também as comportamentais pas­
sam por sucossivos procossos do soloção baseadas nos contatos dos organismos 
com o seu ambiente. Neste processo, alguns comportamentos são eliminados, por 
serem inapropriados, e outros são mantidos, por serem eficazes em garantir a adapta­
ção e sobrevivência. Esse modelo de seleção pelas conseqüências se aplica a todas 
as classes de comportamento, e não exclui o comportamento governado por regras, por 
se tratar de um operante como outro qualquer, e pode levar a pessoa a se comportar do 
forma mais adaptativa e ser mais útil para si e os outros.
Baum (1994/1999) diz quo para uma melhor compreensão do comportamento 
controlado por regras é importante distingui-lo do comportamento modelado por contin­
gências. Este podo ser restrito a contingências de reforço e punição nào-verbalizadas, 
ou seja, diz-se do comportamento modelado e mantido diretamente pelas conseqüên­
cias que são relativamente imediatas, e que independem do ler ou ouvir uma regra, 
mas somente da interação com as contingências. Por outro lado. diz-se quo um com­
portamento é controlado pelas regras quando está sob controlo das descrições verbais 
das contingências. Assim, as regras se apresentam como ostímulos discriminativos 
verbais, quo dependem do comportamento vorbal do outra pessoa.
A proposição do que o comportamento de seguir instruções pode sor ostabclo- 
cido mediante a ocorrência de reforço tem sido sustentada por vários estudos quo 
comparam os efeitos dc regras com diferentes extensões o efeitos do contingências do 
reforço programadas. Esses estudos têm demonstrado que instruções podom interfe­
rir no seguimento de regras e exercer forte controlo sobro o comportamonto humano 
(Albuquerque, Paracampo & Albuquerque, 2004)
Dosse modo os resultados dos estudos sobre comportamento governado por 
regras têm contribuído tanto para o procosso de aquisição de novos repertórios 
comportamentais quanto para o processo de generalização dos mesmos para o ambi­
ento natural. Considerando que o uso de descrições verbais podo levar à discriminação 
de situações e proporcionar comportamentos mais efetivos, do modo que, identificando 
variáveis que controlam o comportamento espera-se promover formas de comporta­
mentos mais adaptativas (Abreu-Rodrigues & Sanabio-Hock, 2004; Moyer, 2005).
As considerações feitas acerca da distinção entre comportamentos controla­
dos por contingências e govornados por rogras, numa proposição do interação entro o 
organismo e o ambiente, possibilitam identificar as variáveis que controlam o compor­
tamento e as condições ambientais das quais ó função. As contingências podem ser 
especificadas como relações entro: estímulos, respostas e conseqüências, ou seja. 
rolaçõos ontro ovontos ambientais ou eventos comportamentais o ambientais, o, ro­
gras são ostímulos que especificam contingências de reforço (Abreu-Rodrigues & 
Sanabio-Heck, 2004; Albuquerque, 2001; Sanabio & Abreu-Rodriguos, 2002; Skinner, 
1974/2002; Souza, 1999; Todorov, 1985).
Solm* l ompoitdmcnto c Lonnn<io
icaro
Realce
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Realce
Com relação ao comportamento por controlo do contingências, onde se consi­
dera ser um processo de aprendi/agem por exposição direta à experiência do fazer, 
Skinner (1974/2002) ressalta o fato de que as pessoas aprondoram a falar sobro o que 
estavam fazendo; e por serem afotadas pelas contingências de reforço começaram a 
analisar e descrever seus comportamentos. Na condição do sujeitos (alanlos, advento 
do comportamonto verbal, as possoas passaram a formular ordens, onde “o falante diz 
ao ouvinte o que este deve fazer e organiza consequências aversivas, onde ele aprende 
a fazê-lo e a fazê-lo uma e outra vez, sempre que a ordom seja repetida" (p 105).
Por essa formulação o comportamento passa a ser governado por regras, 
onde regra pode ser definida como o estimulo discriminativo verbal que descreve uma 
contingência, o o enunciado de regras tem a vantagem do poder substituir o procedi* 
menlo de modolagom de uma resposta em seres humanos (Meyor, 2005; Skinner, 
1974/2002), ou, comportamento governado verbalmente, conformo Catama (1999). Por­
tanto, o comportamento controlado por regras é dependente do comportamento vorbal 
do outra pessoa,podendo ser comentado, dirigido, instruído por estímulos 
discriminativos verbais, que pode apresentar consequências verbais e não verbais. 
Sendo a conseqüência, geralmente, a mudança no comportamento do ouvinto, logo, é 
mediado por controie do antecedentes verbais, os quais descreve/n relaçõos ontre os 
oventos que antecedem o comportamento, o próprio comportamento, e as suas eventu­
ais consequências (Albuquerque, 2001, Baum, 1994/1999, Catania, 1999).
Skinnor (1974/2002) doscrovou várias formas do regras: ordom, aviso, conse­
lho, oriontaçõos, sendo estas mais abrangentes; e, as instruções, ideadas para tornar 
desnecessárias orientações ulterioros. Assim, o seguimento de regras como as 
instrucionais sâo utilizadas como compfomcntos na aquisição do novos comportamen­
tos quando as contingências são comploxas e com baixo grau dn discriminabilidade. 
Desse modo, espera-se que as instruções interfiram no controlo exercido por essas 
contingências (Skinner, 1969/1980).
De acordo com Skinner (1974/2002) aprondo-so por regras mais rapidamente 
do que por controlo do contingências, porquo ostas facilitam que so tiro proveito das 
semelhanças entro as contingências, ou conformo Catania (1999) "em situações onde 
as conseqüências naturais são por si mosmas, ineficientes ou eficazes somente em 
longo prazo" (p. 275).
Um fator importante om uma regra é a propriedade de fortalecer um comporta­
monto quo será compensado dopois de certo tempo, do acordo com a contingência 
indicada. Pois, regras subentendem ou explicitam contingências sob a forma do se' a 
ação ocorrer, ‘então’ a consequência se torna provável, possibilitando o reconhecimen­
to de um estímulo discriminativo como sendo uma regra Por essa formulação, uma 
regra sempre envolve duas contingências, uma em longo prazo, a razão primoira da 
regra e outra em curto prazo, que é o reforço por soguir regras, sendo que consoqüên- 
cias postergadas o dofinidas imprecisamente tondem a ser ineficiente, o quo sugere a 
importância do reforço ser contingento ao comportamento (Baum, 1994/1999; Skinner, 
1974/2002; Souza, 1999).
Conforme essas proposições pode-se dizer que ó difícil encontrar exemplos 
puros do comportamentos modelados por contingências, haja visto muito dos compor­
tamentos se iniciarom com instruçõos, passando a sor controlado pelas contingências 
ao se aproximar de sua forma final (Baum, 1994/1999), ou seja, "o comportamonto ó um 
produto de contingências de reforço" (Skinner, 1974/2002, p. 105). Segundo Catania 
(1999) "aprender fazendo; as instruçõos não podem substituir as sutilezas do um contato 
direto com as contingências" (p. 277).
3 1 0 f-n icc M í ir f l i im l. i S in tic * <• llin« i A . l/o u l< ir t ‘ l p H n lk*
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O comportamento de soguir regras depende de uma longa o poderosa história 
do seguir regras, e elas ocasionam comportamento, porque o comportamento do so­
guir regras foi reforçado no passado. Elas exercem controlo discriminativo devido a uma 
história do roforçamento social para respondor conforme as rogras, bem como o soguir 
regras tendo a deixar de ocorror quando produz perda do reíorçadores, mesmo se 
monitorado (Albuqucrquo, 2002; Albuquerque, Matos, Souza & Paracampo, 2004; 
Albuquerque, Paracampo & Albuquerque, 2004; Baum, 1994/1999).
Ainda que o comportamento governado por regras e o controlado por contin­
gências aprosentem processos do aquisição e manutonçào diferenciados, destaca-so 
um ponto em comum entre eles: ambos sào comportamentos operantes o, são, portan­
to, controlados por suas conseqüências ambientais. A forma do aquisição do comporta­
mento apresenta uma relação de conformidade, quando se compara o controlo exerci­
do por regras com o oxorcido por contingências. Assim, “tanto rogras quanto contingên­
cias podem restringir a variação comportamental, estabelecer comportamentos novos 
e alterar as funções de estimulo" (Albuquerquo, 2002, p. 138). Igualmente, a formulação 
de regras depende da exposição às contingências, portanto, o comportamento de for­
mular regras ó resultado da interação das instruções e das contingências (Abreu- 
Rodrigues & Sanabio-Heck, 2004, Sanabio & Abrou-Rodrigues, 2002; Simonassi, Oli­
veira & Gosch, 1997; Simonassi, Oliveira & Sanabio, 1994).
Conformo ossa postulação considera-se que, so soquôncias de respostas a 
sorom modeladas ocorrom, o nonhuma atingo o critório para ocorrência do roforço, 
ontão, a regra dovo ser modificada ou o responder conformo as rogras poder-se-á 
extinguir-se (Albuquerque, Paracampo & Albuquerque, 2004; Catania, 1999). Isto quer 
dizer, sogundo Jonas (2004) que "regras podem sor corrcspondcntos ou discrepantes 
nm relação às contingências por ela descritas, sojam elas naturais ou arbitrárias Quando 
as regras correspondem às contingências, froquentomonto geram comportamonto de 
acordo com as contingências em operação, isto ó, geram comportamentos sonsívois 
às contingências” (p. 188) Caso as regras sejam discrepantes o comportamonto gora­
do pode apresentar mais características do contingências passadas do que o do soguir 
regras de contingências atuais, podendo o comportamonto gorado ser insensível às 
contingências (Jonas, 2004).
Nesse sentido Banaco (1997) lembra que para os analistas do comportamen­
to a soloção por contingências filo e ontogenéticas é referida a todo tipo do comporta­
mento, então, acredita-se que o indivíduo busca uma adaptação, quando so comporta 
inserido cm determinadas contingências, o comportamento ó mantido. As rogras sào 
estabelecidas diante de condições ambientais e de história do vida de quem a propõe 
e se comporta conforme a regra, pois sendo regra um comportamento verbal, dovo tor 
sido modelada e mantida pelas contingências sociais. E embora tenham sido 
selecionados, certos comportamentos “causam sofrimento às pessoas quo os emitem 
ou àquelas quo ostào à sua volta" (p. 85). E ao se analisar funcionalmente o contexto 
onde o comportamento ocorre conclui-se quo, aquele comportamonto seria o único 
possível de ocorror fronte àquelas contingências.
Sondo assim, para Abrou Rodriguos o Sanabio (2002), rogras são ostímulos 
verbais que muitas vezes consistem em descrever as relações entre o comportamonto 
da pessoa, podendo ser público ou privado, os evontos quo os antecedem e suas 
consequências, e a essas descrições denominou-se auto-rolatos. Os auto-relatos, no 
contexto terapêutico, podem funcionar como instrumentos do acesso aos eventos priva­
dos e permitir acessar as regras quo a pessoa formulou, na literatura, descritas como 
auto-rogras, o "As auto-regras podem sor vistas como estímulos quo especificam con-
Sobrc L ompoit.imfiilo c L Otfmçilo 3 I l
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tingências que são produzidos pelo comportamento vorbal da própria pessoa” (Zettle 
em 1990, citado por Banaco, 1997, p. 86).
Portanto, ó interessante investigar a história de roforçamento individual da pes­
soa, pois experiências passadas podem produzir diferenças individuais para as 
consequências naturais do comportamonto e para o comportar-se conformo as regras. 
Uma voz que, pessoas que aprosentam padrões comportamentais do seguimento de 
rogras “rígidos" ou “neuróticos", devem manter essas respostas em função de histórias 
particulares do punição associadas ao comportamento de seguir ou nào rogras, e, 
histórias que podom ter produzido essa tendência por terem ossa característica, e ao 
invós de regras serem especificadoras de consequências reforçadoras foram condição 
para punição (Jonas, 2004).
Por isso na prática clinica, o analista do comportamento, segundo Banaco 
(1997) tom como papel fundamental: H(a) descobrir, junto com o cliente, as contingênci* 
as quo mantêm sua queixa; (b) mudar essa contingências, nas relações do comporta* 
mento do cliente com o ambiente, de forma a minimizarseu sofrimento" (p.85). Desse 
modo Jonas (2004) ressalta o fato de que uma intervenção terapêutica pode ser enten* 
dida como uma espécie de comportamento verbal, em especial, como um conjunto de 
regras que são apresentadas ao paciento com o objetivo de alterar alguns o manter 
outros de seu repertório comportamontal.
Portanto, apresentando especificamente uma regra ao paciente, o terapeuta 
tem por objetivo criar condiçóos que o levem a discriminar as situações em que seu 
comportamento ocorre; com isso a meta ê ampliar o reportório de respostas do paclerv 
te, levá-lo a auto-observação, autoconhecimonto e autonomia pessoal, ou seja, encon­
trar condições em que possa descrever as contingências a que responde e controlar 
suas respostas, assim descrever seus comportamentos e sentimentos e fazer rela­
ções entre eles o o seu ambiente (Jonas, 2004).
Para ilustrar a importância da literatura revisada, a seguir alguns dados da 
história de vida de uma paciente que se comportava conforme suas próprias auto- 
regras, bem como fragmentos do uma sessão terapêutica. Tais dados estão resumi­
dos na Tabola 1.
A paciente tinha na época 29 anos, formada em economia e dependia da mãe 
para tudo. Encontrava-se em conflitos constantes com a màe e consigo mesma, acre­
ditava que estava "certa" e a mâe é quem implicava com o namorado.
Como demonstrado, os dados da Tabela 1 oriundos do contexto terapêutico 
possibilita afirmar que uma regra exemplifica o comportamento emitido pela cliente 
(sou feia e burra), o comportamento e suas consequencias (sou feia e burra e ele está 
comigo por interesse), as condições sobre as quais ele foi emitido e suas consequencias 
(gasto muito dinheiro ligando para ele, sou feia e burra e ele está comigo por interesse).
Tais achados possibilitam a elaboração da hipóteso do quo nem sompro o 
paciente fala, descreve e responde de forma apropriada às contingências que estão 
operando em seu ambiente e controlando o seu comportamento Haja vista, ele estar | 
diretamente envolvido em tais contingências, desse modo podo fazer discriminações 
de forma distorcida ou mesmo nem fazê-las.
Em situações assim regras e auto-regras podem estar vigorando e podem 
impodir quo o paciento porcoba do forma real as consoqüôncias desfavorávois do seu 
comportamento. Segundo Banaco, (1997) ao se analisar funcionalmente o contexto 
ondo o comportamonto ocorre conclui-se que, aquele comportamento seria o único 
possível de ocorrer frente àquelas contingências. Nesse sontido o paciente deve ser
3 1 2 f n i c f M .ir g it f i i l . i S o , i r f * e lliru i A C /o u L ir l J c S o u / ,t H n tto
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Tabela 1 Fragmentos de Sessão
P.: (em situação do choro)... Não sei mais o que fazer... Minha mão briga comigo "todo" 
dia, ou "tô" endividada o ondividoi a minha máo tambóm... Nosso dinhoiro não sobra, ó 
tudo para pagar conta no banco.
T.: Isso acontocou dopois de que?
R: Tudo começou quando entrei na faculdade e dopois que voltei pra casa e minha irmã
tinha morrido num acidonte de carro. Comecei a namorar um rapaz lá da minha cidade, 
minha mão não gosta dolo, fala que olo 6 drogado o cachacoiro...
T.: E vocô? O quo pensa a respeito?
P.. Eu sei que minha mão tem razão, ele bebe demais e usa drogas, por causa dele em
estou endividada e minha mão tamhém
T.: Como por causa dele?
P.: É que eu pago tudo para ele, quando a gento sai, ou pago as contas, emprosto 
dinheiro pra ele sabendo que ele não vai pagar. Soi quo não está certo, minha mãe tom 
razão, mas eu tenho muito modo...
T.: Vocô tom modo do quô? Espocificamonto.
P.: Soi lá... Acho quo tenho modo dele me deixar so ou não fizer isso.,.
T.: O que te faz acreditar nisso?
P.: Sabo... É que eu acho que eu sou muito foia, e burra também. Todas as moninas que 
eu vejo são mais bonitas e inteligentes quo ou...
T.. Então vocô está me dizendo, que vocô faz tudo isso para olo não to deixar?
P.: É, ou gasto mais de cem roais em cartão por môs, ligando pra olo, olo nunca tem 
cartão... E ou prociso saber onde ele está...
T.: Por que motivo vocô ponsa que ele está com vocô?
P; Sei lá, ...penso que é porque eu sou boa pra ele, porque bonita ou não sou,.. Ele fala 
quo gosta do mim, mas eu não acredito.
T.: É, então, talvez ele tenha te escolhido por vocô ser a mais feia que ele já encontrou... 
Ele precisa tirar proveitos disso... Não ó mesmo?
P.: (Dopois do uma pausa) Sabe quo ou nunca tinha pensado nisso...!
T.: Que bom quo vocô vai começar a pensar a partir do agora.
levado a fazer descrições claras de seu comportamento para quo possa identificar e 
controlar as variáveis que o controlam, e assim, possa entrar em contato com as suas 
consoquôncias naturais.
Diante de uma nova condição que envolve a descrição das contingências a quo 
responde e a formulação de novas regras e suas eventuais consoquôncias, o paciente 
poderá entrar em contato com contingências que poderão ser reforçadoras ou não de 
suas novas regras Mas, no mínimo poderão possibilitar uma nova descrição das con-
Sobre l ompoiliim rnlu e (. otfmç.ui 3 1 3
tingôncias vigentes, um novo contato com consequências e assim ampliar seu repertó­
rio comportamental.
Nesse caso, a relevância ó dada ao fato do paciente descrever os determinantes 
de sou comportamento, seja aqueles que tôm consequências negativas ou os que têm 
consequências positivas. O que mais importa é que as contingôncias sejam vivonciadas 
e verificadas pela própria possoa.
A prática clinica dovo sor meio para influenciar a possoa a modificar seu com­
portamonto, soja por rogras ou auto-rogras, mas quo possam ser possibilidades para 
a possoa aprender quo se comportar so torna condição para produzir novos repertórios 
comportamentais. Essa é a função da intervenção terapêutica, facilitar o processo de 
levar o pacionte a identificar as contingências às quais vem rospondendo e modificar as 
regras que vem controlando seu comportamento e trazendo algum tipo de sofrimento, 
para regras mais adaptativas.
R eferênc ias
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3 1 4 I n i c c Miirfiiiiul.t V m i ç ï c llin .t A C /o u l.ir l J e N in i/.i Krilti»
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