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politicas publicas e desenvolv(4)

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CAPÍTULO 5
O papel das pOlíticas públicas Frente 
aO desenvOlvimentO sustentável
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Compreender os processos de negociação política, necessários à formulação 
de políticas públicas, entre os diferentes atores frente a igual número de 
interesses econômicos, sociais, culturais, étnicos/raciais e ambientais. 
 3 Analisar os impactos de uma política pública municipal sob os aspectos 
econômicos, sociais e ambientais. 
108
 Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável
109
O PaPel das POlíticas Públicas Frente 
aO desenvOlvimentO sustentável Capítulo 5 
cOntextualizaçãO 
A gente tem que lutar para tornar possível o que ainda não é possível.
Paulo Freire, educador e filósofo
 Ao longo dos capítulos anteriores chamamos atenção para a ocorrência 
das condicionantes dos processos de globalização da economia mundial por 
meio da internacionalização do sistema financeiro e da capacidade produtiva; 
o aumento do comércio internacional, das trocas internacionais de bens e 
serviços; a interdependência e integração crescentes dos mercados nacionais; 
a desregulamentação e abertura dos mercados e da economia devido às 
políticas governamentais neoliberais; e o desenvolvimento acelerado da 
tecnologia de informação. 
Em contraponto temos a regionalização como a outra face da globalização 
com a emergência de vários polos econômicos, tanto receptores de 
investimentos, como ao mesmo tempo investidores. Foi na proposição de 
integração funcional em meio a atividades geograficamente dispersas que 
ocorreram profundas alterações no modo de vida das pessoas em seus locais 
de moradia, ou seja, nos municípios. 
É reconhecido que as economias e políticas locais, inseridas no cenário 
internacional, produzem impactos específicos na vida de mulheres e homens 
que habitam os diferentes lugares do mundo. Os impactos econômicos, 
sociais e ambientais, sem falarmos das questões culturais, com seus aspectos 
intangíveis, ocorridos em escala planetária, exigem diferentes formas de 
enfrentamento, tanto por parte da sociedade quanto pelos governos.
Quando os governos optam pelas políticas neoliberais deixando ao 
mercado o encaminhamento de soluções para a vida das pessoas (a partir 
de políticas públicas que se concretizam em serviços públicos), significa que 
retiram parte da rede de proteção social para as famílias (rede essa existente, 
no imaginário coletivo brasileiro) para atender aos mais pobres. 
É a consolidação de uma cultura que acredita que a prestação de serviços 
públicos pelo Estado deve ser destinada para os pobres. Essa cultura corrobora 
com a proposta política do neoliberalismo, que destina parte significativa da 
população para os serviços privados. 
Quando isso acontece, as famílias vão ao mercado comprar serviços 
privados, em especial nas áreas da educação e saúde, e para a compra 
desses serviços mais recursos, mais dinheiro, as famílias precisam ter. Ou 
seja, estabelece-se uma competição entre desiguais.
110
 Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável
Quando estamos falando de família é preciso considerar os diferentes 
tipos e arranjos familiares existentes no mundo e, para efeito deste capítulo 
do nosso curso, estamos circunscrevendo ao nosso país, conforme os dados 
do Censo de 2010, realizado pelo IBGE. A literatura é vasta em apontar a 
importância dos diferentes arranjos familiares nas formas de sobrevivência 
dos componentes dos grupos familiares.
Nesse sentido, acompanhando o que foi estudado ao longo desta 
disciplina, afirma-se que as políticas econômicas e sociais adotadas nas últimas 
décadas contribuíram de forma desigual para a equidade de gênero. Ou seja, o 
acesso às oportunidades, tanto ao trabalho quanto ao capital e à propriedade, 
não foram iguais para homens e mulheres. Afirma-se que os universos dos 
homens e mulheres foram afetados de modo distinto pelas políticas públicas 
adotadas em suas diferentes dimensões, assim como também afirmamos a 
não neutralidade das políticas econômicas em termos sociais.
Ao longo dos nossos estudos falamos de políticas públicas e 
desenvolvimento sustentável, o que significa discutir as novas concepções de 
desenvolvimento. Essas concepções incluem o desafio de chegar à equidade 
de gênero, conforme propostas da Organização das Nações Unidas – ONU e 
do Banco Mundial, visto que o mundo não mais pode abrir mão da produção 
de riqueza realizada por mais da metade de sua população, as mulheres.
Nesse sentido a fala de Dominique Reiniche, na reunião de janeiro de 
2011, do Fórum Econômico Mundial, em Davos, transmite as desafiantes 
transformações culturais que enfrentam os movimentos de mulheres e 
feministas em todo o mundo.
É tentador pensar sobre ricos e poderosos como um grupo 
onde o sexo é neutro, que opera em uma bolha, sem 
privilégios. Mas ao contrário de muitos colegas do sexo 
masculino, as mulheres de Davos têm algo poderoso em 
comum com suas colegas menos favorecidas: “A igualdade 
de gênero é uma preocupação que atravessa a divisão de 
classes”, disse Dominique Reiniche, que dirige a Coca-Cola 
na Europa. “As mulheres em todos os níveis têm uma causa 
em comum.” (VEJA, 2011).
No caso brasileiro, a decisiva e crescente participação das mulheres no 
mercado do trabalho – formal e informal – vem exigindo por parte dos governos 
uma revisão no papel fundamental de prestador de serviços públicos que em 
muito apoiam as famílias para que seus membros possam sair para o trabalho. 
Voltamos a dizer, reforçando, são as decisões de políticas públicas que 
se concretizam em planos, programas e projetos, que tomam a forma dos 
serviços públicos realizados em mais escolas, mais postos de saúde, melhor 
São as decisões de 
políticas públicas que 
se concretizam em 
planos, programas e 
projetos, que tomam 
a forma dos serviços 
públicos realizados 
em mais escolas, 
mais postos de saúde, 
melhor atendimento, 
mais qualidade 
na prestação dos 
serviços.
111
O PaPel das POlíticas Públicas Frente 
aO desenvOlvimentO sustentável Capítulo 5 
atendimento, mais qualidade na prestação dos serviços. E aqui estamos 
trabalhando com os aspectos positivos dos projetos executados. Claro está 
que existem os aspectos negativos da execução dos projetos, que resultam 
desde a inexistência dos equipamentos à péssima qualidade e atendimento.
Assim, ressaltamos que são os serviços relacionados principalmente 
aos “cuidados” com as crianças e com os idosos, tanto na área da 
educação quanto da saúde, os que mais aliviariam a carga das tarefas 
domésticas ainda sob a responsabilidade das mulheres. E essas são as 
áreas por excelência sob os cuidados, a competência, a responsabilidade 
dos governos municipais. Entretanto, os demais serviços públicos, também 
de competência municipal, como transporte urbano, saneamento básico, 
urbanização, moradia, segurança pública, têm papel relevante na liberação 
do tempo de trabalho empregado na trabalheira de todo o dia para que as 
pessoas, em especial as mulheres e em alguns poucos casos os homens, 
obtenham o usufruto pleno de sua inserção social.
Sobre as mulheres, em particular, as situações geradas pela reorganização 
do mundo do trabalho exigem ajustes visando a garantir uma participação 
e inserção com qualidade frente às relações de trabalho menos formais, à 
introdução de novas tecnologias físicas e organizacionais, à elevação das 
necessidades de qualificação e à separação entre crescimento econômico e 
geração de emprego.
A aceitação pelos e pelas formuladoras de políticas públicas da diversidade 
atual das famílias e a consequente comprovação da inexistência da família 
idealizada, modelo formatado na primeira metade do séculoXX, favorece as 
discussões sobre a adoção de políticas intrinsecamente relacionadas a uma 
mudança de atitude frente aos processos sociais, mudança essa que lida tanto 
com uma dimensão subjetiva, quanto objetiva.
Nesse sentido, reconhecer que mulheres e homens possuem papéis 
diferenciados implica admitir que as necessidades da população não 
são homogêneas quando vistas sob a perspectiva de gênero. Significam 
transformações relativas ao atendimento das necessidades de mulheres e 
homens pelos serviços públicos das três esferas governamentais – federal, 
estadual e municipal. Significam, portanto, a elaboração de políticas públicas 
que tenham a compreensão dos públicos prioritários aos quais se destinam e 
as transformações sofridas por esses mesmos públicos.
Reconhecer as transformações culturais, políticas e econômicas em 
curso no mundo e no país, particularmente, e seus impactos socioambientais, 
implica a necessidade do reconhecimento multifacetado da realidade local 
com o objetivo de elaborar políticas públicas que venham a atender a essa 
nova realidade. Implica reconhecer aspectos como:
112
 Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável
• identificação dos diferentes segmentos ou grupos sociais, com seus 
objetivos e necessidades plurais e diferenciadas, seus conflitos de interesses, 
seus pontos de convergência;
• identificação e priorização de problemas locais e formulação de políticas 
adequadas para enfrentar as demandas e desafios identificados;
• inclusão de programas e projetos nas peças orçamentárias.
Alcançar o desenvolvimento sustentável implica reconhecer a necessidade 
estratégica da paridade entre a população feminina e a masculina. Implica 
a implementação da transversalidade das questões de gênero na análise e 
formulação da estratégia de desenvolvimento a ser adotada pelo governo 
em suas esferas de poder – federal, estadual e municipal. Da mesma forma, 
implica o reconhecimento de necessidades e possibilidades dos distintos 
grupos sociais, etários ou étnicos. Ou ainda, o que impacta e como, as ações 
promovidas no âmbito das políticas públicas, no modo de vida do conjunto das 
pessoas e famílias das localidades, no ambiente, no território em que vivem. 
Recuperamos o que estudamos no Capítulo 1 desta disciplina, reforçamos 
que o mundo que habitamos é constituído por circuitos extremamente 
sensíveis, pertencentes a um universo de relações no qual se entrecruzam 
causas e efeitos, onde as transformações ocorridas em um circuito provocam 
alterações em outros. É essa dinâmica que comprova a hipótese de que a luta 
pela equidade de gênero e seu alcance trará benefícios sociais e econômicos 
para todas e todos na amplitude do desenvolvimento sustentável. O que 
buscamos é a construção de sociedades dinâmicas, sustentáveis e justas.
pOlíticas públicas e seus signiFicadOs
Partindo da compreensão de que política é antes de tudo um processo 
de negociação, que procura conciliar valores, necessidades e interesses 
divergentes, administrando conflitos entre os vários segmentos da sociedade 
que demandam os benefícios da ação governamental, vamos procurar 
entender os significados da expressão políticas públicas. 
Uma procura nos dicionários da língua portuguesa, como é o caso do 
Aurélio, permite verificar que a expressão - política pública – é entendida como 
um: 
113
O PaPel das POlíticas Públicas Frente 
aO desenvOlvimentO sustentável Capítulo 5 
Conjunto de objetivos que enformam [no sentido de dar 
forma] determinado programa de ação governamental e 
condicionam sua execução [...] Habilidade no trato das 
relações humanas, com vistas à obtenção dos resultados 
desejados [...] Pertencente ou destinado ao povo, à 
coletividade. (DICIONÁRIO AURÉLIO, 2011).
Assim, é possível considerar pública uma linha de atuação, uma política, 
pensada e viabilizada no sentido de atender a alguns princípios básicos:
• é concebida para atender às necessidades da população;
• destina-se ao conjunto das pessoas “pertencentes” a um espaço 
previamente definido;
• não hierarquiza direitos de acesso e usufruto, isto é, é incondicional, 
respeitado o universo a ser atendido e os critérios considerados em sua 
formulação;
• considera, favorece e garante a igualdade e usufruto de oportunidades de 
acesso e gozo às atividades nela preconizadas a todas as pessoas.
Podemos, então, compreender que políticas públicas tratam do conteúdo 
simbólico e do conteúdo concreto inerente às tomadas de decisões políticas e 
do processo de construção e execução dessas decisões. Uma política pública 
é uma diretriz elaborada para enfrentar um problema público, o que significa 
dizer que possui dois elementos fundamentais: intencionalidade pública e 
resposta a um problema público.
Podemos, também, ter inúmeras formas de abordar ou apresentar 
políticas públicas, o que certamente será feito ao longo deste curso nas demais 
disciplinas, mas queremos ressaltar que qualquer definição é arbitrária e que 
na literatura especializada não há um consenso quanto à definição do que seja 
uma política pública. 
Uma política pública é 
uma diretriz elaborada 
para enfrentar um 
problema público, o 
que significa dizer que 
possui dois elementos 
fundamentais: 
intencionalidade 
pública e resposta a 
um problema público.
114
 Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável
Alguns questionamentos dizem bem sobre as dificuldades 
para a definição de políticas públicas quando nos perguntamos:
• Quem elabora as políticas públicas? Apenas atores estatais ou 
também podem ser formuladas por atores não estatais? 
• Omissão ou negligência, ou seja, o não fazer, também pode se 
configurar como uma política pública?
• Políticas públicas estão apenas no nível estratégico, as 
diretrizes estruturantes, ou o nível operacional também pode ser 
considerado política pública?
No âmbito desta seção não aprofundaremos as questões levantadas, 
apenas nos posicionaremos brevemente e para tal nos apoiaremos em IBAM 
(2009) e SECCHI (2010). 
Assim, com relação à primeira questão, ou seja, ao protagonismo no 
estabelecimento de políticas públicas, alguns autores e pesquisadores 
defendem a abordagem estatista, enquanto outros defendem a abordagem 
multicêntrica. 
A abordagem estatista define as políticas públicas como monopólio dos 
atores estatais, ao passo que a abordagem multicêntrica adota um enfoque 
mais interpretativo e menos positivista, fazendo a distinção entre esfera 
pública e esfera privada, assim como entre políticas governamentais e políticas 
públicas.
Com relação ao segundo questionamento, ou seja, se o não fazer também 
se configura como política pública, é preciso lembrar que nessa mesma seção 
afirmamos que uma política pública é uma diretriz elaborada para enfrentar um 
problema público; ora, se nada fazemos, não há o enfrentamento do problema 
público e, consequentemente, há uma ausência de política pública.
Quanto à terceira questão, alguns posicionamentos teóricos interpretam 
que apenas as macrodiretrizes estratégicas seriam políticas públicas, ou 
seja, as políticas nacionais. Nesse caso, como seriam consideradas as 
diretrizes estratégicas formuladas nas esferas estadual e municipal? Vale 
ressaltar que estados e municípios definem estrategicamente, considerando 
os limites de suas competências constitucionais, os rumos que irão adotar 
A abordagem estatista 
define as políticas 
públicas como 
monopólio dos atores 
estatais, ao passo 
que a abordagem 
multicêntrica adota 
um enfoque mais 
interpretativo e menos 
positivista.
115
O PaPel das POlíticas Públicas Frente 
aO desenvOlvimentO sustentável Capítulo 5 
para o enfrentamento de seus problemas específicos. Vale lembrar que esse 
enfrentamento adquire concretudesob a forma de programas e projetos.
Antes de prosseguirmos vale lembrar que as políticas públicas estão 
inseridas nas dimensões econômica, social, cultural, ambiental e política do 
desenvolvimento, refletindo o jogo de forças dos interesses que ocorre na 
arena do enfrentamento político entre Estado e sociedade civil.
A seguir apresentaremos um elenco de políticas públicas sociais que 
podemos considerar como fundamentais para o fortalecimento da participação 
da sociedade civil na formulação, implementação, avaliação e controle social 
das políticas públicas. 
São políticas construídas por estratégias da sociedade civil para enfrentar 
as estruturas da desigualdade social. Deve-se considerar que o Estado não 
é neutro, em especial sob o ponto de vista de gênero, classe social ou raça. 
Vale ressaltar que não basta que o Estado apenas se abstenha de promover a 
discriminação em suas leis e práticas administrativas, é importante o esforço 
para favorecer a criação de condições efetivas, positivas e afirmativas que 
permitam a todos beneficiar-se da igualdade de oportunidade e tratamento, 
assegurando a eliminação de qualquer fonte de discriminação direta ou 
indireta. (GARCIA, 1998).
Quadro 1 – As políticas e suas diretrizes estratégias
As políticas públicas 
estão inseridas nas 
dimensões econômica, 
social, cultural, 
ambiental e política 
do desenvolvimento, 
refletindo o jogo de 
forças dos interesses 
que ocorre na arena 
do enfrentamento 
político entre Estado e 
sociedade civil.
POLÍTICAS DIRETRIZES ESTRATÉGICAS
Educacional
Universalização do ensino fundamental e da educação infantil 
como instrumentação essencial para o exercício da cidadania.
Cultural
Preservar o trato das identidades culturais, em especial nas comu-
nidades mais frágeis, como mecanismos de posicionamento frente 
aos processos de perda de identidade face à intensa divulgação 
internacional de usos e costumes.
Comunicação e 
Tecnologia da 
informação
Promover e garantir o acesso aos meios de produção cultural e de 
conteúdo para todos os veículos de comunicação e mídia.
Defesa da cidadania Não são produtos do governo, mas conquistas da sociedade.
Conquista de Direitos
Exercidas especificamente por grupos mais desiguais, segmentos 
discriminados e excluídos.
Organizações 
partidárias
Como defesa dos direitos políticos e construção de alternativas 
sociais e alternância no poder.
Organizações Sindicais
Como defesa do direito do trabalho e ao trabalho, promover a 
igualdade de gênero, considerando a dimensão étnico-racial nas 
relações de trabalho.
116
 Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável
Fonte: A autora.
Cabe ao Estado formular políticas que visem atender as necessidades 
da população, no que diz respeito a moradia, transporte, saúde, alimentação, 
trabalho, lazer, entre outros. Entretanto, enquanto não houver uma perspectiva 
de gênero e raça na formulação dessas políticas não alcançaremos o 
atendimento pleno das necessidades da população, isso porque a perspectiva 
de gênero e raça permite a compreensão dos problemas demográficos, 
econômicos, de pobreza, emprego, saúde, habitação, entre outros.
Compreender as necessidades da população implica reconhecer seu 
perfil, reconhecer a que público ela se destina. Em que dimensão da vida 
daquela população, daquele público específico, irá atuar. Significa a construção 
da credibilidade pública de modo a assegurar o apoio e o comprometimento 
das diversas forças sociais ao Governo no momento da implementação 
dos serviços. Serviços esses resultantes das políticas desenhadas por uma 
determinada esfera de governo, objetivando atender aos reclamos dos públicos 
a que se destinam. Esse princípio vale para todas as dimensões da política. 
Exemplo do que estamos tratando está refletido nos debates 
ocorridos no Congresso Nacional, neste ano de 2011, sobre 
a aprovação do novo Código Florestal para o país. Quais os 
interesses que ganharam concretude na mesa de negociação? 
Como se estabeleceu o jogo de poder entre os representantes 
da população, eleitos pelo voto, o Governo e os movimentos da 
sociedade civil? 
Justiça 
Garantia do exercício de direitos e deveres e igualdade de opor-
tunidades com o reconhecimento da necessária redistribuição 
dos recursos e riquezas produzidas pela sociedade na busca de 
superação da desigualdade social.
Segurança Pública
Garantia do direito de ir e vir, do acesso à justiça e à ampliação da 
assistência jurídica gratuita, do morar em paz assim como do não 
estar exposto à violência.
Serviços Públicos
Garantir o respeito aos princípios da administração pública: lega-
lidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, com 
transparência nos atos públicos e controle social.
117
O PaPel das POlíticas Públicas Frente 
aO desenvOlvimentO sustentável Capítulo 5 
Ao longo desta disciplina foram oferecidos a você elementos 
que trabalham diretamente as possibilidades de respostas aos 
questionamentos feitos acima. Por outro lado, procure ler sobre 
o assunto, pesquisando na Internet e na mídia local e nacional. 
Procure compreender a repercussão alcançada pelo tema e os 
interesses econômicos e sociais que ganharam relevância nos 
debates e discussões.
pOlíticas universais e pOlíticas setOriais
Reforçando que nossa disciplina versa sobre políticas públicas e 
desenvolvimento sustentável, cabe aqui recuperar alguns pontos tendo por 
base os capítulos anteriores, mais especificamente o Manual do Prefeito 
(IBAM, 2009):
• desenvolvimento local e sustentável é a expressão que vem sendo utilizada 
cada vez mais frequentemente tanto em escala mundial quanto no País;
• desenvolvimento não é apenas um processo de crescimento e acumulação 
econômica, mas necessariamente se reflete em desenvolvimento social, 
ou seja, em distribuição justa e equitativa da produção, em justiça social, 
em melhorias concretas da qualidade de vida, na integração e promoção 
dos diversos segmentos sociais;
• desenvolvimento é, portanto, um processo de mudança social e, nesse 
sentido, é também e principalmente processo de conquistas de direitos;
• não há desenvolvimento econômico sem desenvolvimento humano e social.
Em outras palavras, a busca por novo padrão de 
desenvolvimento deve se orientar por um tipo de 
crescimento que aproveite com mais eficiência os recursos 
endógenos das localidades ou regiões. Espera-se com esta 
iniciativa criar empregos e melhorar a qualidade de vida de 
populações ali residentes, contribuindo para a superação da 
pobreza, sob uma nova ótica, onde desenvolvimento social 
e desenvolvimento econômico situam-se numa perspectiva 
integrada e sustentável. A busca do desenvolvimento 
social não se limita à satisfação das necessidades básicas 
de saúde, educação, emprego, renda etc. Estende-se 
à promoção do exercício da cidadania no conjunto das 
comunidades que constituem dada sociedade, promovendo 
o estreitamento de laços de cooperação e solidariedade 
e tornando os indivíduos também sujeitos das ações 
promovidas pelo Estado e pelo conjunto de instituições da 
sociedade civil. (IBAM, 2009, p.81). 
A busca do 
desenvolvimento 
social não se limita 
à satisfação das 
necessidades 
básicas de saúde, 
educação, emprego, 
renda etc. Estende-
se à promoção 
do exercício da 
cidadania no conjunto 
das comunidades 
que constituem 
dada sociedade, 
promovendo o 
estreitamento de 
laços de cooperação 
e solidariedade e 
tornando os indivíduos 
também sujeitos das 
ações promovidas pelo 
Estado e pelo conjunto 
de instituições da 
sociedade civil. (IBAM, 
2009, p.81).
118
 Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável
Os municípios brasileiros apresentam enormes diferenças entre si, 
embora as regras a serem obedecidaspelos governantes sejam as mesmas, 
tanto para o de maior quanto para o de menor orçamento. 
São diferenças que vão de situações relacionadas com a população, 
território e atividade econômica aos aspectos de gestão pública, uso dos 
recursos públicos, investimentos tanto em tecnologia da informação quanto na 
rede de saneamento básico. São diferenças que balizam a participação dos 
governos locais na oferta de serviços sociais universais. 
A municipalização dos serviços universais de saúde e educação 
fundamental já não é mais contestada. Ambas as políticas foram concebidas 
como um sistema complexo de relações intergovernamentais baseado em 
recompensas e sanções. Tal sistema tornou racional para os municípios a 
adesão a uma nova institucionalidade.
É possível afirmar que a questão do desenho das políticas públicas, 
sua interdependência, tem recebido atenção crescente das três esferas de 
governo, no que se refere ao papel na formulação e execução de políticas 
públicas. Dependendo de suas características, o desenho institucional da 
política pode ser decisivo no incentivo ou no constrangimento da prestação do 
serviço. 
A municipalização das políticas de saúde e educação pode ser 
considerada um desafio enfrentado pelo país com sucesso, pelo menos em 
termos quantitativos. Por outro lado, as políticas de saneamento, habitação 
e assistência social, também, segundo os ditames constitucionais, de caráter 
universal, não obtiveram o mesmo resultado. As causas tanto do sucesso 
quanto do insucesso estão relacionadas com a formulação de mecanismos 
financeiros, gerenciais, de transferência de recursos e responsabilidades, 
assim como de incentivos ou sanções. 
A resposta positiva dos governos locais aos incentivos à municipalização 
da saúde e do ensino fundamental está relacionada com o fato de que essas 
políticas possuem mecanismos de execução bem definidos. 
No caso da saúde, temos que considerar a injeção de recursos adicionais 
nos cofres das prefeituras, por meio do Sistema Único da Saúde - SUS. No 
caso do ensino fundamental, a existência de penalidades para o município 
que não aumentar as matrículas nas escolas municipais, ao mesmo tempo em 
que também injeta mais recursos nas comunidades locais mais pobres, pois a 
política suplementa o salário dos professores nos municípios mais carentes. 
119
agendas lOcais e glObais Capítulo 4 
A seguir transcrevemos informações básicas sobre as políticas 
de saúde e educação no país. Procure conhecer mais sobre o 
assunto, pesquisando tanto na internet quanto na biblioteca de sua 
cidade, assim como na mídia local e nacional, com o objetivo de 
compreender o alcance dessas políticas no dia a dia da população 
do seu município, assim como na sua própria vida.
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS
Criado no Brasil em 1988 com a promulgação da nova 
Constituição Federal, o SUS tornou o acesso à saúde direito 
de todo cidadão. Até então, o modelo de atendimento dividia os 
brasileiros em três categorias: os que podiam pagar por serviços 
de saúde privados, os que tinham direito à saúde pública por serem 
segurados pela previdência social (trabalhadores com carteira 
assinada) e os que não possuíam direito algum.
Com a implantação do sistema, o número de beneficiados 
passou de 30 milhões de pessoas para 190 milhões. Atualmente, 
80% desse total dependem exclusivamente do SUS para ter 
acesso aos serviços de saúde.
A implantação do SUS unificou o sistema, já que antes 
de 1988 a saúde era responsabilidade de vários ministérios, 
e descentralizou sua gestão. A gestão do SUS deixou de ser 
exclusiva do Poder Executivo Federal e passou a ser administrada 
por Estados e Municípios.
Segundo o Ministério da Saúde, o SUS tem 6,1 mil hospitais 
credenciados, 45 mil unidades de atenção primária e 30,3 mil 
Equipes de Saúde da Família (ESF). O sistema realiza 2,8 bilhões 
de procedimentos ambulatoriais anuais, 19 mil transplantes, 
236 mil cirurgias cardíacas, 9,7 milhões de procedimentos de 
quimioterapia e radioterapia e 11 milhões de internações.
Entre as ações mais reconhecidas do SUS estão a criação 
do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Políticas 
Nacionais de Atenção Integral à Saúde da Mulher, de Humanização 
do SUS e de Saúde do Trabalhador, além de programas de 
vacinação em massa de crianças e idosos em todo o país e da 
realização de transplantes pela rede pública.
Fonte: BRASIL. O que é o SUS. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/
sobre/saude/atendimento/o-que-e-sus/print>. Acesso em: 28 out. 2011.
120
 Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável
SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO
Ensino Fundamental
O ensino fundamental é obrigatório para crianças e jovens 
com idade entre 6 e 14 anos. Essa etapa da educação básica 
deve desenvolver a capacidade de aprendizado do aluno, por meio 
do domínio da leitura, escrita e do cálculo. Após a conclusão do 
ciclo, o aluno deve ser também capaz de compreender o ambiente 
natural e social, o sistema político, a tecnologia, as artes e os 
valores básicos da sociedade e da família.
Desde 2005, a Lei no 11.114 determinou a duração de nove 
anos para o ensino fundamental. Dessa forma, a criança entra na 
escola aos 6 anos de idade, e não mais aos 7, e conclui aos 14 
anos, ou seja, no 9o ano.
O ensino fundamental de nove anos foi implementado no 
Brasil em 2005.
A nova regra garante a todas as crianças tempo mais longo de 
convívio escolar e mais oportunidades de aprender. A ampliação 
do ensino fundamental começou a ser discutida no Brasil em 2004, 
mas o programa só teve início em algumas regiões em 2005. Os 
estados e municípios têm até 2010 para implantar o ensino de 
nove anos. Até 2009, 92% dos municípios implantaram o Ensino 
Fundamental de nove anos.
Segundo o Censo Escolar de 2010, 31.005.341 de alunos 
estão matriculados no Ensino Fundamental Regular. 
A grande maioria (54,6%) na rede municipal com 16.921.822 
matrículas. As redes estaduais correspondem a 32,6% dos 
matriculados, as privadas atendem a 12,7% e as federais a 0,1%.
Provinha Brasil 
Para garantir a alfabetização de todas as crianças até os 8 
anos, o ensino fundamental conta com a Provinha Brasil. O exame 
permite avaliar as habilidades relativas ao processo de alfabetização 
dos alunos e ajuda a evitar que as crianças cheguem à quarta série 
do ensino fundamental sem dominar a leitura e a escrita. 
Fonte: BRASIL. Sistema Educacional brasileiro. Disponível em: 
<http://www.brasil.gov.br/sobre/educacao/sistema-educacional-
brasileiro/ensino-fundamental>. Acesso em: 28 out. 2011.
121
O PaPel das POlíticas Públicas Frente 
aO desenvOlvimentO sustentável Capítulo 5 
A Constituição Federal de 1988, ao estabelecer o princípio da 
universalização dos direitos, definiu parâmetros precisos ao processo de 
elaboração e fiscalização das diferentes políticas setoriais. Quando falamos 
em políticas universais e desenvolvimento social estamos nos situando na rede 
da seguridade social. A universalização do atendimento proposta no sistema 
de proteção social brasileiro, por exemplo, encontra-se, objetivamente, muito 
aquém do pretendido por esse princípio constitucional. 
Vale registrar que após inúmeros debates, comissões e plenários da 
Câmara e do Senado foi instituído o Sistema Único de Assistência Social – 
SUAS, cujo Projeto de Lei foi aprovado pelos senadores em 8 de junho de 
2011, seguindo agora para a sanção da Presidente Dilma Rousseff.
Segundo a Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,
o Senado, e o conjunto do parlamento, deu um passo 
importante para a construção de um País mais justo 
ao aprovar o Projeto de Lei que institui o SUAS. O 
fortalecimento da política e da rede de assistência social 
é essencial para o sucesso do Plano Brasil sem Miséria. 
A populaçãoextremamente pobre apresenta inúmeras 
vulnerabilidades e são os profissionais da assistência 
social que auxiliam e acompanham essa população mais de 
perto. (ASCOM/MDS, 2011).
No mesmo contexto a Secretária Nacional de Assistência Social do 
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) avalia que 
a aprovação no Legislativo é o reconhecimento de que a Assistência Social é 
uma política de Estado. 
Passa a ser um direito reclamável, e cria, por lei, o 
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti). Institui 
também os CRAS (Centro de Referência de Assistência 
Social) e CREAS (Centro de Referência Especializado de 
Assistência Social) como equipamentos públicos responsáveis 
pelos atendimentos às famílias. Define a primazia e a 
responsabilidade do Estado no atendimento à família, idoso, 
pessoas com deficiência, juventude e todos aqueles que 
estão em situação de vulnerabilidade e risco. (ASCOM/
MDS, 2011).
A Constituição 
Federal de 1988, ao 
estabelecer o princípio 
da universalização 
dos direitos, definiu 
parâmetros precisos 
ao processo de 
elaboração e 
fiscalização das 
diferentes políticas 
setoriais. 
122
 Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável
Após a leitura da notícia abaixo, procure se inteirar mais sobre 
o assunto, pesquisando tanto na Internet quanto na mídia local, 
para compreender os reflexos do SUAS no seu município e o papel 
que os CRAS e CREAS estão desempenhando junto à população 
do seu município.
PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF SANCIONA 
PROJETO DE LEI SUAS
6 de julho de 2011 
A presidente Dilma Rousseff sancionou hoje (6 de julho) 
o Projeto de Lei que dispõe sobre a organização da Assistência 
Social e institui legalmente o Sistema Único de Assistência Social 
(SUAS). O projeto é de autoria do Executivo e foi aprovado pelo 
Congresso Nacional no dia 8 de junho.
Em discurso no evento da sanção, Dilma Rousseff falou sobre 
a integração entre o SUAS e o recém-lançado Brasil sem Miséria. 
“O sistema será determinante para o êxito do Plano Brasil Sem 
Miséria, pois sua estrutura será a base da busca ativa das famílias 
para inclusão no Cadastro Único de Programas Sociais e no 
encaminhamento das ações do plano”, afirmou.
“O projeto sancionado pela presidente complementa a Lei 
Orgânica de Assistência Social (LOAS), institui o SUAS como 
meio de enfrentamento da pobreza e, principalmente, garante a 
continuidade do repasse de recursos aos beneficiários e para os 
serviços”, informa o site do Ministério do Desenvolvimento Social e 
Combate à Fome (MDS).
O SUAS foi implementado em 2005 e de 2006 a 2010, o 
número de trabalhadores do setor aumentou 57%, passando de 140 
mil para 220 mil. Com a sanção, o sistema, que já tem a adesão de 
99,5% dos municípios brasileiros, passa a vigorar como lei.
Fonte: Presidente Dilma Rousseff sanciona Projeto de Lei SUAS. 
Disponível em: <http://www.viablog.org.br/presidente-dilma-rousseff-
sanciona-projeto-de-lei-suas>. Acesso em: 29 set. 2011.
123
O PaPel das POlíticas Públicas Frente 
aO desenvOlvimentO sustentável Capítulo 5 
Por que essas políticas interessam nesse contexto do nosso curso? 
Porque estamos falando de políticas universais, promotoras de igualdade, 
com impactos compensatórios e redistributivos de renda.
Porque estamos falando de políticas universais e, de acordo com o projeto 
de lei,
[...] o País passará a contar com formato de prestação 
de assistência social descentralizado e com gestão 
compartilhada entre governo federal, estados e municípios, 
com participação de seus respectivos conselhos de 
assistência social e ainda das entidades e organizações 
sociais públicas e privadas que prestam serviços nessa 
área. (LAVINAS, 2011).
Lavinas (2011) também chama atenção para o fato de que é importante 
situarmos o maior programa de transferência de renda do país, o Bolsa 
Família, no âmbito do SUAS. 
O Brasil, finalmente, conseguiu instituir um sistema de 
cobertura ampliada em termos de segurança social para 
sua população que associa, ao mesmo tempo, benefícios de 
base contributiva, benefícios assistências para quem está 
em situação de risco extremo, e também o Sistema Único de 
Saúde. O Programa Bolsa Família se transformou num pilar 
importante do Sistema Único de Assistência Social que ainda 
terá que ser consolidado, porque, a princípio ele é fundado 
como um direito em caso de necessidade, mas, na prática, 
e essa é uma das fraquezas do Bolsa Família, não atende 
a toda demanda. Isso porque o Bolsa Família considera um 
universo de pessoas abaixo da linha da pobreza, cujo cálculo 
foi elaborado a partir do Censo de 2000. Por isso, na prática, 
a cobertura do Bolsa Família não garante que todos aqueles 
que têm necessidades sejam contemplados. Essa é a maior 
falha do programa. 
Vale registrar que, dentro do SUAS, o Bolsa Família é o programa que 
ganhou mais notoriedade, mas ele não é o único. Além dele, há o Banco de 
Dados do Cidadão (BDC). Entretanto, o grande problema é que eles têm linhas 
de pobreza distintas, assim como distintos valores para os benefícios. 
Mesmo levando em consideração todas as contradições e dificuldades, 
Lavinas (2011) avalia que estamos avançando para termos um Sistema 
de Assistência Social que é integrado à lógica mais ampla do Sistema de 
Proteção Social e não a uma coisa que tínhamos nos anos 1980, marcada 
pela benevolência, uma atitude extremamente marginal e residual do Estado 
ligado à atuação das Primeiras Damas.
124
 Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável
Funções que sustentam as pOlíticas públicas: 
FOrmulaçãO, planejamentO, OrçamentO, 
execuçãO
Como vimos nas seções anteriores, a formulação de uma política é um 
processo que engloba diferentes atores e exige o cumprimento de algumas 
etapas, alguns procedimentos que conformam o que é conhecido como o ciclo 
de políticas públicas.
Para bem atuar em política pública é preciso construir uma metodologia, 
planejar o trabalho, avaliando-o a cada etapa, repensá-lo com objetividade, 
relacionando as variáveis de gênero, raça/etnia e classe social nas fases 
principais do ciclo de políticas públicas:
1. Identificação do problema
2. Formação da agenda
3. Formulação de alternativas
4. Tomada de decisão
5. Implementação
6. Avaliação 
7. Extinção
As sete fases parecem muito singelas, mas na verdade exigem, do 
processo de formulação, sensibilidade política. Da realização do diagnóstico 
ao desenho de planos estratégicos, com características de processos 
participativos e transparentes, até a formulação de programas e projetos, tanto 
gerais quanto aqueles que passam por uma ação afirmativa, considerando 
as variáveis de gênero e raça/etnia, colocam-se grandes exigências para a 
formatação da política. 
Em todo o processo é preciso considerar:
• como são formuladas as interrogações básicas ou como são estabelecidas 
as demandas de informações – o que quero saber e o que será feito com 
aquela informação;
• como se dará a constituição de elementos descritivos que constituem o 
problema, para o qual se pretende encaminhar soluções;
• como se dará a construção de indicadores para detectar e medir o impacto 
das ações; e,
• como teremos o resultado da identificação e medição, expressado em 
125
O PaPel das POlíticas Públicas Frente 
aO desenvOlvimentO sustentável Capítulo 5 
unidades de medida.
Assim, entendendo como ocorrem as dinâmicas de mudanças estruturais 
e culturais podemos também compreender o quanto é difícil e complexo 
sair, deixar para trás, influir na mudança dos pressupostos e estereótipos 
construídos, seja na área cultural, seja na área da prática administrativa e de 
serviços públicos. 
Sempre é bom chamar a atenção que administrar não é simplesmente 
realizar programase ações. É gerar e gerir processos.
Quais questões norteiam nosso trabalho? 
Desafiam-nos a encontrar respostas nas esferas federal, estadual e 
municipal quando vamos formular políticas públicas.
• Qual a inovação que podemos trazer para uma nova forma de formular 
políticas públicas com perspectivas de gênero e raça/etnia que favoreça o 
processo de desenvolvimento sustentável, tanto no local quanto no nível 
nacional?
• Como ultrapassar as brechas de gênero e raça/etnia com os olhos em 
novos caminhos que superem a discriminação que sofrem as mulheres 
brancas, negras e indígenas, assim como os homens não brancos, tendo 
presente a relação de classe social?
• Será que pensar qualidade de vida sob novas perspectivas de gênero 
e raça/etnia pode vir a ser um eixo inovador que deixe às claras, de 
modo preciso e objetivo, as desigualdades existentes na sociedade, e 
o encaminhar soluções indique que é possível perpassar as políticas 
setoriais? 
Algumas políticas têm como pressuposto a contribuição do trabalho não 
remunerado por parte da população chamada beneficiária dos serviços ou bens 
delas resultantes, significando desde os mutirões para a construção da casa 
própria, para a construção de estradas vicinais, viabilizando o escoamento da 
produção, a manutenção de encostas, até o cuidado com idosos e crianças. 
Essas políticas trabalham levando em consideração o que ainda 
tradicionalmente é esperado do desempenho de mulheres e homens. Vale 
dizer, no imaginário coletivo ainda teríamos o modelo do homem provedor de 
uma família e da mulher cuidadora. 
Administrar não 
é simplesmente 
realizar programas e 
ações. É gerar e gerir 
processos.
Algumas políticas têm 
como pressuposto 
a contribuição 
do trabalho não 
remunerado por 
parte da população 
chamada beneficiária 
dos serviços ou bens 
delas resultantes, 
significando desde 
os mutirões para 
a construção da 
casa própria, para a 
construção de estradas 
vicinais, viabilizando 
o escoamento 
da produção, a 
manutenção de 
encostas, até o 
cuidado com idosos
e crianças.
126
 Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável
Assim, a participação da mulher, no mais das vezes, está relacionada com 
a família, com o espaço doméstico, ela não é reconhecida como pessoa física, 
ela é vista como a mãe através da qual se chegará:
• às crianças e aos idosos, 
• à manutenção da propriedade da casa no seio da família, 
• à compra de bens para a família, 
• à redução da pobreza, e
• à saúde da mulher, com o foco na reprodução biológica.
Significa dizer que a mulher na maioria das vezes, para a maioria das 
políticas, ainda não é reconhecida como pessoa que possui vida própria, mas 
sim como uma extensão pela qual se chegará à família.
De um modo geral vamos encontrar políticas públicas direcionadas às 
mulheres como pessoas, quando estão relacionadas ao mundo do trabalho e, 
mesmo assim, estão focadas na proteção ao período da maternidade, como 
a licença maternidade e a obrigatoriedade das creches. Esse último caso, 
já estendido como benefício para os pais, por pressão dos movimentos de 
mulheres e feministas, representa uma conquista na discussão sobre a divisão 
das responsabilidades do dia a dia com os filhos. 
Políticas específicas de reinserção no mercado de trabalho e capacitação 
profissional ainda são pouco usuais, ao passo que com relação ao 
empreendedorismo as mulheres, por se destacarem nos micro e pequenos 
negócios, se impõem no mercado. Há, também, a criação de linhas de crédito 
específico para as mulheres, em particular na agricultura familiar.
Os homens também são parte de uma família. Entretanto, no mais das 
vezes essa percepção de elo com a família não se configura concretamente 
com a pessoa física do homem. Essa situação fica muito clara quando 
analisamos os programas a eles dirigidos e que estão relacionados com 
• qualificação profissional,
• reinserção no mercado de trabalho,
• geração de emprego e renda, e
• saúde do homem. 
Significa dizer que a individualidade e a competitividade dos homens são 
reconhecidas. A inserção masculina no mundo do trabalho, tanto formal quanto 
informal, recebe maior atenção dos formuladores de políticas públicas. 
127
O PaPel das POlíticas Públicas Frente 
aO desenvOlvimentO sustentável Capítulo 5 
A área técnica de Saúde da Mulher é resultado de conquistas 
dos movimentos de mulheres e feministas, são lutas que ocorrem 
desde a década de 1980. Essa área é responsável pelas ações 
de assistência ao pré-natal, incentivo ao parto natural e redução 
do número de cesáreas desnecessárias, redução da mortalidade 
materna, enfrentamento da violência contra a mulher, planejamento 
familiar, assistência ao climatério, assistência às mulheres negras 
e população LGBT.
A Política Nacional de Saúde do Homem, lançada em agosto 
de 2009, tem por objetivo facilitar e ampliar o acesso da população 
masculina aos serviços de saúde. A iniciativa é uma resposta à 
observação de que as doenças que afetam o sexo masculino são 
um problema de saúde pública. A cada três mortes de pessoas 
adultas, duas são de homens. Eles vivem, em média, sete anos 
menos do que as mulheres e têm maior incidência de doenças do 
coração, câncer, diabetes, colesterol e pressão arterial mais elevada.
Fonte: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/
area.cfm?id_area=1623>. Acesso em: 28 out. 2011.
a execuçãO de pOlíticas, prOgramas e 
prOjetOs pelO gOvernO municipal
Pensar políticas, programas e projetos inerentes ao desenvolvimento 
local pressupõe reconhecer a realidade local e estabelecer com a sociedade 
as regras do jogo a ser jogado em prol da melhoria de vida dessa mesma 
sociedade.
As linhas de uma política, estratégias, diretrizes e responsabilidades estão 
delineadas num plano, no qual tomam forma. 
O plano tem o sentido de sistematizar e compatibilizar objetivos e metas, 
procurando otimizar o uso dos recursos existentes em suas dimensões 
econômica, financeira, humana, gerencial e ambiental. O plano permite a 
elaboração de programas e projetos específicos, com uma perspectiva de 
coerência interna e avaliação dos riscos internos e externos, em relação ao 
contexto no qual será executado. 
 
O plano permite 
a elaboração de 
programas e projetos 
específicos, com 
uma perspectiva de 
coerência interna e 
avaliação dos riscos 
internos e externos, 
em relação ao 
contexto no qual será 
executado.
128
 Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável
O programa é o aprofundamento do plano, considerando os objetivos 
setoriais do plano, que por sua vez irão constituir os objetivos gerais do 
programa. O programa estabelece o quadro de referência do projeto. 
O projeto é o documento que estabelece como acontecerá o processo 
operacional da ação. É a unidade elementar do processo de racionalização da 
tomada de decisões. É elaborado com o propósito de equacionar o processo 
de produção de algum bem ou serviço, especificando o método de trabalho a 
ser adotado com o objetivo de obter resultados definidos. 
A definição de políticas de âmbito nacional pelo Governo Federal, no mais 
das vezes, transborda para estados e municípios a necessidade de programas 
e projetos complementares para sua execução, como é o caso, entre outros:
• do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres - PNPM; 
• do Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial – PLANAPIR; 
• do Plano Nacional de Saneamento Básico – PLANSAB.. 
Todos os planos citados exigem ações nos municípios, pois, voltamos a 
afirmar, a vida é vivida nos municípios. 
Ao mesmo tempo os governos municipais elaboram e executam políticas 
públicas municipais de acordo com suas competências constitucionais. Essas 
políticas também necessitam de planos, programase projetos para chegarem 
até o dia a dia dos munícipes.
Nesse sentido, vale lembrar que recentemente teve ampla repercussão na 
mídia nacional e internacional a divulgação do relatório “Igualdade de gêneros 
e desenvolvimento 2012”, apresentando os resultados de pesquisa realizada 
pelo Banco Mundial (Bird). 
No quadro a seguir estão transcritos trechos de matéria publicada. O 
exercício proposto com base na leitura do texto, assim como os temas tratados 
nas seções anteriores deste capítulo, têm o propósito de permitir a fixação da 
correlação entre políticas, planos, programas e projetos.
129
O PaPel das POlíticas Públicas Frente 
aO desenvOlvimentO sustentável Capítulo 5 
Atividade de Estudos: 
Ao fazer a leitura da notícia abaixo, procure ir anotando 
num papel ao lado, ou em arquivo a parte no seu computador, 
o que lhe chama atenção nos dados apresentados e como as 
informações que se obtêm desses mesmos dados estão sendo 
trabalhadas no seu município. Ao finalizar a leitura, e de posse das 
anotações feitas, pesquise quais as políticas, programas e projetos 
em andamento no município, que responderiam às questões 
suscitadas pela notícia lida. (Redação livre). 
MAIS PESO DA MULHER NO MERCADO DE 
TRABALHO PODE MELHORAR PRODUTIVIDADE 
EM ATÉ 25%, DIZ BANCO MUNDIAL –
Vivian Oswald 
Publicada em 18/09/2011 às 21h06m
BRASÍLIA. Nos últimos 25 anos, o crescimento sustentado 
foi particularmente eficiente para reduzir as disparidades entre 
homens e mulheres no mundo, mas, sozinho, não resolverá as 
diferenças no futuro, segundo o relatório “Igualdade de gêneros 
e desenvolvimento 2012”, do Banco Mundial (Bird). Países em 
desenvolvimento, cujas economias avançaram mais depressa, 
mostraram uma evolução mais rápida. Mas as desigualdades 
ainda são enormes e o seu custo deve ser alto no mundo 
globalizado do século XXI. Se as mulheres tiverem as mesmas 
oportunidades de emprego e posições de comando, assim como 
salários equivalentes aos dos homens, a produtividade no mundo 
pode aumentar de 3% a 25%, dependendo do país. Na América 
Latina, este ganho pode variar de 4% a 16%. 
• A produtividade agrícola pode ter um incremento de 2% a 
4,5%, se as mulheres tiverem o mesmo acesso que os homens 
a insumos e equipamentos - destaca Ana Revenga, uma das 
autoras do estudo. 
A maior demanda das economias dos países em 
desenvolvimento acabou por inserir mais mulheres no mercado 
de trabalho. No mundo, elas já são mais numerosas nas 
universidades e tiram notas melhores do que os homens. Enquanto 
passou de 17,7 milhões em 1970 para 77,8 milhões o número de 
130
 Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável
universitários, o exército de universitárias, que era de 10,8 milhões 
em 1970, disparou para 80,9 milhões, deixando para trás os 
homens da academia. 
Mas, se elas estão mais preparadas, seus salários continuam 
mais baixos. No Brasil, a diferença é de 25%, contra 12% da 
Argentina e 20% do México, segundo o Bird. 
Na política, a participação feminina é especialmente 
desproporcional pelo mundo. Enquanto na África do Sul e na 
Holanda, respectivamente, 45% e 41% dos assentos do parlamento 
eram ocupados por mulheres em 2010, na Arábia Saudita não há 
vagas para elas. Na América Latina, a média é de 24%, o que levou 
o Bird a destacar a situação precária brasileira, onde o número 
de cadeiras passou de 5% em 1990 para 9% em 2010, perdendo 
apenas para a Colômbia na região, que ficou com 8% em 2010. 
No mesmo ano, só seis países em desenvolvimento e 11 
ricos tinham mais de 25% de mulheres ministras em 2010. Nesse 
quesito, pode ser que o Brasil venha a demonstrar uma forte 
melhora na próxima edição do relatório. Isso porque os dados 
não chegaram a computar a presença feminina no ministério da 
presidente Dilma Rousseff. Dos 39 postos com status de ministro, 
dez são ocupados por mulheres, entre elas seu braço direito, a 
ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. 
No Brasil, apesar da evolução positiva, as mulheres ainda são 
donas de apenas 11% das terras, contra 27% no Paraguai. Mais 
da metade delas recebe suas propriedades por meio de herança 
familiar, e 37% compram no mercado imobiliário, ao passo que 
apenas 22% homens herdam e 73% adquirem seus imóveis. 
A falta de acesso das mulheres a serviços e infraestrutura 
básicos ainda chamam atenção no país, onde um quarto do 
custo de quem recebe atendimento médico em um hospital está 
relacionado a transporte. É a mesma proporção registrada em 
Burkina Faso. O problema é que, sem esses serviços, como 
creches, diminuem as chances da população feminina de ganhar 
mobilidade, e, por isso, ter acesso a empregos e maiores salários. 
- As diferenças entre as mulheres as ricas e as mais pobres 
também é imensa, e essas últimas têm bem menos acesso 
a serviços e infraestrutura - afirma Revenga, destacando a 
importância das políticas destinadas a bolsões de pobreza. 
131
O PaPel das POlíticas Públicas Frente 
aO desenvOlvimentO sustentável Capítulo 5 
Em retrato do mercado de trabalho brasileiro, o estudo mostra 
que os patrões ainda são os homens, que ocupam 70% dos postos 
de empregadores. Eles também são maioria entre os trabalhadores 
por conta própria, com 53% da mão de obra, e dos assalariados, 
com 53%. No universo dos serviços não remunerados, são as 
mulheres que se destacam, com 72% do total. No Brasil, também 
há mais mulheres com empregos informais. 
O Bird insiste que o acesso aos meios de comunicação 
também ajudam a mudar o quadro das desigualdades e enfatiza o 
fato de, no Brasil, o gosto pelas novelas conseguiu reduzir a taxa 
de fecundidade das mulheres na mesma proporção que o faria dois 
anos a mais de estudos. Por essas e outras, o relatório afirma que 
as políticas necessárias voltadas para a redução das desigualdades 
de gênero devem considerar a questão comportamental. No 
Oriente Médio, em alguns países da Ásia e da África, por exemplo, 
devem ser considerados os aspectos religiosos.
Fonte: Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/mat/ 
2011/09/18/mais-peso-da-mulher-no-mercado-de-trabalho-pode-
melhorar-produtividade-em-ate-25-diz-banco-mundial-925386386.
asp#ixzz1YmT3CZ5H>. Acesso em: 30 out. 2011.
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132
 Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável
pOlíticas públicas e desenvOlvimentO 
sustentável: desaFiOs para sua adOçãO 
pelOs municípiOs brasileirOs
Nesta seção, ilustrando o desenvolvimento dos temas dos capítulos 
anteriores, vamos apresentar cinco situações de como políticas públicas 
podem possibilitar aos municípios brasileiros o enfrentamento dosdesafios 
para a adoção de políticas, programas e projetos no sentido de estabelecerem 
ações que priorizem o desenvolvimento sustentável.
A cada situação apresentada, identifique as ações colocadas 
em prática, relacionando-as com a proposta de desenvolvimento 
sustentável apresentada ao longo deste caderno. Faça 
suas anotações e, pensando em seu município, verifique as 
possibilidades de adoção, pelo governo municipal, de propostas 
semelhantes. Perceba que a cada situação apresentada é esperada 
uma análise sobre o que acontece em seu local de moradia, em 
seu município. Recorra não apenas ao estudado durante os últimos 
capítulos como também às informações externas, seja nos órgãos 
públicos, seja na internet. Caso considere que a situação não se 
aplica ao seu município, explicite o que justifica sua avaliação.
PRIMEIRA SITUAÇÃO
HIDRÔMETROS INDIVIDUAIS, OBRIGATÓRIOS 
NAS NOVAS CONSTRUÇÕES, SÃO PROCURADOS 
TAMBÉM POR PRÉDIOS ANTIGOS
O Globo - Publicada em 07/05/2011 às 19h40m
RIO - Em quatro anos, 55% dos municípios brasileiros poderão 
ter seu abastecimento de água comprometido em algum grau. 
O dado é do “Atlas da Água”, divulgado pela Agência Nacional 
de Águas (Ana) em março. Algumas regiões já enfrentam essa 
realidade. Em Bagé, Rio Grande do Sul, a população sofre com 
estiagem há seis meses. A quantidade de chuva é tão pequena que 
o Departamento de Água e Esgotos da cidade racionou a água por 
13 horas diárias e instituiu um baixo volume de consumo por cada 
família: 15 metros cúbicos ao mês. Quem gastar menos garante 
133
O PaPel das POlíticas Públicas Frente 
aO desenvOlvimentO sustentável Capítulo 5 
o crédito, em água, para meses subsequentes. Quem ultrapassar 
paga caro: cada mil litros excedentes valem 50% do cobrado pelos 
15 mil litros da tarifa base. 
No Rio, o consumo médio mensal é de 30 mil litros por 
família. Mas você sabe quanto a sua casa consome? Quem mora 
em condomínio, onde a cobrança costuma ser rateada entre os 
moradores, certamente vai ter dificuldades para responder a essa 
pergunta. Até porque, quando não pesa no bolso, a água costuma 
ir, literalmente, ralo abaixo. 
Uma das soluções para se evitar o desperdício é instalar 
hidrômetros individuais. No Rio, a prática virou lei, sancionada em 
22 de março (Dia Mundial da Água). A obrigatoriedade, contudo, 
só atinge as novas construções. Para as antigas, a decisão fica 
a cargo do condomínio. Mas já cresce o número de prédios que 
aderem ao sistema como mostra reportagem de Karine Tavares 
publicada neste domingo no Morar Bem. 
• O hidrômetro individual é um avanço enorme, mas pelas 
dificuldades técnicas de implantação em edifícios antigos, não seria 
possível tornar sua instalação compulsória. O incentivo a quem se 
dispuser a fazer o retrofit de seu edifício pode ser o caminho - diz 
o presidente da Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentável 
da Prefeitura do Rio, o economista Sérgio Besserman. 
Entusiasta da lei, Besserman lamenta que ela tenha chegado 
só agora por aqui e acredita que um incentivo do governo estadual, 
como a redução de impostos, poderia ser o empurrãozinho que falta 
para mais condomínios considerarem a mudança das instalações. 
As vantagens, garante, são inúmeras. Além da economia direta 
com a conta d’água, há redução da inadimplência, das despesas 
com energia elétrica (o volume de água a ser bombeado no 
prédio diminui) e do esgoto produzido. A medida ainda facilita a 
identificação de vazamentos. 
As obras para instalação em prédios antigos, entretanto, 
nem sempre são fáceis. Mas quem já fez garante que consegue 
economizar em média 30% na conta. Em alguns casos, essa 
redução chega a 40% ou 50%. O condomínio Alsacia, na Barra da 
Tijuca, pagava R$ 30 mil por mês no verão. Com a individualização, 
a conta caiu a R$ 14 mil na mesma época. E fica em R$ 12 mil nos 
meses mais frios. 
134
 Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável
Em outro prédio, esse no Recreio, a obra ficou pronta em uma 
semana. E a conta, de R$ 8 mil, chega a menos de R$ 2 mil. Os 
condomínios continuam recebendo uma conta única da Cedae. 
A leitura individualizada é feita pelas empresas que instalaram 
os hidrômetros. É daí, aliás, que elas sobrevivem, cobrando taxa 
que varia de R$ 3 a R$ 5 por condômino, para fazer a leitura do 
consumo e a manutenção dos equipamentos. Ao condomínio, cabe 
cobrar às unidades o valor gasto por cada uma. 
Segundo especialistas, no entanto, prédios muito antigos 
podem exigir uma obra estrutural complexa para a mudança de 
todo o sistema de distribuição da água. - Em prédios com muitas 
entradas de água, é preciso colocar novos ramais. Fica tão caro 
que acaba inviabilizando a obra - explica o engenheiro civil Abílio 
Borges, do Crea-RJ. 
Fonte: Disponível em:<http://oglobo.globo.com/economia/morarbem/
mat/2011/05/06/hidrometros-individuais-obrigatorios-nas-novas-
construcoes-sao-procurados-tambem-por-predios-
antigos-924399802.asp>. Acesso em: 1 nov. 2011.
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O PaPel das POlíticas Públicas Frente 
aO desenvOlvimentO sustentável Capítulo 5 
SEGUNDA SITUAÇÃO
INOVAÇÃO: PREFEITOS CRIAM REDE PARA INCENTIVAR 
EMPREENDEDORISMO MUNICIPAL
Publicada em 26/05/2010 às 11h50m
Ione Luques
RIO - Com o intuito de difundir a cultura empreendedora na 
gestão pública e incentivar a aprovação e implementação da Lei 
Geral da Micro e Pequena Empresa nos municípios brasileiros, foi 
oficialmente lançada, na semana passada, em Brasília, a Rede de 
Prefeitos Empreendedores. Trata-se de um movimento nacional 
que busca disseminar as boas práticas administrativas que já 
ocorrem nas cidades, estimular as novas lideranças a fomentarem 
o empreendedorismo em suas regiões e ressaltar a importância 
das micro e pequenas empresas para a economia do país. 
• As pequenas empresas são estratégicas para o Brasil. São elas 
que mais geram empregos e renda nos municípios - ressalta 
Helder Salomão, prefeito de Cariacica, no Espírito Santo, e um 
dos maiores incentivadores do projeto. 
A semente da rede foi lançada em 2001, a partir da primeira 
edição do prêmio “Prefeito Empreendedor”, homenagem concedida 
pelo Sebrae aos melhores gestores de políticas públicas, 
envolvendo pequenos negócios. Na ocasião, os participantes 
sentiram a necessidade de se articularem e difundirem ideias 
inovadoras de gestão, unindo o setor público à iniciativa privada. 
Em 2004, houve o primeiro encontro dos interessados em manter 
a integração e estimular a troca de experiência. Desde então,a 
iniciativa foi amadurecendo. 
• A rede é protagonizada por prefeitos empreendedores que 
participaram das seis edições do prêmio. E aqueles que vierem 
a participar serão convidados a se tornarem membros da rede. 
É um movimento pluripartidário - acrescenta Salomão.- O que 
nos une é a visão empreendedora e a necessidade de fortalecer 
o apoio às micro e pequenas empresas do país. 
Só este ano, 719 prefeitos se inscreveram para concorrer 
ao selo. Automaticamente, eles já fazem parte do projeto. Além 
do Sebrae, que providenciará um consultor para cuidar da parte 
administrativa, o projeto conta com apoio da Frente Nacional de 
136
 Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável
Prefeitos (FNP), entre outras entidades. Segundo Salomão, o 
próximo passo, agora, é fazer com que a iniciativa seja conhecida 
em todo o Brasil. 
• No dia 13 deste mês, em um encontro em São Paulo, foi 
aprovado o documento final. A partir de agora, temos que 
trabalhar na divulgação e na adesão de novos prefeitos. A ideia 
tem sido muito bem recebida, mas ainda há muito a fazer. Só 
nas edições dos prêmios, foram mais de 700 prefeitos. Temos 
que fazer o documento chegar até eles - diz Salomão. 
Outro passo importante, segundo o prefeito de Cariacica, será 
definir o núcleo nacional (que será composto por mínimo de cinco 
e máximo de dez integrantes) e os núcleos regionais. Salomão 
acrescenta que, onde houver demanda dos estados, poderão ser 
criados núcleos estaduais. Ainda segundo o político, os envolvidos 
no projeto pretendem apresentar um documento aos candidatos 
à Presidência da República com o posicionamento da rede sobre 
empreendedorismo e implementação da Lei Geral da Micro e 
Pequena Empresa. 
• Ficamos à vontade de apresentar nossas ideias, porque 
contamos com membros de todos os partidos políticos. Isso nos 
dá isenção para debater o assunto sem o objetivo de beneficiar 
um ou outro candidato. Queremos fazer a rede funcionar e 
envolver as cidades no projeto para agilizar a implementação da 
lei nos municípios. 
Em breve, a rede terá um site e um banco de dados com 
projetos de sucesso. Além disso, a intenção é mobilizar os 
prefeitos para que troquem experiência e conheçam as iniciativas 
implantadas em outros municípios e países. 
Fonte: Disponível em:<http://oglobo.globo.com/economia/boachance/
mat/2010/05/24/prefeitos-criam-rede-para-incentivar-empreendedorismo-
municipal-916671806.asp>. Acesso em: 1 nov. 2011.
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TERCEIRA SITUAÇÃO
PROJETO PARA A ILHA GRANDE SE 
CANDIDATAR A PATRIMÔNIO NATURAL DA 
UNESCO PREVÊ CONTROLE DE ACESSO
Publicada em 03/07/2011 às 23h46m
RIO - Já que beleza não falta à Ilha Grande, no litoral Sul 
Fluminense, um grupo de 11 defensores do paraíso verde deu 
início ao projeto de conquistar para o balneário o mesmo status 
alcançado por outros santuários ecológicos, como Fernando de 
Noronha, Atol das Rocas e o Parque Nacional do Iguaçu. Para 
que a Ilha Grande obtenha o título de Patrimônio Natural Mundial 
da Unesco - órgão das Nações Unidas para Educação, Ciência 
e Cultura -, uma das propostas é limitar o número de visitantes, 
como ocorre em Fernando de Noronha. 
O grupo de trabalho da candidatura da Ilha Grande será 
formalizado, este mês, na Câmara de Vereadores de Angra e terá 
de elaborar um dossiê para a Unesco, bom o suficiente para provar 
que o local tem natureza exuberante e um ecossistema importante 
para todo o planeta, no aspecto científico e de conservação. Juntar 
todas as evidências técnicas leva tempo e ninguém se arrisca a 
dizer que o dossiê fica pronto este ano. 
138
 Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável
Só no Aventureiro há lotação máxima
Quem já visitou pelo menos uma das 106 praias da Ilha Grande 
- aproximadamente 11 vezes maior em território que a Ilha do 
Governador, também no estado do Rio de Janeiro - sabe de cara 
que a exuberância do balneário está garantida. O passo ambicioso 
será melhorar ainda mais as regras de proteção ambiental. 
Integrantes do grupo de trabalho da candidatura acreditam, por 
exemplo, que o lugar terá de ganhar finalmente o seu Controle de 
Capacidade de Carga, hoje restrito a uma de suas praias, a do 
Aventureiro, onde turistas são controlados com pulseirinhas e a 
lotação é de 560 visitantes. 
[...]
Tratamento de esgoto é um desafio
A favor de Ilha Grande pesa o fato de 90% de seu território 
ser protegido por leis ambientais e ter seu arquipélago incluído na 
Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, um título da Unesco mais 
abrangente, que inclui 35 milhões de hectares de terra em 15 
estados brasileiros. Sete locais no Brasil são Patrimônio Natural, 
nenhum no Estado do Rio de Janeiro. 
Para provar que é sustentável, a Ilha Grande terá que 
resolver o problema da falta de tratamento de esgoto de parte dos 
habitantes da Praia do Abraão, considerada o centro da ilha, com 
cerca de cinco mil pessoas, número que triplica na alta temporada. 
Já existe um projeto orçado em R$ 13 milhões para sanear a praia. 
• - A Ilha Grande tem um setor turístico consagrado, e a 
candidatura será um bom pretexto para se aprovar um plano 
diretor de desenvolvimento sustentável para a ilha. O local é 
paradisíaco, mas está cheia de interferências perigosas, como 
a indústria do petróleo - resume a deputada estadual Aspásia 
Camargo (PV), integrante do grupo de trabalho. 
A Baía de Ilha Grande, que margeia os municípios de Angra dos 
Reis e Paraty, tem no seu litoral duas usinas nucleares, estaleiros 
e grande tráfego de navios petroleiros para o terminal aquaviário 
da estatal Transpetro. De olho no pré-sal, está em andamento a 
construção do terceiro berço do seu porto, feito com expectativa de 
escoar parte da produção da nova camada submarina. 
139
O PaPel das POlíticas Públicas Frente 
aO desenvOlvimentO sustentável Capítulo 5 
• A proximidade dos navios petroleiros é um ponto a favor, pois 
mostra que o zelo pela Ilha Grande e a sua proteção têm que 
ser obrigatoriamente redobrados - acredita o presidente da 
Câmara de Vereadores de Angra dos Reis. 
Fonte: Disponível em:< http://oglobo.globo.com/participe/
mat/2011/07/03/>. Acesso em: 1 nov. 2011.
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QUARTA SITUAÇÃO
OPINIÃO 
UM CÓDIGO SUSTENTÁVEL
Publicada em 07/07/2011 às 19h34m
ISRAEL KLABIN - Presidente da Fundação 
Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável
As atuais discussões no âmbito do Congresso Nacional para 
a aprovação do novo Código Florestal não devem ser pautadas 
por disputas partidárias ou demonstrações de força de um ou 
140
 Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável
outro elo da cadeia política, nem privilegiar a agenda de agentes 
econômicos. Ao contrário, o debate deve fazer prevalecer uma 
visão de futuro em relação ao tema da sustentabilidade. Afinal, o 
formato final do novo Código Florestal é assunto sério demais para 
ser alvo de quedas de braço que pouco têm a ver com o verdadeiro 
interesse nacional. 
Não faltam razões para que o quadro atual seja visto com 
preocupação. Um exemplo é o estudo patrocinado pelo Banco 
Mundial e divulgado pela revista “BioScience” este ano. O 
trabalho demonstra que se 20% da Amazônia forem atingidos 
pelo desmatamento a região passará por um processo de 
desertificação (o efeito Amazon Dieback), especialmente grave no 
sul e no leste da floresta. Nesse contexto, a anistia para crimes 
de desmatamento proposta pela votação do Código Florestal na 
Câmara dos Deputados pode ser considerada verdadeira roleta-
russa para toda a região, considerada de fundamental importância 
para o equilíbrio climático do planeta. 
Por isso, é bastante alentador ver a presidente Dilma Rousseff 
sinalizar sua intenção de vetar a chocante proposta de anistia ao 
desmatamento, que uma vez aprovada funcionaria como senha 
para o avanço do desmatamento, depois de tantos esforços de 
diferentes setores da sociedade para frear esse processo nocivo 
nos últimos anos. A preocupação não poderia ser maior quando 
se sabe que a região precisa mesmo é de uma movimentação em 
direção oposta, ou seja, um reflorestamento agressivo capaz de 
aumentar a margem de segurança e conter o índice de cerca de 
18% de área desmatada já atingida (muito perto, portanto, daqueles 
20% considerados fronteira de um estado de desertificação). 
Também é essencial regulamentar o controle da exploração da 
floresta a partir da esfera federal. Permitir aos estados e municípios 
determinar os limites aceitáveis de desmatamento em seus 
territórios é uma receita para o desastre. Como a cada dois anos 
realizam-se eleições para prefeitos ou governadores no país, tal 
liberdade de decisão em níveis locais significaria abrir espaço para 
toda sorte de influências resultantes de variáveis políticas capazes 
de afetar a floresta amazônica. Esta deve ser manejada como um 
sistema integrado, e por isso tratamentos diferenciados exercitados 
por estados e municípios de acordo com suas conveniências 
transformariam rapidamente a região em um mosaico incontrolável 
e imprevisível. 
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O PaPel das POlíticas Públicas Frente 
aO desenvOlvimentO sustentável Capítulo 5 
O governo federal não pode permitir o desmatamento 
pensando que ampliará e democratizará o acesso à terra, com 
isso gerando um suposto aumento da produtividade do setor 
agropecuário. Isso porque o sucesso dessa atividade econômica 
depende da estabilidade do ecossistema no qual ela está inserida. 
A tese de que a Lei Florestal é injusta para pequenos agricultores 
ignora todas as ações do Incra e da União com relação à política 
de reforma agrária, que por sinal não permite que assentamentos 
se instalem em florestas primárias. 
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), fundação 
pública federal vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da 
Presidência da República, acaba de divulgar estudo que merece 
atenção. Ele revela que, caso a proposta aprovada pela Câmara 
dos Deputados seja implementada, implicará em emissões 
adicionais de uma quantidade entre 18 bilhões e 25 bilhões de 
toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera. Esse retrocesso 
multiplicaria em muitas vezes as emissões atuais do Brasil e 
nos levaria a romper os compromissos de limites voluntários de 
emissão aprovados pelo governo. 
A presidente Dilma Rousseff será certamente reverenciada em 
nível internacional se atuar nessa arena de múltiplos interesses de 
forma a manter a reputação já conquistada pelo país: a de ter um 
dos melhores sistemas de proteção florestal do planeta. Não há por 
que não esperar do Senado brasileiro seriedade e compromisso 
em relação ao tema, o que significa alterar substancialmente a 
versão do Código Florestal aprovada pela Câmara dos Deputados. 
Ao mesmo tempo, não há por que duvidar do papel decisivo 
que terá na moldagem de uma nova proposta o senador Jorge 
Viana, homem cujas raízes repousam na Região Amazônica e 
cuja serenidade certamente contribuirá para produzir um Código 
Florestal à altura do Brasil e da relevância alcançada pelo país no 
cenário global. 
Fonte: Disponível em:<http://oglobo.globo.com/opiniao/
mat/2011/07/07/>. Acesso em: 1 nov. 2011.
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QUINTA SITUAÇÃO
GOVERNO VAI INVESTIR EM PESQUISAS 
VOLTADAS À ECONOMIA VERDE
Enviado por Agostinho Vieira - 28.07.2011, 21h21m
O Ministério da Ciência e Tecnologia vai divulgar nas próximas 
semanas um plano de investimentos em pesquisas voltado à 
economia verde, disse ontem o coordenador-geral de Mudanças 
Climáticas da pasta, Marcos Heil Costa. Ele participou de seminário 
promovido

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