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1ª aula at Origem e princípios

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Primeira Aula – Direito do Trabalho
Marcelo Mingrone
Considerações sobre o trabalho
ANTIGUIDADE - o trabalho apresentava um sentido negativo, sendo visto como um castigo no pensamento clássico grego.
IDADE MÉDIA - FEUDALISMO - servidão - o senhor feudal dava proteção militar e política aos servos, que não tinham liberdade em contraprestação, os servos eram obrigados a entregar parte da produção rural aos senhores feudais .
IDADE MÉDIA - AS CORPORAÇÕES DE OFÍCIO - apresentavam três modalidades de membros, ou seja, os mestres, os companheiros e os aprendizes.
IDADE MODERNA – Pré-Industrial, Revolução Industrial; Ascensão da Burguesia. Ideal da Liberdade. Homem Livre. Liberdade de Contratar. Trabalho assalariado
Degradação do Trabalhador
Em razão das péssimas condições de trabalho, com jornadas excessivas, exploração do labor de mulheres e menores, os trabalhadores começam a se reunir para reivindicar melhorias, inclusive salariais, por meio de sindicatos. 
Algumas Referências Históricas
Estado Liberal – escassa atividade até 1848 +ou-, repressões aos sindicatos; 
rerum novarum e outros temas
Estado Social
A primeira Constituição que dispôs sobre o Direito do Trabalho foi a do México, de 1917, a segunda Constituição a trazer disposições sobre o tema foi a da Alemanha em 1919, com repercussão na Europa
No Brasil
Escravidão e pouquíssima produção legislativa. Locação de serviços (direito civil).
A fase liberal (1ª e 2ª fases) do Direito do Trabalho desde a proclamação da Independência do Brasil até a revolução de 1930 (Era Vargas).
Fase Social- 1º Período (1930 a 1945) – período Getulista – intensa atividade legislativa (criação da Justiça do Trabalho em 1939); criação do salário mínimo (1940), promulgação da CLT (1943). 
2º Período (1946 a 1988) – Neste período o direito do trabalho esteve praticamente inalterado, não obstante se ter experimentado um período de redemocratização e outro de ditadura.
3º Período (1988 até meados de 1990) – observa-se a consagração, em nível constitucional, de inúmeros direitos individuais trabalhistas, e introdução da noção coletiva e autônoma na busca de solução de conflito sociais, não obstante a manutenção do modelo intervencionista ( contribuição sindical obrigatória, unicidade sindical e poder normativo da Justiça do Trabalho).
4º Período (neoliberalismo) – inicia-se em 1990 (Plano Brasil Novo). Neste período, surge a discussão em torno da reforma trabalhista, que deve atender a nova realidade do mundo globalizado e das especificidades da microempresa e de empresas de pequeno porte, em razão de que a partir dos anos 90 do século passado etc. A partir de 1990 foram iniciados processos de terceirização, bem como a discussão em torno de novas formas de contratação e flexibilização do direito do trabalho, além dos impactos das novas tecnologias nas relações de trabalho
Direito do Trabalho
CONCEITO: 
	É o ramo da ciência do direito que tem por objetivo as normas, as instituições jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho em sua estrutura e atividade.
Natureza
Natureza Jurídica do Direito do Trabalho: as normas do Direito do trabalho pertencem ao direito privado.
Há entendimentos em sentido contrário e até mesmo posições com enfoques diferençados (direito social, direito unitário)
Divisão do Direito do Trabalho
DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO
DIREITO COLETIVO DO TRABALHO
Obs. Trata-se de uma divisão tradicional, razão pela qual não afasta outras possíveis, a exemplo de Mauricio Godinho Delgado, adiante exposta.
Direito Individual do Trabalho 
Tem por objeto a relação individual do trabalho. Tem por figura central o contrato de trabalho (início, desenvolvimento e término).
 Direito Coletivo do Trabalho
Tem por objeto os diversos aspectos das relações coletivas de trabalho, com destaque à organização sindical, às negociações coletivas e aos instrumentos normativos decorrentes, bem como, a representação dos trabalhadores nas empresas, nos conflitos coletivos e à greve.
Maurício Godinho Delgado
Divisão da Área Jurídica Trabalhista:
A) Direito Material do Trabalho (Teoria Geral):
A1-Direito Individual do Trabalho. 
A2-Direito Coletivo do Trabalho.
B) Direito Internacional do Trabalho
C) Direito Público do Trabalho
-	Direito Processual do Trabalho.
Direito Administrativo do Trabalho.
Direito Previdenciário e Acidentário do Trabalho.
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO
Princípios e Reforma Trabalhista - Anamatra
A LEI 13.467/2017, DA REFORMA TRABALHISTA, NÃO AFETOU OS FUNDAMENTOS DO DIREITO DO TRABALHO POSITIVADOS NA CLT (ART. 8º), BEM COMO OS PRINCÍPIOS DA PROTEÇÃO (TÍTULOS II A IV), DA PRIMAZIA DA REALIDADE (ARTS. 3º E 442), DA IRRENUNCIABILIDADE (ARTS. 9º E 468), DA NORMA MAIS FAVORÁVEL, DA IMODIFICABILIDADE CONTRATUAL EM PREJUÍZO DO TRABALHADOR (ART. 468), DA SUPREMACIA DO CRÉDITO TRABALHISTA (ARTS. 100 DA CF E 186 DO CTN) E DOS PODERES INQUISITÓRIOS DO JUIZ DO TRABALHO (ART. 765), DENTRE OUTROS, CUJA OBSERVÂNCIA É REQUISITO PARA A VALIDADE DA NORMA JURÍDICA TRABALHISTA
PRINCÍPIOS
Princípios são normas jurídicas?
Orientação ao legislador
Integração
Interpretação
Para Pensar:
Título II, Capítulo II
ART. 7º SÃO DIREITOS DOS TRABALHADORES URBANOS E RURAIS, ALÉM DE OUTROS QUE VISEM À MELHORIA DE SUA CONDIÇÃO SOCIAL:
PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO.
	
	Insere-se na estrutura do Direito do Trabalho, que surgiu de acordo com a história, (i) inicialmente, como forma de impedir a exploração do capital sobre o trabalho humano, (ii) em seguida visando as melhores condições de vida dos trabalhadores e, por fim, (iii) possibilitando aos trabalhadores adquirir status social, noção básica de cidadania. 
Ainda sobre o PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO.
	
 	Este princípio engloba três vertentes
	a) princípio in dúbio pro operário;
	b) princípio da condição mais benéfica;
	c) princípio da norma mais favorável
PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE DE DIREITOS
	
	Não se admite, em tese, que o empregado renuncie, ou seja, abra mão dos direitos assegurados pelo sistema jurídico trabalhista, cujas normas são, em sua grande maioria, revestidas de imperatividade. 
	Obs. As normas que regulam as condições de trabalho não podem ser modificadas livremente pelo empregador. 
	
Atenção para os artigos 9º e 444 da CLT
. Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação.
	Obs. Art. 444. Parágrafo único.  A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se às hipóteses previstas no art. 611-A desta Consolidação, com a mesma eficácia legal e preponderância sobre os instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
- O PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 444 DA CLT, ACRESCIDO PELA LEI 13.467/2017, CONTRARIA OS PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO, AFRONTA A CONSTITUIÇÃO FEDERAL (ARTS. 5º, CAPUT, E 7º, XXXII, ALÉM DE OUTROS) E O SISTEMA INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO AO TRABALHO, ESPECIALMENTE A CONVENÇÃO 111 DA OIT. II - A NEGOCIAÇÃO INDIVIDUAL SOMENTE PODE PREVALECER SOBRE O INSTRUMENTO COLETIVO SE MAIS FAVORÁVEL AO TRABALHADOR E DESDE QUE NÃO CONTRAVENHA AS DISPOSIÇÕES FUNDAMENTAIS DE PROTEÇÃO AO TRABALHO, SOB PENA DE NULIDADE E DE AFRONTA AO PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO (ARTIGO 9º DA CLT C/C O ARTIGO 166, VI, DO CÓDIGO CIVIL). 
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DE EMPREGO.
	
	Tem por objetivo de preservar o contrato de trabalho, fazendo com que se presuma ser o prazo indeterminado e se permita a contratação a prazo certo (prazo determinado) apenas como exceção. A importância desse princípio não tem apenas como objetivo preservar o contrato de trabalho, mas também a sua integração na empresa, favorecendo a qualidade do serviçoprestado. 
	Obs: Agora com a Reforma Trabalhista existe a possibilidade do Contrato de Trabalho Intermitente (vide Art. 452-A). 
 PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE.
 
	Na relação de emprego deve prevalecer a efetiva realidade dos fatos e não eventual forma construída em desacordo com a verdade. 
Princípio da integralidade e da intangibilidade salarial 
 
	Protege o salário de descontos abusivos, assegurando a impenhorabilidade e a posição privilegiada em caso de insolvência do empregador. 
	Descontos previstos em lei como pensão alimentícia, tributos etc. (art. 462, sum 342, OJ SDC 18, SDI 160)
Princípio da não discriminação.
 
	Tem por objetivo assegurar a igualdade de tratamento entre todas as pessoas independentemente da sua nacionalidade, sexo, raça, origem étnica, religião ou crença, deficiência, idade ou orientação sexual. 
 
 Princípio da irredutibilidade de salário
 
Garante que o empregado não tenha seu salário reduzido pelo empregador, durante todo o período que perdurar o seu contrato de trabalho.
Obs. CF 7º. VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; 
Princípio da inalterabilidade das condições contratuais (Inalterabilidade Contratual in pejus).
	
Este princípio, espelhado no princípio geral do Direito Comum, resumido pelo brocardo pacta sunt servanda (os pactos devem ser cumpridos), assume particular e especial feição na área justrabalhista, o que se pode entrever até mesmo pela sua denominação: a intangibilidade contratual restringe-se à proibição de supressão ou redução de direitos e vantagens dos trabalhadores
Princípio da Continuidade da Relação de Emprego, Continuidade da Empresa ou da Preservação da Empresa
Um dos princípios mais modernos do nosso novo processo falimentar é o da preservação da empresa. Pois, a empresa é composta não somente de sócios, mas de empregados que servem para a mão de obra. Este princípio está inteiramente associado ao Direito do Trabalho objetivando a mantença dos postos de trabalho.
Princípio da Boa Fé. 
Empregado e empregador devem pactuar e cumprir o contrato com boa-fé. Este princípio deve ser levado em conta para a aplicação de todos os direitos e obrigações que as partes adquirem como consequência do contrato de trabalho

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