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TUTELA NO DIREITO DO CONSUMIDOR

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AMBRA COLLEGE 
DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IVANI APARECIDA DA S. DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TUTELA NO DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2018 
 
IVANI APARECIDA DA S. DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TUTELA NO DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
Ricardo Marques 
AMBRA COLLEGE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2018 
 
 
TUTELA NO DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
 Dando procedimento aos estudos do direito do consumidor, falemos agora sobre a tutela 
desse direito, é um direito bem antigo e surgiu devidas as necessidades que o consumidor foi 
enfrentando em relação ao fornecedor. Assim traz o autor: 
“A importância da tutela penal reside ao fato de outorgar maior efetividade à defesa 
do consumidor, inibindo procedimentos reprováveis dos infratores e depurando o 
mercado fornecedor, além, é lógico, de punir com detenção, multa ou restrição de 
direitos aqueles que se dedicam a desrespeitar os direitos dos consumidores, 
legalmente estabelecidos, praticando as condutas sancionadas.” (EFING, 2011, 
pág. 307) 
 Como já estudado, não é apenas no Código de Defesa do Consumidor Lei 8.078/1990, 
que o consumidor conquistou a garantia e a segurança de seus direitos na seara consumerista, 
mas é o primeiro que todo consumidor lembra quando se sente prejudicado em alguma questão 
no ato de consumo. 
 Já foi esclarecido também que, o Estado tem o dever de proteger os direitos 
fundamentais e, dessa forma também cuidar da proteção de um indivíduo com relação a outro 
e, também na seara consumerista, assim traz no artigo 5º, inciso XXXII da Constituição Federal 
de 1988; “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;”. 
 
 Assim, a extrema necessidade da inclusão dos institutos do direito administrativos 
econômicos, para que os consumidores pudessem ter de fato a efetiva proteção, com o auxílio 
do Poder Público que deverá atuar como regulador dos conflitos, que sempre existiu e existirá 
nas relações entre os consumidores e os fornecedores, por essa razão é que o Sistema Nacional 
de Defesa do Consumidor (SNDC) e seus órgãos foram criados. 
 
 No que tange a segurança propriamente dita em relação ao consumidor, podemos citar 
o Dec. 2.181, de 20 de março de 1997, que prevê a possibilidade de instituições pertencentes 
aos quadros da Administração Pública, criadas com a finalidade de proteção e defesa do 
consumidor, fiscalizando as relações de consumo, processando as reclamações fundamentadas, 
elaborando, coordenando e executando as políticas do SNDC, bem como aplicarem as sanções 
administrativas previstas no Código de Defesa do Consumidor. 
 
 Todos os órgãos administrativos pertencentes ao Sistema Nacional de Defesa do 
Consumidor devem ser autorizados a exercer as típicas atividades de polícia administrativa, 
embora não sejam considerados órgãos policiais. A aplicação das sanções administrativas 
deverá respeitar o procedimento administrativo, garantindo a igualdade entre os administrados, 
o devido processo legal, a publicidade, o contraditório, a ampla defesa e uma decisão motivada 
(LAZZARINI, 2012). 
 Quanto às Sanções Administrativas, como deixa claro Di Pietro, a Administração 
Pública ao exercer o que lhe compete o poder, tem o papel de regulamentar as leis, e controlar 
a aplicação da mesma, afirmando de forma preventiva, que suas práticas ilegais serão coibidas 
quando constatadas. (2014, pág.124). 
 
 
 O ato de fiscalizar constitui um policiamento administrativo, uma averiguação para 
constatar se está havendo o cumprimento das ordens de polícia, ou a existência de abusos nas 
utilizações de bens e nas atividades privadas. Nas relações de consumo, essa iniciativa 
possibilita a repressão de condutas abusivas do fornecedor, denunciadas pelos consumidores ou 
outros interessados. 
 
 Assim considerando os processos administrativos, instaurado em defesa do consumidor, 
podendo ocasionar sanções administrativas. Sanções essas que estão elencadas no artigo 56 do 
Código de Defesa do Consumidor. 
 
 O Código de Defesa do Consumidor e as relações de consumo reguladas pelas Leis 
8.078 e 8.137 de 1.990 ganharam campo na busca da tutela jurisdicional, esta traz em seu artigo 
7º a preservação da integridade das relações de consumo, assim como aquela, em seus artigos 
61 ao 80, cuidam para que o consumidor não seja prejudicado nessa relação. É pertinente a 
explicação do seguinte texto: 
 
 Relação de consumo é a relação jurídica formada entre fornecedor e consumidor, tendo 
por objeto produto ou serviço... todos os elementos da relação de consumo têm definição e 
caracterização previstas no texto do Código de Defesa do Consumidor. Os sujeitos da relação 
de consumo são os consumidores e os fornecedores, são consumidores: a) as pessoas físicas ou 
jurídicas que adquirem produto ou se utilizam de serviço como destinatárias finais (CDC artigo 
2º caput – conceito padrão); b) a coletividade de pessoas que intervieram ou que propensas a 
intervir na relação de consumo (CDC, art. 2º parágrafo único); c) as vítimas do acidente de 
consumo (COC artigo 17); d) as pessoas expostas às práticas comerciais, publicidade, cobrança 
de dívidas e às práticas contratuais previstas no Código (CDC artigo 29). Observe-se que o 
elemento teleológico "como destinatário final", só integra o conceito-padrão de consumidor 
(CDC 2º caput). São fornecedores todos aqueles que exercem atividade econômica no mercado 
de consumo, como se pode extrair do conceito analítico do (CDC artigo 3º caput). São da 
relação de consumo o produto e o serviço... Produto é todo e qualquer bem, material ou 
imaterial, móvel ou imóvel (CDC artigo 3º § 1º) Serviço é qualquer atividade fornecida no 
mercado de consumo, mediante remuneração, ainda que indireta (CDC artigo 3º § 2º). 
 
 Não se sabe ao certo, mas de alguma maneira o consumidor nem sempre é estimulado 
a denunciar os crimes de consumo contra ele cometidos, ou por achar que de pequena causa e 
não compensa o trabalho que terá com a denúncia e suas consequências, ou porque sabe que a 
justiça muita das vezes é morosa em alguns assuntos, uma vez que, na maioria das vezes, o 
fornecedor prefere pagar as multas ou indenizar o consumidor, depois de grandes e cansativas 
lides na justiça, a que parar com as práticas abusiva e ilegais cometidas. 
 
 Mas mesmo assim o nosso ordenamento não se omitiu em criar leis e formas para coibir 
tais práticas, temos aí nesse aspecto o artigo 61 a 80 do CDC, quando são tutelados via penal 
as relações de consumo, para proteger o consumidor de práticas de crimes contra a sua 
integridade jurídica como a sua vida, segurança e a saúde. 
 
 Na nossa Constituição no artigo 129, III, fala-se nos direitos difusos e os coletivos, mas 
não os explica com mais aprofundamento, foi no Código de Defesa do Consumidor Lei 
8.078/90, que se abriu novos horizontes para as chamadas ações coletivas, que podemos 
caracterizá-las como : 
 
“as ações coletivas pela circunstância de atuar o autor não em defesa de um direito 
próprio, mas em busca de uma tutela que beneficia toda a comunidade ou grandes 
grupos, aos quais compete realmente a titularidade do direito material invocado.” ( 
JUNIOR. 2017, pág. 483). 
 
 É interessante saber que no que diz respeito a proteção coletiva dos direitos individuais, 
homogêneos e difusos, o que conta mesmo seriaa quantidade, ou seja, quanto mais a pessoas 
reivindicarem seus direitos, sejam coletivamente ou individual, o nosso CDC poderá exercer 
cada vez mais suas funções na defesa do consumidor. 
 
 Diante desses pequenos esclarecimentos sobre a tutela no direito do consumidor, 
passamos então a tratar das seguintes questões: 
 
1 - Explique o SNDC (Sistema Nacional de Defesa do Consumidor) (abordando, inclusive 
– mas não somente isso – o conceito, como ele é formado e quais as suas funções. Explique 
cada uma das entidades que integram o SNDC). 
 
 Podemos definir o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor como um conjunto que 
traz todos os entes, até mesmo os que não tem personalidades jurídicas, mas que tenham a 
missão de defender e proteger os interesses dos direitos dos consumidores, assim corrobora o 
autor: 
 
“engloba uma extensão geográfica e cultural e a reunião dos termos “sistema e 
nacional leva à conclusão de que todas as instituições políticas ou sociais que 
exercem algum papel para a consecução dos fins almejados (sejam eles quais forem), 
dentro de um campo pré-fixado (um país), devem 
compor um todo organizado.” (SODRÉ, 2007, pág. 155) 
 
 Com a responsabilidade de desempenhar funções extremamente importantes para o 
equilíbrio entre fornecedores e consumidores. é coordenado pelo Departamento Nacional de 
Defesa do Consumidor (DPDC), órgão federal integrante da Secretaria Nacional de Direito 
Econômico (SNDE), que compõe o Ministério da Justiça (MJ). 
 
 Está regulamentado pelo Decreto Presidencial nº 2.181 de 20 de março de 1997, 
juntamente com a Lei 8078/90 (Código de Defesa do Consumidor); 
 
 É formado pela Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça, 
Ministérios Públicos, Órgãos de Proteção do Consumidor – PROCONs, Departamento de 
Proteção e Defesa do Consumido, a Defensorias Públicas, as Delegacias de Defesa do 
Consumidor, Organizações Civis de Defesa do Consumidor, os Juizados Especiais Cíveis, 
Agências Reguladoras. Que exercem as seguintes funções: 
 
“- Agências Reguladoras: em acordo com a Lei Federal nº 8.987/98, além de poder 
de fiscalização, as agências reguladoras possuem a atribuição de intervenção, 
fixação de preços e até a determinação de extinção de concessão. 
 
- Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor – DPDC: vinculado à 
Secretaria de Direito Econômico – SDE, do Ministério da Justiça, sediado 
em Brasília/DF, tem suas atribuições estabelecidas no artigo 106 do CDC e no 
Decreto nº 2.181/97. 
 
- Defensorias Públicas – órgãos responsáveis pela orientação jurídica, pela 
promoção dos direitos humanos e pela defesa, em todos os graus, judicial e 
extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos 
necessitados. 
 
- Delegacias de Defesa do Consumidor – órgãos das polícias civis, cuja atribuição 
principal é investigar e coibir infração penal ao direito do consumidor. 
 
- Ministérios Públicos – órgãos representados por promotores e procuradores de 
justiça, os quais zelam pela aplicação e respeito das leis, manutenção da ordem 
pública, além da defesa de direitos da coletividade. 
 
- Organizações Civis de Defesa do Consumidor – entidades civis subdivididas em 
Organizações Não Governamentais – ONGs, Organizações da Sociedade Civil de 
interesse Público – OSCIPs, associações e fundações, com devidos estatutos e sem 
fins lucrativos. 
 
- Órgãos de Proteção ao Consumidor – PROCONs, - órgãos do Poder Executivo 
municipal ou estadual destinados à proteção e defesa dos direitos e interesses dos 
consumidores, acompanhando, fiscalizando e conciliando as relações de consumo, 
aplicando diretamente as sanções administrativas àqueles que violarem as normas 
protetivas do consumidor. 
 
- Vide Decreto nº 2.181/97 – Dispõe sobre a organização do Sistema Nacional de 
Defesa do Consumidor; 
 
-Vide, a título exemplificativo, Convênios e Termos de Cooperação Vigentes da 
Agencia Reguladora de Vigilância Sanitária – Anvisa. (decisão administrativa 
proferida pelo PROCON). 
 
Em 1985 foi criado o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor (CNDC), a partir 
do Decreto 91.469 de 24.07.1985, assinado pelo então Presidente da República José 
Sarney. No ano de 1985, a ONU baixou normas sobre a proteção do consumidor 
através da Resolução 39.248 de 16 de abril. 
 
Em agosto de 1996, devido à extinção da SUNAB – Superintendência Nacional de 
Abastecimento, os poderes desta passaram para os PROCONs através do novo 
Sistema Nacional de Defesa do Consumidor – SNDC, constante do Decreto Federal 
nº 2.181/97, de março de 1997.” (AZEVEDO, 2015, Artigo 105). 
 
“- Fórum Nacional de Juizados Especiais: O Fórum Nacional de Juizados Especiais, 
FONAJE, criado em 1997, tem por objetivo, não apenas a reunião de magistrados do 
Sistema de Juizados Especiais, mas também o estudo de projetos legislativos, 
acompanhamento de temas, uniformização de procedimentos e a colaboração com 
os demais poderes Legislativo e Executivo, órgãos púbicos e entidades privadas.” 
(SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR - SNDC). 
 
 E por fim discorre no artigo 3º do Decreto Federal nº 2.181/97 as devidas funções da 
Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça: 
 
“Art. 3o Compete à Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça, a 
coordenação da política do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, cabendo-
lhe: 
I - planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a política nacional de 
proteção e defesa do consumidor; 
II - receber, analisar, avaliar e apurar consultas e denúncias apresentadas por 
entidades representativas ou pessoas jurídicas de direito público ou privado ou por 
consumidores individuais; 
III - prestar aos consumidores orientação permanente sobre seus direitos e 
garantias; 
IV - informar, conscientizar e motivar o consumidor, por intermédio dos 
diferentes meios de comunicação; 
V - solicitar à polícia judiciária a instauração de inquérito para apuração de 
delito contra o consumidor, nos termos da legislação vigente; 
VI - representar ao Ministério Público competente, para fins de adoção de 
medidas processuais, penais e civis, no âmbito de suas atribuições; 
VII - levar ao conhecimento dos órgãos competentes as infrações de ordem 
administrativa que violarem os interesses difusos, coletivos ou individuais dos 
consumidores; 
VIII - solicitar o concurso de órgãos e entidades da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios, bem como auxiliar na fiscalização de preços, 
abastecimento, quantidade e segurança de produtos e serviços; 
IX - incentivar, inclusive com recursos financeiros e outros programas 
especiais, a criação de órgãos públicos estaduais e municipais de defesa do 
consumidor e a formação, pelos cidadãos, de entidades com esse mesmo objetivo; 
X - fiscalizar e aplicar as sanções administrativas previstas na Lei nº 8.078, de 
1990, e em outras normas pertinentes à defesa do consumidor; 
XI - solicitar o concurso de órgãos e entidades de notória especialização 
técnico-científica para a consecução de seus objetivos; 
XII - celebrar convênios e termos de ajustamento de conduta, na forma do § 
6o do art. 5o da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985; 
 XIII - elaborar e divulgar o cadastro nacional de reclamações fundamentadas 
contra fornecedores de produtos e serviços, a que se refere o art. 44 da Lei nº 8.078, 
de 1990; 
XIV - desenvolver outras atividades compatíveis com suas finalidades.” 
2 - Explique as sanções administrativas cabíveis contra violação das normas de consumo 
(inclusive, mas não somente, diferenciandoas sanções objetivas das subjetivas, e tratando 
de sua cumulatividade ou inacumulatividade). 
 As sanções administrativas estão elencadas no artigo 56 do código de defesa do 
consumidor, as quais são usadas para penalizar o fornecedor quando esta viola os direitos do 
consumidor. Assim traz no artigo referido: 
 
“Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme 
o caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal 
e das definidas em normas específicas: 
 I - multa; 
 II - apreensão do produto; 
 III - inutilização do produto; 
 IV - cassação do registro do produto junto ao órgão competente; 
 V - proibição de fabricação do produto; 
 VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço; 
 VII - suspensão temporária de atividade; 
 VIII - revogação de concessão ou permissão de uso; 
 IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade; 
 X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade; 
 XI - intervenção administrativa; 
 XII - imposição de contrapropaganda. 
 Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela 
autoridade administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas 
cumulativamente, inclusive por medida cautelar, antecedente ou incidente de 
procedimento administrativo.” 
 De acordo com o § único supracitado, dependendo da gravidade da infração cometida, 
poderá lhe acrescentar mais de uma penalidade de espécies diferentes, uma vez que, a 
penalidade administrativa não impede a aplicação de outra, isso não inviabiliza a apuração dos 
fatos nas esferas cível e penal. 
 
 Posto que, não se confundem com as sanções que podem resultar dos processos que 
tramitam nestas áreas, de maneira que as sanções impostas através de procedimentos 
administrativos não se constituirá bis in idem diante de outras penalidades resultantes de 
processos cíveis e penais apesar de sua incidência, logo, a cumulatividade de sanções nesses 
casos é perfeitamente possível e legal. Assim corrobora o autor: 
 
“[...] além de sofrer sanções administrativas, o fornecedor poderá ser penalizado nas 
esferas civil e penal, ao mesmo tempo, sem que a cumulação de todas as penas possa 
gerar bis in idem, basicamente pelo fundamento de que cada uma das sanções possui 
natureza distinta da outra.” (BOLZAN, 2013, pág. 491). 
 
 Podem ser classificadas como sanções pecuniárias, objetivas e sanções subjetivas 
vejamos algumas diferenças entre elas: 
- Sanções Pecuniárias - representadas pelas multas aplicadas em razão do inadimplemento dos 
deveres de consumo; previstas no inciso I do artigo 56 do CDC. 
 
“A penalidade mais comum imposta pelos órgãos de Proteção e Defesa do 
Consumidor é a pena de multa que, nos termos do art. 57 CDC, tem como critérios 
estabelecidos para a graduação: a) gravidade da infração; b) vantagem auferida; e 
c) condição econômica do fornecedor. O valor apurado, quando se tratar de 
penalidade imposta pela União deverá ser revertido ao Fundo criado pela Lei 
n.7.347/85 (Lei de Ação Civil Pública), destinado à reconstituição dos bens lesados. 
Quando a penalidade for imposta pelo Município ou pelo Estado, deverá ser revertida 
para os respectivos fundos. Por sua vez, o art. 31 do Decreto. 2181/87 determina, 
que, na falta de fundos municipais, os recursos reverterão em favor dos Estados e, 
na falta desses, em prol do fundo federal. Assim, o dispositivo distingue as infrações 
ou danos de âmbito nacional daqueles de âmbito estadual ou municipal. De acordo 
com o art. 55 do referido decreto, não sendo recolhido o valor da multa em 30 dias, 
será o débito inscrito em dívida ativa do órgão que houver aplicado a sanção, para 
subsequente cobrança executiva. Além de ser uma sanção administrativa corriqueira 
nos Órgãos de Proteção e Defesa do Consumidor, conforme referido anteriormente, 
a multa também se revela a mais usual. (Giselle Carvalho Bessa, 2012, pág. 
5,6,7 e 8) 
 
Sanções Objetivas também chamadas de material - são aquelas que envolvem bens ou serviços 
colocados no mercado de consumo e compreendem a apreensão, inutilização, cassação do 
registro, proibição de fabricação ou suspensão do fornecimento de produtos e serviços; 
previstas no inciso II ao VI do artigo 56 do CDC. 
 
“No art. 58 do CDC há as sanções mais brandas, que geralmente não impedem o 
exercício da atividade, apenas impedem a comercialização do produto ou serviço. 
Dessa forma, nos termos do art. 58, quando o produto ou o serviço apresentar vício 
de quantidade ou qualidade por inadequação - art. 18 a 21 do CDC (ex.: produto 
cujo conteúdo ou medida for inferior às indicações constantes da embalagem) ou por 
insegurança - art. 12 a 14 do CDC (ex.: remédio considerado nocivo à saúde dos 
consumidores), poderão ser apreendidos, inutilizados, ter o fornecimento suspenso 
etc. Deve-se atentar para o fato de que tais medidas serão examinadas por meio de 
processo administrativo em que sejam observados a ampla defesa e o devido processo 
legal, bem como observados os princípios que regem os procedimentos 
administrativos, como por exemplo, a motivação e fundamentação do ato 
administrativo. [...]. 
 
Nesse sentido, não é necessário o fim do processo administrativo para a aplicação 
dessas sanções, visto que o parágrafo único do art. 56 do CDC autoriza referida 
aplicação por medida cautelar, antecedente ou incidente de processo administrativo. 
Importância disso: imagine-se, numa situação hipotética, que existam fundadas 
suspeitas de que determinado remédio tenha causado danos à saúde dos 
consumidores. Se fosse exigido um processo administrativo prévio para, por exemplo, 
apreender o produto ou impedir a sua comercialização, diversos danos poderiam ser 
causados aos consumidores nesse período, caso restasse confirmada a nocividade do 
remédio. (Giselle Carvalho Bessa, 2012, pág. 8,9 e 10) 
Sanções Subjetivas também chamadas de procedimentais - referentes à atividade empresarial 
ou estatal dos fornecedores de bens ou serviços, e compreendem a suspensão temporária da 
atividade, revogação de concessão ou permissão de uso, cassação de licença do estabelecimento 
ou de atividade, interdição total ou parcial de estabelecimento, obra ou atividade, intervenção 
administrativa, inclusive a imposição de contrapropaganda. Previsto nos artigos VI ao XII do 
mesmo diploma legal supracitado. No caso dessas sanções os órgãos administrativos podem 
decidir e executar as aplicações das penas da forma que lhe prover, já que não terão a 
intervenção do Poder Judiciário. 
“Para tanto, o critério utilizado para fundamentar a aplicação dessas sanções foi a 
reincidência na prática das infrações de maior gravidade previstas neste Código e na 
legislação de consumo. Caberá ao juízo determinar se as infrações são de maior 
gravidade ou não diante do caso concreto, fundamentando e classificando a infração, 
de modo a aplicar as sanções, pois a lei foi silente. Ressalta-se que a o fornecedor, 
além de cometer a infração considerada como de maior gravidade, apenas submeter-
se-á às sanções do art. 59 da mencionada legislação se for reincidente. O critério da 
reincidência foi regulamentado pelo Decreto n. 2.181/97 como circunstância 
agravante em seus artigos 26, inciso I e 27. Para efeito da reincidência, não prevalece 
a sanção anterior, se entre a data da decisão administrativa definitiva e aquela 
posterior houver decorrido período de tempo superior a cinco anos. Ademais, o 
infrator somente será considerado reincidente após o trânsito em julgado da sentençacondenatória, caso haja ação judicial discutindo a imposição de penalidade 
administrativa, garantindo assim, os princípios da presunção da inocência e do 
devido processo legal. Para as concessionárias de serviço público, a norma autoriza 
a pena de cassação da concessão quando desrespeitar o contrato pactuado com o 
ente público ou infringir as normas legais. As hipóteses de cassação estão indicadas 
no art. 38, parágrafo primeiro da Lei n. 8.987/95 e devem ser interpretados de modo 
combinado com o CDC, que determina que tais serviços devem ser “adequados, 
eficientes, seguros, e quanto aos essenciais, contínuos” (em seu art. 22). Há hipóteses 
em que não é aconselhável aplicar simplesmente a sanção subjetiva por importar na 
paralisação da atividade do fornecedor. Assim, mesmo em se tratando de infrações 
de maior gravidade, poderá incidir a intervenção administrativa, sem que se 
configure a paralisação da atividade desenvolvida. Na lei 8.987/95, por abordar a 
concessão e permissão dos serviços públicos, tendo em vista o princípio da 
continuidade do serviço público, disposto no art. 22 do CDC, há previsão de tal 
intervenção (art. 32), que deverá ser aplicada pela administração de modo 
discricionário. [...]. 
O art. 60 do CDC com o intuito de desfazer o malefício da publicidade enganosa ou 
abusiva e, com o intuito de melhor proteger os direitos dos consumidores, estipulou 
a imposição de contrapropaganda que será divulgada pelo responsável da mesma 
forma, frequência e dimensão e, preferencialmente, no mesmo veículo, local, espaço 
e horário. Dessa forma, a pena de contra publicidade busca atingir não apenas os 
consumidores já prejudicados, mas também precaver os demais da prática abusiva. 
Outrossim, incidirão os art. 67 do CDC (relativo à infração penal) e 6º do mesmo 
diploma (o qual serve de embasamento para a aplicação das sanções civis). Constata-
se, no parágrafo acima, a atuação do poder de polícia administrativa para proteger 
a coletividade; o apontamento dos eventuais responsáveis pelo ilícito penalmente 
tipificado; e, ainda, a perspectiva de responsabilizar civilmente o agente. Trata-se de 
objetos distintos de tutela9. Por se tratar de direitos difusos, caberá ação coletiva 
postulada pelos legitimados do art. 82 do CDC para a obtenção de sentença 
condenatória obrigando o fornecedor que patrocinou a publicidade enganosa ou 
abusiva, a efetuar a contrapropaganda.” (Giselle Carvalho Bessa, 2012, pág. 
10,11,12 e 13). 
 
 Contudo, é importante salientar que, as sanções administrativas têm a função de alertar 
e punir o indivíduo infrator, seja de forma preventiva, para que o ato ilícito contra o direito do 
consumidor não ocorra, ou quando o direito já foi lesado, punindo o fornecedor. 
 
3 -Explique as características e as classificações dos crimes contra as relações de consumo 
e as circunstâncias agravantes. 
 No tocante às relações de consumo, o bem tutelado na esfera penal está assegurado pelo 
CDC/90 no artigo 6º em relação aos diretos básicos do consumidor. Mas são nos artigos 61ao 
80 que explicita com maior abrangência sobre o assunto; crimes contra o direito do consumidor. 
Para o autor: 
“A importância da tutela penal reside no fato de outorgar maior efetividade à defesa 
do consumidor, inibindo procedimento reprováveis dos infratores e depurando o 
mercado fornecedor, além, é lógico, de punir criminalmente, com detenção , multa 
ou restrição de direitos (CDC, artigo 78),” (ALMEIDA, 2003, pág. 164). 
 Podemos classificar de acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC/90) os 
seguintes crimes contra o consumidor: 
 Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou 
periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invólucros, recipientes ou 
publicidade: 
 Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa. 
 § 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante 
recomendações escritas ostensivas, sobre a periculosidade do serviço a ser prestado. 
 § 2° Se o crime é culposo: 
 Pena Detenção de um a seis meses ou multa. 
 Aqui esclarece o CDC na intenção de proteger a coletividade em sua integridade, o fato 
de o fornecedor não expor com toda clareza a nocividade e periculosidade de serviços ou 
produtos, e também sua penalidade, de maneira em que seja de fácil entendimento para o 
consumidor, assim como também traz no artigo 7º da Lei nº 8.137/90. 
 Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a 
nocividade ou periculosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua 
colocação no mercado: 
 Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa. 
 Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de retirar do 
mercado, imediatamente quando determinado pela autoridade competente, os 
produtos nocivos ou perigosos, na forma deste artigo. 
 Aqui temos o conhecimento do defeito de fabricação e a periculosidade do produto, 
mesmo que só tenha conhecido o defeito após colocar o produto a disposição do consumidor, 
mas ainda assim se tornando omisso por não comunicar ao consumidor e as autoridades 
responsáveis. Ainda que o fornecedor não retirar o produto de circulação, após ser penalizado 
pela autoridade responsável, sofrerá outro tipo penal, assim como no artigo 6º, I e III e também 
o artigo 31 do CDC. 
 Art. 65. Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando 
determinação de autoridade competente: 
 Pena Detenção de seis meses a dois anos e multa. 
 § 1º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à 
lesão corporal e à morte. 
 § 2º A prática do disposto no inciso XIV do art. 39 desta Lei também caracteriza 
o crime previsto no caput deste artigo. 
 Neste caso, mesmo com a imprecisão da intenção do legislador, que não deixa claro 
quem é a autoridade aqui afalada, não especifica o serviço de alto grau de periculosidade e 
também sobre a configuração do terceiro elemento aqui falado, a conduta da execução do 
serviço, entendo que, a criação de uma outra norma, seria necessário para que ficasse mais claro 
a verdadeira intenção do legislador, que seria a proteção dos consumidores que ao contratarem 
um serviço de alto grau de periculosidade não seja em conformidade com determinações de 
autoridade competente. 
 Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante 
sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, 
desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços: 
 Pena - Detenção de três meses a um ano e multa. 
 § 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta. 
 § 2º Se o crime é culposo; 
 Pena Detenção de um a seis meses ou multa. 
 Traz aqui o entendimento de “punir o comerciante que habitual e dolosamente faz afirmação falsa, 
vende ou emite informação errônea sobre os seus produtos visando aumentar seus lucros, em detrimento e 
ocasionando prejuízos evidentes para o consumidor” (Acórdão nº 107404, Relator: VAZ DE MELLO 
2ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 25/06/1998, Publicado no DJU SEÇÃO 3: 10/09/1998. 
Pág.: 54). 
 Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa 
ou abusiva: 
 Pena Detenção de três meses a um ano e multa. 
 Parágrafo único. (Vetado). 
 Aqui há uma pequena confusão, uma vez que, trata-se de um crime doloso, mas ao 
mesmo tempo o legislador diz que não há dolo, já que a frase “deveria saber” abre precedentes 
ao não esclarecimento de quem seja de fato o indivíduo enganado, umavez que, tem-se que 
identificar a vítima, para que então possa ser o fato considerado. 
Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de 
induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde 
ou segurança: 
 Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa: 
 Parágrafo único. (Vetado). 
 Aqui o legislador não deixou de cuidar da saúde e segurança do consumidor, porém, 
não demonstra uma conduta dolosa, mas se aproxima do dolo, já que aqui também se pronuncia 
“deveria saber”, tratando de uma publicidade abusiva que seja capaz de induzir o consumidor 
a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança, mas o presente 
dispositivo somente será ativado quando a propaganda induzir o comportamento de fato do 
consumidor de maneira que coloque em risco a saúde ou segurança do mesmo. No artigo 37 do 
CDC explicita muito bem o sentido dessa interpretação. 
 Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à 
publicidade: 
 Pena Detenção de um a seis meses ou multa. 
 Aqui a conduta omissa torna crime a falta de embasamento daquele que promove 
publicidade aos consumidores, assim como também impera o arrigo 36, § único do mesmo 
diploma legal, “Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu 
poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à 
mensagem. mas que não possuam a organização de dados que consiga provar que essas 
informações são verdadeiras. 
 Art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça ou componentes de reposição 
usados, sem autorização do consumidor: 
 Pena Detenção de três meses a um ano e multa. 
 Fica claro que o crime aqui tipificado é de peças não novas em reparos, no caso de não 
haver autorização do consumidor, Assim corrobora o artigo 21 do CDC “No fornecimento de 
serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer produto considerar-se-á implícita a obrigação do 
fornecedor de empregar componentes de reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as 
especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização em contrário do consumidor.” 
No entanto, no artigo penal o legislador apenas disciplinou a proibição de utilização de peças 
usadas para reparar produtos, sem que haja autorização do consumidor. Não nos esquecendo, a 
autorização deve ser prévia e expressa, porém, a lei não faz nenhuma exigência de que seja 
escrita. 
 Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico 
ou moral, afirmações falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro 
procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira 
com seu trabalho, descanso ou lazer: 
 Pena Detenção de três meses a um ano e multa. 
 Aqui não se fala em proibição de cobrança ao consumidor pelo fornecedor, mas apenas 
que se tenha controle, limites nessa ação, para que assim não vem a acontecer a cobrança 
abusiva. Assim o consumidor, uma vez inadimplente, não correrá o risco de ser exposto ao 
ridículo, ou situação vexatória 
 Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às informações que sobre 
ele constem em cadastros, banco de dados, fichas e registros: 
 Pena Detenção de seis meses a um ano ou multa. 
 Independentemente de ser verdade ou não o teor dessas informações, o caso aqui é o 
impedimento ou a dificuldade do acesso, entende-se então que, o fornecedor não poderá cobrar 
por essas informações, poderá no máximo estipular um prazo para que as mesmas, sejam 
disponibilizadas ao consumidor. É tipificado de forma dolosa. 
 
Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação sobre consumidor constante de 
cadastro, banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata: 
 Pena Detenção de um a seis meses ou multa. 
 O credor pode até negativar o devedor, desde que as informações levadas aos órgãos de 
proteção ao crédito estejam corretas. É direito do consumidor exigir que qualquer informação 
falsa sobre seus dados cadastrais seja corrigida imediatamente, e terá cinco dias para comunicar 
as alterações aos eventuais destinatários, assim assegura os artigos. 43 ,§3º, CDC. É um 
considerado um crime de modalidade dolosa 
Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente 
preenchido e com especificação clara de seu conteúdo; 
 Pena Detenção de um a seis meses ou multa. 
 Como não há obrigatoriedade da garantia contratual, de acordo com o artigo 50 do 
CDC: “A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito”., não poderá 
ser o fornecedor ser punido por não oferece-la, uma vez que, ao consumidor lhe é dado o direito 
da garantia legal, sendo aquela apenas um complemento e que deverá ser entregue, e quando 
entregue necessariamente escrita, contendo o objeto da garantia, a forma, o prazo e o lugar em 
que poderá ser exercido. Logo classifica-se como um crime omissivo próprio de mera conduta, 
uma vez que, o fornecedor se omite em entregar o termo de garantia ou, entregando-o não o 
preenche devidamente, ou não o esclarece de forma a entender do consumidor, ou o fornecedor 
deixe de entregar simplesmente, configurando o crime. 
 
 Em relação as circunstancias, definimos circunstancias na visão do autor Damásio. E. de 
Jesus: “as circunstancias são determinados dados acessórios que, agregados a figura típica fundamental, 
aumentam ou diminuem a pena” (DOUTRINA – DIREITO PENAL). 
 São chamadas de atenuantes e agravantes, esta leva essa denominação por agravar, 
piorar, acrescentar quando presente no fato delituoso do réu, aumentando a pena já imposta, 
mas sem ultrapassar o limite dado pela lei no tipo penal, e aquela, seria o contrário, tendem a 
diminuir a pena já imposta, mas também não podem ultrapassar o limite conceituado pela lei 
no tipo penal. Aqui vamos nos ater as circunstâncias agravantes. 
 São estipuladas no artigo do Código de Defesa do Consumidor: 
“Artigo 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados neste código: 
 I - serem cometidos em época de grave crise econômica ou por ocasião de 
calamidade; 
 Neste inciso explica-se que, agrava a situação do consumidor quando o fornecedor par 
que não fique no prejuízo em situação que os produtos se tornem escassos, tendem a aumentar 
os preços deliberada e exorbitadamente, ou em situação de calamidade, ou seja, quando as 
chuvas estão em demasia e os produtos tendem a sumir e também a aumentar de preço, ou ainda 
em caso de contaminação dos rios, quando os peixes e frutos do mar tendem a ficar em elevada 
procura e o aumento de preço estarrecedor. 
 II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo; 
 Aqui os danos são mesmo apenas para consumidor descartando os crimes de perigo. 
 III - dissimular-se a natureza ilícita do procedimento; 
 Aqui trata-se de o fornecedor ludibriar de alguma maneira o consumidor, escondendo 
os defeitos de um produto ou prestando de maneira defeituosa o serviço 
 IV - quando cometidos: 
 Temos aqui situação para ambas as partes, tanto o agente quanto á vítima; 
a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição econômico-social seja 
manifestamente superior à da vítima; 
 No caso do servidor público, o legislador considerou situação agravante o fato de ser um servidor público 
no exercício de sua função, cometer efetivamente crime contra o consumidor.b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de dezoito ou maior de 
sessenta anos ou de pessoas portadoras de deficiência mental interditadas ou 
não; 
 Neste caso, levou em consideração o legislador o fato de serem de nível inferior à do fornecedor, sendo o 
crime cometido ao menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, mesmos eles acompanhados de filhos, 
país, noras ou genros, o agravante é considerado. 
V - serem praticados em operações que envolvam alimentos, medicamentos ou 
quaisquer outros produtos ou serviços essenciais. 
 Alimentos e medicamentos são produtos ligados diretamente com a saúde e a vida do 
consumidor, tanto uma quanto a outra tem proteção direta na lei, sendo, portanto, alguns de 
seus direitos básicos reservados no artigo 6º do CDC. Só por essa razão entende-se que o 
legislador considera agravante do delito a operação que envolva alimentos e medicamentos e 
até os produtos essenciais, água, energia elétrica etc..., protegendo então a integridade física do 
consumidor contra os fornecedores que distribuir tais produtos deteriorados e com prazo de 
validade vencido. 
 Entendo que essas situações agravantes que o Código de Defesa do Consumidor 
relaciona, serve para nada mais nada menos que em agravar os crimes já explicitados acima e 
assim cuidar para que o consumidor como hipossuficiente é, ao ser atacado por fornecedores 
que tem a intenção apenas de ludibriar com suas ofertas enganosas, venham ocasionar maior 
dano, seja ele material ou até mesmo moral. 
4 - Quais são os requisitos processuais para uma ação coletiva de consumo? E suas 
características? De quem é a legitimidade ativa? Explique suas respostas. 
 
 Os requisitos processuais para que se possa ter uma ação coletiva de consumo são as 
que estão descritas claramente no artigo 81, I, II, III § único: 
 
“Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá 
ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. 
 
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: 
 
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste Código, os 
transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas 
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;” 
 
 Esses são aqueles direitos em que os titulares não são determináveis, sujeitos 
passivos, não possuem relação jurídica, seu bem jurídico protegido é indivisível. 
 
“II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste Código, 
os transindividuais de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou 
classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação 
jurídica base;” 
 
 Os titulares são indetermináveis, mas podem ser também determináveis de acordo 
com a verificação do direito em questão, exemplificando: a educação oferecida por uma 
instituição, o direito a boa educação é de todos os alunos indistintamente, mas recai a cada 
aluno de forma particular, sujeito passivo, podem ter duas relações jurídicas base, que unem 
os sujeitos passivos aos ativos, o bem jurídico protegido é indivisível. 
 
“III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os 
decorrentes de origem comum." 
 
 Aqui os sujeitos são determináveis e mais de um, sujeito passivo, tem relação 
jurídica, de objeto divisível, e podem também ser considerado direitos coletivos. 
 
 De acordo com o mesmo diploma legal, no artigo 82, especifica bem quem tem 
legitimidade ativa em juízo os seguintes entes legalmente determinados: 
“Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente; 
 I - o Ministério Público,” 
 Esse ente deverá atuar como fiscal da lei, salvo quando não for parte na lide, uma vez 
que, sendo sua função essencial e salvaguardado pela constituição em seu artigo 129, III. 
 “ II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;” 
 Estes não podiam faltar nesta função, uma vez que, também tem a responsabilidade de 
cuidar da ordem econômica pelo direito do consumidor. E há entendimentos que a União, 
poderá atuar na tutela de interesses regionais, já que, trata-se de questões regionais, caso 
venham seus cole-gitimados se omitir em alguma questão. 
“III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que 
sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e 
direitos protegidos por este código;” 
 Com relação a esses órgãos, podemos incluir o Procon, como já explicado anteriormente é 
um órgão muito ativo junto a defesa do consumidor, agindo também na esfera judicial. E também 
já mencionado neste trabalho, essas entidades e órgãos da administração pública direta ou 
indiretamente com ou sem personalidade jurídica atuam com esmero na defesa de consumidores. 
 “IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam 
entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este 
código, dispensada a autorização assemblear.” 
 Ainda na nossa Constituição Federal, em seu artigo 5º, XVII, XVIII, XIX, XX e XXI, 
dispensa-se transcrevê-los aqui, juntamente com o entendimento dos artigos 170, V e 174, § 2º 
que esclarece que a lei apoia e estimula o cooperativismo e outras formas de associativismos. 
 Confirmando também no artigo 82, IV do CDC, pode ser considerado também os 
sindicados, cooperativas e as demais formas associativas, desde que preceituados os seus 
requisitos em lei, com a finalidade da defesa dos interesses e direitos do consumidor e dispensa 
autorização assemblear para a sua a legitimação. 
 
 É interessante saber que no que diz respeito a proteção coletiva dos direitos individuais, 
homogêneos e difusos, o que conta mesmo seria a quantidade, ou seja, quanto mais a pessoas 
reivindicarem seus direitos, sejam coletivamente ou individual, o nosso CDC poderá exercer 
cada vez mais suas funções na defesa do consumidor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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