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Resumo da Aula 01 – A Crise do Estado de Bem-Estar Social
Após a Segunda Guerra Mundial, houve uma expansão dos mercados em uma grande escala sob a hegemonia e a pressão do mercado norte-americano e, também, houve um período de crescimento do Estado na Europa e no restante do mundo. Esse lance ocorrido na Europa Ocidental e na América do Norte é chamado de Estado de bem-estar social.
Segundo Wood (2001:12), o capitalismo é um sistema onde os bens e serviços são produzidos para fins de troca lucrativa; onde a capacidade humana de trabalho é uma mercadoria à venda no mercado. Acima de tudo, o capitalismo é um sistema marcado por trabalhadores sem posses, obrigados a vender sua mão-de-obra por um salário, a fim de obter acesso aos meios de subsistências.
O Estado de bem-estar social foi uma política do capitalismo no pós-guerra, ela teve como objetivo recuperar a Europa devastada pela Segunda Guerra Mundial. Seu desenvolvimento está relacionado ao processo de industrialização e aos problemas sociais gerados a partir dele. Paralelamente à prestação de serviços sociais, o Estado de bem-estar social passou a intervir fortemente na área econômica, de modo a regulamentar praticamente todas as atividades produtivas com a proposta de geração de riquezas materiais para atender ao lucro capitalista, e também, para a diminuição das desigualdades sociais com o objetivo de desmobilizar a classe trabalhadora.
Porém, nos anos de 1970 e 80, o Estado de bem-estar social sofreu uma mudança radical. Tal mudança está relacionada à transformação das relações entre mercados e empresas, e entre os Estados e os mercados. Nesse período ocorre um efeito de desindustrialização, e a produção acaba que desaquecendo. Com esse desaquecimento e mais o crescimento do mercado financeiro, houve uma dependência dos Estados Nacionais que passaram a necessitar da confiança desses mercados para implementar sua política.
No fim do século XX, os países desenvolvidos no mundo capitalista se encontravam mais ricos e mais produtivos do que no início da década de 1970, e a economia global estava imensamente mais dinâmica. Por um outro lado, a Africa, a Asia Ocidental e a América Latina estavam na margem da pobreza e da queda da produção. Os países socialistas, apesar de apresentarem um pequeno crescimento econômico nos anos 80, não resistiram ao processo de desindustrialização, caracterizado pelas “novas formas de produção, pelo desenvolvimento da economia de serviços e pelas novas formas de gerenciamento empresarial” (cf. Therborn, 1999:45). Podemos ver também que até mesmo nos países capitalistas, as diferenças sociais se aprofundaram ocasionando a presença de milhares de pessoas nas ruas, sem ter onde morar.
A Ascensão do Neoliberalismo – Nos anos 90, essa crise capitalista da época não dava mais pra suportar. Esse lance favoreceu a crítica dos economistas conservadores, neoliberais, que há tempos vinham combatendo o Estado de Bem-estar social. Os neoliberais afirmavam que a economia e a política do Estado Keynesiano, baseado no pleno emprego, altos salários e nos direitos sociais, impediam o controle da inflação e o corte de custos, tanto no governo quanto nas empresas privadas. Para eles, só o livre mercado seria capaz de fomentar a distribuição da riqueza e da renda. Os neoliberais passaram a defender a privatização dos serviços públicos para aliviar o Estado e tornar esses serviços competitivos no mercado, seguindo os preceitos do Consenso de Washington que era um aparente acordo global que foi penetrando nas administrações governamentais latino-americanas, e aplicava um conjunto de reformas orientadas para garantir um rigoroso programa de ajuste econômico como produto da chamada crise da dívida.
 
Resumo da Aula 02 – Evolução Histórica da Política Educacional e Seus Reflexos
A necessidade de uma Constituição nasceu no momento em que o Brasil tornou-se independente de Portugal. Após a disputa entre a elite brasileira e os interesses portugueses, a primeira Carta Magna brasileira foi outorgada pelo Imperador D. Pedro I. A Carta Magna estabelecia a gratuidade do ensino primário, porém não indicava as condições para que essa situação se concretizasse, consequentemente a população mantinha-se afastada das salas de aula e, por conseguinte, durante muito tempo as taxas do analfabetismo apresentavam-se bem elevadas.
A República proclamada em 1889 mudou o regime político no país, exigindo a elaboração de um novo texto constitucional – a Carta Magna de 1891. A República que debatia por muito tempo sobre a questão da sociedade, não trouxe melhoria de condições para a maioria da população que se manteve em condições de miséria, e em grande parte distante do processo de escolarização.
A Constituição de 1934 – Longos debates entre educadores e um movimento social crescente começava a invadir a sociedade brasileira, exigindo reformas no país, sobretudo no campo educacional, a partir dos anos 20. Foi levantada o Ministério da Educação como resultado da pressão do movimento conhecido como Escola Nova. A Constituição de 1934 estabeleceu o direito de todos à educação, e, a obrigatoriedade e gratuidade do ensino primário, além de vincular recursos a serem aplicados para o desenvolvimento do ensino público. Podemos dizer que, em termos de educação, o texto constitucional de 1934, respondia, em grande parte, aos anseios da época.
A Constituição do Estado Novo (1937) – O Estado Novo foi o nome dado por Getúlio Vargas à ditadura que instalou no Brasil a partir de 1937, que correspondeu a um longo período de autoritarismo e repressão. As conquistas da Constituição de 1934 foram totalmente abandonadas na nova lei. A Constituição de 1937 faz com que a educação deixa de ser considerada um direito de todos. Ela manteve a obrigatoriedade e a gratuidade do ensino primário, entretanto sem criar mecanismos para que fossem cumpridas, além de instituir a cobrança de uma taxa, chamada de caixa escolar, para aqueles que não pudessem comprovar a pobreza, que daria direito à gratuidade.
A Constituição de 1946 – Em 1945, a longa Era Vargas chega ao fim e uma nova Carta Constitucional foi redigida para acompanhar os novos tempos. Na área da educação, o antigo debate dos Pioneiros de 1932 é recuperado em relação a alguns temas. Nesta Constituição é restabelecido o ensino como um direito de todos os brasileiros, livre à iniciativa particular. Estabeleceu, ainda, o ensino primário como obrigatório e gratuito, além de ter reservado recursos do orçamento para a sua manutenção. As discussões levantadas pela Escola Nova nos anos de 1920 e 1930 foram levantadas e repercutidas no Brasil através do Manifesto de 1932. A Constituição de 1946 também determinou que fosse elaborada uma legislação específica que aprofundasse o tema e estabelecesse as diretrizes e as bases da educação brasileira.
 
Resumo da Aula 03 – O Sentido da Lei No 4024/61: A Elaboração da Primeira Lei de Diretrizes e Bases
Voltaremos para a Constituição de 1946 onde desencadeou a elaboração da Lei 4024/61, que foi a primeira LDB que o Brasil produziu. Esse momento foi marcado pelo fim da Era Vargas entre os anos de 1930 à 1945. A retomada de práticas democráticas, sobretudo as parlamentares, permitiu um alongado debate sobre a legislação educacional do país. A elaboração da primeira LDB que o Brasil conheceu demorou muitos anos. Na verdade, esse processo pode ser dividido em dois períodos:
Primeiro Período – Caracterizada pelo conflito partidário entre dois políticos, cujas trajetórias sempre tiveram vinculadas à educação. De um lado encontrava-se o Ministro do governo ora no poder, o Sr. Clemente Mariani que era filiado à UDN (União Democrática Nacional), partido ligado a setores conservadores, articulado às classes média e alta do país e à burguesia internacional, e de oposição às forças de Vargas. E do outro lado o ex-Ministro da Educação do Estado Novo, Deputado Gustavo Capanema, filiado ao PSD (Partido Social Democrático), apoiado pelas forças getulistas. O Ministro Mariani representando os interessesdo governo, apresentou um projeto que possuía características descentralizadoras, que se chocou com os argumentos do deputado Gustavo Capanema, que propunha um sistema de ensino centralizador. O deputado redigiu um parecer que acabou por levar o projeto ao arquivamento. Essa disputa foi adiada por alguns anos e retomada em 1957 através da apresentação em plenário do projeto de lei conhecido como “Substitutivo Lacerda”.
Segundo Período – O segundo período é marcado por Carlos Lacerda e Anísio Teixeira. O Deputado Carlos Lacerda encampou a proposta dos representantes das escolas particulares, sobretudo os colégios profissionais, que sob o lema da liberdade do ensino, defendiam os interesses privatistas, reivindicando a aplicação de recursos públicos para a manutenção de escolas públicas quanto de particulares. Do outro lado, em torno das defesas de verbas públicas exclusivamente para escolas públicas, se colocaram educadores e intelectuais. Além do já citado Anísio Teixeira, também estavam incluídos Fernando de Azevedo, Florestan Fernandes, entre outros. Eles articularam e publicaram um outro Manifesto de Educadores no ano de 1959, intitulado “Mais uma vez convocados”. O famoso documento recuperou em partes as ideias do movimento de 1932, defendendo, destacadamente, a obrigatoriedade e a gratuidade do ensino primário.
A Primeira Lei de Diretrizes e Bases – O texto aprovado pelo Congresso Nacional em 1961 representou em parte a vitória dos setores privatistas, pois a lei permitia a transferência para as escolas particulares de recursos públicos, contrariando a proposta da “Campanha em defesa da Escola Pública”. A lei instituía a educação como um direito de todos e estruturava o ensino em: Pré-escola (escolas maternais e jardins de infância), Ensino Primário (frequência obrigatória, curso de 4 anos, podendo chegar a 6 anos), Ensino Médio (dividido em ginásio e colegial). O Ensino Médio compunha-se em ginásio (4 anos) e o colegial (3 anos), que correspondiam ao ensino secundário e o técnico (agrícola, comercial, industrial e normal).
A LDB tinha como seus principais títulos os seguintes: Dos fins da educação (desenvolvimento e formação do cidadão); Dos direitos à educação (direito de todo cidadão, cabendo a família a escolha do tipo de educação a ser oferecida); Da liberdade de ensino (todos tinham o direito a transmitir seus conhecimentos); Da administração do ensino (cabe ao MEC exercer as atribuições do poder público federal); Dos sistemas de ensino (criou os sistemas de ensino federal, estadual e municipal); Dos recursos para a educação (aplicados nas escolas públicas, abrindo espaço para o setor privado);
 
Resumo da Aula 04 – As Reformas Educacionais da Ditadura Militar
Logo após a promulgação da primeira Lei de Diretrizes e Bases, o Brasil mergulhou em um novo momento político quando se instalou, em 1º de abril de 1964, a Ditadura Militar. Foram anos de perseguições contra opositores, cassando e torturando políticos, impedindo movimentos sociais, inclusive a organização de estudantes que lutavam contra a ditadura. Nesse contexto, uma nova Constituição é redigida e outorgada à sociedade pelo governo militar. Nesta nova carta, os direitos dos cidadãos são restringidos, o Executivo Federal concentrava poderes, além de ser eleito de forma indireta pelo Congresso Nacional.
Esse momento histórico exigiu alterações na legislação educacional. Não foi elaborada nova Lei de Diretrizes e Bases, mas sim duas leis que reformaram alguns aspectos da LDB vigente. Tais diretrizes estabelecidas pela lei 4024/61 não foram alteradas, demonstrando a continuidade da ordem socioeconômica mantida pela ditadura.
A lei 5540/68 – A reforma do ensino superior tinha por finalidade a desmobilização dos estudantes universitários. Foi instituído o sistema de créditos que obrigava os alunos a realizarem a matrícula por disciplinas, o que impedia a formação de grupos nas mesmas turmas, como no tradicional curso seriado, dificultando a organização de grupos de pressão. A repressão aos estudantes foi uma ação constante ao longo desse período. A lei 5540/68 também determinou que as disciplinas passassem a ser agrupadas por departamentos, deixando de se organizar por cursos, reforçando o caráter da fragmentação. O vestibular foi unificado, desarmando as crescentes demandas, sobretudo dos estudantes secundaristas, por mais vagas nas universidades públicas.
A lei 5692/71 – Essa lei é erroneamente chamada de lei de diretrizes e bases. Ela se refere exclusivamente a dois segmentos da educação que correspondem ao que nos dias atuais chamamos de educação básica. A referida lei foi criada por um grupo de trabalho instituído pelo Presidente Médici, que tinha por objetivo adequar o ensino ao momento político instaurado pela Ditadura de 1964, e às necessidades sociais e econômicas que o governo militar se empenhava em garantir.
Em linhas gerais, a lei 5692/71 criou a estrutura de ensino que se organizava em 1º e 2º graus. O primeiro grau passou a abranger os antigos ensinos primário e ginásio, atendendo as crianças dos 7 aos 14 anos. Ampliou, então, a obrigatoriedade escolar de quatro para oito anos. Em seguida, a lei transformou o antigo curso secundário em ensino de 2º grau, nivelando todos os cursos, e possibilitando que qualquer concluinte pudesse prestar vestibular para qualquer área universitária. E, também, o 2º grau tornou-se obrigatoriamente profissionalizante restringindo em grande parte às escolas públicas. Já as escolas particulares mantiveram, em sua maioria, o ensino propedêutico, até a revogação da obrigatoriedade do ensino profissionalizante.
A lei 5692/71 também oficializou o ensino supletivo. O ensino profissionalizante tinha o objetivo de atender à formação de mão-de-obra no sentido de garantir o suporte para a ampliação do parque industrial brasileiro, em resposta aos preceitos liberais de divisão internacional do trabalho. A lei também introduziu algumas propostas que contribuíram para o debate pedagógico:
Integração Horizontal: buscava eliminar a diferença entre os antigos ramos de ensino agrícola, comercial, industrial e normal, articulando as várias áreas do conhecimento, no interior de cada série;
Integração Vertical: a lei previa a integração vertical entre os dois graus (o primeiro e o segundo segmento do 1º grau) e entre todas as séries de ensino das atividades, áreas de estudo e disciplinas, com o propósito de garantir um trabalho de continuidade desde a 1ª série do 1º grau até a última série do 2º grau;
Valorização do Magistério: Foi citada especialmente buscando a crescente profissionalização dos professores, o aperfeiçoamento daqueles já formados, e adequando os vencimentos salariais segundo os critérios do nível de formação, ao contrário do nível que ministrava.
 
Resumo da Aula 05 – A Política Educacional Brasileira na Transição Democrática: A Carta de 1988
A Constituição foi elaborada em um momento político bem característico, pois correspondia a uma grande mobilização popular que, diante do fim de um longo período ditatorial, exigia efetivas transformações na sociedade. O seu conteúdo apresentou a igualdade de direitos entre homens e mulheres, o voto do analfabeto, o voto aos 16 anos, o racismo tratado como crime, além de por fim à censura. A educação foi apresentada como um dos muitos outros direitos sociais (Artigo 6º). Também foi conquistado os direitos de Habeas-corpus, onde assegurava a reparação ou prevenção do direito de ir e vir, constrangido por ilegalidade ou por abuso de poder. O Habeas-data que garante ao cidadão o acesso às informações a seu respeito; o mandado de segurança que protege o cidadão quando seus direitos estão prestes a ser desrespeitados por uma instituição; o mandado de injunção que assegura o exercício de um direito garantido pela Constituição; e a ação popular que tem como objetivo anular ato lesivo ao patrimônio público e punir seus responsáveis.
No primeiro artigo, a Carta Constitucional estabelece a educação como direito de todos e dever do Estado e da família.É interessante notar como o dever do Estado precede o da família, o que realmente demonstra a importância do poder público em garantir ensino para a população: “Art. 205 – A educação, direito de todos e dever do Estado e da família…“.
O artigo 205 dispõe sobre as finalidades da educação, que estão em consonância com a Declaração da Conferência da Venezuela (1971), na qual fora estabelecido que: “O conteúdo da educação exige uma revisão profunda orientada para a formação integral que abranja a totalidade do homem, sendo injusto e prejudicial à sociedade que a pessoa se frustre, ou seja, privada das possibilidades de desenvolvimento e afirmação que toda educação deve promover.” (apud Santos, 2003, p.33).
No artigo 206, os princípios de ensino foram especificados: a garantia de igualdade de acesso e permanência à escola; Liberdade de ensinar e aprender; Gratuidade nas escolas públicas; Valorização dos profissionais da educação, que inclui plano de carreira e piso salarial para o magistério;
No artigo 208 é especificado a obrigatoriedade e gratuidade do ensino fundamental como ação complementar ao dever do Estado, estendendo a todos aqueles que não tiveram oportunidade de estudar na infância.
O Papel de Cada Esfera – A União, estados, distrito federal e municípios devem proporcionar o acesso à cultura, à educação e à ciência, e que todas as esferas têm competência para legislar sobre educação, desde que respeitadas as diretrizes e bases fixadas em seu texto. Apresenta, ainda, como dos municípios, a prioridade quanto á responsabilidade de manter programas para os níveis pré-escolar e ensino fundamental (cabendo à União complementar recursos, em casos de dificuldades dos municípios).
A Constituição de 1988 também assegura o direito à educação dos povos indígenas, garantindo que o ensino se realize em língua materna e na língua portuguesa, permitindo a integração dos povos à sociedade brasileira, preservando sua cultura. A Constituição também estabelece que cabe a União aplicar no mínimo 18% das verbas públicas, enquanto que os municípios e estados devem investir no mínimo 25% cada. Essa vinculação nos recursos torna-se um avanço, pois predetermina uma parcela do orçamento que deve ser aplicada em educação.
 
Resumo da Aula 06 – O Significado do Estatuto da Criança e do Adolescente
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi o resultado de um longo debate travado na sociedade brasileira, que se iniciou em 1979 com a elaboração do Colégio de Menores, e que ganhou um novo impulso com a promulgação da atual constituição brasileira. O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90) é o dispositivo legal que estabelece os direitos e deveres de crianças e adolescentes no Brasil. Esta lei é considerada um dos modelos legais mais avançados no mundo, tanto em termos políticos quanto jurídicos. O texto da lei evidencia o compromisso do Estado, e da sociedade civil de garantir o atendimento dos direitos das crianças e dos jovens.
O tema da educação é tratado pelo ECA como um direito de todos e um dever do Estado. Apresenta-se sob a forma de sete artigos em que estão estabelecidos os objetivos da educação, além de estarem especificados os papéis do Estado quanto aos deveres, a responsabilidade da família, as competências dos gestores escolares, o respeito aos valores culturais, artísticos e históricos da comunidade a qual o estudante pertence. Por um outro lado, a formação docente precisa acompanhar esses novos tempos iniciados com a publicação do Estatuto. É necessário incorporar novos conhecimentos na sala de aula e novas posturas que reconheçam os direitos das crianças e jovens cidadãos. O conhecimento da lei por todos os envolvidos no processo de aprendizagem contribuirá sobremaneira para a garantia desses direitos.
As crianças e os jovens adolescentes devem ser vistos como pessoas que estão em processo de desenvolvimento, sujeitos de direitos e possíveis de proteção integral. A questão principal é a de implementar o conteúdo que o Estatuto apresenta. Não basta que os textos legais se mostrem avançados em suas formulações, o fundamental é que os avanços se apresentem em conquistas sociais. É fundamental que todo professor conheça o Estatuto da Criança e do Adolescente para que possa contribuir no cumprimento de suas determinações, além de acompanhar a sua aplicação. Fazer cumprir significa criar condições de manter todas as crianças nas escolas. Além disso, interessa também ao educador conhecer o Conselho Tutelar, seu funcionamento e atuação.
 
Resumo da Aula 07 – A Política Educacional dos Anos 90
A ideologia neoliberal, apresentada como única via para enfrentar a crise econômica nacional, ocupou paulatinamente credibilidade junto às elites brasileiras e tornou-se hegemônica a partir do governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC). A política educacional brasileira dos anos 90 foi implementada através de um conjunto articulado de reformas, com orientações do Banco Mundial, de acordo com o que preconizava tal ideologia no que tange à educação.
A fundação do Banco Mundial (BIRD) está vinculada à fundação do FMI (Fundo Monetário Internacional), no ano de 1944, na Conferência de Bretton Woods, como resultado da preocupação dos países centrais com o estabelecimento de uma nova ordem internacional do pós-guerra. O grupo Banco Mundial é composto pelo Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento; Corporação Financeira Internacional (CFI); Organismo Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA); Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA);  Centro Internacional para Resolução de Disputas sobre Investimentos (ICSID). Em 1992, o Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) passou para a coordenação do Banco, tornando-se o maior gestor de recursos para o meio ambiente no âmbito global. O poder de decisão dos países no Banco Mundial e no FMI não se dá através do voto individual de cada país, mas sim em função do capital depositado por cada um deles no Fundo. Sendo assim, desde a fundação do Banco Mundial até hoje existe uma divisão entre Europa e EUA, de modo que sempre o presidente do Banco Mundial é um americano, e o do FMI indicado pela União Européia.
A crise do endividamento dos anos 80 nos países da América Latina, possibilitou uma maior interferência do Banco na política interna dessas nações. Sob essa perspectiva, o Banco Mundial, no final dos anos 80, formulou um conjunto de reformas conhecidas como “Consenso de Washington” que defendiam principalmente o equilíbrio orçamentário mediante a redução dos gastos públicos; a abertura comercial; a liberação financeira; a desregulamentação dos mercados internos; a privatização das empresas e dos serviços públicos.
Nesse sentido, a educação tem um lugar de destaque nas propostas do Banco Mundial para a América Latina. A Reforma da Educação instituída para priorizar a educação inicial em detrimento dos demais níveis de ensino é um bom exemplo do papel que desempenhamos nessa nova Ordem Mundial. O Banco apresenta para a Educação um conjunto de mudanças caracterizadas como Reformas Educacionais da década de 90. A educação, na nova proposta do Banco, está vinculada ao mercado de trabalho segmentado. Sendo assim, não há lugar para o desenvolvimento autônomo de todos os países nem para a inclusão de todos os indivíduos.
As Reformas Educacionais indicadas pelo Banco Mundial apresentaram dois eixos. O primeiro é voltado para uma educação racional e eficiente, implicando na divisão de responsabilidades entre o Estado e a sociedade. Já o segundo é centrado na qualidade do ensino em função do diagnóstico apresentado pelo Banco acerca dos principais problemas da educação. No Brasil, o Banco Mundial ampliou sua atuação a partir da década de 80, com um maior volume de empréstimos vinculados à interferência na elaboração dos projetos educacionais, como, por exemplo, o Projeto EDURURAL, ou Nordeste I, desenvolvido entre 1980 e 87.
A concepção neoliberal tratou a educação não mais como um direito do cidadão, mas sim como uma mercadoria. A educação ocupouum papel relevante na reforma do Estado brasileiro. Para tanto, o primeiro governo de Fernando Henrique (1995-1998) sofreu uma profunda reformulação, tomando como base o conceito de equidade social da forma que aparece nos estudos produzidos pelos Organismos Internacionais ligados à ONU e promotores da Conferência de Jomtien.
Equidade Social – Podemos entender a possibilidade de estender certos benefícios obtidos por alguns grupos sociais à totalidade das populações, sem, contudo, ampliar na mesma proporção às despesas públicas para esse fim (cf. Oliveira, 1999:74).
A “Conferência de Educação para Todos” (1990 em Jomtien) estabeleceu como orientação priorizar o ensino fundamental em detrimento dos demais níveis de ensino. O eixo de descentralização tem, na municipalização do ensino e na criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), a principal articulação do governo federal para ampliar o atendimento ao ensino fundamental, sem aumentar os recursos destinados a esse nível de ensino. Essa política educacional que foi implementado no governo de Fernando Henrique Cardoso, tem na municipalização da educação e no FUNDEF os elementos fundamentais da atual política econômica. Com essa descentralização, o Estado repassa a responsabilidade do investimento na educação para outros setores da sociedade. Porém, a formulação e o controle da aplicação dessa política são altamente centralizadas, o que não permitiu a participação da sociedade na sua elaboração.
 
Resumo da Aula 08 – A Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Elaboração, Características, Avanços e Retrocessos
A Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) é considerada a lei maior da educação no país, e está subordinada à Constituição Federal e situa-se logo abaixo dela, definindo de uma maneira geral a nossa educação. A LDB foi sancionada sem vetos pelo Presidente da República em 20 de dezembro de 1996 e é um resultado de oito anos de tramitação no Congresso Nacional e muita mobilização na sociedade.
Em 1987, o resultado da mobilização de educadores organizados buscou interferir no processo Constituinte apresentando propostas para o capítulo da Constituição referido à educação. Dessa forma, em 1988, promulgada a Constituição Nacional, o deputado Otávio Elísio (PSDB) apresentou a Câmara Federal um projeto de lei que representava o debate inicial dos educadores. Este projeto, em sua primeira versão, foi o texto “Contribuição à elaboração da nova LDB: Um início de conversa” de Demerval Saviani, apresentado na Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED), ocorrida em Porto Alegre no dia 25 a 29 de Abril de 1988. A participação de instituições científicas e sindicais deu origem ao Fórum em Defesa da Escola Pública, que desempenhou um importante papel ao acompanhar e subsidiar a formulação da nova LDB. Com o projeto inicial da LDB, do deputado Otávio Elísio, seguiram-se outros, como o substitutivo Jorge Hage, ao qual deu início a uma série de discussões públicas com os grupos organizados de educadores de várias tendências.
Em maio de 1993, o projeto da LDB foi aprovado na Câmara depois de muitos embates. O relatório incorporou várias emendas que correspondiam aos interesses dos grupos privados. “Com isso, o caráter social-democrata e progressista do Substitutivo Jorge Hage foi atenuado pela incorporação de aspectos correspondentes a uma concepção conservadora de LDB”.
Entretanto, em 1992, o Senador Darcy Ribeiro levantou um projeto que desrespeitou todo um processo democrático voltado para a elaboração da LDB, e colocou-se a serviço do novo governo eleito, na defesa dos interesses das forças conservadoras. Segundo Saviani (1997), o senador omitiu no seu projeto enviado ao Senado, qualquer referência ao Sistema Nacional de Educação, por coincidência pontos combatidos pelos conservadores ligados ao governo Collor. Também propôs a redução do ensino fundamental obrigatório e a restauração dos exames de madureza. Por fim, todo esse quadro se modifica no início do governo de Fernando Henrique, quando mais uma vez o senador Darcy Ribeiro apresentou o segundo projeto em março de 1996, que se transformou no texto final da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Por um outro lado, a estratégia utilizada pelo Ministério da Educação que atropelou todo um processo construído pela sociedade, produziu um texto que Saviani (1997) considerou “inócuo e genérico”, bem de acordo com os interesses da política dominante na época, que no lugar de formular uma política global para a educação, inscrita na LDB, preferiu fazer a Reforma do Setor Educacional de maneira fragmentada, procurando, dessa forma, quebrar a resistência do movimento organizado.
O texto final da atual LDB deve ser compreendido no processo de disputa de projeto político pelo qual passa o país no período final de seu longo trajeto na Câmara e no Senado. Os resultados desse projeto foram a redução do dever do Estado com a universalização da educação básica, a fragmentação da concepção de Sistema Nacional de Educação, a descaracterização do profissional da educação, os recursos financeiros que não garantiu que os recursos públicos fossem destinados apenas para a educação pública e, finalmente, os artigos 74 e 75 que tratam, respectivamente, do custo mínimo por aluno e da ação supletiva e redistributiva da União e dos estados que propõem ao país uma educação mínima com a obrigatoriedade apenas para o ensino fundamental, abrindo o terreno para a ação da iniciativa privada nos outros níveis da educação nacional.
 
Resumo da Aula 09 – A Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e o Plano Nacional da Educação
A atual LDB (Lei 9394/96) foi sancionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo então ministro da educação Paulo Renato em 20 de dezembro de 1996. Baseada no princípio do direito universal à educação para todos, a LDB de 1996 trouxe diversas mudanças em relação às leis anteriores, como a inclusão da educação infantil (creches e pré-escolas) como a primeira etapa da educação básica.
O Plano Nacional de Educação (PNE) é um plano de governo que estabelece diretrizes, metas e prioridades para o setor educacional brasileiro, com o objetivo de melhorar a qualidade de ensino em todo o país. O PNE foi elaborado pelo Ministério da Educação, fundamentado na LDB. O MEC contou com a participação de mais de 60 entidades, entre sindicatos, associações, conselhos e secretarias de Educação. O coordenador do PNE é o Ministério da Educação. Já os governos federal, estaduais e municipais são os responsáveis por colocá-lo em prática.
A demora do Governo Federal para elaborar uma proposta de plano não fez com que a sociedade ficasse parada. A proposta de plano que surgiu da sociedade organizada foi apresentada ao Congresso Nacional que reuniu assinaturas de “mais de setenta parlamentares e de todos os líderes dos partidos de oposição” (Valente: 2002 97).
Entre o Plano Nacional de Educação defendido pela sociedade organizada e o PNE aprovado pelo governo existem diferenças substanciais. As propostas da PNE defendida pela sociedade são:
Consolidar um Sistema Nacional de Ensino;
Assegurar os recursos públicos necessários à superação do atraso educacional e ao pagamento da dívida social;
Assegurar a manutenção da dívida social e o desenvolvimento da educação escolar em todos os níveis, modalidades e sistemas de educação;
Entre outros…;
Veja agora as propostas da PNE aprovada:
Redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e à permanência, com sucesso, na educação pública;
Garantia de ensino fundamental obrigatório de oito anos a todas as crianças de 7 a 14 ano, assegurando o seu ingresso e permanência na escola e a conclusão de ensino (…);
Democratização da gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais, obedecendo aos princípios de participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico na escola e a participaçãodas comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes;
Entre outros…;
 
Resumo da Aula 10 – Financiamento da Educação e Suas Vertentes: Emenda Constitucional Nº 14, FUNDEF, FUNDEB
Emenda Constitucional Nº 14 – Em 1995, ano em que Fernando Henrique Cardoso assumiu o governo, quando os movimentos organizados da sociedade civil lutavam junto ao Congresso Nacional para aprovar o Projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o governo apresenta um Projeto de Emenda Constitucional (PEC 233/95), que resultou na aprovação e promulgação, em 12 de setembro de 1996, da Emenda Constitucional nº 14. Essa Emenda criou, no âmbito de cada Estado, por dez anos, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF), regulamentado pela Lei 9424, de 24 de dezembro de 1996.
FUNDEF – O Fundo é composto de 15% do Fundo de Participação dos Estados (FPE), do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do Imposto sobre Produtos Industrializados Exportados (IPI-Exportação), que representam recursos de impostos e transferências destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental e são distribuídos para as redes estaduais e municipais segundo suas respectivas matrículas. Na criação do Fundo, o Governo Federal determinou que estados e municípios passassem a redistribuir parte de seu orçamento de acordo com o número de alunos matriculados no ensino fundamental e regular, o que forçava municípios, que atendiam prioritariamente à educação infantil, a reduzir esse atendimento e abrir vagas no ensino fundamental para não perder o repasse feito ao fundo estadual. Um outro fator que merece destaque é o valor estipulado pelo poder central para o custo-aluno/ano, desde 1998, ao não obedecer à fórmula de cálculo do valor mínimo a ser gasto por aluno, como determina a Lei nº 9.424/96 (FUNDEF), esse valor tem sido, ano após ano, rebaixado para que a complementação da União seja a menor possível. A Lei 9424/96, diferente do que defendia o movimento organizado dos professores, não estipulou um piso salarial nacional, o que permitiu que muitos governantes, apesar do artigo 7º da Lei destinar 60% dos recursos do Fundo para remuneração dos profissionais do Magistério em efetivo exercício de suas atividades no ensino fundamental público, apenas substituíssem nas folhas de pagamento recursos do tesouro pelos recursos do Fundo.
FUNDEB – O FUNDEB (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) foi criado em dezembro de 2006, através da Emenda Constitucional nº 53, para atender toda a educação básica (creche, pré-escola, ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos). Esse fundo substituiu o FUNDEF, que só previa recursos para o ensino fundamental. Sua implantação foi iniciada em 1º de Janeiro de 2007, de forma gradual, com previsão de ser concluída em 2009, quando estará funcionando com todo o universo de alunos da educação básica pública presencial e os percentuais de receitas que o compõe terão alcançado o patamar de 20% de contribuição.

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