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Penal II - Plano de aula 02

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Estácio de Sá
Curso de Direito
Penal II – Semana 2
CONCURSO DE CRIMES
Sumário: 1.Conceitos; 1.1.Sistema de aplicação de pena; 1.1.1. Cúmulo material; 1.1.2. Exasperação de pena; 2.Distinção entre concurso de crimes e conflito aparente de normas; 3.Características do concurso de crimes; 3.1.Subsistência e homogeneidade; 4.Espécies de concursos de crimes; 4.1.Concurso material ou real; 4.2.Concurso formal ou ideal; 4.2.1.Concurso formal próprio ou perfeito; 4.2.2.Concurso formal impróprio ou imperfeito; 4.3.Continuidade delitiva ou crime continuado; 4.3.1.Teoria da unidade real; 4.3.2.Teoria da ficção jurídica; 4.3.3.Teoria da undiade jurídica ou mista; 4.3.4.Unidades de resolução dos crimes continuados; 4.3.4.1.Teoria subjetiva; 4.3.4.2.Teoria objetiva-subjetiva; 4.3.4.3.Teoria objetiva; 4.3.5.Requisitos dos crimes continuados; 4.3.5.1.Pluralidade de condutas; 4.3.5.2.Crimes da mesma espécie; 4.3.5.3.Condições objetivas ou nexo da continuidade delitiva semelhante; 4.3.5.4.Condições específicas; 5.Erro de execução x erro sobre a pessoa; 6.Concurso de crimes continuados em crimes culposos; 7.Consumação, tentativa, presctição e aplicação da pena; 8.Cumprimento da pena; 9.Delitos de acumulação; 10.Multas.
Conceitos
Considera-se como concurso de crimes, a prática de dois ou mais crimes, na unidade ou pluralidade de comportamentes, podendo ocorrer entre crimes de quaisquer espécies, comissivos ou omissivos, dolosos ou culposos, consumados ou tentados.
Sistema de aplicação de pena
O concurso de crimes dá origem ao concurso de penas, dessa forma, a pena aplicada a quem pratica mais de um crime não pode ser a mesma aplicada a quem pratica um único, sendo assim existem critérios específicos de aplicação da pena para o concurso de crimes.
Cúmulo material
Esse sistema prevê a soma das penas de cada um dos delitos componentes do concurso, sendo adotado para os crimes no concurso material, concurso formal impróprio e penas de multa.
Exasperação de pena
Esse sistema prevê a aplicação da pena mais grave obtida no cálculo das penas dos crimes em, sendo aumentado um percentural em decorrência dos demais crimes sendo adotado para os crimes no concurso formal próprio e crimes continuados.
Distinção entre concurso de crimes e conflito aparente de normas
É cabível a observação da diferença entre o concurso de crimes, em que há a prática de dois ou mais crimes por um mesmo agente e o conflito aparente de normas em que há a impressão de que mais de uma norma aplica-se ao delito, o que técnicamente não ocorre, sendo aplicadas a esta última a especialidade, a consunção e subsidiáriedade.
Características do concurso de crimes
Subsistência e homogeneidade
Para uma melhor compreensão do concurso de criemes, alguns conceitos devem ser obserados, dentre eles temos os referentes a subsistências que podem ser unissubsistentes, aqueles crimes em que se pratica um ato e obtêm-se um resultado, e plurissubsistentes, aqueles em que são necessários mais de um ato para obter-se um único resultado.
Outra característica pertinente ao estudo é aquela relativa à homogeneidade dos crimes, sendo classificados em crimes homogêneos, aqueles que no concurso de crimes, os resultados são iguais, ou seja, pertencentes à mesma tipificação e crimes heterogêneos, aqueles que no concurso de crimes os resultados são diferentes, ou seja, tipificações diferentes.
Espécies de concursos de crimes
Concurso material ou real
O Concurso de Crime Material é previsto no art. 69 CP – Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. – , sendo caracterizado pela ação de um agente que mediante mais de uma conduta comete dois ou mais crimes, havendo pluralidade de condutas e pluralidade de crimes, podendo ser homogênicos quando são da mesma espécie de crimes, por exemplo, dois homicídios, ou heterogêneos quando são crimes de espécies distintas, por exemplo, um homicídio e uma lesão corporal.
Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. – Art 69, §§ 1º e 2º CP
Concurso formal ou ideal
O concurso formal é previsto no Art. 70 CP, é caracterizado pela ação de um agente em que uma única conduta origina dois ou mais crimes idênticos ou não havendo assim, unidade de ação e pluralidade de crimes. Esta espécie possui duas classificações, concurso formal próprio, perfeito ou normal e concurso formal impróprio, imperfeito ou anormal.
Concurso formal próprio ou perfeito 
Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. – Art. 70, 1ª parte CP.
O agente produziu dois ou mais resultados criminosos, mas não tinha o desígnio de praticá-los de forma autônoma, podendo ocorrer em duas situações, uma havendo dolos e culpa, quando o agente tinha dolo de praticar um crime e os demais delitos foram praticados por culpa e outra havendo culpa e culpa, quando o agente não tinha a intenção de praticar nenhum dos delitos, tendo todos eles ocorrido por culpa.
A fixação da pena por regra geral é feita pelo sistema de exasperação, escetuando-se pelo concurso material benéfico, de forma que o montante da pena para o concurso formal não pode ser maior do que a que seria aplicada se houvesse feito o concurso material de crimes.
Concurso formal impróprio ou imperfeito 
Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. – Art. 70, 2ª parte CP.
Quando o agente, com uma única conduta, pratica dois ou mais crimes dolosos, tendo o desígnio de praticar cada um deles, ou seja, desígnios autônomos. Ocorre, portanto, quando o sujeito age com dolo em relação a todos os crimes produzidos, podendo ocorrer dolo direto e dolo direto ou dolo direto e dolo eventual.
Fixação da pena é feita pelo sistema de cúmulo material, em que as penas dos diversos crimes são somadas, pois sujeito agiu com desígnios autônomos.
Continuidade delitiva ou crime continuado
Os Crimes continuados previstos no Art 71 CP, são aqueles em que o agente mediante uma ou mais condutas, praticas dois ou mais crimes da mesma espécie, devendo os subsequentes possuírem um vínculo com o primeiro, seja pela periodicidade, pelo tempo, pela maneira de execução entre outras semelhanças, sendo aplicado um tratamento unitário especial a uma pluralidade de crimes.
A questão a definir é se as várias condutas do crime continuado realizam um único crime ou na realidade constituem mais crimes, para dirimir tal dúvidas aplicam-se algumas teorias que explicam a natureza jurídica do crime continuado.
Teoria da unidade real
Para esta teoria as várias ações constituem efetivamente um único crime, de forma a basear-se no postulado da teoria objetiva-subjetiva que exige além dos requisitos objetivos o propósito subjetivo único.
Teoria da ficção jurídica
Para esta teoria a unidade delitiva é uma invenção da lei, pois na realidade existem vários crimes, baseando-se unicamente no postulado da teoria objetiva, exigindo assim somente os requisitos objetivos, sendo a teoria adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro.
Teoria da unidade jurídica ou mista
Para esta teoria a continuidade delitiva constitui uma figura própria, não uma ficção, de forma anão ser avaliado a unidade ou a pluralidade de delitos, mas um terceiro crime próprio, o crime de concurso.
Unidades de resolução dos crimes continuados
Teoria subjetiva
Para esta teoria não importam os elementos objetivos, sendo considerados unicamente o elemento subjetivo, ou seja, o propósito ou o desígnio da conduta e sua aplicação mostrou-se ineficiente, pois impossibilitava mensurar a unidade de continuidade delitiva e até mesmo constá-la, sendo qualificada como absurdo lógico e dogmático, pois remetia o direito às origens do instituto.
Teoria objetiva-subjetiva
Esta teoria exige além dos elementos objetivos a unidade de desígnio, ou seja, uma programação inicial com uma sequencia de execuções, o que exige uma homogeneidade do modo de execução, modus operandi
Teoria objetiva
Nesta teoria observam-se unicamente os elementos objetivos e é um conjunto destas condições objetivas que forma o critério aferidor da conduta criminal continuada, sendo esta a Teoria adotada pelo nosso ordenamento jurídico, aplicada em conjunto com a Teoria da Ficção Jurídica.
Requisitos dos crimes continuados
Existem alguns requisitos para que uma sequência de delitos configure crime continuado.
Pluralidade de condutas
O mesmo agente deverá praticar duas ou mais condutas, pois caso uma conduta desdobre-se em dois ou mais resultados, este será configurada como crime formal próprio ou impróprio.
Crimes da mesma espécie
Além de haver a pluralidade dos crimes, estes devem ser da mesma espécie, quanto a isto, existem algumas vertentes que postulam a respeito da interpretação quanto ao que se refere “mesma espécie”.
Estas podem ser divididas entre as que consideram como “mesma espécie” o mesmo bem jurídico, aplicável aos art. 155 Furto (bem lesionado - patrimônio), art. 168 Apropriação indébita (bem lesionado - patrimônio) e art. 171 Estelionato (bem lesionado - patrimônio), por exemplo.
O ordenamento jurídico adota a vertente que compreende que a definição de “mesma espécie” refere-se ao mesmo artigo, explorando as partes que o compõe, a exemplo art. 157, caput, art. 157 §3º, 1º parte e art. 157 §3º, 2º parte.
Há também a vertente interpretativa que considera a definição de “mesma espécie” como sendo unicamente a capitulação jurídica, a exemplo de todos os crimes enquadrados no art. 157, caput. (crime 1 – art. 157 caput, crime 2 – art. 157 caput, crime 3 – art. 157 caput).
Condições objetivas ou nexo da continuidade delitiva semelhante
Para se configurar o concurso de crimes como sendo de crimes continuados, é necessário haver uma conexão entre eles, tais como Condições de Tempo – Não se trata unicamente de condições meteorológicas, mas também cronológica interligando os crimes, de forma a haver uma periodicidade, não sendo esta necessariamente precisa –, Condição de Lugar – Deverá haver um padrão espacial, não necessariamente sendo no mesmo lugar, mas locais semelhantes e do mesmo tipo, configurando a conexão.
Bem como a Maneira de Execução modus operandi – A forma como o crime é executado, sendo que a lei exige semelhança e não igualdade nas execuções – além de Outras Condições de Semelhança – Esta expressão genérica tem a finalidade de abranger quaisquer outras ações objetivas que indiquem a homogeneidade das ações através das quais se possa deduzir a ideia de continuidade.
Tais características isoladamente não são requisitos para configurar um crime continuado. Outro ponto importante a ressaltar é que caso haja uma condenação no meio da continuidade dos fatos, a continuidade é rompida. Dessa forma para a ocorrência de crime continuado, a lei exige homogeneidade de bens jurídicos e homogeneidade de processo executório.
Condições específicas
São aqueles de característica personalíssima, ou seja, Contra Vítimas Diferentes – O agravamento da pena dos crimes continuados é de um sexto até dois terços, entretanto, esse agravo sofre variação com relação ao requisito vítima, pois contra vítimas diferentes o agravo é de até três vezes o valor da pena.
Outra condição específica é se o crime continuado é cometido Com Violência ou Grave Ameaça a Pessoa – Os crimes continuados de caráter especial devem apresentar a violência ou a grave ameaça contra a pessoa, caso seja contra a coisa, este será descaracterizado como tal. – sendo que se aplicam Somente a Crimes Dolosos – É imprescindível a existência do dolo, do contrário mesmo que haja crime praticado com violência contra a vítima se não existir dolo, este será descaracterizado.
Nos crimes continuados o sistema de pena a ser aplicado é o de exasperação, em que a pena mais grave é tomada como base acrescendo-se até dois terços, sendo esse aumento de até três vezes no caso de crime continuado específico contra vítims diferentes. Lembrando que caso a pena aplicada seja maior que a pena calculada pelo sistema de cúmulo material, adota-se este último como sistema de calculo da pena.
Erro de execução x erro sobre a pessoa
É pertinente embrar que o Erro Sobre a Pessoa é aquele em que o agente ao executar o crime visando determinada pessoa o executa afetando outra mediante engano, independente do erro de pessoa o crime não é passivel de pena, não se consideram neste caso, as condições ou qualidades da vítima, mas as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
Já no Erro de Execução ocorre quando por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender atinge pessoa diversa, ou seja, o agente dirige a conduta contra a vítima visada, o gesto criminoso é dirigido corretamente, mas a execução sai errada e a vontade criminosa vai concretizar-se em pessoa diferente.
Dessa forma, não é o elemento psicológico da ação que é falho, mas a fase executória que não corresponde exatamente ao representado pelo agente, que tem clara percepção da realidade. O erro de execução pode ocorrer por acidente ou erro no uso dos meios de execução, pode ser caracterizado ainda como Erro de Execução com Unidade Simples, quando o agente errando o alvo atinge somente a vítima não visada e Erro de Execução com Unidade Complexa, quando o agente além de atingir a pessoa visada, atinge a vítima não visada.
Assim como no erro de pessoa, no erro de execução consideram-se condições ou qualidades da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime e não as características da vítima.
Concurso de crimes continuados em crimes culposos
Existe a possibilidade da existência de crimes continuados na modalidade culposo, para tanto é necessário que estes sejam da mesma natureza jurídica.
Consumação, tentativa, prescrição e aplicação da pena
Pela Teoria da Ficção Jurídica em que se analisa cada crime como sendo independente, podem os crimes que compõem o concurso serem consumados ou tentados. Ao que diz respeito à prescrição, caso o Estado demore a aplicar a pena ou a executar a sentença, este acaba perdendo o direito de executar a pena, ou seja, analisa-se a prescrição individual de cada crime de forma que a pena final diminui a cada prazo prescricional que for cumprido.
De forma que o criminoso que praticou, a exemplo, crimes continuados tipificados pelo art. 121 CP, no decorrer do ano de 2002, sendo condenado a 15 anos pelo 1º homicídio, 12 anos pelo 2º homicídio e 13 anos pelo 3º homicídio, no ano de 2015 terá prescrito a pena pertinente ao 2º homicidio.
Assim sendo da pena final de 20 anos, determinada pelo sistema de exasperação, cabíveis pelos três crimes em caráter continuado acaba diminuindo, pois, a pena do segundo homicídio prescreveu de forma que a pena total do criminoso veio a diminuir.
Cumprimento de pena
No ordenamento jurídico brasileiro, a aplicação das penas respeita os dois sistemas já mencionados, cúmulo material e exasperação, as penas privativas de liberdade não poderão exceder trinta anos, conforme prescreve o art. 75 CP.
O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos. Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cujasoma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido. – Art. 75 CP.
A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do código penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução. – Súmula 715 STF
Delitos de acumulação
Existem aqueles delitos em que quando as condutas são analisadas individualmente podem ter o principio da insignificância aplicado, entretanto se os delitos forem praticados em uma continuidade este benefício previsto pelo princípio da insignificância deixa de ser aplicado.
Multas
Ao pertinente a aplicação das penas de multa no concurso de crimes, estas são aplicadas segundo o sistema de cúmulo mateirla, em que as penas são simplesmente somadas, não cabendo a utilização do sistema de exasperação.
Questão discursiva 1 – Hercílio e Arnaldo, em unidade de desígnios e fortemente armados, no dia 15 de março de 2011, por volta das 23h, invadiram a residência de Hélio e Maria Rosa, na zona rural de Nova Iguaçu de Goiás, amarraram o casal e seus dois filhos, Vitória e Lélio, de 12 e 8 anos, cerceando sua liberdade pelo período de duas horas, causando-lhes extremo temor e traumas indeléveis. Durante o referido lapso temporal, os agentes vasculharam toda a casa e separaram alguns bens que a guarneciam (televisão, aparelho de som e alguns eletrodomésticos) para posterior subtração. Findo este prazo, levaram o casal à área externa da residência, com mãos e pés amarrados, os obrigaram a se ajoelhar no gramado e lhes desferiram dois tiros pelas costas, tendo as vítimas morrido instantaneamente. 
Do feito, Hercílio e Arnaldo restaram denunciados e condenados pelos delitos de latrocínio consumado (roubo seguido de morte) em concurso formal de crimes. Inconformados com a decisão proferida interpuseram apelação criminal com vistas à reforma do julgado e consequente descaracterização da incidência do art.70, do Código Penal, sob o argumento de que apenas ocorrera uma subtração patrimonial e a morte de duas vítimas, o que configuraria crime único de latrocínio e não concurso formal impróprio. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre o tema concurso de crimes responda de forma objetiva e fundamentada: a pretensão dos agentes é procedente? 
(RESPOSTA) Não, a pretensão dos agentes não procede, pois o crime de latrocínio cometido contra duas ou mais vítimas, mediante uma só ação, configura concurso formal, e não crime único. A jurisprudência orienta que, no caso de haver duas mortes e uma subtração há concurso formal impróprio, já que dois homicídios praticados. Uma subtração patrimonial e duas mortes implicam na qualificação de latrocínio em concurso formal impróprio.
Questão discursiva 2 – Simplício ingressou em um ônibus linha Centro - Jardim Violeta, no centro da cidade do Rio de Janeiro com o dolo de subtrair pertences dos passageiros. Meia hora após o ingresso no ônibus sentou ao lado de um passageiro que cochilava e subtraiu-lhe a carteira dentro da mochila sem que ele percebesse. Em seguida, com emprego de grave ameaça, atemorizou Abrilina e Lindolfo, obrigando-os a entregar seus celulares. Ante o exposto, sendo certo que, no caso do primeiro passageiro Simplício praticou o delito de furto e, no caso de Abrilina e Lindolfo, os delitos de roubo, diferencie de forma objetiva e fundamentada concurso material e concurso formal de crimes a partir dos sistemas de aplicação de pena adotados em cada instituto e apresente o sistema aplicável ao caso concreto.
(RESPOSTA) Neste caso aplica-se o sistema do concurso material de crimes, na classificação heterogênea, pois o Simplício furtou a carteira de um passageiro , sem uso de violência , e roubou outros dois passageiros , com emprego de violência . Portanto o réu responderá pela soma das penas, cúmulo material.
Questão objetiva 1 – (VI EXAME DE ORDEM UNIFICADO. TIPO 1. BRANCO. QUESTÃO 61) Otelo objetiva matar Desdêmona para ficar com o seguro de vida que esta havia feito em seu favor. Para tanto, desfere projétil de arma de fogo contra a vítima, causando-lhe a morte. Todavia, a bala atravessa o corpo de Desdêmona e ainda atinge Iago, que passava pelo local, causando-lhe lesões corporais. Considerando-se que Otelo praticou crime de homicídio doloso qualificado em relação a Desdêmona e, por tal crime, recebeu pena de 12 anos de reclusão, bem como que praticou crime de lesão corporal leve em relação a Iago, tendo recebido pena de 2 meses de reclusão, é correto afirmar que:
a) o juiz deverá aplicar a pena mais grave e aumentá-la de um sexto até a metade. 
(CORRETA) A ação praticada por Otelo configura Concurso Formal Próprio, que prevê aplicação de pena pelo sistema de exasperação.
b) o juiz deverá somar as penas.
(INCORRETA) A aplicação de pena por cúmulo material não é aplicada, pois os crimes descritos não configuram Concurso de Crimes Materiais, Concurso Formal Impróprio.
c) é caso de concurso formal homogêneo. 
(INCORRETA) O exposto apresenta um crime Formal Heterogênio, pois o autor ao realizar a ação, provocou dois resultados distintos.
d) é caso de concurso formal impróprio.
(INCORRETA) O crime cometido configura Concurso Formal Próprio, pois houve uma ação e dois resultados distintos. 
Questão objetiva 2 – Sobre os institutos do Concurso Material de Crimes, Concurso Formal de Crimes e Continuidade Delitiva, assinale a alternativa INCORRETA:
a) No caso de crime continuado, o ordenamento jurídico pátrio adotou a teoria da ficção jurídica, segundo a qual a unidade delitiva caracteriza-se como criação da lei.
(CORRETA)
b) No caso de incidência de concurso formal de crimes se a pena cominada em decorrência do sistema de exasperação de penas for mais grave que a pena calculada pelo sistema do cúmulo material, será aplicada este. Tal situação denomina-se concurso material benéfico.
(CORRETA)
c) Os desígnios autônomos, característicos do concurso formal imperfeito de crimes, aplicam-se a delitos dolosos e culposos.
(INCORRETA) O concurso de crimes só admite a modalidade culposa, quando se trata de Crimes Continuados, em que o agente pode executar crimes culposos.
d) No caso de conflito de leis penais no tempo não se aplica o princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa para as condutas praticadas em continuidade.
(CORRETA)

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