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Beatriz de Souza Zuliani Caroline G. Gonçalves Gabriel Bellia Raimundo ETIOLOGIA: A Distrofia Muscular de Duchenne é uma miopatia progressiva ligada ao cromossomo X, panetinica, causada por mutações no gene DMD. Ela tem uma incidência de aproximadamente 1 em 3.500 nascimentos do sexo masculino. Os afetados são geralmente do sexo masculino e ligados aos parentes afetados pelas mulheres. Poucos casos de meninas apresentando DMD são descritos pela literatura médica. Sendo uma doença associada ao cromossomo X, a Distrofia Muscular de Duchenne tem em dois terços dos casos causas hereditárias (mãe) mas podem também ocorrer, em menor chance, mutações espontâneas que independem de hereditariedade. O gene responsável por essa enfermidade está localizado no braço curto do cromossomo X (região Xp 21). A deleção é o defeito genético mais frequente, com índices de até 70% em algumas populações estudadas. HISTÓRICO DA DOENÇA: A DMD foi primeiro descrita pelo Dr. Francês Guillaune Benjamin Amand Duchenne em 1861, em seu livro "Paraplégie Hyperirophique de l'enfance de cause cérébrale“. Duchenne, e posteriormente, Gowers descreveram a herança genética e outras características da patologia. Mais tarde, Maryon também elaborou o primeiro relato a cerca da DMD em quatro meninos de uma mesma família. Em 1858, Duchenne descreveu o caso de um menino de 9 anos que perdeu a capacidade de andar devido a uma doença muscular. Em 1868 referiu-se à descrição de uma particular doença neuromuscular progressiva destrutiva afetando principalmente meninos, transmitida por herança genética onde a deterioração intelectual podia fazer parte da clínica. Edward Meryon também escreveu sobre a DMD, analisando texturas musculares de meninos afetados pela doença após a morte. Ele observou a destruição das fibras musculares, um fato que na época Duchenne não notou. O neurologista inglês William Gowers, em 1879, ao observar o modo como os meninos afetados pela DMD levantavam, descreveu o que hoje conhecemos como “Sinal de Gowers”. Em 1987, dois grupos de pesquisadores, um nos Estados Unidos e outro no Canadá, identificaram e isolaram o gene da DMD e DMB(distrofia muscular tipo Becker). SINAIS CLÍNICOS: As crianças podem apresentar déficit de equilíbrio, dificuldades em subir escadas, fraqueza progressiva em membros inferiores, quedas frequentes, bem como atraso do desenvolvimento psicomotor. A criança aos cinco anos começa a fazer a manobra de Gowers (maneira de levantar do chão), e aos seis apresenta marcha digitígrada (na ponta dos pés), postura lordótica e abdômen protuberante. Dos dez aos treze anos de idade, ocorre a perda de capacidade de andar e insuficiência respiratória. Isso gera o declínio da capacidade de ventilação, levando a morte. Em alguns, ocorre uma pseudo-hipertrofia da panturrilha, glúteos, vasto medial e músculos infra espinhais. Por volta dos quinze anos o indivíduo já não consegue sentar sem apoio e na segunda década de vida há um aumento na escoliose progressiva, diminuição das capacidades vital e pulmonar e desenvolvimento de insuficiência respiratória. Pode ocorrer um retardo mental em cerca de 30% dos pacientes. A abstinência da distrofina na DMD resulta numa perda do complexo proteico associado à distrofina no sarcolema e degeneração muscular. Se uma mãe é portadora, cada filho tem 50% de risco de ter DMD, e cada filha tem 50% de risco de herdar a mutação em DMD. As filhas que herdam a mutação em DMD tem uma baixo risco de desenvolver DMD, no entanto, por razões não entendidas completamente, seu risco de anomalias cardíacas pode ser da ordem de 50% a 60%. DIAGNÓSTICO: O diagnóstico da DMD baseia-se na história familiar e na análise de DNA ou biópsia do músculo para testar a imunorreatividade para distrofina. É confirmado por heredograma sugestivo de herança recessiva ligada ao X, e pela dosagem da enzima CK (creatina quinase) no sangue, que normalmente existe apenas nas fibras musculares, mas extravasa para a corrente circulatória à medida que as fibras musculares degeneram. PROGNÓSTICO E TRATAMENTO: Infelizmente, não há cura definitiva para a DMD, seu tratamento é normalmente uma associação de fisioterapia com terapia medicamentosa, visando melhorar a qualidade de vida dos portadores. Nos dias de hoje, a expectativa de vida do paciente vai até a segunda ou terceira década, vindo a falecer por complicações respiratórias ou cardíacas. O uso dos corticoides para pacientes com DMD teve relatos de melhora da força muscular pela utilização da droga em altas doses e por períodos curtos, e se consolidou como o melhor tratamento existente, segundo a maioria dos consensos. Os corticoides utilizados no tratamento da DMD são os glicocorticoides: a prednisona, a prednisolona e o deflazacort. Em doses farmacológicas, apresentam efeito imunossupressor e anti-inflamatório. Além de aumentar a força muscular, são descritos retardo na evolução da escoliose e do aparecimento da cardiopatia e aumento da capacidade vital nos meninos tratados com corticoides. A atuação da fisioterapia empregada no paciente com DMD tem o objetivo de retardar a incapacidade de andar e a dependência em relação à cadeira de rodas, além de prevenir deformidades e outras complicações de cunho respiratório e traumático, como as fraturas. Para tanto, a fisioterapia lança mão da cinesioterapia motora e respiratória, com o intuito de melhorar a qualidade de vida desses indivíduos. Uma das opções de tratamento pode ser a realização de hidroterapia, pela facilitação dos movimentos e alívio da dor. Ela é utilizada para manter a força muscular, a capacidade respiratória, as amplitudes articulares e evitar os encurtamentos musculares. A fisioterapia respiratória mostra-se essencial para aumentar a expectativa de vida dos pacientes, sendo realizadas manobra de reexpansão pulmonar, desinsuflação e desobstrução, dependendo do problema respiratório apresentado pelo paciente.
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