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eBook - Aula 02
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
O que é Umbanda 
para o ser terreno?
CAPÍTULO 2 
Ciência de Umbanda
CAPÍTULO 3
A FIlha de Olorum
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CAPÍTULO 4
O que é Religião?
CAPÍTULO 5 
Sincretismo e Religiões
CAPÍTULO 6 
Sincretismo Umbandista
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O que é a
UMBANDA
para o ser
terreno?
CAPÍTULO 1
POR ALEXANDRE CUMINO
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O que é a
UMBANDA
para o ser
terreno?
A aluna Luciana Szaz Mateus me fez esta per-
gunta por Whatsapp (29/09/2016) para apre-
sentar em um curso de Yôga. Segue abaixo 
minha resposta:
Se disser que a UMBANDA é a cura então es-
távamos doentes e agora curados não precisa-
mos mais dela.
Se disser que é salvação, então estávamos 
perdidos e uma vez salvos não precisamos 
mais dela.
Se disser que é libertação, então todos es-
tavam escravos de alguma coisa, e uma vez 
libertos não precisamos mais dela.
Se lhe disser que ela é o religar à Deus, então 
todos estavam desligados de Deus, e uma vez 
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religados não precisam mais dela.
Se lhe disser que ela é o sentido para nossas vi-
das, então todos que chegam a ela tinham uma vida 
sem sentido, e agora que há um sentido não preci-
sam mais dela.
Se disser que a Umbanda é um despertador então 
estou dizendo que todos que chegam a ela estão 
dormindo e uma vez despertos não precisam mais 
da Umbanda.
Por tudo isso e muito mais eu digo que a Umban-
da é um mergulho para dentro de si mesmo, onde 
vamos encontrar a nós mesmos, e ali encontramos 
Deus e a nossa verdade.
Ao encontrarmos a nós mesmos curamos corpo, 
mente e espírito. Nos salvamos do Ego. Nos liberta-
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mos do sofrimento. Nos religamos à nossa essência. 
Encontramos um sentido maior pra nossas vidas. 
Despertamos da ilusão e acordamos para uma nova 
realidade.
Por isso a Umbanda é o encontro com minha essên-
cia primeira e com a minha verdade.
Ainda que não tenha perguntado, o objetivo da Um-
banda em nossas vidas é não precisar da Umbanda 
e assim estamos na Umbanda porque é bom ser um-
bandista. A Umbanda é um Mestre nos ensinando a 
sermos mestres de nós mesmos.
Muito grato pela oportunidade de falar, todas estas 
palavras e pensamentos são de minha autoria e es-
critos de forma espontânea aqui no Whatsapp agora 
mesmo. Isso reflete o que eu vivo e ensino na Um-
banda a alguns anos. 
Alexandre Cumino, Colégio Pena Branca.
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Ciência de
UMBANDA
Uma religião
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CAPÍTULO 2
POR ALEXANDRE CUMINO
Ciência de
UMBANDA
Uma religião
brasileira
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Este texto abaixo é parte integrante do livro História 
da Umbanda. São fragmentos editados livremente 
a partir do original para dar sentido num texto sim-
ples, curto e direto.
Os primeiros estudiosos a se dedicarem à Umbanda 
se deram no campo da Sociologia e Antropologia, 
partiram, a princípio, da cultura negra para a Umban-
da.
Pioneiros, como Arthur Ramos, Edison Carneiro e 
Roger Bastide, já estudavam as expressões religio-
sas afro-brasileiras e passaram a estudar a Umbanda 
por meio das semelhanças entre elas. Roger Bastide 
chegou a entender como uma traição a Umbanda 
enquanto “embranquecimento” da cultura negra, afi-
nal ele vai caracterizá-la mais como uma “revalori-
zação” da macumba carioca. Embora tivessem uma 
“visão de fora” para a religião de Umbanda traziam 
uma “visão de dentro” dos próprios estudos sobre os 
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Cultos de Matriz Africana. Roger Bastide muda sua 
opinião de forma tardia reconhecendo a Umbanda 
como religião Brasileira. Digo tardia, pois suas te-
ses e obras principais já haviam sido publicadas, no 
entanto passa a um de seus continuadores, Renato 
Ortiz, as novas considerações do reconhecimento 
da Umbanda enquanto Religião Brasileira, retirando 
o peso da suposta traição, do “negro que quer ser 
branco” ou da apropriação, por parte do branco, de 
uma cultura negra. Neste ínterim, aparece Candido 
Procópio Ferreira de Camargo que vinha estudan-
do o Espiritismo e fez o mesmo procedimento com 
outro ponto de vista, agora ele veria a umbanda a 
partir do kardecismo englobando ambas as verten-
tes como Religiões Mediúnicas e parte de um único 
“continuum mediúnico”.
Mais recentemente veremos Maria Vilas Boas Con-
cone reconhecendo a Umbanda como Religião Bra-
sileira, e a partir dela e de Renato Ortiz fica clara a 
identidade nacional da Umbanda, o que se soma às 
contribuições únicas de Diana Brow, Lísias Noguei-
ra Negrão, Patrícia Birman e Zélia Seiblitz, principais 
estudiosos da Umbanda no contexto antropológico 
e sociológico. 
São anos de estudo e aplicação do método científico 
para chegar a estas conclusões, onde cada um dos 
cientistas leu e releu, estudou e se aprofundou nas 
obras de seus antecessores. Além de todo o aporte 
teórico e de base para cada uma de suas ciências 
vamos encontrar pesquisas de campo e estatísticas 
que revelam fatos interessantes quando observados 
sob o olhar de fora.
Renato Ortiz, sociólogo, iniciou suas pesquisas so-
bre Umbanda em 1972, concluindo-as com sua tese 
de doutorado em 1975, Paris, com orientação do 
Mestre Roger Bastide. Desta tese resultou o livro A 
Morte Branca do Feiticeiro Negro. O trabalho foi re-
alizado em duas partes, uma de seminários e outra 
em campo, fazendo um período de um ano de pes-
quisas no Rio e em São Paulo. E justifica a escolha 
destes dois Estados, onde escolheu “o Rio porque 
é o lugar histórico de nascimento da religião umban-
dista; São Paulo por ser a região onde o movimento 
religioso se desenvolve hoje mais intensamente”
.
Ortiz dedica este trabalho única e exclusivamente à 
Umbanda, não parte do Afro para a Umbanda, nem 
do Kardecismo para Umbanda. Em sua obra a Um-
banda vai além de um sincretismo para se autoafirmar 
como uma síntese do povo brasileiro. A Umbanda é 
Brasileira e esta é uma conclusão construída com 
o rigor do método cientifico, ou seja, o seu trabalho 
é a continuidade e a conclusão de todos que o an-
tecederam, pois assim se constrói o conhecimen-
to científico. Vejamos sentimentos, pensamentos e 
palavras de Renato Ortiz que calam fundo na alma 
que busca a neutralidade do trabalho científico sem 
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perder o amor pelo objeto do estudo:
“O objetivo de nosso trabalho é mostrar como se 
efetua a integração e a legitimação da religião um-
bandista no seio da sociedade brasileira [...]
[...] Constataremos assim que o nascimento da re-
ligião umbandista coincide justamente com a con-
solidação de uma sociedade urbano industrial e de 
classes...
[...] A sociedade global aparece então como mode-
lo de valores, e modelo da própria estrutura religio-
sa umbandista...
[...] Visto que nossa tese coloca o problema da 
integração da religião umbandista na sociedade 
brasileira, pareceu-nos interessante comparar a 
Umbanda com as práticas do Candomblé... Com 
efeito, pode-se opor Umbanda e Candomblé como 
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se fossem dois polos: um representando o Bra-
sil, o outro a África. A Umbanda corresponde à 
integração das práticas afro-brasileiras na moder-
na sociedade brasileira; o Candomblé significaria 
justamente o contrário, isto é, a conservação da 
memória coletiva africana no solo brasileiro... O 
que nos parece importante é sublinhar que para o 
Candomblé a África conota a ideia de terra-Mãe, 
significando um retorno nostálgico a um passado 
negro. Sob este ponto de vista a Umbanda dife-
re radicalmente doscultos afro-brasileiros; ela tem 
consciência de sua brasilidade, ela se quer brasi-
leira. A Umbanda aparece desta forma como uma 
religião nacional que se opõe às religiões de im-
portação: protestantismo, catolicismo, e kardecis-
mo. Não nos encontramos mais na presença de 
um sincretismo afro-brasileiro, mas diante de uma 
síntese brasileira, de uma religião endógena.
Neste sentido divergimos da análise feita por Ro-
ger Bastide em seu livro As Religiões Africanas no 
Brasil, onde ele considera a Umbanda como uma 
religião negra, resultante da integração do homem 
de cor na sociedade brasileira. É necessário, po-
rém, assinalar que o pensamento de Roger Bastide 
havia consideravelmente evoluído nestes últimos 
anos. Já em 1972 ele insiste sobre o caráter nacio-
nal da Umbanda... Entretanto, depois de sua últi-
ma viagem ao Brasil, seu julgamento torna-se mais 
claro; opondo Umbanda, macumba e Candomblé, 
ele dirá: ‘o Candomblé e a Macumba são conside-
rados e se consideram como religiões africanas. Já 
o espiritismo de Umbanda se considera uma reli-
gião nacional do Brasil. A grande maioria dos che-
fes das tendas são mulatos ou brancos de classe 
média...’. O caráter de síntese e de brasilidade da 
Umbanda é desta forma confirmado e reforçado.”
Com este trabalho de Renato Ortiz, o olhar socioló-
gico sobre a Umbanda fecha um ciclo que começa 
com sua gestação, passando por seu desenvolvi-
mento e identificação como uma Religião Brasilei-
ra. O fato de Ortiz ter trabalhado em conjunto com 
Bastide nos passa um valor real de continuidade e 
capacidade em rever “velhos” paradigmas.
Definir Umbanda é definir algo vivo e em movimento, 
é como querer definir o que é o “ser” em toda a sua 
complexidade.
Segundo Roger Bastide, nos encontramos em pre-
sença de uma religião a pique de nascer, mas que 
ainda não descobriu suas formas.” É certo que Bas-
tide faz esta afirmação no final da década de 50, sob 
uma perspectiva dos Cultos Afro-Brasileiros. 
Lísias Nogueira Negrão afirma que:
“...a identidade umbandista faz-se e refaz-se em 
função das demandas de diferenciação e legitima-
ção, apresentando-se de forma eminentemente 
dinâmica e compósita.”
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Hoje a Umbanda se encontra melhor estruturada, no 
entanto, podemos dizer que ela mantém as caracte-
rísticas de:
Religião ainda em formação (Roger Bastide), hete-
rodoxa (Diane Brown), dinâmica e sobretudo multi-
forme, um sistema religioso estruturalmente aberto 
(Lísias Nogueira Negrão) e diverso, no qual se en-
contra uma certa unidade na diversidade (Patrícia 
Birman).
Em tempo, um fenômeno isolado não é Umbanda; 
Umbanda é Religião, portanto existe dentro de um 
contexto histórico, geográfico, social e antropoló-
gico.
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Podemos dizer, num ponto 
de vista teológico, que 
Umbanda pertence a Deus e 
aos Orixás, quando 
pudermos definir Deus 
então, só neste dia, 
definiremos com precisão o 
que é Umbanda.
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A Filha
de
OLORUM
CAPÍTULO 3
POR FERNANDO SEPE
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A Filha
de
OLORUM
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E sua majestosa voz ecoou pelo alto, pelo embaixo, 
pela esquerda e a direita, pelo a frente e o atrás, pelo 
envolta. Por determinação do pai - mãe de Todos, 
uma nova religião nasceria sob solo brasileiro. 
ERA SUA FILHA MAIS NOVA, A UMBANDA.
E um verdadeiro rebuliço começou no Orum, pois 
logo o mais respeitado dos Orixás se ergueu de seu 
Trono e disse que ele seria o responsável e susten-
tador maior da religião. Oxalá abençoava o nascer 
da mais nova filha de Olorum, e a assumia dos Seus 
Divinos Braços. Nela a espiritualidade e a fé estariam 
presentes, como aceleradora da evolução de todos. 
Não existiriam dogmas, e apenas um grande funda-
mento: Amor e Caridade.
E logo começaram a chegar os Orixás, todos tam-
bém abençoando e apadrinhando a nova filha de 
Olorum. Ogum e Iansã, os mais emocionados de 
todos, diziam que protegeriam a nova religião com 
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as armas da Lei. 
E então a voz trovão de Xangô ecoou, pelos quatro 
cantos do Orum, dizendo que ele seria a Justiça a 
favor de todos. Sua palavra seria Lei, e todos os fi-
lhos de Umbanda nada temeriam, pois todos são 
filhos de Rei, o Rei Xangô.
Também apresentou a todos sua mais nova esposa, 
Egunitá a quente irmã mais nova de Iansã. Ela que 
era “fogo puro” encantou a todos, e disse que pro-
tegeria a Umbanda. 
E assim a filha mais nova de Olorum ganhou seus 
dois padrinhos: a Lei Maior e a Justiça Divina. 
Mas algo engraçado aconteceu. Muitos espíritos 
vindos de um dos muitos bairros do Orum, Aruanda, 
disseram que eles seriam os trabalhadores e a linha 
de frente da religião, além de assumirem a condu-
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ção dos médiuns umbandistas. 
Oxalá que é o senhor das formas, e pai da Umban-
da, consentiu e determinou que por homenagem ao 
povo negro e indígena todos assumissem a forma de 
Caboclos e Pretos-velhos. 
E logo chegou Oxóssi de uma de suas muitas ca-
çadas, e assumiu toda a linha de Caboclos, tornan-
do-se o Rei dos Caçadores. Distribuiu um diadema 
a todos consagrando-os como caboclos. Todos os 
caboclos trazem até hoje o diadema ganho do Rei 
das Matas. 
E o velho Obaluayê junto de Nanã abençoou todos 
os espíritos anciões que se consagravam ao traba-
lho da linha de pretos-velhos. Concedeu a eles a sa-
bedoria que só o passar do tempo pode conceder. 
E todos se transformaram em ótimos conselheiros e 
curadores, principalmente das chagas da alma.
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E por falar em tempo, ele também estaria presente. 
Oyá-Tempo (xará de Iansã – Oyá), seria responsá-
vel pelas forças do tempo dentro da nova religião. E 
como ela é muito observadora e, vamos dizer, bas-
tante desconfiada, seria a guardiã da fé e dos pro-
cessos da religiosidade. E “ai” de quem pisasse na 
bola da religiosidade. Lá estaria Oyá com seu olhar 
congelante...
Iemanjá que é uma “mãezona” queria que todos 
os espíritos que se manifestassem para a caridade 
pudessem ser aceitos no ritual, sabe como é, “em 
coração de mãe sempre cabe mais um”. E assim 
ficou decidido, pois ninguém tem coragem de ne-
gar um pedido da encantadora Rainha do Mar. E 
a Umbanda acolheria a todos, caso viessem para 
prestar a caridade. Surgiam então as muitas linhas 
de trabalho, como baianos, marinheiros, boiadeiros 
e os muitas vezes renegados pelo próprio povo de 
origem, os ciganos... 
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E de repente apareceu Oxum, perguntando que fes-
ta era aquela. Quando ficou sabendo que era o nas-
cimento da mais nova filha de Olorum, começou a 
chorar e a abençoou com suas lágrimas que caíam 
de seus olhos como duas enormes cachoeiras. (Ela é 
muito chorona, mas não gosta que a gente fale sobre 
isso...) 
E de presente a ela, chamou Oxumaré, que transfor-
mou tudo em cores e disse que renovaria e embele-
zaria tudo com seu axé colorido.
E junto do seu arco–íris vieram os encantados da na-
tureza, as crianças que seriam a alegria da Umbanda. 
O “time” estava quase completo, quando da ter-
ra surgiram o amado Tata Omulu e Obá. Não muito 
sorridentes, para falar a verdade bem sérios e um 
pouco secos, disseram que também fariam parte da 
nova religião. Que queriam ver seus cultos renova-
dos, e que seriam a força do elemento terra. Obá 
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que depois de muitas desilusões nada mais queria 
com Xangô, resolveu unir–se a Oxóssi, e ajudá-lo a 
disseminar o conhecimento. 
Omuluque é muito calado colocou-se ao lado de Ie-
manjá, dizendo que a guardaria por todo o sempre. 
Na verdade, até umas lágrimas foram vistas cair de 
seus olhos, negros como a noite. Ele é meio incom-
preendido, mas quem o conhece sabe que é o mais 
amoroso dos Orixás. 
Todos estavam comemorando, quando não se sabe 
direito porque uma confusão começou, e ninguém 
mais sabia o que iria fazer. Oxalá que muitas vezes já 
tinha sido enganado por “ele”, não seria novamente. 
Logo disse:
- Laroiê Exu! Você também é convidado a participar 
da nova religião. Será responsável pela esquerda de 
todos. Mas vai ter que seguir as Leis de Xangô, e 
será acompanhado de perto por seu querido irmão 
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Ogum!
Uma gargalhada soou por todo Orum, e Exu apare-
ceu. Junto dele a mais bela moça, Pomba-gira. Exu 
ficou feliz, disse que agora teria Pomba-gira para di-
vidir seu trabalho, mas que não abriria mão de ser 
sempre o primeiro a ser firmado. Não porque ele era 
aparecido, mas sim porque era ele quem guardaria 
os templos e casas de Umbanda.
E muito esperto que era, disse:
- Olha, eu vou supervisionar o trabalho junto com 
Pomba-gira. Mas vou deixar uns espíritos trabalhan-
do com a minha força fazer o trabalho. Afinal, o que o 
homem faz o homem que desfaça. E também o meu 
irmão Oxóssi é senhor da linha de Caboclos, porque 
eu não posso ser senhor da Linha de Exu? 
Bom, começaram umas discussões, mas acabou 
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acertado que o Orixá Exu atuaria na Umbanda, a 
partir de sua linha de trabalho. Seria a linha que faria 
o trabalho pesado, além de serem os guardiões dos 
médiuns, e dos templos de Umbanda.
E assim todos os Orixás muito emocionados deram 
as mãos e começaram a orar pelo sucesso da mais 
nova filha de Olorum.
E então o Pai e Mãe de Todos se manifestou:
 “Meus amados filhos Orixás, a Vós eu consagro mi-
nha filha nova e dileta, a Umbanda. Que ela trans-
forme–se em uma religião semeadora de luz, amor e 
caridade. Que seja espiritualista e universalista, que 
esteja aberta a todos de bom coração. E que em 
sua pedra fundamental esteja escrito o seu único 
dogma: Amor e Caridade!”
E de Si Sete intensas irradiações partiram, e envol-
veram sua filha querida. Todos se emocionaram e 
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agradeceram a Olorum por essa bênção à humani-
dade.
Quase cem anos se passaram, e a Umbanda cres-
ceu um bocado. 
Transformou–se um uma linda jovem, amorosa e ale-
gre. Amparada por seu Pai Oxalá, e seus padrinhos, 
a Lei Maior e a Justiça Divina, ela vai vencendo todos 
os obstáculos. 
Os seus trabalhadores conquistaram o coração das 
pessoas. 
Todos correm para escutar a palavra de sabedoria do 
preto–velho, ou a conversa pura e alegre da criança. 
Os Caboclos transformaram-se na linha de frente da 
Umbanda, trazendo as qualidades dos nossos ama-
dos pais e mães Orixás. Onde existe um Pena Bran-
ca, lá está a paz e serenidade de Oxalá. Onde traba-
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lha um Sete Espadas, estão os olhos da Lei. 
Exu e Pomba-gira se fizeram presentes tornando-se 
sinônimos de proteção e cumprimento da Lei, seja 
na seriedade do Tranca-Ruas, no olhar penetrante 
do seu Capa Preta, ou na força da Rainha Maria Pa-
dilha.
Todos os espíritos podem se manifestar para a ca-
ridade, como um dia pediu a “mãezona” Iemanjá, 
surgindo assim a alegria dos muitos “Zés” que tra-
balham na Umbanda. 
E principalmente a Umbanda tornou-se sinônimo de 
amor e caridade, de luz e evolução espiritual. 
Esse texto é apenas uma fábula, uma lenda ou um 
Itan, que presta também sua homenagem à filha 
mais nova de Olorum. É um pedido para que enfim 
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as pessoas entendam que existe algo maior que a 
“minha” ou “a sua” Umbanda. Simplesmente existe 
A UMBANDA, filha querida de Olorum, que encanta 
a todos os Orixás, e enche os olhos do velhinho e 
amoroso Oxalá de lágrimas de felicidade e amor...
(Sepe, em homenagem a Umbanda, essa linda reli-
gião universalista, doada a todos nós pelos amados 
Pais e Mães Orixás).
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O que é
RELIGIÃO?
CAPÍTULO 4
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RELIGIÃO?
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Uma das formas de definir religião é ir direto ao 
significado da palavra, do latim, religare, que tem 
o sentido de religar-se a DEUS. Logo um entendi-
mento teológico da mesma é propiciar um encontro 
ou reencontro com DEUS.
Mas, o que pode parecer simples é, no entanto, 
complexo, afinal há formas muito variadas de religião 
e até algumas, como o budismo e jainismo, em que 
nada se refere a DEUS, são praticamente religiões 
ateístas.
Partindo desse ponto de vista, a definição de religar-
-se, embora seja muito interessante, não expressa 
todas as dimensões que as diversas religiões encer-
ram em si mesmas. Por se tratar de algo indissoci-
ável ao ser humano, como produto cultural e social, 
recorremos às ciências humanas para melhor com-
preender o fenômeno em suas múltiplas formas de 
expressão.
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Desde que o homem habita este mundo há religião, 
o próprio homo sapiens é considerado um homo re-
ligiosos; apesar de reconhecermos o quanto a re-
ligião faz parte de nossas vidas, ela já passou por 
um período de “trevas”, justamente no período em 
que surge o iluminismo. É quando surge o mundo 
moderno, pós-revolução francesa, que o homem se 
voltará a um racionalismo cientificista que nega o va-
lor da religião. No séc. XIX, Augusto Conte torna-se 
o precursor do positivismo declarando que a religião 
seria substituída pela ciência, pois no futuro esta te-
ria as repostas para as inquietações humanas bus-
cadas no mundo teológico. E assim como os perío-
dos mitológicos e mágicos já haviam sido superados 
pelo religioso, este também seria ultrapassado, de-
clarando sua inutilidade. Religião tal qual se conhece 
seria uma pseudossolução para pseudoproblemas.
Nos passos de Conte viriam Nietzsche, declarando 
a morte de Deus, Freud, considerando religião uma 
ilusão, algo infantil, e Marx que afirmaria ser o suspiro 
dos oprimidos, ópio do povo. Cientistas promoveram 
uma nova inquisição na qual só tem valor o que pode 
ser observado, experimentado e mensurado dentro 
do método científico.
Em meio a tanto ceticismo, Jung oferece um con-
traponto às ideias de Freud, demonstrando a impor-
tância das questões religiosas na vida do ser, apre-
sentando o erro da aplicação do método científico 
para negar o valor que possui a religião na vida e na 
psique humana:
“O conflito surgido entre ciência e religião no fundo 
não passa de um mal-entendido entre as duas. O 
materialismo científico introduziu apenas uma nova 
hipótese, e isso constitui um pecado intelectual. Ele 
deu um nome novo ao princípio supremo da rea-
lidade, pensando, com isso, haver criado algo de 
novo e destruído algo de antigo. Designar o princí-
pio do ser como Deus, matéria, energia, ou o quer 
que seja, nada cria de novo. Troca-se apenas de 
símbolo.” 
Religião faz parte de uma realidade subjetiva do ser, 
o que não pode ser mensurado, já que as ciências 
naturais se ocupam da realidade objetiva. Buscamos 
no método científico respostas de como funciona a 
realidade física, no entanto, o mesmo é insuficien-
te para dar sentido a esta realidade. Para entender 
melhor essa dinâmica humana do ente que busca 
respostas além de si mesmo é que se abriu campo 
nas ciências humanas, com o fim de entender a ex-
periência religiosaem suas diversas dimensões.
O pai da sociologia, Émile Durkheim, em sua obra 
clássica, As Formas Elementares de Vida Religiosa, 
faz considerações importantes sobre o que vem a 
ser religião:
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Não há, pois, no fundo, religiões que sejam falsas. 
Todas são verdadeiras à sua maneira: todas respon-
dem, ainda que de maneiras diferentes, a determina-
das condições da vida humana [...].
A conclusão geral deste livro é que a religião é coisa 
eminentemente social [...]. 
Para aquele que vê na religião apenas manifestação 
natural da atividade humana, todas as religiões são 
instrutivas, sem nenhuma espécie de exceção, pois 
todas exprimem o homem à sua maneira e podem 
assim ajudar a melhor compreender esse aspecto 
da nossa natureza. [...] Uma noção que geralmen-
te é considerada como característica de tudo aquilo 
que é religioso é a de sobrenatural. Com esse termo 
entende-se toda ordem de coisas que vai além do 
alcance no nosso entendimento; o sobrenatural é o 
mundo do mistério, do incognoscível, do incompre-
ensível [...].
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Max Muller via em toda religião “um esforço para 
conceber o inconcebível, para exprimir o inexprimí-
vel, uma aspiração ao infinito”. [...]
Todas as crenças religiosas conhecidas, sejam elas 
simples ou complexas, apresentam um mesmo ca-
ráter comum: supõem uma classificação das coi-
sas... pelas palavras “profano “e “sagrado”. [...] Eis 
como o budismo é uma religião: na falta de deuses, 
admite a existência de coisas sagradas, a saber, das 
quatro verdades santas e das práticas que delas de-
rivam. [...] 
Uma religião é um sistema solidário de crenças se-
guintes e de práticas relativas a coisas sagradas, ou 
seja, separadas, proibidas; crenças e práticas que 
unem na mesma comunidade moral, chamada igre-
ja, todos os que a ela aderem. [...] 
Edênio Valle, em sua obra Psicologia e Experiência 
Religiosa afirma que “W. H. Clark reuniu, em 1958, 
nada menos que 48 definições psicológicas de re-
ligião”. Entre estas, ele transcreveu algumas, e des-
tas nós destacamos as seguintes para concluir o que 
vem a ser religião:
Rudolf Otto, “A religião é o empreendimento humano 
pelo qual se estabelece um cosmo sagrado. Ou é a 
cosmificação feita de maneira sagrada. Por sagrado 
entende-se aqui uma qualidade de poder misterioso 
e tremendo, distinto do ser humano e, contudo, com 
ele relacionado, pois se acredita em sua presença 
em certos objetos de experiência... é o que faz tre-
mer e é o fascinante”.
B. Grom, “Religioso é tudo o que para os seres hu-
manos encerra uma relação a algo sobre-humano e 
sobremundano, prescindindo-se dos modos concre-
tos pelos quais o religioso pode ser concebido e ex-
perimentado.”
W. James - “São os sentimentos, atos e experiên-
cias do indivíduo humano, em sua solidão, enquanto 
se situa em uma relação com seja o que for por ele 
considerado divino.”
M. F. Verbit - “A religião é a relação do ser humano 
com qualquer coisa que ele conceba como sendo a 
realidade última dotada de significado.”
M. W. Calkin - “Religião é a relação consciente do 
self humano como self divino, isto é, com um self 
visto como maior que o self humano.”
Tomás de Aquino - “A religião é a virtude pela qual 
os homens rendem a Deus o devido culto e reverên-
cia.”
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Ernest Renan - “A Religião é a mais alta e atraente 
das manifestações da natureza humana.”
Definir o que vem a ser religião não é tarefa fácil, re-
sumir em poucas palavras pode nos levar a um re-
ducionismo de seu valor, estender-se na explicação 
pode tornar vago o conceito e, da mesma forma, um 
religioso falando sobre religião costuma antes definir 
o que é sua religião correndo o risco de excluir as 
outras. 
Antes de tudo, pode ser algo tão universal e ao mes-
mo tempo diverso, é preciso certa neutralidade para 
apreender seu significado. Quando se trata de reli-
gião, nossa postura deveria ser antes de entender 
que explicar, principalmente a religião do outro.
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E para fechar fica a definição do Mestre e Místico 
Hindu Vivekananda:
“A religião não consiste em doutrinas e dogmas. 
Ela não é o que você lê nem os dogmas que você 
acredita serem importantes, mas o que você per-
cebe... A finalidade de todas as religiões é a per-
cepção de Deus na alma. Essa é a única religião 
universal.” 
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Sincretismos
e RELIGIÕES
CAPÍTULO 5
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Sincretismos
e RELIGIÕES
“Nada há de novo abaixo do Sol.”
“Em religião nada se cria, tudo se copia.
Uma absorve os mistérios das outras”.
Pai Benedito de Aruanda
“Não há religião superior à verdade”
Helena P. Blavatsky
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Sincretismo consiste em unir dois ou mais valores 
para alcançar um terceiro valor, o sincretismo religio-
so está muito ligado às culturas, pois valores de duas 
ou mais culturas se unem quando nasce uma nova 
religião. 
Vejamos por exemplo na Umbanda, uma religião bra-
sileira, que tem culto aos Orixás, divindades africanas 
da cultura Nagô, e aos Santos, da cultura católica. Je-
sus Cristo e Oxalá são cultuados em um sincretismo 
tão forte que Jesus passa a ser Oxalá e Oxalá passa 
a ser Jesus. Aqui também surgem polêmicas onde 
nem todos aceitam o sincretismo desta forma, para 
muitos Jesus apenas representa Oxalá, para outros 
vice e versa e para terceiros os dois, Oxalá e Jesus, 
caminham juntos sem perder sua individualidade. 
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Assim é o sincretismo na Umbanda que aparece 
identificando:
Jesus Cristo com OXALÁ
Nossa Senhora da Conceição com OXUM
São Sebastião com OXÓSSI
São Jerônimo com XANGÔ
São Jorge com OGUM
São Lázaro com OBALUAYÊ
Santa Clara com LOGUNAN
São Bartolomeu com OXUMARÉ
Joana D’Arc com OBA
Santa Bárbara com IANSÃ
Santa Sara Kaly com EGUNITÁ
Santa Ana com NANÃ BUROQUÊ
São Roque com OMULU
Cosme e Damião com IBEJI
Na cultura brasileira existe o sincretismo cultural, que 
aparece em “síntese” na Umbanda, como um espe-
lho que mostra as culturas do Negro (Cultura Africa-
na), do Branco (Cultura Europeia) e do Índio (Cultura 
Nativa); todas elas partes de um todo que é a Cultura 
Brasileira.
O que cria um ritual marcado por estas influências, 
com muita musicalidade tocada por atabaques, re-
zas para Santos e Orixás, uso de terços e de colares 
de contas (guias), a valorização da natureza com a 
visão do índio que adora Tupã, o uso de ervas com 
banhos e defumação, uma forma simples de magia 
que mistura valores indígenas com o afro-brasileiro e 
muitos outros traços deste povo brasileiro.
Mas esta absorção cultural religiosa (sincretismo) não 
é uma exclusividade da Umbanda, o Judaísmo ab-
sorveu das culturas sumeriana, babilônica, acadiana 
e assíria em geral assim como a cultura cristã se ali-
mentou da judaica e da grega, a cultura do islã pode 
absorver as culturas cristã e judaica, assim como 
todas elas têm uma influência mais sutil também da 
quase extinta cultura persa, dos cultos zoroastristas. 
O Budismo nasce em solo hindu, através de um prín-
cipe guerreiro, Sidarta Gautama, o budismo tibetano 
recebe influência diferente do budismo chinês, pois 
os valores que antecedem permanecem subenten-
didos e se unem a outros para criar a argamassa 
com a qual a nova religião é construída. 
Tudo se transforma e assim é com as religiões que 
para nascer se alimentam de outras religiões, até 
que ao atingirem certa “proporção”, que nem sem-
pre corresponde à maturidade, passam aos con-
flitos de “adolescência” em relação à “Matriz” para 
entãopassarem a uma disputa aberta, na maioria 
dos casos, com objetivo de mostrar a supremacia 
de uma geração em relação à outra. A nova e vigo-
rosa geração apresenta ideias inovadoras ou ainda, 
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apenas, acredita, pensa, que suas ideias são novas e 
que está fazendo algo que ninguém teria feito antes. 
Encontraremos muitos valores em comum nas religi-
ões, muitas vezes chega a parecer que existe ape-
nas uma única religião que se manifesta de formas 
diferentes, a Ordem Teosófica tem uma visão muito 
particular sobre esta questão, onde a Teosofia é a 
“religião eterna” ou talvez “a religio-vera”, a “religião 
verdadeira” e mais adequadamente a “Religião da 
Sabedoria” que seria o ideal a que todas as religi-
ões buscam. Para muitos este ideal religioso pode 
ter sido algo que perdemos em outras eras quando 
a humanidade possuía um nível superior de espiritu-
alidade, como no mito de Atlântida ou da Lemúria. 
Na literatura de Rubens Saraceni encontramos esta 
cultura perdida no que é chamado de “Era Cristalina” 
(“Os Templos de Cristais”, “Hemissarê”, “O Guardião 
dos Caminhos” / Ed. Madras – Rubens Saraceni).
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Helena P. Blavatsky, fundadora da Ordem Teosófi-
ca, uma das mais eruditas e influentes estudiosas e 
pesquisadoras de religião de todos os tempos, em 
seu Glossário Teosófico (Ed. Ground, 4ª ed., 2000, 
trad. Silvia Sarzana) define Religião, Religião da Sa-
bedoria e Teosofia de uma forma que apresenta mui-
to bem esta ideia sobre um conhecimento eterno, 
que se manifesta nas diferentes religiões, mudando 
apenas a forma. Vejamos as definições de Blavatsky: 
Religião – Apesar da imensa diversidade que ofere-
cem do ponto de vista exterior, todas as religiões têm 
um fundo comum nas ideias dogmáticas, filosóficas 
e morais. De fato, o estudo comparado das religiões 
demonstra que os ensinamentos fundamentais so-
bre a Divindade, o homem, o universo, a vida futura, 
são substancialmente idênticos em todas elas, ape-
sar de sua diversidade aparente. São as mesmas 
encobertas pelo véu próprio das religiões exotéricas 
que as desfiguram parcialmente. É como uma luz 
branca encerrada num farol, que tem, em cada um 
de seus lados, um vidro de cor diferente e, conforme 
o lado em que é olhada, parece vermelha, azul, verde 
ou amarela; retire os cristais e verá a mesma luz em 
sua pura cor natural. Esta base comum de todas as 
religiões dignas deste nome explica-se porque todas 
elas emanam da Grande Fraternidade de Instrutores 
Espirituais, que transmitiram aos povos e raças as 
verdades fundamentais da religião, sob a forma mais 
apropriada às necessidades daqueles que deviam 
recebê-las, bem como às circunstâncias de tempo 
e lugar. Por isso se disse, não sem fundamento, que 
a questão religiosa é principalmente uma questão 
geográfica; assim, uma pessoa é muçulmana sim-
plesmente porque nasceu na Arábia; católica, por-
que nasceu na Europa etc. Em sua missão sublime, 
os excelsos fundadores de religiões foram auxiliados 
por certo número de indivíduos iniciados e discípulos 
de diversos graus, homens eminentes por seu saber 
e por seus relevantes dotes morais. Outra causa po-
derosa do antagonismo entre aqueles que profes-
sam credos religiosos diferentes são as corrupções 
introduzidas por seus representantes, que os modifi-
cam e transformam a seu bel-prazer, impulsionados 
geralmente por interesses e egoísmo.
Religião da Sabedoria – A única religião que serve 
de base a todos os credos existentes na atualidade. 
Aquela “fé” que, sendo primordial e revelada direta-
mente à espécie humana por seus Progenitores e 
pelos Egos que a instruem (por mais que a Igreja os 
considere como “anjos caídos”) não exige “graça” 
alguma ou fé cega para crer, porque era conheci-
mento. Nesta Religião da Sabedoria baseia-se a Te-
osofia.
Teosofia (do grego, theosophia) – Religião da Sa-
bedoria ou “Sabedoria Divina”. O substrato e base 
de todas as religiões e filosofias do mundo, ensina-
da e praticada por uns poucos eleitos, desde que o 
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homem se converteu em ser pensador. Considerada 
do ponto de vista prático, a Teosofia é puramente 
ética divina. As definições da mesma encontradas 
nos dicionários são puros desatinos, baseados em 
preconceitos religiosos e na ignorância do verdadeiro 
espírito dos primitivos rosacruzes e filósofos medie-
vais, que se intitulavam teósofos. [A palavra Teosofia 
não significa Sabedoria de Deus, mas Sabedoria dos 
Deuses ou Sabedoria Universal. Esta Sabedoria é a 
verdade interna, oculta e espiritual, que sustenta to-
das as formas externas da religião e seu pensamento 
fundamental é a crença de que o Universo é, em sua 
essência, espiritual; que o homem é um ser espiritual 
em estado de evolução e desenvolvimento e que a 
humanidade pode progredir na via da evolução atra-
vés do exercício físico, mental, espiritual adequados, 
fazendo-a desenvolver as faculdades e os poderes 
que a tornarão capaz de ultrapassar o véu externo 
do que é chamado de matéria e passar a ter relações 
conscientes com a Realidade fundamental. A grande 
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ideia, que serve de base para a Teosofia, é a Fra-
ternidade universal e esta se encontra fundamenta-
da na unidade espiritual do homem. A Teosofia é de 
uma só vez ciência, filosofia e religião e sua expres-
são externa é a Sociedade Teosófica. Opostamente 
ao que muitos acreditam, a Teosofia não é uma nova 
religião; é, por assim dizer, a síntese de todas as 
religiões, o corpo de verdades que constitui a base 
de todas elas. A Teosofia, em sua modalidade atual, 
surgiu no mundo no ano de 1875, porém é em si 
mesma tão antiga quanto à humanidade civilizada e 
pensadora. Foi conhecida por diversos nomes, que 
têm o mesmo significado, tais como Brahma-vidyâ 
(Sabedoria Suprema), Para-vidyâ (Sabedoria Supre-
ma) etc. O motivo especial de sua nova proclama-
ção em nossos dias foram os rápidos e perniciosos 
progressos do materialismo nas nações propulsoras 
da civilização mundial. Por esta razão, os guardiões 
da Humanidade acharam oportuno proclamar as an-
tigas verdades numa nova forma adaptada à atitude 
e ao desenvolvimento mental dos homens da época 
e, assim como antes foram reveladas uma após ou-
tra as religiões, segundo a passagem de um a outro 
desenvolvimento nacional, assim, em nossos dias, as 
bases fundamentais de todas as religiões tornaram a 
ser proclamadas, de modo que, sem privar nenhum 
país das vantagens especiais que sua fé lhe propor-
ciona, se deixará de ver que todas as religiões têm o 
mesmo significado e que são ramos de uma mesma 
árvore. A Teosofia apresenta-se, além disso, como 
base de filosofia de vida, porque possui vastíssimos 
conhecimentos sobre as grandes Hierarquias que 
preenchem o espaço; dos agentes visíveis e invisí-
veis que nos rodeiam; da evolução ou reencarnação, 
através de cuja virtude o mundo progride; da lei da 
casualidade ou da ação e reação, chamada karma; 
dos diversos mundos em que o homem vive, semeia 
e colhe, etc., etc., conhecimentos que resolvem, do 
modo mais racional e satisfatório, os árduos enigmas 
da vida, que sempre conturbaram o cérebro dos pen-
sadores como desalento de seu coração. No campo 
da ciência, abre novos caminhos ao conhecimento. 
A Teosofia explica a vida, justifica as diferenças so-
ciais entre homens e indica o meio para se retirar 
novos fatos do inesgotável armazém da Natureza. A 
Teosofia fornece também normas fundamentais de 
conduta aplicáveis à vida humana e levanta grandes 
ideais, que comovem o pensamento e o sentimento, 
para pouco a pouco redimir a humanidade da misé-
ria, da aflição e do pecado, que são frutos da igno-
rância, causa de todoo mal. A dor e a miséria de-
saparecerão completamente de nossa vida quando 
soubermos trocar a ignorância pelo conhecimento. 
Ante a Sabedoria nossas tribulações se desvanece-
rão, porque o gozo é peculiar e inerente à natureza 
íntima de que todos dela procedemos e a ela temos 
de voltar. A Teosofia, finalmente, não impõe qualquer 
dogma, nem força ninguém a acreditar cegamente 
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nas verdades que ensina, mas faz outra coisa imen-
samente melhor: coloca o homem disposto a isso 
em condições de perceber diretamente, por si mes-
mo, tais verdades através do desenvolvimento de 
sua natureza espiritual, e com ela, o desenvolvimento 
de certas faculdades internas latentes na generalida-
de da espécie humana, que lhe permitem conhecer 
o mundo espiritual e as relações do homem com a 
Divindade. Pelo conhecimento íntimo de si mesmo, o 
homem se torna capaz de conhecer a Vida universal 
e suprema, uma vez que o Espírito humano é uma 
parte do Espírito universal (DEUS)...” 
No Livro “A Vida Oculta e Mística de Jesus” de A. 
Leterre (Ed. Madras – 2004), encontramos logo no 
início de tal obra, em sua “Introdução” e “Explana-
ção”, textos que demonstram estas “igualdades” e 
“coincidências” entre as religiões, mostrando alguns 
elementos que foram claramente apropriados. O que 
choca é que muito raramente uma religião “dá o bra-
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ço a torcer” sobre que tal valor ter sido “importado” 
de outra cultura ou culto religioso, já que a prática 
comum entre religiões é diminuir a outra, e quando 
não até chegam ao ponto de “demonizá-la” fazendo 
com que seus fiéis creiam que as divindades alheias 
são “demônios”.
Vejamos algumas passagens da “Introdução” e “Ex-
planação” desta obra impar para o estudo das reli-
giões:
GÊNESE DAS RELIGIÕES
Admitimos por um momento que o nosso benévolo 
leitor, seja ele de que culto ou crença for, tivesse de 
fazer, como missionário, uma grande excursão pe-
los sertões de Mato Grosso.
Chegado a um ponto das ínvias selvas, depara-se 
com uma tribo de selvagens ocupada em render 
preito e homenagem a uma entidade abstrata, que 
ela reconhece como Superior e como Criadora de 
tudo quanto a cerca.
Essa entidade, ou anteriormente esse Deus, é re-
presentada por um boneco de barro exoticamente 
fabricado ou por um tronco de árvore cercado por 
enormes fogueiras, como as piras dos antigos tem-
plos, em volta das quais os silvícolas executam uma 
frenética dança ao som de flautas de bambu, acom-
panhada de estridentes berros à guisa de hinos ma-
viosos.
QUE FARÁ NOSSO MISSIONÁRIO?
Certamente procurará, com tempo e jeito, convencê-
-los de que laboram em erro e de que o verdadeiro 
Deus é aquele que ele mesmo adora, seja Jeová, Alá, 
Buda ou o Cristo do Calvário.
É possível que, convencidos de que o estúpido bo-
neco nada represente, eles passem a adotar o sím-
bolo do nosso incansável missionário.
Admitamos, porém, que outros missionários, de cre-
dos diferentes, venham também a passar por ali, su-
cessivamente, com intervalos assaz suficientes para 
dar tempo a que a nova crença se enraíze em seus 
pobres cérebros.
QUE SUCEDERÁ?
Sucederá que, ao cabo de alguns anos, digamos 
mesmo, de alguns séculos, essa tribo terá mudado 
várias vezes o modo de compreender esse Deus.
Mas não se segue daí que toda a tribo, sem exce-
ção de uma só alma, tenha permanecido fiel a cada 
crença que foi sucedida, e isso com unânime apro-
vação.
É indubitável, dada a diversidade de mentalidades, 
que tenham surgido certas divergências no modo 
de encarar esse Deus e seus atributos, ou mesmo 
na maneira de cultuá-lo nas sucessivas crenças, re-
sultando dali, então, as exegeses e os cismas que 
acabaram por dividir esses cultos em outros tantos 
cultos ou seitas contrários e inimigos, a ponto de se 
odiarem de morte.
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É exatamente o resultado verificado hoje na face des-
se pobre giroscópio.
Os primitivos povoadores da Terra sentiram que tudo 
quanto viam devia ser o produto de uma força supe-
rior e inteligente e começaram, então, na opinião de 
alguns historiadores, a simbolizar essa força, já com 
um disco representando o Sol, como fonte de vida 
material, já com um tronco de árvore, de onde foram 
surgindo os esteios da cabana que se transformaram 
em coluna do Templo etc.
Pela observação e pelo estudo da natureza, movidos 
pelas necessidades vitais, as indústrias foram sendo 
criadas, as artes nasceram, a ciência se manifestou, 
até se condensar em Academia.
Revelação
Foi então que a Religião fora revelada aos mais puros, 
nascendo dali o Templo, pois a Religião é o suspiro 
do homem, cuja resposta vem do céu e não da Terra.
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Que tivesse havido esta Revelação, está isso sobeja-
mente confirmado por todas as religiões do mundo.
Dupuis não crê na revelação, pois, segundo ele, só a 
razão humana é que tudo definiu; mas ele não reflete 
que essa Razão, que não é criação do homem, mas 
sim da Razão Suprema, que lhe deu em igualda-
de de grau para raciocinar e tirar conclusões justas 
e força de comparações, estudos e experiências, é 
que constitui, de fato, a Revelação Divina, seja por 
inspiração ou suposto acaso.
No Manavadarma foi a Krishna; nos Vedas, a Buda; 
no Zenda-Avesta, a Zoroastro; nos livros Herméti-
cos, a Hermes; nos Kings, da China, a Fo-Hi, a Lao-
-Tsé, a Confúcio; no Pentateuco, a Moisés; no Alco-
rão, a Maomé; no Livro de Jó, ao Pontífice Jó; nos 
Evangelhos, a Jesus. 
Todos eles afirmam terem recebido a verdade, de 
Deus mesmo, como a expressão dos seus divinos 
decretos.
Confúcio, príncipe regente, repudiou tudo para dedi-
car-se ao sacerdócio, quando, aos 50 anos, recebia 
essa revelação.
Daí a razão de ser Religião a Síntese da Ciência e não 
o contrário, o que seria absurdo.
Charles Norman, sábio astrônomo do Observatório 
de Paris, sintetiza admiravelmente essa Revelação 
em poucas palavras:
“Na verdade, parece que nada manifesta a presen-
ça mística do divino, tanto quanto esta eterna e in-
flexível harmonia que liga aos fenômenos expres-
sos por leis científicas.
A ciência que nos mostra o vasto Universo, con-
creto, coerente, harmônico, misteriosamente uni-
do, organizado como uma vasta e muda sinfonia, 
dominada pela lei e não por vontades particulares, 
a ciência, em suma, não será uma revelação?”
É certo, e isso não pode sofrer a mais leve refutação, 
que a crença monoteísta, isto é, a de um só Deus 
Criador e Todo Poderoso, existiu desde uma antigui-
dade pré-histórica e descrita nos livros anteriormen-
te citados, sendo de notar que os Sastras (Livros 
Sagrados da Índia) são anteriores de 1.500 anos aos 
Vedas que, por sua vez, têm mais de 6.000 anos.
Nos Vedas lê-se o seguinte:
“Deus é aquele que sempre foi; Ele criou tudo 
quanto existe; uma esfera perfeita, sem começo 
nem fim, é sua franca imagem. Deus anima e go-
verna toda a criação pela providência geral dos 
seus Princípios invariáveis e eternos. Não sonde 
a natureza da existência daquele que sempre foi; 
esta pesquisa é vã e criminosa. Basta que, dia a 
dia, noite a noite, suas obras manifestem sua sa-
bedoria, seu poder e sua misericórdia. Trata de ti-
rar proveito disso”.
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O Rei da Babilônia, Nabucodonosor, orava do se-
guinte modo: 
“Criador por ti, Senhor, eu te abençoo, tu me deste 
o poder de reinar sobre os povos segundo tua bon-
dade. Constitui, pois, teu Reinado; impõe a todos 
os homens a adoração do teu nome. Senhor dos 
povos, ouve minhas preces. Que todas as raças 
terrestres venham às Portas de Deus” (Babilu =Ba-
bilônia).
Nos antigos livros da China (nos Kings) encontra--se o seguinte, transcrito pelo imperador Kang-ki e 
compilado por du Halde, p.41, da edição de Ams-
terdã:
“Ele não teve começo nem terá fim. Ele produziu 
todas as coisas desde o começo; Ele é quem go-
verna como verdadeiro Senhor; Ele é infinitamente 
bom e infinitamente justo; Ele ilumina, sustenta e 
regula tudo com suprema autoridade e soberana 
justiça”.
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“Se olharmos os olhos negros dos chineses, diz 
Max Muller, acharemos que ali também há uma 
alma que corresponde a de outras almas, e que o 
Deus que ele tem em mente é o mesmo que nos 
empolga o espírito, apesar do embaraço da sua 
linguagem religiosa”.
Os druidas (Sacerdotes Celtas) diziam que Deus é 
por demais incomensurável para ser representado 
por imagens fabricadas por mãos de homens, e que 
seu culto não pode ser prestado entre muralhas de 
um templo; mas, sim, no santuário da natureza sob 
a ramagem das árvores ou nas margens do vasto 
oceano.
Para os druidas, o símbolo da Vida e da Luz era 
representado pelo termo ESUS (Definição de Leon 
Denis – Le Génie Celtique et le Monde Invisible).
Há neste termo uma curiosa aparência de analogia 
com o nome que pretendemos estudar neste en-
saio.
O Deus dos druidas era Be-il, de onde o Ba-al da 
Caldeia, ao qual juntaram Teutalés, similar de Thot 
-Hermes do Egito.
Foi São Judicael quem no século VII aboliu o Drui-
dismo que ainda existia confinado nas florestas da 
Brocelianda.
No Tibet, segundo o padre Huc, os Lamas dizem 
que:
“Buda é o ser necessário, independente, princípio 
e fim de tudo. É o Verbo, a Palavra. A Terra, os as-
tros, os homens e tudo quanto existe são uma ma-
nifestação parcial e temporária de Buda. Tudo foi 
criado por Buda, no sentido de tudo dele como a 
luz vem do Sol. Todos os seres emanados de Buda 
tiveram um começo e terão um fim; mas, assim 
como eles saíram necessariamente da Essência 
Universal, eles terão de ser reintegrados. É como 
os rios e as cachoeiras produzidos pelas águas do 
mar que, após um percurso mais ou menos longo, 
vão novamente perder-se na sua imensidade. As-
sim, Buda é eterno; suas manifestações também 
são eternas”.
Lê-se no Livro dos Mortos do Antigo Egito:
“Eu sou aquele que existia no Nada; eu sou o que 
cria; eu sou aquele que se criara por si próprio. Eu 
sou ontem e conheço amanhã, sempre e nunca”.
O Templo de Sais, antiga cidade do baixo Egito, 
trazia gravado em seu frontispício: 
“Eu sou tudo que foi, que é e que será, e nenhum 
mortal jamais levantou o véu que me encobre”. Era 
o “Deus Desconhecido”.
No México, em 1431, o rei Netzahualcóyotl que, 
quando criança, havia escapado milagrosamente da 
degolação dos filhos machos, como sucedeu a Moi-
sés, a Jesus e a outros reformadores, conforme ve-
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remos mais adiante, mandou construir templos, sen-
do o mais belo dedicado ao “Deus Desconhecido”. 
Dizia ele que os ídolos de pedra e de madeira, se 
não podem ouvir nem sentir, ainda menos poderiam 
criar o céu, a Terra e os homens, os quais devem ser 
obra de um Deus Desconhecido, todo-poderoso, em 
quem confiava para sua salvação e seu auxílio.
Esse Deus Desconhecido do México deve ser o mes-
mo Deus Desconhecido que Paulo encontrou em 
Atenas, conforme se vê em Atos XVI, 23.
O Ser Supremo dos Astecas era denominado Teotl; 
era impessoal e impersonificável; dele dependia a 
existência humana. Era a divindade de absoluta per-
feição e pureza em quem se encontra defesa segura.
Nos Livros de Hermes, escritos há mais de 6 mil anos, 
encontra-se o seguinte diálogo tido com Thoth, que 
bem define o espírito moral e intelectual daquelas 
eras:
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“É difícil ao pensamento conceber Deus e à língua 
de exprimi-lo. Não se pode descrever uma coisa 
imaterial por meios materiais; o que é eterno não 
se alia, senão dificilmente, ao que está sujeito ao 
tempo. Um passa, outro existe sempre. Um é uma 
percepção do espírito, e outro uma realidade. O 
que pode ser concebido pelos olhos e pelos sen-
tidos como os corpos visíveis pode ser traduzido 
pela linguagem; o que é incorpóreo, invisível, ima-
terial, sem forma, não pode ser conhecido pelos 
nossos sentidos. Compreendo, pois, Thoth, que 
Deus é inefável”.
Nos mesmos Livros lê-se também o seguinte:
“Desconhecendo nossas ciências e nossa civili-
zação, as gerações futuras dirão que adoramos 
astros, planetas e animais, quando, de fato, ado-
ramos um só Deus Criador e Onipotente”.
Na antiga Pérsia, Zoroastro chamava-o de Mitra, o 
Deus Criador, sendo Orzmud, o Pai.
No Egito era OSÍRIS.
Na Fenícia era ADONIS.
Na Arábia era BACO.
Na Frigia era ATHIS.
Moisés denominou-o de JEOVÁ, por assim lhe ter 
declarado o próprio Deus.
Maomé adora-o sob o nome de ALÁ.
Orfeu, o criador da Mitologia grega, considerado por 
isso, pelos católicos, como o chefe do paganismo, 
assim se exprime, segundo Justino, o Mártir em sua 
obra órfica: 
“Tendo olhado o logos divino, assenta-te perto 
dele, dirigindo o esquife inteligente do teu coração 
e galga bem o caminho e considera somente o Rei 
do Mundo. Ele é único, nascido de si mesmo, e 
tudo vem de um só Ser”. E, como veremos mais 
adiante, Orfeu conhecia a trindade divina.
Na obra de Apuleio, Metamorfoses, XI, 4, escrita no 
século II da nossa era, Ísis, a deusa egípcia, declara 
que ela é a própria divinizada.
Diz ela:
“Eu sou a Natureza, mãe das coisas, senhora de 
todos os elementos, origem e princípio dos sécu-
los, suprema divindade, rainha das Manes, primei-
ra entre os habitantes do céu, tipo uniforme dos 
deuses e das deusas. Sou eu cuja vontade gover-
na os cimos luminosos do céu, as brisas salubres 
do oceano, o silêncio lúgubre dos infernos, potên-
cia única, sou pelo Universo inteiro adorada sob 
várias formas, em diversas cerimônias, com 1.000 
nomes diferentes.
Os Frígios, primeiros habitantes da Terra, me cha-
mam de Deusa - mãe de Pessinonte; os Atenien-
ses autóctones me nomeiam Minerva, a Cecro-
pana; entre os habitantes da ilha de Chipre, sou 
Vênus de Pafos; entre os Cretenses, armador de 
arco, sou Diana Dichina; entre os Sicilianos que fa-
lam três línguas, sou Prosérpina, a utigiana; entro 
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os habitantes de Elêusis, a antiga Ceres, uns me 
chamam Juno, outros Belone, aqui Hécate, acolá 
a deusa de Ramonte. Mas, aqueles, que foram os 
primeiros iluminados pelos raios do Sol nascente, 
os povos Etiópicos, Arianos, e Egípcios, poderosos 
pelo antigo saber, estes, sós, me rendem um ver-
dadeiro culto e me chamam, pelo meu verdadeiro 
nome: a rainha Ísis”.
Todos os milhares de tribos da África, tanto as do 
litoral como as das regiões centrais, algumas de di-
fícil contato entre si e ainda menos com o europeu, 
adoram um Deus Supremo Criador, Onisciente, Mi-
sericordioso e sumamente bom, por isso nunca faz 
mal à sua criatura, razão pela qual não lhe prestam 
nenhum culto, nem lhe dirigem preces, nem proce-
dem a sacrifícios de animais em holocausto.
“Para definir Deus seria preciso empregar uma lín-
gua cujas palavras não pudessem ser aplicáveis às 
criaturas terrenas”.
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Os povos da Antiguidade, como ainda hoje os da 
Índia, do Egito, da China, eram e são profundamen-
te religiosos, e seus atos foram e são pautados por 
uma incomparável moral.
Não é, pois, possível, tachar-se esses homens ou 
esses povos de bárbaros, pagãos, ateus ou idólatras 
sem confessar má-fé ou falta de erudição e, portan-
to, incompetência para a crítica científica e histórica; 
e, se fanático possa haver, é decerto aquele que o 
fizer.
Diz Max Muller:
“Há pessoas que, por pura ignorância das antigas 
religiões da humanidade, adotaram uma doutri-
na, menos Cristã, certamente,que todas as que 
se encontram nas religiões antigas. Essa doutrina 
consiste em considerar todos os povos da Terra, 
antes do advento do Cristianismo, como ateus e 
condenados pelo Pai Celeste, que eles não conhe-
ceram, e, portanto, sem esperança de Salvação!”
A única base teológica propriamente dita da Teologia 
Cristã reside nos primeiros versículos de João que 
são copiados da Teologia pagã.
As ideias dos cristãos são as de Platão, o qual, por 
seu turno, as bebeu nas filosofias antigas do Egito, 
de Orfeu, Pitágoras etc.
Santo Agostinho, doutor da Igreja Católica, reconhe-
ce que se encontram em todos os povos do mundo 
as mesmas ideias que tinham os cristãos sobre Deus, 
sejam eles platônicos, pitagóricos, atlantas, líbios, 
egípcios, indianos, persas, caldaicos, scytas, gau-
leses, espanhóis etc.; todos possuíam os mesmos 
princípios teológicos e dividiam igualmente a divinda-
de em três partes. Ele reconhecia que os princípios 
de Platão e Moisés são idênticos, por terem ambos 
estudado no Egito, nas obras de Hermes Trismegis-
to.
Ainda explorando o que uma religião absorve das 
outras religiões para poder nascer, pois esta é a úni-
ca forma de nascer, é preciso ter genitores como Pai 
e Mãe, também parentes como tios, avós, bisavós, 
tataravôs e outros que estão na origem das origens 
de cada religião, que em muitas vezes podem até 
remontar a uma origem comum, como é o caso cla-
ro e clássico do Judaísmo, Cristianismo e Islamismo.
Em algumas religiões a influência, o sincretismo ou 
o plágio religioso é mais claro que em outras, muitas 
vezes não houve a preocupação em adaptar velhas 
informações a uma nova realidade, nova religião, o 
que facilita a identificação dos valores herdados, ab-
sorvidos ou suprimidos. É fato e não há outro ca-
minho pois: “Nada se cria do Nada”, Apenas Deus 
cria do Nada, no entanto em algum momento temos 
a certeza de que por mais inspiração que haja em 
religião, para o seu nascedouro e manutenção, sua 
realização e concretização é obra humana.
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No Catolicismo, com um pouco de estudo e pesquisa 
se torna muito fácil identificar estes elementos, ape-
nas nos surpreende que nenhuma destas religiões 
reconhecem que seus valores não são seus original-
mente, é de praxe, um costume até, a crítica indistin-
ta a todos os valores que venham de outra religião, 
esquecendo-se de que quando se diz que Deus é 
um só, logo o Deus do outro é o meu Deus é o úni-
co Deus de todos que adoram a um Deus único. No 
entanto, quando temos mais de uma pessoa como 
observador já não há apenas um ponto de vista.
No livro “Maçonaria – Escola de Mistérios” do autor 
Wagner Veneziani Costa (Editora Madras – 2006), en-
contramos um ótimo texto sobre este assunto, com 
o título de O Plágio Católico, como vemos abaixo:
Pecado original, venial ou capital, batismo, confissão, 
comunhão, céu, purgatório e inferno (...) tudo isso 
foi adaptação feita pelos bispos romanos, que bebe-
ram de crenças básicas das religiões antigas, cha-
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madas de pagãs. Pagão vem de paganu, o homem 
do campo que não possuía religião alguma. Esses 
campônios serviam de intermediários entre o campo 
e a cidade e professavam vários credos orientais, 
fazendo com que o Catolicismo bebesse seus dog-
mas e ritos. A própria missa também é uma adapta-
ção de cerimônias da Etiópia, do Egito e, ainda hoje, 
das ilhas da Oceania.
O báculo, a mitra, a dalmática, o pluvial, o ofício dos 
dois choros, a salmodia, o exorcismo, o incensório 
suspenso por cinco correntes, podendo abrir-se ou 
fechar-se à vontade, as bênçãos dadas com as pal-
mas da mão direita sobre a cabeça dos fiéis, o ro-
sário, o celibato eclesiástico, os retiros espirituais, 
os cultos dos santos, o jejum, as procissões, as lita-
nias, a água benta, a consagração do pão e do vi-
nho ofertados ao Criador, a extrema-unção, as rezas 
para os doentes e para os mortos, a manutenção 
dos mosteiros que honram sua religião, as missões 
de proselitismo feitas por missionários descalços e 
desprovidos de dinheiro, tudo isso foi retirado do cul-
to lamaico do Tibete, uma modalidade do Budismo 
hindu. O ritual, o cerimonial, o aparelhamento católi-
co, nada mais são do que cópias de religiões orien-
tais e do Paganismo, até se sentirem bem fortes para 
persegui-los em dezenas de sanguinolentas cruza-
das, como hereges.
As medalhinhas de santos e santas são imitações do 
escaravelho da medalha egípcia hieroglífica.
Lembremos que Moisés, Jesus e outros fundadores 
de religiões eram TOTALMENTE CONTRA a idolatria; 
no entanto, a Igreja Católica faz disso seu maior co-
mércio, colocando a cruz como tabuleta de reclame.
Como coisa rendosa para seus cofres, o Vaticano 
não faz outra coisa senão canonizar santos e san-
tas, e isso aos centos, de uma vez, para economizar 
cera!
A religião de Cristo também foi fundada como todas 
as demais, sob o culto do Sol, recebendo as mes-
mas ideias, as mesmas práticas, os mesmos Misté-
rios: LUZ E TREVAS (João 1: 5).
Todas as festas do Catolicismo têm semelhança 
com as do Paganismo. 
E o que fizeram os santos bispos e papas (que são 
representantes legais do Cristo)? Além de copiarem, 
começaram a deturpar as palavras latinas usadas 
nas festas pagãs! Vejam alguns exemplos:
Os pagãos adoravam Baco, conhecido pelos latinos 
como Líber. Celebravam duas festas, uma chamada 
urbana, na cidade, e a outra, rústica, nos campos. 
Para honrar o rei da Macedônia – Demétrio – acres-
centaram mais uma, como veremos:
Demétrio tinha sua corte no Golfo de Tessalônica. 
Pois bem, desse rei fizeram um mártir desse golfo, 
no ano 303, e o canonizaram como São Demétrio.
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Eleutério, que estabeleceu essas festas com deno-
minação de Festim Dionísio, Festim Eleutério, Festim 
Rusticum, passou a ser Santo Eleutério, e as festas 
passaram a chamar-se São Diniz, Santo Eleutério e 
Santa Rústica!
O deus Baco tinha uma amante chamada Aura, e 
o vento plácido personificava a doçura. Desses ter-
mos, fizeram Santa Aura e Santa Plácida!
Os pagãos felicitavam-se com os termos perpetuum, 
felicitatum; os católicos fizeram disso Santa Perpétua 
e Santa Felicidade!
No Ano-Novo eles usavam a fórmula: Quid Faustum 
Felixque sit; os católicos transformaram isso em São 
Fausto e São Félix!
Das palavras Rogare e Donare fabricaram São Roga-
ciano e São Donaciano!
De Gobineau diz que “a ignorância e mesmo a polí-
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tica apostólica contribuíram para agravar a devoção 
rústica. Via-se Júpiter com Thor transformado em 
São Pedro; Apolo, em São Miguel; Wodan ou Mar-
te, em São Martinho; as mães célticas tornaram-se 
as três Santas Marias; Ísis, a virgem que deve en-
gendrar, assimilada à mãe de Cristo; e, a coisa mais 
estranha, Buda colocado nos altares cristãos com o 
nome de São Josafá!
Citando Henri Estienne, apologista do Catolicismo, 
lê-se:
“Há grande conformidade em várias coisas entre 
os deuses dos pagãos e São Bento, entre as deu-
sas e suas sonatas; não há conformidade da par-
te dos verdadeiros santos e santas, a fim de que 
meu dito não seja caluniado; mas sim por parte de 
seus adoradores. Se bem considerarmos a ado-
ração dos deuses e das deusas pelos pagãos, e 
a adoração dos santos e santas pelos da religião 
romana, acharemos completa semelhança, afora 
o modo de sacrificar. E, assim, do mesmo modo os 
pagãos se dirigiram a Apolo ou a Esculápio, fazen-
do desses deuses da profissão de medicina e de 
cirurgia. Católicos não se dirigem também a São 
Cosme e a São Damião?
E Santo Elói, o santo dos ferreiros, não ocupará a 
mesma função do deus Vulcano?
E São Jorge, não dão a ele, os católicos, o título 
que sedava outrora a Marte?
A São Nicolau, não fazem eles a mesma honra que 
os pagãos faziam ao deus Netuno?
São Pedro como porteiro não corresponderá ao 
deus Janus?
Por pouco eles fariam crer ao Anjo Gabriel que ele 
é o deus Mercúrio!
Pallas como deusa das ciências não estará repre-
sentada em Santa Catarina?
E, em vez de Diana, não têm eles Santo Humberto, 
o santo dos caçadores?
Idêntico ofício é atribuído a Santo Estáquio.
E quando vestem João, o Batista com pele de leão, 
não será para ofender à vista o deus Hércules?
Não se vê comumente Santa Catarina com uma 
roda, como se quisessem representar a deusa da 
fortuna?
Delfos decidia as questões religiosas fabricando 
deuses, como Roma fabricava santos”.
Ora, quem fala assim é um católico de quatro cos-
tados!
Qualquer turista pode constatar que na Capela Sis-
tina do Vaticano, por ordem do papa e pelo genial 
pincel de Michelângelo, veem-se ali agrupadas as si-
bilas do Paganismo com os profetas do Catolicismo. 
É que, naquela época, a Igreja Católica ainda vivia 
dos ensinos dos invisíveis; invisíveis estes que ainda 
se manifestam no Vaticano, como acontece com as 
aparições de Pio X, testemunhadas pelos eclesiás-
ticos ali residentes, de cujas inscrições têm-se co-
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nhecido aqui fora, apesar da expressa proibição de 
Pio XI, de serem divulgados esses fenômenos.
Se perguntarmos a qualquer pessoa católica qual foi 
o grande chefe religioso que, segundo as escrituras, 
nasceu de uma virgem, escapou da degolação dos 
inocentes, confundiu os sábios pela precocidade de 
sua ciência, começou pregando aos 30 anos, foi ten-
tado no deserto pelo Diabo, expulsou demônios, deu 
vista aos cegos, realizou outros atos milagrosos e 
ensinou a existência de um Deus supremo de luz, de 
verdade, de bondade, provavelmente essa pessoa 
responderá imediatamente: Jesus Cristo, pois tal é o 
ensino dos livros sacros.
Mas se a mesma pergunta for feita para um persa, 
ele também responderia de imediato: ZOROASTRO, 
pois assim foi a vida desse reformador e o ensino do 
Avesta que existiu milhares de anos antes de Cristo.
Os maniqueístas têm bispos, patriarcas, anciãos, 
batismo, eucaristia, jejum, ofício com orações canta-
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das, comemoração anual da morte do seu fundador 
– Mani –, tal como Cristo.
A Igreja Católica, pela pena de São João Damasce-
no, na lenda de Barlaão e Josafá, que também foi 
copiada do Ramayana, no século XVII, e da qual La 
Fontaine fez a fábula dos Patos do Mano Philippe, 
tomou a virtude búdica como modelo de santidade 
e, como tal, aceita e aprovada por Gregório XIII, Xis-
to V, Urbano VIII, Alexandre VII e Pio IX. Tirou igual-
mente do Apólogo Búdico, por parábolas e contos, 
fartos exemplos de moral que foram introduzidos 
nos seguintes livros da Igreja Romana: Gesta Ro-
manorum, Vida Sanctorum, Vida Patrum, Disciplina 
Clericales etc.
No rito xintoísta, verifica-se uma completa seme-
lhança com o culto católico. Assim: benzer pedra 
fundamental, consagrar casa nova, exorcismo para 
afastar o espírito da raposa, venda de amuletos, 
água benta para a cura de doenças, assistência aos 
moribundos e preces ante o defunto, preces para 
chover, preces para ganhar a vitória em combates, 
culto dos mortos etc.
Segundo sérios estudos, o Budismo foi escrito cerca 
de 1.300 anos antes de Cristo. É originado do Bra-
manismo, religião de Rama (Ba-Rama, Brahma) e foi 
implantado na Índia, na Pérsia e no Egito, oriundo 
provavelmente da Atlântida, por se encontrarem ves-
tígios na América, no México, no Norte europeu e na 
própria África.
Mais ainda pode ser dito sobre a questão de sincre-
tismo entre divindades ou entre culturas onde uma 
absorve as divindades da outra, o que é uma neces-
sidade quando tal divindade é muito popular. Gostaria 
de lembrar algumas questões da cultura hindu, que 
é vastamente povoada por divindades, onde aparece 
em sua história o episódio do povo Ária (Arianos) de 
pele branca que invadiu e dominou uma região que 
era predominantemente ocupada pelo povo Drávda 
de pele negra. Os Arias trouxeram toda uma cultura, 
trouxeram a escrita e com ela os textos sagrados 
dos vedas onde estão os fundamentos e base de 
toda a religiosidade hindu. Encontramos nos vedas 
e também nos contos épicos como Mahabharata e 
Ramayana, histórias, contos, lendas e mitos (mitolo-
gia) que envolvem todo um panteão de divindades. 
O que é curioso neste panteão é a diversidade de 
apresentação destas divindades. Acredita-se que 
esta diversidade pode ter sido ocasionada pela ab-
sorção da cultura drávida pela ariana onde as divin-
dades que trazem a forma animal podem ter sido de 
origem drávida, que seria um povo mais xamânico, 
mais ligado à terra e aos animais. O mesmo exemplo 
vemos na prática do Yôga, que tem no Hata Yôga 
muitas posições identificadas com nomes de ani-
mais, como posição da cobra (Bhujangásana), ga-
fanhoto (Shalabhásana), peixe (Matsyásana), pavão 
(Mayurásana), leão (Simhásana), e outras que tra-
duzem um xamanismo drávida na busca do poder 
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destes animais ou em despertar todos estes animais 
interiores através das posturas, ássanas, que traba-
lham a energia, potência e espiritualidade através da 
experiência advinda da prática. Pode-se ainda ob-
servar a variação de tons de pele das divindades, 
lembrando que o homem costuma construir a divin-
dade à sua imagem e semelhança, encontramos Kali 
de pele negra, o que leva a crer de forma imediata 
na sua origem em meio ao povo negro, conquistado, 
e sua permanência entre o povo conquistador dado 
suas qualidades e atributos muito fortes, sem esque-
cer que o dominador não consegue expulsar total-
mente o dominado, surgindo sim uma raça que traz 
um tom de pele pardo, nem branco e nem negro, 
como uma cor de tabaco, a cor do indiano. Muitos 
drávdas se refugiaram mais ao sul da índia onde sua 
cultura ancestral, mágica e xamânica é mais forte. 
Também encontramos Shiva e Krihsna com pele azul 
que diz respeito à cor do céu que é Ele, no entanto 
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muitos acreditam que este azul teria sido negro em 
outros tempos. A intenção aqui é mostrar como este 
processo passa a ser algo natural em religião e uma 
tendência entre culturas.
Inclusive os fundamentos mais marcantes de uma 
religião passa a predominar na outra, como a ideia 
de trindade que entre os cristãos passou a ser:
PAI
FILHO
ESPIRITO SANTO
Aqui os três têm conotação masculina, como é a 
Igreja Cristã Romana, que na falta de uma mãe na 
trindade exaltou estas qualidades em Maria, quando 
percebeu que estava perdendo muito em qualida-
de por extirpar o arquétipo feminino, tão importante 
quanto o masculino.
A questão que se torna interessante é que no cris-
tianismo primitivo o Espírito Santo era considerado 
feminino, assim como no Judaísmo é presente esta 
visão em Shekná, o lado feminino de Deus.
Logo a trindade seria Pai, Filho e Mãe exatamente 
como nos panteões chamados pagãos, como:
Pai Céu, Mãe Terra e filho homem, semideus ou uma 
divindade.
Na cultura grega:
Zeus, Hera e Apolo.
Na cultura Romana:
Júpiter, Juno e Febo.
Na cultura Egípcia:
Osíris, Ísis e Hórus
Na cultura Hindu:
Shiva, Parvati e Ganesha
Ainda na cultura Hindu encontra-se a trimurti com-
posta por Brama, Vishnu e Shiva, três divindades 
masculinas que se completam com sua “contrapar-
te feminina” Sarasvati, Lakshimi e Parvati.
Na cultura nativa:
Sol, Lua e o homem.
Em todas as culturas encontraremos esta trindade, 
que foi absorvida e adaptada ao cristianismo. Pode-
mosainda falar dos vários textos bíblicos do Antigo 
Testamento, que são nada mais que traduções ou 
adaptações de textos sumerianos, babilônicos, fení-
cios, acadianos e outros como a história do dilúvio, 
dos anjos, os dez mandamentos e outros.
Também encontraremos a mesma ocorrência no 
Novo Testamento onde a virgindade de Maria é 
como a da mãe de Krihsna que tem nascimento, 
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vida e até o nome muito parecidos com o do Cristo. 
Mitos são tão fortes que se constroem e se renovam 
para as religiões, como o mito do salvador que dá 
sua vida por nós ou pela causa maior, o mito do herói 
que vai à guerra, o mito do humilde que transcende 
o sofrimento, o mito do perseguido e caluniado, o 
mito do grande Pai ou da Deusa. Mitos se repetem e 
constroem o perfil e o caráter de uma sociedade. Mi-
tos são de vital importância, mesmo que Jesus tenha 
existido e sua vida seja o que está relatado na Bíblia, 
nunca deixará de ser um mito muitas vezes antes re-
petido em outras culturas com outros nomes.
A Bíblia não é um livro de história, é um livro de sentido 
religioso, material teológico, apenas um fundamenta-
lista lê seus textos como se fossem fatos históricos 
ou a verdade última escrita diretamente por Deus. 
Embora seja fato a presença de Mitos e Lendas entre 
alguns fatos históricos. Sem falar dos interesses polí-
ticos das instituições religiosas que manipulam infor-
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mações e trabalham muito bem a questão do mito 
e arquétipo, para manter seu rebanho sob controle. 
As grandes religiões sabem que o homem é carente 
de um salvador, carente de uma força maior, carente 
de amor, carente de autoestima e claro carente de 
heróis, e muitas vezes todos estes atrativos são ma-
nipulados. Aqui entra o lado humano que não tem 
limites de escrúpulo, ética ou bom senso.
Só este assunto daria um ótimo livro de interesse de 
todos nós estudiosos e pesquisadores da teologia, 
teogonia, religiosidade, religião, mitologia, espiritua-
lidade e afins, como uma “Ciência Divina”, que em 
muitas vezes não passa de uma “Divina Comédia”, 
como diria o não menos erudito Dante Aligueri, que 
também nos deixa um legado que pode ser incluso 
neste campo de comparações com muito êxito. 
Na cultura chinesa também podemos citar que da 
influência do Taoísmo sob o Budismo nasceu o que 
chamamos de Zen-Budismo, onde filosoficamente 
está presente muitos conceitos do Taoismo.
Para muitos a cultura Africana de Orixás pode ser 
uma adaptação da cultura Africana Egípcia, ou seja, 
muitos creem que sendo mais antiga a Cultura Egíp-
cia pode ter dado origem à Nagô-Yorubá, no culto de 
Orixá que trás muitas semelhanças entre as divinda-
des, o que pode ser conferido no capítulo sobre as 
divindades.
Seria ainda curioso ressaltar as coincidências e se-
melhanças das pirâmides Maias e Egípcias.
A Esfinge Egípcia se aproxima muito da ideia de Que-
rubim, na cultura Judaica, onde ele não tem a forma 
de uma criança e sim de animais como o Touro, a 
Águia ou o Leão entre outros.
Isto sem repetir que as divindades de um panteão 
se tornam “demônios” facilmente na cultura de uma 
nova religião que domine a esta com intuitos destru-
tivos.
Um exemplo fácil é a Divindade Mãe Sumeriana As-
tarte que se tornou o demônio Astoré. Ou mesmo 
a perseguição atual de alguns grupos fanáticos que 
insistem em chamar de “demônios” as divindades 
alheias e entidades guias, espíritos que militam em 
outras religiões. Como os Orixás da Umbanda e do 
Candomblé ou mesmo a Exu Tranca Ruas que é 
um protetor na religião de Umbanda e é chamado 
de, você sabe o quê, entre grupos de fanáticos que 
mais falam do “tinhoso” (“capeta”, “coisa ruim”, “chi-
frudo”...) do que de Deus. E assim caminha a hu-
manidade dentro das culturas e doutrinas religiosas, 
nas quais nada se cria e tudo se copia, ou melhor, 
se transforma.
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Sincretismo
UMBANDISTA
CAPÍTULO 6
POR ALEXANDRE CUMINO
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Sincretismo
UMBANDISTA
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É verdade que o sincretismo entre santos católicos 
e divindades serviu para “encobrir” o culto de Orixás 
(e também de inquices, voduns e tatas) por escravos 
que não tinham a liberdade de professar sua religião, 
o que foi fundamental para a sobrevivência do cul-
to de nação (Cultos Afros), que gerou o Candomblé 
(Culto Afro-brasileiro), este é o marco de nascimento 
do sincretismo em nossa cultura. Até hoje no Can-
domblé há duas vertentes, uma que defende o santo 
(o falecido Professor Oluó Agenor Miranda era ferre-
nho defensor, pois muitos dos antigos realmente se 
consideravam católicos que tinham no Candomblé 
uma prática ou “seita”, sabemos que não é seita e 
sim uma religião, mas assim se pronunciavam os an-
tigos), e uma vertente que defende a separação do 
santo e do Orixá com o “slogan” - “Santa Bárbara 
não é Iansã”.
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Mas e a Umbanda?
A Umbanda não nasceu em meio à escravidão se 
aceitarmos a data de 15 de Novembro de 1908, logo 
nunca precisou esconder nada da figura do “Sinho-
zinho”.
A primeira Tenda de Umbanda do Brasil se chama 
“Tenda Espírita de Umbanda Nossa Senhora da 
Piedade” (Poucos sabem, mas o termo “Espírita” 
permanece no nome até hoje), e a família de Zélio de 
Moraes era muito católica, na tenda encontramos a 
imagem de Santo Expedito que não sincretiza com 
nenhum Orixá. Digo isto para colocar uma questão, 
a de que na Tenda Mãe não é apenas uma ques-
tão de sincretismo, se reza para os santos católicos 
também, em algumas vezes fica dúbia e controversa 
a simbiose, santo e orixá, para muitos antigos “Je-
sus é Oxalá”, “São Jorge é Ogum” tamanha a sim-
biose. E não é aqui uma questão de cultura e sim 
uma questão de fé.
Existem outras Tendas, antigas também com visões 
diferentes:
A Tenda Espirita Mirim foi fundada em 1924 e, que 
eu saiba, é a primeira tenda de umbanda a não acei-
tar os santos católicos com exceção de Jesus Cristo.
A Tenda Espírita Mirim foi fundada por Benjamim Fi-
gueiredo e é mantida até hoje por seu filho carnal 
e espiritual, Mirim Paulini. Tive a oportunidade de 
estar junto do “Mirinzinho” como é carinhosamente 
chamado o Sr. Pauline que em público, para entre-
vista e homenagem feita pelo instituto Icapra de nos-
so irmão Marcelo Fritz, disse que na Tenda Mirim não 
se reza para Santo porque “eles foram gente como 
a gente e muitos nem foram santos, até matavam 
pessoas”.
Da Tenda Mirim nasceu o Primado de Umbanda e 
muitas outras tendas que até hoje não usam o sin-
cretismo e são Tendas de Umbanda, foi aí na Tenda 
Mirim e Primado de Umbanda que nasceu o que no 
futuro seria conhecido como “Umbanda Esotérica” 
e “Umbanda Iniciática”.
Uma questão de opinião
Assim entendo que ter ou usar o sincretismo é uma 
questão de opinião e/ou afinidade.
Embora seja certo que mais de 90% das tendas 
aceitam o sincretismo entre Santos Católicos e Ori-
xás.
Outros casos
Muitos anos atrás o autor e sacerdote Umbandista 
Decelso escreveu um livro chamado “Umbanda de 
Caboclos” - 1967, que tive a oportunidade de ler e 
estudar, neste livro há uma comparação entre Orixás 
e divindades indígenas, o que poderia de forma cla-
ra e lógica criar um culto Umbandista voltado para 
estas divindades, já que também temos igual influ-
Pense bem antes de imprimir!
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ência indígena assim como a Africana. Mais interes-
sante, que soma e enriquece neste contexto, é que 
o Prefácio da Primeira Edição é feito por ninguém 
menos que Benjamim Figueiredo. 
Vejamos a citação do livro, pág. 68:
Os “deuses”
Segundo Heraldo Menezes

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