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APS TRABALHO DIGITALIZADO PROF LEONARDO

Prévia do material em texto

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS 
GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA 
 
 
 
BEATRIZ MARTINS DOURADO 
ESTHER DE OLIVEIRA COSTA 
GEOVANNA VON ZEIDLER DA SILVA 
LAURA VIANA RODRIGUES 
LETICIA VITORIA LIMA SANTOS 
 NATÁLIA CRISTINA ALVES FERREIRA 
WANESSA PONTES DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS 
APS - ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA 
2018 
 
 
 
 
 
 BEATRIZ MARTINS DOURADO 
ESTHER DE OLIVEIRA COSTA 
GEOVANNA VON ZEIDLER DA SILVA 
LAURA VIANA RODRIGUES 
LETICIA VITORIA LIMA SANTOS 
 NATÁLIA CRISTINA ALVES FERREIRA 
WANESSA PONTES DA SILVA 
 
 
 
 
 
 PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS 
APS - ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS 
 
 
 
 
 
 
Atividades Práticas Supervisionadas 
(APS), apresentada como exigência 
para avaliação da NP2 do Curso de 
Psicologia das turmas PS1P42, PS2P42 
e PS2Q42. Professor Orientador: 
Leonardo Conceição Guimarães. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA 
2018 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Este trabalho foi motivado pelo interesse das integrantes do grupo em 
entender e pesquisar de forma mais profunda dois dos processos psicológicos 
básicos, a sensação e a percepção. A curiosidade foi despertada durante uma 
aula, em que o professor que a ministrava, fez o mesmo experimento que foi 
realizado neste trabalho com uma aluna. 
Sensação é o processo pelo qual nossos receptores sensoriais e o 
sistema nervoso recebem e representam energias de estímulos do ambiente. Já 
a percepção é o processo de organização e interpretação das informações 
sensoriais, habilitando-nos a reconhecer objetos e eventos significativos. (p.175) 
A característica específica estudada dentro desse tema é a interação 
sensorial, que trata-se do princípio de que um sentido pode influenciar outro 
(p.197). Em nosso experimento, focamos no quanto a privação do olfato e da 
visão influenciam no paladar. Para saborear algo, normalmente sentimos o 
aroma pelo nariz, o cheiro pode alterar nossa percepção do sabor (p.196). O 
mesmo vale para a visão e o tato, ao detectar eventos, o cérebro pode combinar 
sinais visuais e táteis simultâneos (p.196). 
Qual a relação entre o olfato e o paladar? O presente trabalho tem como 
objetivo avaliar os efeitos da privação da visão e principalmente, do olfato no 
paladar. Para realizar essa análise, foi utilizado alimentos comuns e conhecidos 
de todos os participantes. Há hipótese do indivíduo sem o olfato privado 
identificar todos os alimentos e o indivíduo com o olfato privado ter um pouco de 
dificuldade para reconhecer. 
Neste trabalho visamos mostrar a importância do conhecimento a respeito 
da interação sensorial, para que ela possa ser mais explorada e 
consequentemente, trazer benefícios. Por exemplo, para pessoas com 
deficiência auditiva, ao verem um rosto animado formando as palavras 
pronunciadas do outro lado de uma linha telefônica, elas se tornam mais fáceis 
de entender (exemplo da p.197). 
 
 
 
METODOLOGIA 
 
Este projeto busca compreender se, de fato, o olfato interfere no paladar, 
para isso foi realizada uma pesquisa com 14 pessoas entre homens e mulheres, 
com idades entre 17 e 55 anos, sendo todos saudáveis, não possuem doença 
prévia e nem intolerância a algum alimento utilizado no experimento, os 
participantes são residentes do estado de Goiás e cada pessoa experimentou 
cinco alimentos selecionados anteriormente pelo grupo pesquisador. 
O grupo de 14 pessoas foi dividido em dois grupos. Os integrantes do 
primeiro grupo tiveram a privação da visão e do tato, pois não tocariam nos 
alimentos e permaneceram com os olhos vendados, os integrantes do segundo 
grupo teriam, além da privação da visão e do tato, a privação do olfato, todos do 
segundo grupo permaneceram com o nariz tampado enquanto experimentavam 
os alimentos. 
Para obtermos resultados concretos e satisfatórios nos experimentos, 
todos os participantes experimentaram os alimentos na seguinte ordem: café 
gelado, acerola, presunto ou mortadela, caldo do limão e goiabada. Entre um 
alimento e outro foi oferecido água aos participantes e eles relataram o que 
sentiram, se gostaram ou não do sabor e se identificaram o alimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESULTADOS DO EXPERIMENTO 
Seguem abaixo os resultados encontrados pelo grupo através do experimento: 
1. Wanessa 
 Café frio Goiabada 
(pedaço) 
Acerola 
(fruta) 
Presunto 
(lasca) 
Suco de 
limão 
(caldo) 
Homem - 
privado da 
visão 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Mulher - 
privada da 
visão e do 
olfato 
Reconheceu 
com 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
 
2. Beatriz 
 Café frio Goiabada 
(pedaço) 
Acerola 
(fruta) 
Presunto 
(lasca) 
Suco de 
limão (caldo) 
Homem – 
privado da 
visão e do 
olfato 
Não 
reconheceu 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
com 
dificuldades 
Mulher – 
privado da 
visão 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
 
3. Letícia 
 Café frio Goiabada 
(pedaço) 
Acerola 
(fruta) 
Presunto 
(lasca) 
Suco de 
limão (caldo) 
Homem – 
privado da 
visão e do 
olfato 
Reconheceu 
com 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
com 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Mulher – 
privada da 
visão 
Reconheceu 
com 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
com 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
 
 
 
4. Laura 
 Café frio Goiabada 
(pedaço) 
Acerola 
(fruta) 
Presunto 
(lasca) 
Suco de 
limão (caldo) 
Homem – 
privado da 
visão 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Não 
reconheceu 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Mulher – 
privado da 
visão e do 
olfato 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Não 
reconheceu 
Reconheceu 
com 
dificuldades 
Não 
reconheceu 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
 
5. Geovanna 
 Café frio Goiabada 
(pedaço) 
Acerola 
(fruta) 
Presunto 
(lasca) 
Suco de 
limão (caldo) 
Homem – 
privado da 
visão e do 
olfato 
Não 
reconheceu 
Não 
reconheceu 
Não 
reconheceu 
Não 
reconheceu 
Reconheceu 
com 
dificuldades 
Mulher – 
privada da 
visão 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Não 
reconheceu 
Reconheceu 
com 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
 
6. Esther 
 Café frio Goiabada 
(pedaço) 
Acerola 
(fruta) 
Presunto 
(lasca) 
Suco de 
limão (caldo) 
Homem – 
privado da 
visão e do 
olfato 
Reconheceu 
com 
dificuldades 
Reconheceu 
com 
dificuldades 
Reconheceu 
com 
dificuldades 
Reconheceu 
com 
dificuldades 
Reconheceu 
com 
dificuldades 
Mulher – 
privada da 
visão 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
 
 
 
 
 
7. Natália 
 Café frio Goiabada 
(pedaço) 
Acerola 
(fruta) 
Presunto 
(lasca) 
Suco de 
limão (caldo) 
Homem – 
privado da 
visão 
Reconheceu 
sem 
dificuldadesReconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Mulher – 
privada da 
visão e do 
olfato 
Não 
reconheceu 
Não 
reconheceu 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Reconheceu 
sem 
dificuldades 
Não 
reconheceu 
 
De acordo com os resultados obtidos através da pesquisa, pode-se 
observar que em grande maioria das vezes o grupo que ficou privado apenas da 
visão não teve nenhuma ou quase nenhuma dificuldade em reconhecer os 
alimentos experimentados. Neste caso a diferença de sexo e idade, não 
influenciou nas informações, podendo igualar todos os resultados 
independentemente desses fatores. Em contra partida, os voluntários que foram 
privados da visão e do olfato, na maioria das vezes, tiveram dificuldades ou não 
conseguiram reconhecer o alimento oferecido. Neste caso também não houve 
diferença nos experimentos em relação a sexo e idade, podendo nivelar todos 
os testes. 
Em moldes percentuais, pode-se representar os resultados da seguinte forma: 
 
85,7%
8,5%
5,70%
Voluntários com privação do sentido da visão
Reconheceu sem dificuldades Reconheceu com dificuldades Não reconheceu
 
 
 
Os alimentos foram experimentados trinta e cinco (35) vezes por cada 
grupo de pessoas. No grupo em que apenas a visão foi vedada, 85,7% das 
degustações foram identificadas sem dificuldades, 8,5% foram identificadas com 
algum tipo de dificuldade e em 5,7% das vezes o alimento não foi reconhecido. 
Por outro lado, no grupo vedado da visão e do olfato, 40% das provas foram 
identificadas sem dificuldades, 31,4% com algum tipo de dificuldade e em 28,5% 
das vezes o alimento provado não foi identificado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40%
31,40%
28,50%
Voluntários com privação do sentido da visão e do olfato
Reconheceu sem dificuldades Reconheceu com dificuldades Não reconheceu
 
 
DISCUSSÃO 
“O paladar também ilustra outro fenômeno curioso. Tampe o nariz, feche os olhos e 
peça que alguém lhe de vários alimentos. Uma fatia de maçã pode ser indistinguível de 
um pedaço de batata crua, uma porção de bife pode ter gosto de papelão; sem seus 
odores, pode ser difícil diferenciar uma xicara de café frio de uma taca de vinho tinto. 
Para saborear algo, normalmente sentimos o aroma pelo nariz - e por isso que comer 
não tem muita graça quando se está com um resfriado forte. O cheiro pode também 
alterar nossa percepção do sabor: o odor de morango de uma bebida aumenta nossa 
percepção de sua doçura. E a interação sensorial em ação.” 
 
(Myers, David G., Psicologia 9ª edição, 2010, pág. 196) 
 
O princípio da Inteiração Sensorial defende que um sentido pode 
influenciar o desempenho do outro. Deste modo, o paladar, o tato, o olfato, a 
audição e a visão não são vias totalmente separadas, pois ao interpretar algum 
evento, o cérebro assimila todas as informações recebidas através dos sentidos 
e interpreta o fenômeno como um todo. Consequentemente, se existe a privação 
de um dos sentidos, em primeiro momento, os outros não são capazes de 
exercer suas funções de maneira efetiva. 
No experimento conseguimos testar e evidenciar as inteirações existentes 
entre os sentidos quando aplicamos o teste nos dois grupos – o primeiro privado 
apenas do sentido da visão e o segundo privado da visão e do olfato – e estes 
reagiram diferentemente em cada circunstância. 
 Quando oferecemos os alimentos para o grupo que estava privado 
apenas da visão, esses foram identificados sem nenhuma dificuldade em 85,7% 
das vezes; isto se deu porque o olfato foi relevante na identificação do alimento 
provado. O processo de percepção olfativa aconteceu da seguinte forma: “as 
moléculas odoríficas se interligam a vários outros receptores, gerando os odores 
que somos capazes de identificar e estas combinações olfativas ativam 
diferentes padrões neuronais, que nos permitem diferenciar entre os aromas que 
já conhecemos o que estamos sentindo.” (Malnic et al., 1999). 
Mas por outro lado, em 14,3% das vezes os alimentos foram reconhecidos 
com dificuldade ou não foram identificados. Tal fato pode ser explicado usando 
um trecho da obra do psicólogo escocês, David Perrett: “para objetos e eventos 
biologicamente importantes, o cérebro dos macacos (e certamente o nosso 
 
 
também) dispõe de uma ‘vasta enciclopédia visual’ distribuída na forma de 
células que se especializam em responder a um tipo de estímulo”, ou seja, existe 
um tipo de “dicionário” em nosso cérebro que indica qual o estímulo recebido e 
o interpreta. Quando privamos o sentido da visão, distinguir o que está sendo 
provado utilizando apenas o paladar e o olfato se torna mais difícil, mesmo sendo 
possível. 
Privando os voluntários de mais um sentido – o olfato – e induzindo-os a 
descobrir qual era o alimento proposto, o número de vezes em que o alimento 
provado não foi reconhecido aumentou de 5,7% para 28,5% e, 
concomitantemente, o número de vezes em que o alimento foi identificado com 
alguma dificuldade também aumentou: passou de 8,5% para 31,4%. 
Fica provado empiricamente através deste experimento a existência de 
um elo entre os sentidos da visão, olfato e paladar. Evidencia-se tal fato quando 
o grupo vedado do sentido da visão apresentou maior facilidade em identificar 
os alimentos provados e quando o outro grupo vedado da visão e do olfato 
manifestou dificuldades ou até mesmo não reconheceu o alimento provado. 
A menos que o sentido seja treinado para ser mais apurado e preciso em 
diferentes circunstâncias – como é o caso de um degustador de vinhos que 
consegue distinguir se a bebida é de safra mais recente ou mais antiga com os 
olhos vendados -, os sentidos interdependem-se entre si. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONCLUSÃO 
 
Este projeto mostrou como os sentidos estão interligados, o grupo que 
teve a privação do olfato teve uma dificuldade para reconhecer os alimentos, 
mesmo que já tivesse experimentado o alimento em algum outro momento, ao 
contrário do primeiro grupo que reconheceram facilmente os alimentos, apesar 
de não terem conhecimento de quais alimentos experimentariam. 
Poucas pessoas do segundo grupo reconheceram os alimentos, haveria 
três possibilidades para essa diferença, pode ser um alimento que o participante 
não gosta de jeito nenhum, gosta demais ou houve uma falha no momento de 
tampar o nariz do participante. 
Apesar do resultado já ser esperado é importante que se realizem novas 
pesquisas nesse sentido e com um número de participantes maior, para que se 
possa confirmar esta pesquisa, para que cada vez mais possamos compreender 
como o corpo humano funciona e principalmente a ligação entre os sentidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS: 
 
PSICOLOGIA 9ª edição, 2010. Myers, David G. 
 
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/os-cinco-sentidos.htm 
 
http://cienciahoje.org.br/artigo/os-sentidos-o-cerebro-e-o-sabor-da-comida/ 
 
https://super.abril.com.br/saude/paladar-o-mais-fino-dos-sentidos/ 
 
https://www.researchgate.net/publication/277842970 - “PERCEPÇÃO DE 
SABOR: UMA REVISÃO”. Artigo de Giovana c. Strapasson, Ana C. M. Lopez, 
Tenille Basso, Daniele f. Santos, R. A. Mulinari, Grace M. F. C. Wille, Sandra 
W. Barreira 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2730360 - “A olfação como um 
sistema modelo para a neurobiologia da habituação de curto prazo em 
mamíferos”. Artigo de Donald A. Wilson. 
 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004274920030006000
01 - “Visão e percepção visual”. Artigo de Harley E. A. Bicas; Elton H. 
Matsushima; José Aparecido Da Silva. 
 
http://www.anpad.org.br/enanpad/2006/dwn/enanpad2006-mkta-1332.pdf 
“PERCEPÇÃO: TERMO FREQÜENTE,USOS INCONSEQÜENTES EM 
PESQUISA?” Artigo de Maria de Lourdes Bacha, Vivian Iara Strehlau, Ricardo 
Romano. 
 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19686152 - “Separação e finalização do 
padrão no olfato”. Artigo de Donald A. Wilson.

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