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* * * Tipos de acidentes Acidentes individuais Acidentes organizacionais * * * Exemplos de acidentes e sua interpretação * * * Por favor: Anote sua opinião sobre as causas dos acidentes ou trechos de acidentes relatados a seguir e use suas notas como base para perguntas. * * * Comportamentos e Acidentes - 1 Caso 1: Eletricista orientado a não testar lâmpada após sua troca. Termina de instalar e faz o teste. Caso 2: Motorista termina de carregar caminhão tanque, vai atender telefone que toca há alguns minutos e, ao voltar, parte esquecendo de desconectar mangueiras. * * * Comportamentos e Acidentes - 2 Caso 3: “Expert” chamado pela empresa avalia risco de vazamento de gás com base na sua experiência*. *Associação com ausência de meios confiáveis. Caso 4: Eletricista de manutenção troca sensor de fim de curso em fresadora em que nunca trabalhou antes. A máquina está ligada e o avanço de cabeçote não foi bloqueado. * * * “Descumprimento de regras” Caso 5: Após 20’ enchendo tanque o operador escuta e desconsidera alarme de enchimento. O tanque sangra antes de completar 30’. Caso 6: Maquinista decide sair com trem sem autorização e desencadeia choque de trens: Caso 7: Operador de “chipper” desfaz travamento com a máquina ligada e puxando toras com as mãos. * * * Como Esses Tipos de Acidentes são Interpretados? * * * O debate atual A visão tradicional Acidentes decorrem de comportamentos das vítimas Produtos de escolhas conscientes com origens em aspectos individuais Abordagens recentes Acidentes são organizacionais. Comportamentos têm origens em circunstâncias materiais e sociais do contexto Circunstâncias influenciam os modos de gestão psíquica do trabalho. Abordagens Psicologizantes centradas no indivíduo (“comportamen-talistas”) Abordagens sócio- Sistêmicas * * * Como vem sendo construída a abordagem sócio-sistêmica de acidentes? * * * Modelo de acidente organizacional de Reason Propostas de Segurança Comportamental partem do pressuposto que as principais causas de acidentes são atos inseguros (erros ativos) e defendem prevenção centrada em mudanças de comportamentos dos operadores. Propostas de Segurança Sistêmica partem do pressuposto que as principais causas de acidentes são condições latentes, como escolhas estratégicas e decisões organizacionais que devem ser alvo prioritário de programas de prevenção. Os erros ativos têm importância menor para a prevenção. São mais efeitos do que causas. * * * A situação atual Desafio da atualidade: gestão de riscos na sociedade dinâmica. Globalização, novas tecnologias e formas de organização do trabalho originando novos tipos de risco e desafios para a análise de acidentes. Persistência de situações de “Acidente esperando para acontecer”: Risco evidente, facilmente identificável. Persistência da atribuição de culpa em análises de acidentes e crescimento de propostas de “Segurança Comportamental”. * * * Implicações para a análise de acidentes Desafio 1: Desconstruir a atribuição de culpa e desmistificar sua roupa nova propagandeada como Segurança Comportamental. Adotar análises de acidentes embasadas em enfoque sócio-sistêmico. Desafio 2: Aumento das exigências técnicas do desenho e execução das análises. Surgimento de novas técnicas de análise e aumento do uso de conceitos de diferentes áreas de conhecimento nas análises * * * Caminhos da exploração de aspectos organizacionais na análise de acidentes * * * Perigo e Risco definidos como fenômenos técnicos: Energia potencial controlada e chance de exposição a fluxo de energia Risco não resulta apenas de fatores técnicos anteriores. Segurança e Risco são propriedades emergentes do sistema e Sua compreensão exige conhecimento da atividade do homem no sistema. Explicitando a concepção de acidente: Qual o modelo de gestão de risco adotado no sistema em que você atua? * * * Implicações teóricas: novas formas de entender o erro, o risco e a segurança Abordagem tradicional do erro: Evento negativo. Ser humano como elo fraco na segurança do sistema. Erro como desvio em relação a normas ou regras Desafio atual: analisar acidentes incorporando novas formas de compreender o erro: Erro como desvio em relação a práticas conhecidas e usadas com sucesso no passado. Erro como importante para a compreensão do desenvolvimento do trabalho. O sucesso e o fracasso têm origens nos mesmos fatores (Woods). Como analisar o acidente? Explicitando a concepção de acidente: Como é definido o “erro” no sistema em que você atua? * * * Conceitos usados para abordar o erro humano Ergonomia da Atividade: Constrangimentos da OT limitam margens de manobra dos operadores para enfrentar a variabilidade do trabalho Ergonomia Cognitiva: Constrangimentos da OT quebram a compreensão do operador na atividade Segurança Sistêmica e Psicologia Cognitiva: Propriedades emergentes e migração sistemática: Pressões ambientais fazendo emergir adaptações que empurram o sistema para fronteiras da segurança. Explicitando a concepção de acidente: O sistema em que você atua incorpora práticas de ampliação conceitual (escolas de pensamento e conceitos) da análise de acidentes? * * * Aspectos da abordagem ergonômica * * * Atividade, produção e saúde/carga de trabalho em situação que permite regulações Desempenho reprogramando objetivos e meios * * * Atividade, produção e saúde/carga de trabalho em situação que não permite regulações Impacto no estado interno (e no desempenho) * * * Contribuições da abordagem cognitiva de comportamentos humanos em situação de trabalho * * * Comportamentos e Acidentes - 1 Caso 1: Automatismos - Intrusão do habitual Eletricista orientado a não testar lâmpada após sua troca. Termina de instalar e faz o teste. Caso 2: Lapsos ou Distrações levando a omissões: Motorista termina de carregar caminhão tanque, vai atender telefone e, ao voltar parte esquecendo de desconectar mangueiras – vazamento e incêndio. Gestos automáticos são feitos sem uso da atenção. Punir e premiar não mudam sua realização. Armadilhas cognitivas: Seqüência de passos na tarefa podem interferir no funcionamento psíquico dos operadores aumentando as chances de omissões. Essas armadilhas não são desarmadas com punição ou premiação. Julgar o desfecho do comportamento inibe a prevenção. A prevenção precisa considerar as características do funcionamento psíquico do ser humano. * * * Comportamentos e Acidentes - 2 Circunstâncias não familiares, gestão baseada em conhecimentos e AT: Tarefas novas ou só raramente realizadas. Avaliar risco de desabamento de túnel com base na experiência do operador*. Caso 3: Avaliar vazamento de gás com base na experiência do expert convocado*. *Associação com ausência de meios confiáveis. Em tarefas novas o operador atua sem a proteção advinda: de bons planos a usar na realização da tarefa; da compreensão da evolução do trabalho e das perturbações ocorridas e; dos conhecimentos prévios sobre formas de resolver as dificuldades. Punir e premiar não mudam o modo como os trabalhadores realizam essas tarefas. * * * “Acidente na manutenção de fresadora” – 1 Caso 4: Eletricista de manutenção conserta máquina sem bloqueio de avanço de cabeçote: Bloqueio nunca foi usado na empresa. Para testar o conserto a máquina precisa ser desbloqueada. Bloqueio proposto na empresa não cita o momento dos testes. No modo manual de operação a máquina armazena comandos não obedecidos. Ajuste pós conserto é feito por tentativa e erro, sem visualização do parafuso apertado, com operador dentro da máquina. Gestão formal usada como álibi desconhecendo trabalho real. Surpresa automática. Desproteção cognitiva: Atividade realizada pela primeira vez. Punir e premiar não mudam o modo como os trabalhadores realizam essas tarefas. * * * “Alarme desconsiderado no enchimento de tanque” Caso 5: Após 20’ enchendo tanque o operador escuta e desconsidera alarme de enchimento. O tanque sangra antes de completar 30’. Habitual: tanque enche em 30’, alarmes mal regulados tocam e são desprezados. Trabalhador volta de férias, não é comunicado que o diâmetro dos tubos de enchimento foi aumentado e o alarme regulado. Conhecendo o sistema há muitos anos o operador desenvolve confiança (e desconfiança) em relação a seus componentes e passa a agir mais em função dessa confiança – gestão real da segurança - do que de normas e prescrições (gestão formal). Mudanças não comunicadas ocorridas durante ausências desses operadores fazem emergir riscos no sistema. Punir e premiar não mudam o modo como a confiança se desenvolve. * * * “Destravar chipper ligado com as mãos” Caso 7: Trabdor desfaz travamento de “chipper” com a máquina ligada, puxando toras com as mãos. Operador de pega-toras opera “chipper” para descarregar caminhão. Com a máquina desligada não se sabe se o travamento foi desfeito. Não há dispositivo automático para destravar. Tentativas de destravar com recuo e com tora de madeira falharam. Operador de pega-toras está sem trabalho, operador do “chipper” faltou, chega caminhão carregado, pagamento dos caminhões é feito com base no tempo de permanência no pátio. Gestão de incidentes com práticas formalmente contra-indicadas pela gestão formal de segurança existindo há anos sem questionamento. Aspectos da organização do trabalho interagindo e permitindo a emergência de riscos. * * * Perspectivas e Desafios Do “erro humano” ao “errar é humano”. Ultrapassar o paradigma do erro humano e causalidade mecânica Saber escolher o melhor para seu sistema. Não há síntese das teorias existentes. Reconhecer a utilidade de enfoques múltiplos e diferentes SGSST precisam explicitar suas escolhas: Enfoque único ou múltiplo? Quais? * * * “Só se destrói realmente aquilo que se substitui.” Baudelaire * * * Luiz Augusto Grando Padilha – Ms - UnC guto@conection.com.br Fone / fax: 0 xx 49 9146-1464
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