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Gastroenterites Virais • Quais os principais vírus que infectam enterócitos? • Alguns vírus entéricos têm capacidade de infectar outros tecidos. Dê exemplos. • Como é a forma de transmissão e prevenção? • A maioria das Gastroenterites infantis seja causada por vírus pertencentes a quatro diferentes famílias: • Reoviridae (rotavírus), • Caliciviridae (norovírus e sapovírus), • Astroviridae (astrovírus) e, • Adenoviridae (adenovírus). Vírus associados a gastroenterites Vírus associados a diarréia • Rotavirus • Adenovirus 40 e 41 • Calicivirus • Astrovirus • Sapporovírus • Coronavirus • Torovirus • Responsáveis por até 3/4 de todas diarréias de origem infecciosa. • segunda mais comum causa de doença, suplantada somente por infecções respiratórias. • GEVs são grandes matadoras, em função da desidratação. Barreiras imunológicas • Acidez estomacal • Barreira mecânica constituída pela mucosa intestinal • Ácidos biliares • Motilidade intestinal • Microbiota intestinal • Fagocitose por células de defesa (macrófagos) Transmissão vírus entérico Rotavírus Rotavírus • Família Reoviridae • Gênero Rotavírus • Infectam diversas espécies animais • 100 nm de diâmetro • não envelopado • Icosaedrico • Genoma - 11 segmentos de RNA de fita dupla (RNAfd), não infeccioso. • Proteinas estruturais virais (VP): VP1-VP4, VP6 e VP7. • proteínas não estruturais (NSP): NSP1 – NSP6 (algumas estirpes adaptadas em cultura de células não apresentam a proteína NSP6). • Classificados sorologicamente em grupos, subgrupos e sorotipos. • 7 grupos: A-G • Grupos A, B e C – doença no homem • Grupo A – melhor caracterizado – causam doença no homem e em diversas outras espécies de animais. • Proteína VP6 – determina subgrupo I,II e III (utilizada em kits diagnóstico comerciais - Elisa). • VP7 – 14 sorotipos G conhecidos, destes 10 causam doença no homem (G1 e G4 mais frequente no mundo) – G5, G6 e G10 eram exclusivamente patógenos animais, também foram isolados em humanos. • G1P[8], com a emergência do genótipo G9 em diferentes países. Atualmente o genótipo G2P[4] é predominante em todo o Brasil. Rotavírus • Responsável por 50-80% de todos os casos de gastroenterites virais, especialmente em jovens. • Usualmente endêmica, mas pode ser responsável por surtos ocasionais. • Causa doenças em todas as idades, mais severa em neonatos e crianças jovens. • Responsável por infecções assintomáticas e sintomáticas • Principal causa de diarréia grave em crianças < 5 anos de idade • maior incidência entre 6 meses e 2 anos • Desidratação • > 600 mil óbitos por ano em todo o mundo • Distribuição endêmica • 80% da população apresenta anticorpos contra rotavírus aos 3 anos de idade. • Mais frequente durante o inverno. • Transmissão fecal-oral. Sinais – rotavírus • Período de incubação de 24- 48hr, • Aparecimento súbito de vômitos e diarréia, podendo ou não haver febre. • Perda de líquido => desidratação PATOGÊNESE Os rotavírus aderem ao epitélio do trato GI (mucosa jejunal) Danos da região apical das vilosidades * * Enterotoxina viral NSP4 Aumento da Motilidade e Diminuição da Absorção Zuckerman A et al, eds. Principles and Practice of Clinical Virology. 2nd ed. Londres: John Wiley & Sons; 990:182. Fonte: Simone Guadagnucci Morillo Diagnóstico e Tratamento • ELISA em busca de antígenos virais nas fezes • Eletroforese em gel de poliacrilamida • Látex aglutinação • RT-PCR e suas variantes • Sorologia: pouca utilidade, pois todos são soropositivos • Combate a desidratação Vacina • Rotarix - Vacina rotavírus humano G1P[8] (atenuada) • VRH1 – Para crianças a partir de 6 semanas de idade: em duas doses, com intervalo mínimo de quatro semanas. • Esquema padrão: 2 e 4 meses de idade. Vacinas • INDICAÇÕES RotaTeq® vacina oral, pentavalente, indicada para prevenção de gastroenterite por rotavírus em lactentes e crianças. • VR5 – Para crianças a partir de 6 semanas de idade: três doses, com intervalo mínimo de quatro semanas. • Esquema padrão: 2, 4 e 6 meses de idade. Norovírus É a maior causa de surtos de gastroenterites virais agudas Relacionado a surtos em navios de cruzeiro, contaminação de águas recreacionais, e contaminação de esgotos. Conhecido anteriormente como Norwalk-virus (surto de gastroenterite viral em escola na cidade de Norwalk, Ohio, EUA, 1968) Norovírus • Familia Caliciviridae • RNA fs polaridade positiva • 27 a 30 nm diâmetro. • Não envelopado • Icosaédrico Norovírus • VP1 - NoV podem ser subdivididos em cinco genogrupos (GI, GII, GIII, GIV e GV), • Estirpes de 3 genogrupos (GI, GII e GIV) são encontradas em seres humanos. • GIII e GV são encontrados em bovinos e camundongos, respectivamente. • 31 clusters genéticos ou genótipos: • 8 no GI; • 17 no GII; • 2 no GIII; • 1 no GIV; • * embora um sexto genogrupo esteja em discussão. Devido à falta de um sistema internacional para classificação dos NoV em genogrupos e genótipos, esse suposto novo genogrupo ainda não foi confirmado. • A recombinação natural é considerada um evento comum entre os NoV - produzindo estirpes com genótipos de polimerase e capsídeo divergentes. • As estirpes recombinantes têm sido detectadas em crianças nos últimos anos. Embora o evento de recombinação seja a maior força no direcionamento da evolução viral, e esteja sendo descrito com frequência nos NoV, seu papel na história da evolução desse agente ainda é desconhecido. Classificação dos Norovírus Os norovírus do genogrupo II, genotipo 4 (GII.4), são atualmente respónsáveis por 70–80% dos surtos de infecções por norovírus no mundo. Sinais e sintomas • P. incubação: 24-48 horas (média 33-36 horas) • Diarréia aquosa, vômitos, dor abdominal, náuseas • Duração: Auto-limitada, 24 a 60 horas Transmissão • Água e alimentos contaminados, • Via fecal-oral, • Pessoa- pessoa; • Aerossolização de partículas virais durante o vômito que contaminam superfícies. • alto nível de excreção viral (108 a 1010 cópias de RNA por grama de fezes). • Altamente infecciosos, devido a combinação de baixa dose infectante (DI 50 < 20 partículas virais), • Transmissibilidade: 2 semanas (média 72 horas para infectividade). • Imunocomprometidos, reportaram a eliminação de NoV GII por pelo menos 8 meses. Transmissão - Norovírus Surtos • Disseminação rápida em ambientes fechados: • responsáveis por surtos de doença gastrintestinal • Escolas • Creches • Bases militares • Asilos • Navios Norovírus e a resposta imune • Imunidade após infecção por NoV são obtidos em estudos com voluntários humanos. • 50% das pessoas expostas ao vírus adquiriram imunidade homóloga de curto prazo, que é correlacionada com níveis de anticorpos no soro. • Pessoas com altos níveis de anticorpos para NoV preexistentes podem adoecer se expostas ao vírus. • Estudos sugerem que há imunidade de curto prazo após a infecção, e alguns indivíduos são suscetíveis a infecção sintomática, enquanto outros nunca desenvolvem sintomas, mesmo após contato direto. Infectam céls. que tem o gene alpha-1, 2-fucosyltransferase (FUT2) funcional e são chamados secretor-positivos; aqueles com o gene FUT2 não funcional são os secretor-negativos; estes últimos são resistentes à amostra GII.4, mas podem ser infectados com outras amostras. Os norovirus reconhecem antígenos de grupos sanguíneos que são expressos na superfície das células das mucosas. Epidemiologia Norovírus - Norovírussão a causa mais comum de gastroenterites virais (GEVs) na Europa. - Causa pelo menos 10% de todas as GEVs na Europa e cerca de 23 milhões de casos nos EUA/ano. (Lopman et al. Two Epidemiologic Patterns of Norovirus Outbreaks: Surveillance in England and Wales, 1992-2000. Emerging Infectious Diseases 9: January 2003). - São responsáveis por mais de 85% de todas as gastroenterites não bacterianas - (Hutson AM, et al. Norovirus disease: changing epidemiology and host susceptibility factors. Trends in Microbiol. 2004 12: 279-287). - Somente os resfriados são reportados mais comumente do que gastroenterites como causa de doença nos EUA. Controle - Não há vacina (ainda); - Essencialmente Higiene : - lavagem frequente de mãos, - desinfecção de superfícies contaminadas com produtos contendo cloro; - Lavagem de roupas, lençóis, etc. que possam estar contaminadas com água quente e detergente. - Secar roupa ao sol. Diagnóstico e Tratamento • Essencialmente RT/PCR • Raramente: microscopia eletrônica • Sintomático; • Evitar desidratação • Antivirais – ainda não disponíveis; • Não há vacina. Outros vírus associados a Gastroenterites virais Adenovírus Entérico • Vírus c/ DNA fita dupla, nús, simetria icosaédrica, 75 nm diâmetro. • Adenovírus entéricos tipos 40 e 41 associados a gastroenterites. • Usualmente casos de gastroenterite endêmicos em crianças jovens (até 3 anos) e neonatos. Surtos ocasionais podem ocorrer. • Possivelmentre a segunda maior causa de viral de gastroenterites (7- 15% de todos os casos endêmicos). • Doença similar à causada pelos rotavírus • Maioria das pessoas tem anticorpos aos 3 anos de idade. • Diagnóstico usualmente por ELISA (para a detecção de antígeno), PCR ou microscopia eletrônica. Astrovírus • Família Astroviridae • 28-35 nm, aparência de estrêla com 5 - 6 pontas • RNA fs+ ~7 kb, poli-A em 3’ , sem cap em 5’ • 3 ORFs (overlap 70 nt entre ORF1a (protease) e ORF1b (RdRP) • Dois gêneros: • Mamastrovirus: gatos, suínos, ovelhas, etc • Aviastrovirus: aves Astrovírus Em humanos=> diarréias 2-4 dias • Sorotipos 1-8: • responsáveis por até 10% dos casos de diarréia esporádica, aguda, não bacteriana em crianças • Maioria em: • crianças < 2anos • terceira idade • Imunocomprometidos Astrovírus • Associados a casos de gastroenterites endêmicas, usualmente em crianças jovens e neonatos. • Pode causar surtos ocasionais. • Responsáveis por até 10% dos casos de gastroenterites. • Doença similar aos rota e adenovírus. • Maioria das pessoas tem anticorpos aos 3 anos de idade. • Diagnóstico por microscopia eletrônica, porém difícil pelo tamanho reduzido. Não há outros testes disponíveis. Referência Bibliográfica
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