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REVISÃO DE PSICODIAGNÓSTICO

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DISCIPLINA: TÉCNICAS PROJETIVAS
ALUNO: MARCELO CRISON 
REVISÃO DE PSICODIAGNÓSTICO
A) Descreva, da maneira mais completa possível, as diferenças entre o processo do psicodiagnóstico e a avaliação psicológica em geral.
A avaliação psicológica é um processo amplo, com objetivo de coletar e interpretar um conjunto de informações que permitem conhecer o avaliado, inerentes à diferentes áreas de interesse humano. Esta avaliação cuja principal fonte de informação são oriundas dos testes psicológicos de diferentes tipos, que propiciam a integração dos dados para criar as condições de aferir e sintetizar os diversos fenômenos psicológicos conhecidos. 	
Diferentes áreas podem ter o interesse que constitua uma necessidade de uma avaliação psicológica, organizações e instituições, psicólogos clínicos, questões escolares, questões jurídicas, e necessidades sociais específicas como porte de armas, habilitação, cirurgias, entre outras. A depender dos objetivos e finalidades da avaliação, diversos métodos e técnicas psicológicas estão disponíveis aos profissionais, como os testes psicométricos, testes projetivos, estudos de casos clínicos, análise de documentos, dinâmicas de grupo, entrevistas e observações verbal e não verbal. 
O instrumento de observação dos comportamentos verbais e também daqueles comportamentos não verbais, que capturam elementos para além do conteúdo da informação do avaliado, são fundamentais ao processo de conhecimento do avaliado, seja durante a entrevista direta, como a observação destes comportamentos manifestos diante os demais instrumentos da avaliação. 
A entrevista para avaliação psicológica deve ter um formato semiestruturado, com um roteiro dos itens adotando todos os cuidados necessários para obter do avaliado sua autodescrição, mediante os objetivos da avaliação demandada. Deve ter atenção como perceber que nem sempre o conteúdo verbal está de acordo com aquilo que de real é narrado, devendo ser sutil ao checar incongruências no discurso do entrevistado. Assim como a linguagem e expressão corporal, linguajar e termos utilizados pelo avaliado. O avaliador também deve cuidar para que todo o setting da entrevista esteja o mais adequado possível para a entrevista, e principalmente ter uma boa relação com o avaliado por meio de atitudes e escuta empática do avaliado, além do compromisso ético que regem a profissão. 
O psicodiagnóstico é um processo científico limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes psicológicos. Inicia-se a partir de uma demanda, desenvolvendo por meio de um foco específico que visa medir forças e fraquezas do funcionamento psicológico em nível individual ou não. Podendo identificar ou não a existência de psicopatologias. 
Caracteriza-se por ser um tipo de avaliação psicológica desenvolvida com propósitos clínico, orientada para a resolução de problemas seja para entender problemas à luz de pressupostos teóricos, seja para identificar e avaliar aspectos específicos, seja para classificar o caso e prever seu curso possível, dos quais se for o caso são propostas soluções. 
O psicodiagnóstico é estabelecido com base nas perguntas ou hipóteses iniciais, definindo-se não só quais os instrumentos necessários, mas como e quando utilizá-los. Tais resultados são comunicados a quem de direito, podendo oferecer subsídios para decisões ou recomendações às suas fontes solicitantes: categoria médica, principalmente dos psiquiatras, assim como da comunidade escolar, juízes, advogados, e outros.
O foco ou motivo da avaliação, a existência ou não de um problema psicológico, é de extrema importância, pois será ele que irá guiar todo o processo de psicodiagnóstico, incluindo a escolha das técnicas e dos instrumentos que serão utilizados. As primeiras informações/queixas recebidas do paciente, ou da fonte de encaminhamento, geralmente não são suficientes para delimitação clara desse foco. Os objetivos da avaliação precisam ser bem claros para que o trabalho do psicólogo seja de acordo com a necessidade inicial daquele que solicitou o psicodiagnóstico. 
Entre as diversas formas de entrevistas para realização de um psicodiagnóstico, a entrevista aberta não há um roteiro pronto, é necessário investigar questões específicas aos sintomas apresentados e questões mais generalistas, como aquelas relativas aos marcos de desenvolvimento, sempre com uma atenção especial para o foco de avaliação. Na entrevista de livre estruturação as perguntas seguem o curso das informações trazidas pelo próprio paciente, pode-se iniciar questionando se o paciente sabe o motivo do encaminhamento e, a partir das informações trazidas, direcionar as perguntas. Perguntas importantes devem abordar seu momento de vida atual, se há algum acontecimento vinculado ao aparecimento das dificuldades ou se o problema vem se manifestando de modo contínuo ao longo da vida da criança. 
As entrevistas semiestruturadas também são comuns no cenário do psicodiagnóstico. Diferentemente da entrevista livre, contam com perguntas pré formuladas, o avaliador seguindo um roteiro de questões, contudo, novas perguntas podem emergir a partir das respostas dadas pelo paciente ou familiar durante a realização do roteiro prévio. Entrevistas semiestruturadas são bem aplicadas para realização de anamneses, pois, dependendo da faixa etária do paciente, haverá dados importantes relacionados à fase do desenvolvimento que devem ser em praticamente todos os casos ser levantados. 
As entrevistas estruturadas, são mais raras no contexto clínico. Pouco se utiliza uma entrevista totalmente estruturada, pois ela limita o avaliador tanto no que se refere às perguntas que podem ser feitas quanto no tipo de resposta que pode ser obtida, contendo perguntas e alternativas de respostas determinadas. Não existindo liberdade para que se acrescentem novas questões nem a possibilidade de o paciente trazer respostas diferentes daquelas preestabelecidas. 
Na hipótese da utilização uma entrevista estruturada assim como na utilização de instrumentos de avaliação como inventários ou escalas, em uma avaliação psicodiagnóstica, estes não poderão ser analisados isoladamente, sendo necessários outros instrumentos para que se possa entender o caso específico de cada indivíduo avaliado. Seus resultados terão que ser respaldados por informações coletadas principalmente por entrevista não estruturadas e/ou semiestruturadas e observações clínicas, sendo estes últimos os principais instrumentos para fornecimento de informações do psicodiagnóstico.
B) Aponte a operacionalização (etapas) do processo de psicodiagnóstico, destacando de forma crítica a importância do entendimento psicodinâmico do paciente (histórico de vida).
Conforme indicado no capítulo, de forma bastante resumida, os passos do diagnóstico, utilizando um modelo psicológico de natureza clínica, são os seguintes:
levantamento de perguntas relacionadas com os motivos da consulta e definição das hipóteses iniciais e dos objetivos do exame; 
Conforme Cunha (2007), o entendimento dinâmico pressupõe um nível mais elevado de inferência clínica, permitindo chegar a explicações de aspectos comportamentais nem sempre acessíveis na entrevista, à antecipação de fontes de dificuldades na terapia e à definição de focos terapêuticos, identificando conflitos e chegando a uma compreensão do caso com base num referencial teórico. Mediante entrevistas, observação, testagem e uma integração dos dados com base em pressupostos psicodinâmicos.
Os sintomas presentes na vida de cada indivíduo são experienciados de forma particular. Conforme a história de vida e o modo de funcionamento psíquico, o adoecer até aquele momento de sua vida pode ser a forma mais funcional possível do sujeito diante os seus recursos até então disponíveis, funcionando para defender-se de um sofrimento intenso.
Dentre os recursos e instrumentos da psicologia, o processo de acolhimento mediante uma fortalecida relação de vínculo terapêutico e a escuta ativa, proporcionam frente às demais categorias da saúde mental, a possibilidadedo paciente expressar seu modo de existir no mundo diante suas próprias demandas existenciais. O sofrer, a angústia, a dúvida, o adoecimento, os sintomas, não são eventos isolados, são parte da totalidade do indivíduo, de sua subjetivação naquele momento de sua existência 
Psicólogos comprometidos com o foco terapêutico de apoiarem os pacientes ao enfrentamento de seus contextos de vida relacionados ao sofrimento, manejando as sessões sem a necessidade de apresentar e vincular a terapêutica por meio de um psicodiagnóstico, conduzem o processo terapêutico de um modo mais humanizado. Este manejo terapêutico estimulará o paciente a compreender o que o faz sofrer e porquê ele precisou adoecer e/ou os seus sintomas. Durante este processo buscar-se-á com base na história de vida do paciente as condições para ressignificar seus processos de subjetivação da sua vida. 
Os profissionais com foco terapêutico vinculado à tradição diagnóstica, correm o risco de estigmatizar os pacientes por meio de rótulos diagnósticos que os desimplicam de suas histórias de vida, podendo vir a desestimula-los do enfrentamento psicoterapêutico de seus contextos vivenciais atrás do sofrimento. 
Um laudo diagnóstico psicológico, um psicodiagnóstico com base em um DSM-5, avaliando frequência, intensidade e duração de comportamentos, se realizado de forma descomprometida, poderá se tornar uma grande muleta psíquica para o paciente, um documento que poderá legitimar uma interação viciosa do paciente ao “seu diagnóstico” vivenciando cronicamente algo que poderia vir a ser ressignificado.
planejamento, seleção e utilização de instrumentos de exame psicológico;
levantamento quantitativo e qualitativo dos dados;
integração de dados e informações e formulação de inferências pela integração dos dados, tendo como pontos de referência as hipóteses iniciais e os objetivos do exame;
comunicação de resultados, orientação sobre o caso e encerramento do processo.

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