Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
www.cers.com.br OAB XVI EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 1 SIMULADO I – XVI EXAME DE ORDEM Manoel Dias, residente na cidade de X, do Estado Y, casado, pai de três filhos, é comerciante desde os 20 anos de idade, mantendo o seu estabelecimento no centro da cidade onde nasceu. No dia 24 de outubro de 2014, por volta do meio dia, teve um desentendimento com um de seus sócios, de nome Fernando, em virtude de umas das mercadorias não ter chegado no prazo determinado. Em face disso, iniciaram uma discussão acalorada, ocasião em que Fernando começou a jogar todos os objetos constantes na loja em cima de Manoel. Para fazer cessar a agressão, Manoel, que possuía um canivete no bolso, sacou o instrumento e atingiu o seu sócio do lado esquerdo, embaixo do braço. O golpe, apesar de não ter sido muito profundo, perfurou a veia cava superior, produzindo em Fernando hemorragia interna, sendo este levado ao hospital. Alertada por funcionários do estabelecimento, a autoridade policial militar foi até o local, procedendo à captura de Manoel e subsequente condução do mesmo a presença da autoridade de polícia judiciária, momento em que foi lavrado auto de prisão em flagrante delito, realizada as oitivas das testemunhas presenciais e satisfeitas todas as exigências normativas concomitantes e decorrentes. Tais testemunhas, em seus depoimentos, informaram que Manoel apenas se defendeu, já que só golpeou Fernando porque ele estava jogando todos os objetos em cima dele. Os depoimentos mostraram-se concordantes com as declarações prestadas por Manoel em seu interrogatório. Ao final, o inquérito foi remetido ao Ministério Público, que denunciou o agente pelo crime de lesão corporal de natureza grave, nos termos do art. 129, §1º, I do Código Penal, uma vez que Fernando passou 31 dias no hospital decorrente dos ferimentos causados por Manoel. O Juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca de X do Estado Y recebeu a inicial acusatória, por verificar a existência dos requisitos constantes no artigo 41 do Código de Processo Penal, ordenando a citação do acusado. O oficial de justiça, na primeira tentativa infrutífera de citação pessoal, procedeu a citação por hora certa, oportunidade em que Manoel efetivamente foi citado, no dia 02 de fevereiro de 2015 (segunda-feira). Ressalte-se que, até a data da citação, apesar de realizada a perícia traumatológica, não foi acostada aos autos a perícia complementar que deveria ter sido realizada na vítima para comprovação da lesão sofrida. Constituído pelo acusado, redija a peça processual cabível ao caso, desenvolvendo as teses defensivas que podem ser extraídas do enunciado com indicação dos respectivos dispositivos legais. Apresente a peça no último dia do prazo para protocolo. (Valor: 5,0) PADRÃO DE RESPOSTA Endereçamento correto (Valor: 0,25) www.cers.com.br OAB XVI EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 2 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE X DO ESTADO Y Processo número: Indicação correta do dispositivo que dá ensejo à apresentação da Resposta à Acusação – artigos 396 e 396-A do Código de Processo Penal (Valor: 0,4) Manoel Dias, já qualificado nos autos do processo às folhas ( ), por seu advogado e bastante procurador que a esta subscreve, conforme procuração em anexo, vem, muito respeitosamente a presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 396 e 396-A do Código de Processo Penal apresentar a sua RESPOSTA À ACUSAÇÃO pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. Exposição fática (Valor: 0,15) 1. Dos Fatos O agente foi denunciado pela prática do crime capitulado no artigo 129, parágrafo 1º, I do Código Penal, pois teria lesionado a pessoa de Fernando, em uma discussão ocorrida no estabelecimento em que os agentes são sócios, ficando este internado por 31 dias em virtude dos ferimentos causados. Autuado em flagrante delito e interrogado em sede policial, Manoel confirmou o abordado pelas testemunhas, no intuito de ter realizado a prática delitiva porque Fernando estava jogando os objetos em cima dele. O representante do Ministério Público ofereceu a denúncia, tendo o juiz da 1º Vara Criminal da Comarca de X do Estado Y recebido a exordial acusatória em todos os seus termos, citando o acusado para o oferecimento da resposta à acusação. Preliminares (Valor: 1,5) - Indicação da preliminar de nulidade da citação por hora certa, conforme previsão no art. 564, III, “e” em combinação com o art. 362, ambos do Código de Processo Penal, além dos artigos 227 a 229 do Código de Processo Civil. (Valor: 0,4) - Indicação da preliminar de ausência do exame complementar para a configuração do crime de lesão corporal de natureza grave. Fundamento no artigo 564, III, “b” em combinação com os artigos 158 e 168, §2º, ambos do Código de Processo Penal. (Valor: 0,4) - Indicação da preliminar de legítima defesa, causa de excludente de ilicitude. Fundamento no artigo 23, II em combinação com o artigo 25, ambos do Código Penal. (Valor: 0,4) - Indicação da preliminar de ausência de necessidade/interesse para o exercício da ação, nos termos do art. 395, II do Código de Processo Penal. (Valor: 0,3). 2. Das Preliminares www.cers.com.br OAB XVI EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 3 Preliminarmente, é manifesta a ocorrência da nulidade da citação por hora certa, conforme preceitua os artigos 564, III, “e” e 362, ambos do Código de Processo Penal em combinação com os artigos 227 a 229 do Código de Processo Civil, em virtude de ter citado o agente na primeira oportunidade, descumprindo o informado no Código de Processo Civil. Cumpre destacar a ocorrência manifesta de nulidade em virtude da ausência do exame de corpo de delito, nos termos do art. 564, III, “b” em combinação com os artigos 158 e 168, §2º, ambos do Código de Processo Penal. Ainda em sede de preliminar, cumpre esclarecer a ocorrência manifesta da legítima defesa, como causa de excludente de ilicitude, com fundamento nos artigos 23, II e 25 do Código Penal. Por último, não há que se falar em interesse/necessidade para o exercício da ação penal, razão pela qual a denúncia sequer deveria ter sido recebida, nos termos do artigo 395, II do Código de Processo Penal. Mérito (Valor: 1,5) - Desenvolvimento fundamentado acerca do instituto da legítima defesa, nos termos dos artigos 23, II e 25, todos do Código Penal. (Valor: 1,0) - Desenvolvimento fundamentado da nulidade do processo pela falta do exame complementar, conforme previsão nos artigos 564, III, “b” e 158, além do artigo 168, §2º ambos do Código de Processo Penal. (Valor: 0,2) - Desenvolvimento sobre a nulidade da citação por hora certa, descumprindo-se o que estabelece os artigos 227 a 229 do Código de Processo Civil (Valor: 0,2) - Desenvolvimento fundamentado acerca da ausência de interesse/necessidade de agir, com fundamento no artigo 395, II do Código de Processo Penal. (Valor: 0,1) 3. Do Mérito Cumpre esclarecer ao douto julgador a existência manifesta de uma causa de exclusão da ilicitude do fato, qual seja, legítima defesa. Conforme ensina a melhor doutrina, para a configuração do instituto previsto no artigo 23, II em combinação com o artigo 25 do Código Penal, é necessária a ocorrência de agressão humana injusta atual, em defesa de direito próprio ou alheio, desde quesejam utilizados os meios necessários moderadamente com a finalidade de deter essa injusta agressão. Excelência, no caso concreto analisado, todos os requisitos para a configuração da legítima defesa restaram demonstrados pelo acusado, pois a vítima começou a jogar todos os objetos constantes na loja em cima do suposto acusado, com a intenção de lesioná-lo, não conseguindo o seu intento porque Manoel possuía um canivete de bolso que utilizou para cessar a agressão sofrida. Ressalte-se ainda, não existir nos autos, qualquer informação de excesso realizado pelo acusado, pois agiu apenas com a finalidade de deter injusta agressão www.cers.com.br OAB XVI EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 4 sofrida, cessando a conduta delituosa logo após a interrupção da violência, agindo em legítima defesa. Além disso, douto julgador, cumpre esclarecer a inequívoca nulidade pela ausência do exame de corpo de delito, nos termos do artigo 564, III, “b” em combinação com o artigo 158 e art. 168, §2º, todos do Código de Processo Penal, pois o crime deixa vestígios e é imprescindível para a caracterização deste a existência de perícia, a qual foi acostada ao processo, inexistindo, todavia, o exame complementar, no intuito de comprovar a incapacidade das ocupações habituais por mais de 30 dias, elementar para a caracterização do crime de lesão corporal de natureza grave constante no artigo 129, §1º, I do Código Penal. Apenas por cautela, cumpre esclarecer a falta de uma condição para o exercício da ação penal, qual seja, o interesse de agir. Ora, como o agente está amparado pela excludente da ilicitude prevista no artigo 23, II e artigo 25, ambos do Código Penal, haverá a exclusão do crime, razão pela qual o processo penal não terá um fim útil, já que não será aplicada uma pena privativa de liberdade ao final do processo, restando configurada a falta de interesse de agir. É mister destacar ainda, Excelência, a nulidade em virtude da citação por hora certa por afronta ao Código de Processo Civil, com fundamento nos artigos 227 a 229, em combinação com os artigos 362 e 564, III “e”, ambos do Código de Processo Penal. Ocorre que, no caso concreto, para a efetivação da citação por hora certa, o Código de Processo Penal, em seu artigo 362 estabelece a aplicação, por analogia, dos dispositivos previstos no Código de Processo Civil. Este, por sua vez, preceitua que a citação por hora certa ocorrerá quando o Oficial de Justiça perceber a ocultação do réu para evitar a citação. Nesse caso, a citação acontecerá após a terceira tentativa de citação pessoal em que o Oficial de Justiça averiguar a ocultação do réu. O oficial de justiça, ao citar o agente na primeira tentativa infrutífera, afrontou o constante no Código de Processo Civil, causando, nulidade nos termos do artigo 564, III, “e” do Código de Processo Penal. Pedidos (Valor: 1,0) - Pedido de absolvição sumária, com indicação do art. 397, inciso I do Código de Processo Penal, em virtude da ocorrência da excludente de ilicitude da legítima defesa. (Valor: 0,4). - Pedido de anulação do recebimento da peça acusatória em virtude da ocorrência manifesta de falta de pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal, com fundamento no artigo 395, II do Código de Processo Penal. (Valor: 0,2). - Pedido de anulação do recebimento da peça inicial em virtude da nulidade de ausência de exame complementar, nos termos do artigo 564, III, “b” em combinação com os artigos 158 e 168, §2º, todos do Código de Processo Penal (Valor: 0,2) - Pedido de intimação e inquirição das testemunhas. (Valor: 0,2). 4. Dos Pedidos www.cers.com.br OAB XVI EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 5 Diante de todo exposto, requer-se a Vossa Excelência a absolvição sumária do réu, com fundamento no art. 397, inciso I do Código de Processo Penal, visto a ocorrência manifesta de excludente de ilicitude do fato, qual seja, legítima defesa. Apenas por cautela, não sendo acolhido o pedido de absolvição sumária, o que não se espera, requer-se ao douto julgador seja decretada a anulação do recebimento da peça acusatória em virtude da ocorrência manifesta de falta de pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal, nos termos do art. 395, II e III do Código de Processo Penal. Além disso, requer-se a anulação do recebimento também em virtude da nulidade de ausência de exame complementar, nos termos do artigo 564, III, “b” combinado com os artigos 158 e 168, §2º, todos do Código de Processo Penal. Por fim, requer, desde logo, que sejam intimadas e inquiridas as testemunhas ao final arroladas. Estrutura correta (indicação de local, data, assinatura, rol de testemunhas) – (Valor: 0,2) Termos em que, Pede deferimento. Comarca X, Estado Y, 12 de fevereiro de 2015. Advogado, OAB. Rol de Testemunhas: 1. 2. 3. OBS: seria possível o desenvolvimento acerca da possibilidade de desclassificação do delito e remessa ao juízo competente, bem como benefícios constantes na Lei 9.099/95, já que sem perícia complementar, não há caracterização da lesão corporal de natureza grave, podendo o agente ter o direito à suspensão condicional do processo pela ocorrência do crime de lesão corporal leve. Todavia, esse não é um pedido comum e aplicado em sede de resposta à acusação, mas o candidato não perderia ponto em colocá-lo. 01. Emerson, dono da empresa X, resolveu remeter dinheiro para uma conta que possuía no estrangeiro, sem a devida declaração à repartição federal competente. A situação foi descoberta em virtude de uma auditoria terceirizada realizada na Empresa, tendo a Polícia Federal sido informada pela empresa auditante e passando, a autoridade policial judiciária, a diligenciar objetivando a apuração dos fatos. Apesar de saber que estava sendo investigado, Emerson continuou a efetuar operações não autorizadas, com o fim de promover evasão de divisas, tendo a Polícia Federal realizado a captura do indivíduo, no momento em que o www.cers.com.br OAB XVI EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 6 mesmo estava em uma casa de câmbio, realizando a remessa ao exterior do equivalente a R$ 100.000,00 em moeda estrangeira. Apenas com base nas informações apresentadas ao caso concreto, responda: a) Qual a tipificação penal possível de ser reconhecida em relação a conduta de Emerson? (Valor: 0,40) b) Caberia a lavratura de Auto de Prisão em Flagrante Delito em desfavor de Emerson? (Valor: 0,40) c) Em sendo possível a lavratura de Auto de Prisão em Flagrante Delito, existiria a possibilidade de arbitramento de fiança? (Valor: 0,45) Fundamente suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. PADRÃO DE RESPOSTA a) A tipificação penal possível de ser reconhecida em relação a conduta de Emerson é a constante no artigo 22 da Lei 7.492/86, delito contra o Sistema Financeiro Nacional, lei conhecida como a Lei do Colarinho Branco, no qual o agente efetua operação de câmbio não autorizada, com a intenção de retirar o dinheiro do país, sendo punido com pena de reclusão de 2 a 6 anos e multa. b) A lavratura do Auto de Prisão em Flagrante Delito em desfavor de Emerson é legal, tendo em vista que quando Emerson foi capturado pela Polícia Federal estava efetuando operações não autorizadas, com o fim de promoverevasão de divisas, estando o agente em situação de flagrância, conforme estabelece o art. 302, I do Código de Processo Penal. Assim, como a situação apresentada deixou clara que o agente foi preso em flagrante quando estava cometendo a infração, nos moldes do artigo 302, I do Código de Processo Penal, resta evidenciada a legalidade da lavratura do Auto de Prisão em Flagrante, não sendo delito em análise de pequeno potencial ofensivo. c) Em que pese a vedação estabelecida pelo artigo 31 da Lei 7.492/86, onde estabelece que o réu não poderá prestar fiança, este dispositivo foi revogado tacitamente com a alteração do Código de Processo Penal, com o advento da Lei 12.403/11. Ocorre que, com a inovação legislativa, o Código de Processo Penal trouxe hipóteses taxativamente previstas sobre o impedimento da fiança, nos moldes do art. 323 e 324 do referido diploma legal. Notadamente, o delito praticado por Emerson não se enquadra em nenhuma das hipóteses referenciadas nos artigos supracitados, sendo perfeitamente possível o arbitramento da fiança por parte do Magistrado, não podendo, todavia, a Autoridade de Polícia fazê-lo por possuir o delito pena máxima abstratamente prevista maior do que 04 anos, sendo competente, para tanto, o Juiz, conforme estabelece o artigo 322, parágrafo único do Código de Processo Penal. www.cers.com.br OAB XVI EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 7 DIREITO PENAL – QUESTÃO 1 QUESITO AVALIADO a) Indicação do crime tipificado ao teor do art. 22 da Lei 7.492/86 (0,40) b) Lavratura do Auto de Prisão em Flagrante Delito de forma legal (0,40) c) Há possibilidade de arbitramento da fiança pelo juiz (0,25) / Revogação tácita do art. 31 da Lei 7.492/86 (0,10) / A fiança não pode ser arbitrada pela Autoridade Policial (0,10) 02. José, maior e capaz, através de seu perfil em uma rede social e anúncios vinculados pela internet, passou a propagar ser capaz de curar a síndrome da imunodeficiência adquirida, em duas semanas, através da ingestão de uma mistura de determinadas pétalas de rosas diluídas em água e óleo de mamona e adicionada de uma substância secreta. Para tal, bastava os interessados comprarem a substância pelo preço de R$ 10.000,00 mais despesas de envio. Tomando por base exclusivamente os fatos narrados indique a possibilidade de tipificação da conduta de José. (Valor: 1,25) Fundamente sua resposta. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. PADRÃO DE RESPOSTA É possível tipificar a conduta de José como crime de charlatanismo, previsto ao teor do art. 283 do Código Penal com pena de detenção de três meses a um ano, além de multa. Para a caracterização do delito, o agente tem a clara intenção de sugerir ou noticiar a cura de uma doença por meio de um resultado que seria infalível. Ressalte- se ser inadmissível a modalidade culposa para tal instituto, ocorrendo o delito ainda que não haja obtenção de lucro. Analisando o caso concreto, a conduta e José se amolda ao tipo penal, uma vez que propagou, por meio de suas redes sociais, ser capaz de curar determinada doença, valendo-se da ingestão de substâncias e de meios secretos para tal fim. OBS: Não cabe a tipificação do crime de estelionato previsto no art. 171, do Código penal em virtude do princípio da especialidade. OBS: Também não caberia a tipificação do exercício ilegal da medicina, tipificado ao teor do art. 282 do Código Penal, uma vez que para a caracterização deste crime é necessário a habitualidade por parte do sujeito ativo do delito. DIREITO PENAL – QUESTÃO 2 QUESITO AVALIADO www.cers.com.br OAB XVI EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 8 José praticou o crime de Charlatanismo (1,0) / Art. 283 do CP (0,25) A mera indicação do artigo não pontua. 03. Lucas, ao voltar para casa após uma comemoração do seu trabalho, foi parado em uma blitz por policiais militares devidamente empenhados em proceder fiscalização de trânsito, convidando-o a realizar o teste de alcoolemia, mais conhecido como o bafômetro. Realizado o teste, constatou-se concentração de 0,23 miligrama de álcool por litro de ar alveolar expirado (Mg/L). Ato contínuo, os policiais militares conduziram Lucas a Delegacia de Polícia mais próxima do local da abordagem, ocasião em que o Delegado de plantão procedeu a sua prisão em flagrante delito pela prática do delito tipificado no art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro, arbitrando a fiança em 05 (cinco) salários mínimos. Tomando por base exclusivamente os fatos narrados, pergunta-se: a) A prisão em flagrante delito de Lucas é legal? (Valor: 0,65) b) Qual a medida privativa de advogado cabível no intuito de restituir a liberdade de Lucas e o seu fundamento? (Valor: 0,6) Fundamente suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. PADRÃO DE RESPOSTA a) A prisão em flagrante delito de Lucas é ilegal, uma vez que ele não cometeu crime algum. Isso porque, para a caracterização do delito constante no artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro, é necessário que a concentração de álcool por litro seja superior a 0,34 mg/l, conforme estabelece o anexo I da Resolução 432 do Conselho de Trânsito Nacional, o que não ocorreu no caso concreto. Ressalte-se que, conforme estabelecido na Resolução, em seu artigo 7º, é necessário que o teste realizado pelo etilômetro tenha medição igual ou superior a 0,34 miligrama de álcool por litro de ar alveolar expirado, devendo-se ainda, ser descontado os erros ocorridos, nos moldes da Tabela de Valores Referenciais para Etilômetro constante no Anexo I da resolução. No caso concreto, verifica-se que a quantidade extraída no exame não foi igual ou superior ao estabelecido em tal Resolução, inexistindo ainda, qualquer outro procedimento, pela assertiva narrativa, de ter o agente cometido o crime constante no Código de Trânsito Brasileiro. b) A medida privativa de advogado cabível no intuito de restituir a liberdade de Lucas é o relaxamento de prisão, com fundamento no artigo 5º, LXV da Constituição Federal combinado com o artigo 310, inciso I do Código de Processo Penal, uma vez que não é possível imputar ao agente a prática de nenhum crime, podendo, apenas, responder Lucas por infração administrativa. DIREITO PENAL – QUESTÃO 3 QUESITO AVALIADO www.cers.com.br OAB XVI EXAME DE ORDEM – 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 9 a) A prisão de Lucas é ilegal (0,30) / Lucas não cometeu crime porque a concentração de álcool por litro de sangue não é superior a 0,34 mg/l OU A conduta de Lucas é atípica porque não há concentração de álcool por litro de sangue superior a 0,34 mg/l (0,25) / Anexo I da Resolução 432 do Conselho Trânsito Brasileiro (0,10) OU artigo 7º, II da Resolução 432 do Conselho de Trânsito Brasileiro. b) Relaxamento de Prisão (0,40) / Art. 5º, LXV, Constituição Federal OU Art. 310, I do Código de Processo Penal (0,20). 04. Paulo, diretor administrativo da Empresa Ômega, foi indiciado por ter patrocinado diretamente interesse privado perante a Administração Pública, dando causa à celebração de contrato administrativo, que posteriormente foi invalidado pelo Poder Judiciário. Ao término do processo investigatório, a Autoridade Policial competente encaminhou o relatório, tendo o representante do Ministério Público oferecido denúncia. O juiz competente recebeu a inicial acusatória,determinando a citação do réu. Diante das informações, pergunta-se: a) Qual o crime cometido por Paulo? (Valor: 0,40) b) Como advogado de Paulo, qual a peça prático profissional deverá ser interposta na fase inicial do processo, juntamente com a sua fundamentação legal e o prazo de apresentação? (Valor: 0,85) Fundamente suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. PADRÃO DE RESPOSTA a) O crime cometido por Paulo é o de patrocínio de interesse privado perante a Administração, tipificado ao teor do artigo 91 da Lei 8.666/93 (Lei de Licitações). Isso porque, o funcionário público patrocinou interesse privado perante a Administração, utilizando-se das suas funções para defender tais interesses e, com isso, dando causa a contrato anterior invalidado pela Administração. b) Como advogado de Paulo, a peça prático profissional que deve ser apresentada é a Resposta à Acusação, com fundamento no artigo 104 da Lei 8.666/93 (Lei de Licitações), no prazo de 10 dias. OBS: que não caberia a alegação do art. 321 do Código Penal em virtude da questão não ter informado ser ou não o agente funcionário público. Além disso, há uma tipificação penal mais específica constante na lei de licitação. DIREITO PENAL – QUESTÃO 4 QUESITO AVALIADO A) Paulo praticou Patrocínio de interesse privado perante a Administração (0,30) / Art. 91 da lei 8.666/93 (0,10). B) Resposta à Acusação (0,40) / 10 dias (0,25) / Art. 104 da lei 8.666/93 (0,20)
Compartilhar