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RESPONSABILIDADE CIVIL

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RESPONSABILIDADE CIVIL
Introdução
● Histórico
• Antiguidade – reação imediata/vingança
- Direito Romano – reparação como reação
- Revolução Francesa – reparação como forma de
equilíbrio social
- Período Pós-guerra – surto industrial; economia de
mercado; anonimato de rel. de mercado.
Pressupostos da Responsabilidade Civil:
● - Brasil/França – ato culposo e rel. de causalidade
● - pressupõe ação ou omissão
(proteção contra negligência, imperícia ou imprudência)
● - USA/Itália/UK – teoria do risco, independe de culpa
(proteção ao cidadão e ao mercado)
Notas diferenciativas:
Resp. Penal – “personalíssima” – visa a paz
Resp. Civil – “compensatória” – visa a reparação.
Modelo Americano
USA – Lei Básica: “Tort & Contractual Law”
- Proteção às relações sociais/civilizadas
• Proteção às garantias e promessas
- Previne:
- projetos defeituosos
- fabricação defeituosa
- manuseio inseguro & desinformação.
Brasil – Leis Fundamentais:
- Código Civil (Novo – vigora a partir de 2003):
“Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”
(art. 186)
“Aquele que por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repara-lo” (art. 927)
- Código de Defesa do Consumidor (Lei 8708/90).
Código Civil e Cód. de Defesa do Consumidor:
● Trabalham em conjunto para manter o equilíbrio e a
correção nas relações privadas:
● estabelecimentos/serviços, indústria e ou comércio
(bancos, hospitais, empreendimentos, etc.)
● acidentes relacionados com o trabalho
(patrões, empregados, prepostos, relações modernas
de trabalho, etc)
● empreendimentos em geral.
Princípios Fundamentais da
Responsabilidade Civil.
● Ato Ilícito e Conduta do Agente;
● Dano;
○ Dano patrimonial.
○ Dano moral.
● Culpa e Risco;
● Nexo de Causalidade.
Outras informações
● Abuso de Direito. (art. 187).
“Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.“
● Excludentes da Responsabilidade Civil.
i) estado de necessidade e legítima defesa;
ii) culpa exclusiva da vítima;
iii) fato exclusivo de terceiro;
iv) caso fortuito ou força maior; e
v) cláusula de não indenizar.
SISTEMAS VIGENTES
● REGRA NO BRASIL - SISTEMA DE
RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA – onde é
importante a discussão e a prova da culpa do agente.
● EXCEÇÃO NO BRASIL – SISTEMA DE
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA – onde é
desnecessária a prova do culpa – existindo apenas a
necessidade e prova do DANO e do NEXO de
CAUSALIDADE. (aplica-se nos casos do CDC e nos
casos onde envolverem o Estado como agente.
Informações adicionais
● De regra, a responsabilidade é subjetiva.
● Excepcionalmente, o artigo 927, § único, do CC/02, estabelece que a
responsabilidade será objetiva nos casos especificados em lei e quando
a atividade do lesante importar potencial risco para direitos de outrem.
● Nos termos do artigo 928 do CC/02, a responsabilidade civil do
absolutamente incapaz é subsidiária, pois só responderá pelos prejuízos
que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de
fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Deve ser lembrado que
a indenização será excluída se privar do necessário o incapaz ou as pessoas
que dele dependam.
Informações adicionais
● De regra, a responsabilidade é subjetiva.
● Entretanto com o advento do Código Civil de 2002, a
responsabilidade do patrão pelos atos do empregado
passou a ser objetiva, consoante se constata pelo
artigo 933, não havendo mais que se falar em culpa
presumida.
Informações adicionais
● Existe comunicação entre a RC e o Direito das
Sucessões:
● Tanto o direito de exigir reparação pelos danos como
também o dever de prestá-la são transmitidos com a
herança, nos termos do artigo 943 do CC/02. Deve
ser lembrado que os herdeiros só podem ser
chamados a responder até os limi-tes da força da
herança, nunca por dividas superiores (art. 1.792,
CC/02).
Formas de responsabilidade civil
1) Responsabilidade Contratual.
○ Inexecução das Obrigações.
○ Danos na Área da Saúde.
○ Responsabilidade Civil do Advogado.
○ Responsabilidade Civil nos Transportes.
○ Responsabilidade Civil nas Relações de Consumo.
Responsabilidade Extracontratual
(ou aquiliana).
● Responsabilidade por Fato de Outrem.
● Responsabilidade por Danos Provocados por Animais.
● Danos Causados por Edifícios e Construções.
● Responsabilidade Civil por Homicídio.
● Responsabilidade Civil por Danos Físicos.
● Responsabilidade por Usurpação ou Esbulho.
● Indenização por Ofensa à Honra.
● Indenização por Ofensa à Liberdade Pessoal.
● Acidentes de Trânsito.
● Danos no Direito de Família.
● Danos Ambientais e Nucleares.
● Danos aos Direitos Autorais. Internet.
● Responsabilidade do Estado. *
A Administração Pública
exerce suas funções e serviços de modo:
● Centralizado – exercendo autoridade na
totalidade das tarefas e fases das funções;
● Descentralizado - delegando tarefas e funções
para:
○ Autarquias - com transferência de titularidade por lei
○ Fundações – com transferência de titularidade por lei
○ Entidades Paraestatais – com transf. de titularidade por
lei
○ Particulares – transferência de execução por Ato
Administrativo.
A Administração Pública é responsável civilmente
pelos seus atos (C.F. Art. 37, par. 6º):
“As pessoas jurídicas de D. Público e as de
D. Privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurando o direito de regresso
contra responsável nos casos de
dolo ou culpa.”
Notas:
• Nos casos onde não existe titularidade o abuso ou falta do servidor ou por ele
delegado não exclui a responsabilidade da Adm Pública.
• A Adm. Pública possui o direito de voltar-se contra o servidor ou delegado
através de “Ação Regressiva”transmissível a sucessores.
• - A Ação Regressiva é “prerrogativa” indisponível da Adm. Pública (Lei
8112/90 – art. 122, par. 3º), portanto necessária.
A Administração Pública
• A Administração Pública responde civilmente pelos
seus atos independentemente de culpa
(Resp. Objetiva)
• O Servidor (ou delegado) responde civilmente por
culpa (imperícia, negligência ou imprudência)
(Resp. Subjetiva)
Notas:
- Se no Processo Administrativo houver evidências de culpa
do servidor (ou delegado), estas se fazem prova no
Processo de Responsabilidade Civil.
- Pode haver Processo Penal paralelo contra o servidor se o
fato revestir-se de ato lesivo.
RESPONSABILIDADE CIVIL
DO PODER PÚBLICO
Evolução da responsabilidade civil do Poder Público:
Passou por três fases (representadas por três teorias):
-Teoria da total irresponsabilidade (King can do no wrong)
-Teoria da culpa administrativa (falta do serviço – a partir do séc. XIX –
Direito francês)
-Teoria do risco administrativo (fato do serviço – responsabilidade sem
culpa)
Alguns defendem uma quarta teoria, chamada de “risco integral”. Neste
caso, a Administração responderia por qualquer tipo de dano, ainda que
houvesse culpa da vítima ou caso fortuito.
Teoria adotada no Brasil, para a maioria dos casos:
teoria da culpa administrativa.
TEORIA DA CULPA ADMINISTRATIVA
Fundamento constitucional: art. 36, § 6º, CF
Requisitos para a responsabilização do poder público:
● ocorrência do dano (eventus damni)
● ação da administração pública (ou de concessionária de serviço
público)
● nexo causal entre o dano e a ação/omissão
● ausência de causa excludente da responsabilidade estatal
A responsabilidade da Adm. não depende da comprovação de
culpa ou dolo do poder público ou de seus agentes.
OBS: A jurisprudência de nossos Tribunais tem exigido a comprovação
de culpa na hipótese de danos decorrentes de omissão do Estado
(atividade omissiva).
Quem pode responder pela indenização ?
Segundo o dispositivoconstitucional, respondem pela indenização
as pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, DF,
Municípios, autarquias) ou as pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviços públicos, pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros.
Vide, ainda, arts. 41 e 43 do Código Civil Brasileiro.
Causas excludentes da responsabilidade estatal:
-força maior
-caso fortuito
-culpa exclusiva da vítima
Causa de diminuição da responsabilidade estatal: concorrência de culpa da vítima
A indenização deve compreender:
-o que a vítima efetivamente perdeu (danos emergentes)
-o que a vítima deixou de ganhar (lucros cessantes)
-o que despendeu (honorários advocatícios, custas processuais etc.)
Os valores devem vir acompanhados de correção monetária e juros legais.
Deve cobrir tanto os danos materiais como os danos morais.
Ação regressiva
Nos casos de dolo ou culpa, a Adm. pode se voltar contra
o responsável pelo ato, exigindo o reembolso dos
valores relativos à indenização com a qual teve que
arcar.
Casuística
Sendo a responsabilidade civil uma decorrência da atividade humana, são
infinitas as hipóteses em que certa ação ou omissão possa gerar o dever de
indenizar.
Após uma pesquisa jurisprudencial (sempre farta, sobre o tema), encontramos
algumas situações que ilustram algumas dessas hipóteses de
responsabilização estatal:
- responsabilidade por danos causados a alunos no recinto de estabelecimentos oficiais de ensino
- responsabilidade por ação policial mal dirigida: vítima baleada em perseguição
- danos provocados por laje que se desprende de uma ponte pública
- danos provocados por poste mal instalado e que cai em dia de chuva
- danos decorrentes de abuso policial (espancamentos, torturas, prisões indevidas, humilhações etc.)
Ação regressiva
(casuística continuação)
- danos provocados em razão da indevida retenção de veículo
- apreensão de veículo gerada pela expedição de documento errôneo, por repartição
pública
- fechamento ilegal de estabelecimento comercial
- protesto lavrado indevidamente por um cartório, gerando danos ao protestado
- falso reconhecimento de firma em documento, gerando transtornos e prejuízos ao
interessado
- danos decorrentes de erro judiciário (vide art. 5º, inc. LXXV, CF e art. 630, CPP)
- acidente provocado por fumaça vinda de depósito de lixo municipal
- lesões em pessoa tragada por bueiro destampado
- queda de árvore em praça pública, com morte de pedestre (situação precária da
árvore anteriormente alertada)
- morte de preso em cela superlotada.
Ação regressiva
(casuística continuação)
- responsabilidade do Estado por crime praticado por preso cuja saída foi
autorizada indevidamente;
- danos resultantes de lei inconstitucional;
- danos decorrentes de inundações e enchentes previsíveis e reiteradas;
- acidente provocado em virtude de ausência de sinalização em obra
pública;
- danos provocados em razão da queda acidental de um poste de
alta-tensão;
Casos em que foi afastada a responsabilidade do Estado por
reconhecimento de culpa exclusiva da vítima:
- queda de criança, em praça pública, após subir e se agarrar a uma
estátua;
- suicídio no interior do presídio (motivado exclusivamente por
descontrole emocional do preso).

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