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Aula 11 - RECURSO ESPECIAL

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PROCESSO DE CONHECIMENTO II – Prof. Francis Vanine de Andrade Reis
AULA 11
RECURSOS EM ESPÉCIE
RECURSO ESPECIAL
Conceito: recurso, em via excepcional, dirigido ao STJ, para impugnar decisão em causas decididas em única ou última instância pelos Tribunais Federais e Tribunais dos Estados e do Distrito Federal, que ofenda preceito do ordenamento jurídico federal.
Cabimento: em uma das hipóteses previstas no inciso III, do artigo 105 da CF/88 (competência do STJ). A limitação tem por finalidade evitar a proliferação de decisões diferentes que resultaria, sem dúvida, em instabilidade judicial. Só cabe recurso especial, não havendo possibilidade de mais recursos ordinários.
Pressupostos de admissibilidade: 
Tribunalidade: a decisão recorrida deve ter sido proferida por tribunal (o que levou o entendimento de sua exclusão em face das decisões dos colégios recursais); assim, não é cabível, por exemplo, REsp de decisão proferida nos Colégios Recursais dos Juizados Especiais (há entendimento do STJ do cabimento, neste caso, de reclamação constitucional, por analogia – S. 203, STJ); também não é cabível REsp de decisão de embargos infringentes em execução fiscal (34, L. 6.830/1980). EXCEÇÃO: decisão contrária à jurisprudência dominante do STJ em incidente de uniformização de jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (14, L. 10.259/2001).
Causa decidida em última instância: só cabe o REsp se esgotados os recursos ordinários, inclusive, os embargos infringentes – deve ser, portanto, o último recurso cabível a respeito da legislação federal (porque pode ser concomitante com o RE – Súmula 207, STJ); 
Prequestionamento: se a matéria for expressamente examinada pelo tribunal, ou seja, for prequestionada (Súmulas 282 e 356 do STF), ou seja, não se admite matéria ou fundamentos novos, por mais relevantes que sejam que não tenha sido objeto de exame expresso� na decisão recorrida do tribunal a quo (mas a questão pode ser reconhecida de ofício!!!); admite-se tanto para questão de mérito, quanto para questões processuais não preclusas, desde que o recurso seja recebido e que a questão tenha sido ventilada no voto vencedor (S. 320, STJ);
OBS: embargos declaratórios para fins de pré-questionamento: se a questão não foi apreciada, mas foi alegada, deve o recorrente, antes de apresentar seu REsp, interpor embargos de declaração para que a omissão seja sanada – o mesmo se dá com a questão levantada de ofício pelo tribunal, na qual o recorrente deve apresentar seus argumentos, originariamente (porque não teve outra oportunidade de fazê-lo) através de embargos de declaração – se a questão for enfrentada pelo tribunal, cabe REsp – se não, cabe reiteração dos embargos – se, mesmo assim, a omissão não for sanada, cabe REsp por ofensa ao art. 535, do CPC, não sobre o “mérito” propriamente dito (Súmula 211, STJ) – o STJ julgará este recurso e, se provido, determinará que, primeiramente o tribunal de origem supra a omissão, para só assim, caber o REsp relativo à questão de fundo.
Prequestionamento implícito: análise da tese jurídica objeto do RESP sem apontamento, porém, expresso dos artigos de lei violados�.
Devolutividade específica: MATÉRIA DE REsp - só cabe se o fundamento for de direito, não se admitindo reapreciação de matéria de fato (Súmula 07, STJ), nem a mera interpretação de cláusula contratual (S. 05, STJ);
OBS: hipóteses em que a prova pode ser INDIRETAMENTE apreciada: a) reexame da aplicação das regras de direito probatório; b) qualificação jurídica dada aos fatos; c) valor dos danos morais e honorários de advogado (proporcionalidade); d) correta interpretação de cláusulas gerais (e.g., preço vil; máximas de experiência).
O fundamento do recurso somente poderá ser em razão de (105, III, CR/1988) acórdão que: 
contrarie lei federal� (105, III, a, CR/1988): neste caso, a jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de aceitar ofensa a qualquer texto de lei em sentido amplo, seja ordinária, complementar, delegada, decreto-lei, decreto legislativo ou medida provisória – só não cabe em medidas oriundas do poder executivo em sua função original (portarias, e.g.).
julge válido ato local contrário à lei federal� (105, III, b, CR/1988): especialização da hipótese anterior – não cabe discussão de lei ou ato do executivo estadual ou municipal no STJ, mas cabe discussão sobre a validade desta em face de lei federal – neste caso, se o tribunal de origem entender o ato válido em face de lei federal e o recorrente entender que não, caberá o REsp�.
interprete lei federal de forma divergente de outro tribunal (divergência tribunalícia – 105, III, c, CR/1988): o STJ tem a função de uniformização interpretativa da legislação federal brasileira – assim, em caso de divergência de interpretação entre diferentes tribunais, tem o STJ a missão de consolidar o entendimento (Súmula 13, STJ) – o recorrente, neste caso, deverá usar de técnica recursal de comparação entre o acórdão recorrido e o acórdão paradigma de outro tribunal que endossa sua tese recursal (COTEJO ANALÍTICO) – pode citar mais acórdãos, mas dever utilizar-se de tabela para comparar o acórdão recorrido com o paradigma, destacando os pontos de divergência – deve, portanto, utilizar de técnica de análise dos trechos divergentes (art. 541, parágrafo único, CPC)� – a divergência, também, deve ser atual, sendo indicados acórdãos recentes no mesmo sentido do acórdão paradigma (Súmulas 284 do STF e 83 do STJ) e envolver fatos jurídicos idênticos ou similares (SIMILITUDE FÁTICA) aos do caso concreto em análise�. 
Ausência de repetibilidade: 543-C, CPC (l. 11.672/2008) – multiplicidade de recursos – idêntica questão de direito – DINÂMICA:
ESCOLHA DO PARADIGMA: escolha de um representativo (paradigma�) para julgamento, por parte do presidente do tribunal de origem, com suspensão dos demais (543-C, §1º, CPC) – essa escolha também pode ser realizada pelo relator entre os que recebeu dos diversos tribunais – ambas decisões são irrecorríveis.
SUSPENSÃO NO JUÍZO A QUO DOS DEMAIS RECURSOS: suspensão, em 2ª instância das discussões sobre a matéria, por ordem do relator de REsp paradigmático, no caso de omissão do presidente do tribunal de origem, se já houver jurisprudência dominante sobre o assunto ou a matéria já estiver em vias de ser julgada no STJ (543-C, §2º) � – suspensão pode atingir todos os tribunais do país – cabe devolução dos REsp distribuídos ao STJ “erroneamente”.
REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES: solicitação de informações dos tribunais de origem (sistema parecido com a corte constitucional alemã – 543-C, §3º - prazo de 15 dias).
PARECER DO MP: 15 dias – 543-C, §5º, CPC�.
POSSIBILIDADE DE HABILITAÇÃO DE AMICUS CURIAE: 543-C, §4º, CPC – decisão irrecorrível do relator�.
RELATÓRIO: 543-C, §6º, CPC� – e pedido de dia.
SESSÃO DE JULGAMENTO: julgamento prioritário na corte especial� (543-C, §6º).
JUÍZO DE RETRATAÇÃO: reexame dos recursos sobrestados pelos tribunais de origem (543-C, §7º, CPC): 
A) denegação do seguimento: se o acórdão recorrido for no mesmo sentido da decisão do STJ.
B) Reexame do recurso: se o acórdão recorrido for divergente do STJ, quando o tribunal pode manter ou não a decisão divergente – no caso de manutenção, será feito o exame de admissibilidade do REsp individual – 543-C, §8º, CPC�.
OBS: Efeitos do julgamento do recurso paradigma: 
a) STJ: recursos repetitivos já distribuídos serão julgados por seus relatores monocraticamente (557, CPC); 
b) Tribunal ‘a quo’: se o acórdão recorrido for contrário ao paradigma, cabe retratação (ajuste à orientação do STJ), e se for negativa, juízo de admissibilidade do REsp interposto (ausência de efeito vinculante ao paradigma)�; se o acórdão for acorde ao paradigma, o REsp receberá juízo de prelibação negativo. 
Desistência do recorrente no recurso paradigma: sem eficácia para desafetação do recurso (interesse público primário na obtenção da unidade do direito), mas impede a expansão de seus efeitos ao recorrente (Marinoni).
Tempestividade:prazo para recorrer: 15 dias contados da intimação da decisão recorrida (arts. 184 e 240 do CPC). Se não for admitido, caberá o recurso de agravo no prazo de 10 dias (artigo 544, CPC e S. 418, STJ) – impossibilidade de uso de protocolo descentralizado (542, §3º, CPC).
OBS: prazo em dobro: S. 641, STF – em caso de litisconsórcio com procuradores diferentes, só se mais de um litisconsorte houver apresentado recurso ordinário e ambos forem sucumbentes neste.
Acórdão com parte unânime e parte não unânime: se couberem os embargos infringentes estes devem ser interpostos, ficando interrompido o prazo para o REsp – se não houver a interposição, não caberá REsp da parte não unânime e o prazo da unânime deve ser contado da publicação do acórdão – logo, deve a parte não prejudicada pela parte não unânime interpor seu recurso especial e, se for o caso, reiterá-lo após o julgamento dos embargos infringentes (498, CPC).
Preparo: 10, L. 11.636/2007 e Resolução 01/2008, STJ – recolhido no tribunal de origem (eram anteriormente gratuitos os REsp – S. 187, STJ) – justificativa: fonte de renda e refreamento dos recursos.
Procedimento: 
petição de interposição dirigida ao presidente ou vice-presidente do Tribunal recorrido e razões dirigidas ao STJ (se o motivo for divergência, cópias dos acórdãos – art. 541, parágrafo único);
protocolo pela secretaria do tribunal: a interposição é contada da data do protocolo na Secretaria do Tribunal de origem, não da postagem do recurso pelo correio (Súmula 216, STJ) – assim, deve ser o recurso interposto pelo sistema do protocolo integrado (547, parágrafo único, CPC) ou por fax; 
Contrarrazões (542, CPC) – 15 dias; 
Conclusão ao presidente ou vice-presidente para o exercício do juízo de admissibilidade (artigo 542, § 1º, do CPC); se negado, caberá o recurso de agravo no próprio tribunal de origem, que intimará o agravado para contrarrazões e determinará a subida do recurso (artigo 544 do CPC – 10 dias); decisão (cabimento em tese = in statu assertionis). 
recebimento: somente no efeito devolutivo (artigo 542, § 2º).
OBS: efeito suspensivo – só pode ser conseguido por medida cautelar – enquanto pende o juízo de admissibilidade, deve ser exercido pelo presidente do tribunal de origem (S. 634 e 635, STF).
envio ao STJ: 543, caput, CPC.
juízo de prejudicialidade: 543, §1º, CPC - regra geral, prejudicial ao RE, mas se o relator entender a necessidade de julgamento prioritário do RE, por decisão irrecorrível, remeterá os autos ao STF (543, §2º, CPC). Se o relator do RE, por sua vez, entender que o REsp é que é prejudicial (ou que o RE não o é), devolverá, também por decisão irrecorrível, os autos ao STJ (543, §3º, CPC).
OBS: necessidade de apresentação conjunta de RE e REsp – S. 126, STJ – decisão que afronta lei federal e a CF, ao mesmo tempo, se qualquer dos fundamentos for suficiente para manter a decisão – questão da utilidade do recurso – a não interposição de ambos importará em não conhecimento do interposto.
Sessão de julgamento
Regime de retenção – 542, §3º - REsp relativo a acórdão que decide recurso contra decisão interlocutória em processo de conhecimento, cautelar ou embargos em execução (S. 86, STJ) – interposto no tribunal de origem e fica retido nos autos até eventual REsp de acórdão relativo à apelação (necessidade de reiteração – efeito reiterativo) – necessidade de, para análise, utilização de medida cautelar (provando verossimilhança das alegações e perigo de dano) interposta junto ao STJ (avocação do REsp�-�) – pode, por outro lado, sem a necessidade de medida cautelar, o presidente do tribunal de origem, percebendo a urgencialidade da subida do recurso, não determinar a retenção – não ocorre em relação ao processo de execução (não há decisão final, mas atos satisfativos) – a retenção é o primeiro ato do Presidente do Tribunal – só após a reiteração é que o recurso será processado.
OBS: RE de medida liminar: não cabimento (S. 735, STF) – o mesmo raciocínio tem sido adotado pelo STJ em face da S. 07.
Decisão do presidente sobre a retenção: para Marcus Vinícius Rios Gonçalves não há preclusão, podendo a parte pleitear a subida do recurso a qualquer tempo, desde que demonstre a urgência em sua apreciação.
Não conhecimento da apelação ou julgamento sem possibilidade de interposição de REsp: basta reiteração do REsp retido (Elpídio Donizetti) – para Teresa A. Wambier, se do acórdão na apelação não couber o REsp, o retido subirá por mera petição.
PRECEDENTES INTERESSANTES
Informativo 441 STJ
REEXAME NECESSÁRIO. FAZENDA PÚBLICA. RESP. 
A Corte Especial, ao prosseguir o julgamento, por maioria, entendeu que a Fazenda Pública, mesmo que não tenha apresentado recurso de apelação, pode interpor recurso especial (ou recurso extraordinário) contra acórdão que, julgando reexame necessário, manteve a sentença de primeiro grau contrária aos seus interesses. O comportamento omissivo da Fazenda, ao não apelar, não configura a preclusão lógica para um futuro recurso às instâncias extraordinárias. Precedentes citados do STF: RE 330.007-RO, DJ 23/8/2002; RE 396.989-7-GO, DJ 3/3/2006; do STJ: AgRg nos REsp 1.063.425-RS, DJe 9/12/2008; AgRg no REsp 588.108-PE, DJ 20/6/2005, e AgRg no EDcl no REsp 1.036.329-SP, DJe 18/6/2008. REsp 905.771-CE, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 29/6/2010.
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� Não precisa, porém, ser citado o dispositivo legal violado, expressamente, na decisão recorrida (“prequestionamento implícito”). Neste sentido: PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. COISA JULGADA. PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO. 1. O Superior Tribunal de Justiça formou compreensão segundo a qual: "De acordo com a jurisprudência pacífica desta Corte, admite-se o prequestionamento implícito, não sendo necessário que o Tribunal de origem faça expressa menção aos dispositivos legais apontados como violados nas razões do recurso especial, sendo suficiente a mera apreciação da tese." (AgRg no REsp 1.127.209/RJ, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 15/5/2012, DJe 28/5/2012).
2. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no REsp 1186637/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 19/03/2013, DJe 05/04/2013)
� PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO REGIMENTAL - ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL - ALTERAÇÃO DA PREMISSA FÁTICA ADOTADA PELO ACÓRDÃO RECORRIDO - NECESSIDADE DE PREQUESTIONAMENTO EXPLÍCITO DA TESE JURÍDICA. 1. Decisão monocrática que analisou a tese abstraída no recurso especial considerando a premissa fática adotada pelo Tribunal a quo, aplicando os precedentes desta Corte sobre a matéria. 2. O prequestionamento do dispositivo legal pode ser explícito ou implícito, a tese jurídica é que deve ser sempre explícita. 3. Inexistência de equívocos quanto à admissibilidade do recurso especial. 4. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 502.632/MG, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/10/2003, DJ 24/11/2003, p. 264).
� HIPÓTESES: a) inobservância; b) interpretação errônea; c) negativa de vigência.
� Para Elpídio Donizetti, a hipótese equivale à negativa de vigência de lei federal.
� Em sentido contrário, Marcus Vinícius Rios Gonçalves, pugnando pelo cabimento do REsp só no caso de ato infralegal.
� AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. IRREGULARIDADE FORMAL. SÚMULA 182/STJ. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULAS 282 E 356 DO STF. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. CERCEAMENTO DE DEFESA. SÚMULA 7/STJ. 1 - Não se conhece de agravo regimental, por falta do requisito da regularidade formal, se o agravante não ataca, de forma específica, as bases da decisão agravada. Aplicação da súmula 182/STJ. 2 - O recurso especial ressente-se do necessário prequestionamento, no tocante às matérias relativas aos artigos 332 e 745 do Código de Processo Civil, efetivamente não debatidasno Tribunal a quo, circunstância que atrai a incidência das súmulas 282 e 356 do STF. 3 - Malgrado a tese de dissídio jurisprudencial, há necessidade, diante das normas legais regentes da matéria (art. 541, parágrafo único do CPC c/c o art. 255 do RISTJ), de confronto, que não se satisfaz com a simples transcrição de ementas, ou de trechos das decisões apontadas como divergentes, devendo ser mencionadas as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados. Ausente a demonstração analítica do dissenso, incide o óbice da súmula 284 do Supremo Tribunal Federal. 4 - Embora instado a se manifestar, permaneceu silente o recorrente quanto à intenção expressa do magistrado de julgar antecipadamente a lide, motivo pelo qual a matéria encontra-se preclusa, não podendo mais ser debatida. 5 - Com relação à tese do cerceamento de defesa, a necessidade ou não de produzir provas no curso da instrução é da exclusiva e soberana discricionariedade das instâncias ordinárias, com apoio no acervo probatório, esbarrando, portanto, a questão federal (arts. 330, I, do CPC), neste particular, no óbice da súmula 7/STJ. 6 - Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 853.943/CE, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, QUARTA TURMA, julgado em 20/11/2007, DJ 03/12/2007, p. 320).
� PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL. RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO APENAS PELA ALÍNEA "C". ART. 255 DO RISTJ. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADA. COTEJO ANALÍTICO. AUSÊNCIA. DIVERGÊNCIA NOTÓRIA. INOCORRÊNCIA. 1. A apontada divergência deve ser comprovada, cabendo a quem recorre demonstrar as circunstâncias que identificam ou assemelham os casos confrontados, com indicação da similitude fática e jurídica entre eles. Indispensável a transcrição de trechos do relatório e do voto dos acórdãos recorrido e paradigma, realizando-se o cotejo analítico entre ambos, com o intuito de bem caracterizar a interpretação legal divergente. Ademais, não se vislumbra similitude fática entre os casos apontados como paradigmas, de modo a caracterizar suficientemente a interpretação legal divergente. O desrespeito a esses requisitos legais e regimentais (art. 541, parágrafo único, do CPC e art. 255 do RI/STJ) impede o conhecimento do Recurso Especial com base na alínea "c", III, do art. 105 da Constituição Federal. Precedentes do STJ. 2. A interposição do Recurso Especial com fundamento na alínea "c" não dispensa a indicação do dispositivo de lei federal ao qual o Tribunal de origem teria dado interpretação divergente daquela firmada por outros tribunais. O não cumprimento de tal requisito, como no caso, importa deficiência de fundamentação, atraindo também a incidência do contido no enunciado 284 da Súmula do Supremo Tribunal Federal. 3. Ainda que a divergência fosse notória, esta Corte tem entendimento pacífico de que não há dispensa do cotejo analítico, a fim de demonstrar a divergência entre os arestos confrontados. 4. Agravo Regimental improvido. (AgRg no AREsp 571.669/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/11/2014, DJe 26/11/2014).
� Para Luiz Guilherme Marinoni, deve ser aquele (ou aqueles) que apresentar o maior número de perspectivas jurídicas sobre o tema. O autor ainda defende consulta prévia de entidades como OAB para a realização da escolha da maneira mais democrática possível.
� Luiz Guilherme Marinoni defende o uso do agravo de instrumento ou reclamação constitucional para demonstrar a distinção a impedir o sobrestamento do REsp. 
� Para Daniel Amorim Assumpção Neves e Marcus Vinícius Rios Gonçalves, o MP só deve intervir nos casos em que teria participação no julgamento individual.
� Luiz Guilherme Marinoni defende a recorribilidade da decisão via agravo interno. 
� Exceções: réu preso e habeas corpus (Resolução 08/2008, STJ).
� Art. 2º, Resolução 08/2008, STJ – só para casos em que houver competência de mais de uma sessão, sendo que os demais são julgados na própria Sessão (reunião de câmaras temáticas).
� Para Luiz Guilherme Marinoni, esta competência é do presidente do tribunal.
� Por outro lado, só há sentido na ausência de reforma na presença da distinção.
� PROCESSUAL CIVIL. MEDIDA CAUTELAR PARA DETERMINAR O PROCESSAMENTO DE RECURSO ESPECIAL (SUSTAÇÃO DA RETENÇÃO). POSSIBILIDADE. CONCESSÃO DE LIMINAR PARA QUE O REQUERENTE SE ABSTENHA DE FAZER DESCONTOS OU RETENÇÃO DE PAGAMENTOS DE FATURAS EMITIDAS PELOS ASSOCIADOS DOS REQUERIDOS, “EM RAZÃO DE SERVIÇOS E OBRAS REALIZADAS EM FAVOR DA PREFEITURA MUNICIPAL E ÓRGÃOS SUBORDINADOS SOB O FUNDAMENTO DA EXISTÊNCIA DE AÇÕES TRABALHISTAS DAS QUAIS POTENCIALMENTE PODERIAM RESULTAR CONTINGÊNCIAS PARA O ERÁRIO MUNICIPAL”. EXISTÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS DO FUMUS BONI JURIS E DO PERICULUM IN MORA. 1. O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que a regra de obstar o recurso especial retido deve ser obtemperada para que não esvazie a utilidade daquele apelo extremo. Quando os pressupostos essenciais ao regular desenvolvimento da ação se façam necessários examinar, é de todo prudente que não seja retido recurso especial advindo de decisão interlocutória. 2. O poder geral de cautela há que ser entendido com uma amplitude compatível com a sua finalidade primeira, que é a de assegurar a perfeita eficácia da função jurisdicional. Insere-se aí a garantia da efetividade da decisão a ser proferida. A adoção de medidas cautelares (inclusive as liminares inaudita altera pars) é fundamental para o próprio exercício da função jurisdicional, que não deve encontrar obstáculos, salvo no ordenamento jurídico. 3. O provimento cautelar tem pressupostos específicos para sua concessão. São eles: o risco de ineficácia do provimento principal e a plausibilidade do direito alegado (periculum in mora e fumus boni iuris), que, presentes, determinam a necessidade da tutela cautelar e a inexorabilidade de sua concessão, para que se protejam aqueles bens ou direitos de modo a se garantir a produção de efeitos concretos do provimento jurisdicional principal. 4. Em tais casos, pode ocorrer dano grave à parte, no período de tempo que mediar o julgamento no tribunal a quo e a decisão do recurso especial, dano de tal ordem que o eventual resultado favorável, ao final do processo, quando da decisão do recurso especial, tenha pouca ou nenhuma relevância. 5. Prejuízos teria a requerente se não lhe for julgada procedente a presente medida acautelatória, haja vista que a retenção do recurso especial irá acarretar-lhe danos materiais de difícil reparação, ainda mais se sair vencedora na demanda principal. 6. Medida Cautelar procedente, para determinar o processamento do recurso especial. (MC 12.856/RJ, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 28/08/2007, DJ 13/09/2007, p. 152)
� Há, ainda, posição jurisprudencial que admite o uso de reclamação constitucional, bem como de agravo de instrumento. Em face desta incerteza, Luiz Guilherme Marinoni defende a admissão de qualquer um dos três remédios, em aplicação do princípio da fungibilidade.
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