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Aula 12 - RECURSO EXTRAORDINARIO

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PROCESSO DE CONHECIMENTO II – Prof. Francis Vanine de Andrade Reis
AULA 12
RECURSOS EM ESPÉCIE
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Conceito: é, também, uma permissão legal para impugnar decisão em hipóteses de contrariedade à CF/88 e casos de negativa de vigência de tratado ou lei federal, por reconhecimento de sua inconstitucionalidade.
Cabimento: hipóteses previstas no artigo 102, III, da CF/88:
2.1. Decisão inconstitucional: 102, III, a, CF – decisão que contraria dispositivo da CF ou que lhe nega vigência – a ofensa deve ser DIRETA (S. 636, STF), regra só flexibilizada em decisões de Colégios Recursais pela ausência de possibilidade de interposição de REsp (D. Assumpção).
2.2. Decisão em controle difuso de constitucionalidade: 102, III, b, CF (lei em sentido amplo, mas do âmbito federal – S. 280, STF�); 
2.3. Decisão que julgar válida lei ou ato local contestado em face da CF: 102, III, c, CF.
2.4. Decisão que julgar válida lei local em face de lei federal: 102, III, d, CF – situação de conflito de competência legislativa (matéria constitucional).
OBS: interpretação de lei local em face de interpretação de lei federal: questão federal (matéria de REsp), o mesmo valendo para ato local em face de lei federal (105, III, b, CF – Elpídio Donizetti e Marcelo Alexandrino).
Inconstitucionalidade de Regimento Interno: não cabe recurso extraordinário (S. 399, STF).
Pressupostos de admissibilidade:
3.1. Causa decidida em única ou última instância: 102, III, CF – causa aqui tem o significado de questão (como ponto) – não cabimento de mais nenhum recurso que não seja o RE – esgotamento das vias ordinárias de impugnação (S. 281, STF).
OBS: tribunalidade: dispensada (S. 640, STF) – assim, cabe RE de decisão em embargos infringentes em execução fiscal e de acórdão de Colégios Recursais. 
3.2. Devolutividade específica: questão constitucional – 102, III, CF – Súmula 279 do STF.
3.3. Tese que não contrarie súmula do STF: 
3.4. Prequestionamento: Súmulas 282 e 356 do STF (prequestionamento ficto – ao contrário do REsp, basta a interposição dos embargos declaratórios para configuração do requisito, não necessitando de supressão do vício para admissibilidade do RE e exame de seu mérito�).
3.5. Fundamentação clara, específica, relevante e atual: Súmulas 283, 284, 285 e 286 e 287 do STF.
3.6. Repercussão geral: 102, §3º, CF c/c 543-A e 543-B do CPC – STF não aprecia simples conflitos individuais – deve ser demonstrada em forma de preliminar no RE (543-A, §2º, CPC), sob pena de rejeição liminar pelo presidente do STF ou relator do RE (327, RISTF – decisão monocrática) – é o último requisito a ser analisado exclusivamente pelo STF, só sendo apreciado se houver juízo de prelibação positivo em todos os demais (323, caput, RISTF)
3.6.1. Requisitos cumulativos (322, parágrafo único, RISTF e 543-A, §1º, CPC): 
a) extrema relevância: econômica, política, social ou jurídica�
b) transcendência: a questão deve ultrapassar os limites subjetivos da demanda (atingir outros interesses que não só os das partes), podendo ser qualitativa (importância hermenêutica – sistematização ou desenvolvimento do direito - Marinoni) ou quantitativa (apontamento de outros possíveis atingidos pela decisão).
OBS: repercussão geral presumida: 543-A, §3º, CPC – a) decisão recorrida que contraria súmula ou jurisprudência predominante no STF; b) precedente (repercussão geral já reconhecida pelo STF em caso análogo – 323, §2º, RISTF).
Ausência presumida de repercussão geral: presença de precedente em sentido contrário à tese do recorrente – rejeição liminar do RE pelo presidente do STF ou do relator (327, caput e §1º, RISTF) – desta decisão monocrática cabe agravo interno (327, §2º, RISTF).
EFICÁCIA HORIZONTAL: STF, para julgamentos futuros, fica vinculado à tese firmada na repercussão geral, salvo se esta for revista (Marinoni – 327, RISTF). 
3.6.2. Análise da repercussão geral: primeiro é analisada pelo relator e, se não for o caso de indeferimento liminar, deverá ouvir os demais ministros no prazo comum de 20 dias (324, RISTF)
a) Juízo negativo: só cabe recusa do RE por manifestação de 2/3 dos ministros do STF (08) em plenário (543-A, §3º, CPC) – decisão irrecorrível (salvo por embargos declaratórios) – 326 RISTF
b) Juízo positivo: bastam 04 votos para conhecimento do recurso, sem necessidade de remessa ao Pleno (543-A, §4º, CPC) – no silêncio� dos demais ministros, será considerada presente a repercussão geral (324, §1º, RISTF).
3.4.3. Julgamento por amostragem: repercussão geral em causas repetitivas – todos os recursos com matéria análoga são atingidos pela inadmissibilidade do recurso-paradigma (543-A, §5º e 543-B, §2º) – recurso (s) paradigma é (são) escolhidos pelo presidente do Tribunal de origem para serem enviados ao STF, ou selecionado pelo presidente do Supremo ou relator (328, RISTF), com devolução dos demais recursos – os demais, ficam suspensos� (543-B, §1º) – negada a repercussão os recursos sobrestados serão inadmitidos (543-B, §2º, CPC) – reconhecida a repercussão o RE-paradigma será julgado no mérito – se provido, cabe juízo de retratação do juízo de origem (543-B, §3º, CPC)�; se não provido, os demais RE’s sobrestados ficarão prejudicados – decisão no Tribunal de Origem (vinculação vertical).
OBS: juízo de prelibação na origem em RE’s sobrestados: só pode ocorrer após o julgamento do RE-paradigma (328, RISTF) – se admitido o RE, devolverá ao órgão fracionário para juízo de retratação.
Desistência do recurso paradigma: para Marinoni, impossível (interesse público primário em obtenção da unidade do direito mediante atuação do STF).
3.6.4. Intervenção de terceiros forçada: amicus curiae – decisão irrecorrível de admissão/inadmissão (543-A, §6º, CPC e 323, §2º, RISTF).
Procedimento: não se diferencia do procedimento previsto para o recurso especial, com exceção do juízo obrigatoriamente colegiado para o exame da repercussão geral e retorno dos autos para relatoria e voto do ministro-relator quanto ao mérito.
Observação: de acordo com a Lei 9756/98, que teve a intenção de dificultar a interposição dos recursos especial e extraordinário, acrescentou o § 3º ao artigo 542 do CPC, admitindo a execução retida nos autos e somente será processado se o reiterar a parte, no prazo para a interposição do recurso contra decisão final, ou para contra-razões – técnica do agravo retido.
Efeito translativo: aplicável se recebido o RE (S. 456, STF).
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� Para Marcus Vinícius Rios Gonçalves, apenas contra acórdãos que decretam inconstitucionalidade. Para Marcelo Alexandrino, aqui cabe a discussão da revogação de lei pré-constitucional pela CF.
� EMENTA : I. RE: PREQUESTIONAMENTO: SÚMULA 356. O QUE, A TEOR DA SÚMULA 356, SE REPUTA CARENTE DE PREQUESTIONAMENTO É O PONTO QUE, INDEVIDAMENTE OMITIDO PELO ACÓRDÃO, NÃO FOI OBJETO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO; MAS, OPOSTOS ESSES, SE, NÃO OBSTANTE, SE RECUSA O TRIBUNAL A SUPRIR A OMISSÃO, POR ENTENDÊ-LA INEXISTENTE, NADA MAIS SE PODE EXIGIR DA PARTE, PERMITINDO-SE-LHE, DE LOGO, INTERPOR RECURSO EXTRAORDINÁRIO SOBRE A MATÉRIA DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO E NÃO SOBRE A RECUSA, NO JULGAMENTO DELES, DE MANIFESTAÇÃO SOBRE ELA. II. ICMS: MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR E RECOLHIMENTO DO IMPOSTO MEDIANTE GUIA ESPECIAL, NA ENTRADA DE MERCADORIA IMPORTADA DO EXTERIOR. FIRMOU-SE A JURISPRUDÊNCIA DO STF NO SENTIDO DA VALIDADE DA COBRANÇA DO ICMS NA ENTRADA DE MERCADORIA IMPORTADA DO EXTERIOR, NO MOMENTO DO DESEMBARAÇO ADUANEIRO (RE 192.711, DJ 18/04/97) E DO RECOLHIMENTO DO IMPOSTO MEDIANTE GUIA ESPECIAL (RE 195.663, PLENO, 13/08/97). (RE 210638, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 14/04/1998, DJ 19-06-1998 PP-00011 EMENT VOL-01915-03 PP-00520).
� EXEMPLO: controle de constitucionalidade (Luiz Guilherme Marinoni).
� A relevância, portanto, é presumida.
� Deveo tribunal de origem ou a presidência ou relator no STF escolher recursos que abordem a controvérsia sobre as mais diversas perspectivas. Não cabe recurso contra a decisão de escolha e de suspensão do recurso. Se a suspensão for equivocada, ou seja, se o recurso suspenso não envolver a matéria do paradigma, segundo Luiz Guilherme Marinoni, cabe apenas reclamação constitucional.
� Para Cassio Scarpinella Bueno, a regra é inconstitucional por ferir a competência constitucional privativa do STF para julgamento de recurso extraordinário no mérito.
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