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aula 6 e 7 Excluídos da sucessão

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BEM VINDOS
Direito Civil– família e sucessões
 Prof. Joanna Cardoso Gonçales de Vicente
Dos excluídos da Sucessão
O afastamento do direito sucessório pode ocorrer
1. por desejo do herdeiro (renúncia)
2. por razões legais
de natureza ética ou punitiva
3. por premoriência
4. por comoriência
Dos excluídos da sucessão
MOTIVOS LEGAIS de ilegitimidade passiva para suceder
1. pela posição que ocupam;
casos de ilegitimidade passiva testamentária (CC 1.801)
2. por indignidade 
casos do CC, art. 1.814
3. por deserção ou deserdação
casos do CC, art. 1.814; 1.962 e 1.963
Da ilegitimidade passiva testamentária
1. Por CASOS DO (CC 1.801)
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos;
II - as testemunhas do testamento;
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos;
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento.
A DECLARAÇÃO TESTAMENTÁRIA SERÁ NULA
Obs: apenas a cláusula de nomeação padece de invalidade, não o testamento em seu todo.
Da Indignidade
Decorre de lei – Exclusão por vontade presumida;
A doutrina é uníssona em reconhecer como taxativo o rol do 1.814
Mas, também reconhecem como causa de indignidade o induzimento ao suicídio, a eutanásia e o infanticídio (M.B.D)
Da Indignidade
Permite-se a exclusão de 1 herdeiros legítimos, (necessários e facultativos), 2 testamentários e 3 legatários;
1. Na exclusão de herdeiro legítimo;
A pena é pessoal e atinge somente o herdeiro;
Os descendentes herdarão por representação;
Lembrando que: O cônjuge do indigno será alcançado pela exclusão, ainda que a pena seja pessoal, já que direito de representação é exclusivo do descendente.
Da Indignidade
2. Na exclusão de herdeiro testamentário e legatários;
Os descendentes NÃO herdarão, já que direito de representação é exclusivo da sucessão legítima.
A COTA-PARTE gera direito à acrescer aos demais herdeiros testamentários se o testador não tiver especificado a quota parte de cada um. 
Caso contrário, vai para os herdeiros legítimos.
Da Indignidade
3. O reconhecimento da indignidade não está condicionado à manifestação do autor da herança
A declaração é feita depois de sua morte por meio de sentença declaratória
4. Enquanto vivo o autor da herança pode perdoar o indigno
Trata-se da REABILITAÇÃO
Da Indignidade
5. O herdeiro declarado indigno deve repor os bens da herança que tenha recebido
Denomina-se de bem ereptício aquele que é retirado do indigno, devendo ser devolvido à pessoa que o recebe como se o indigno nunca tivesse sido herdeiro.
Fará jus, porém, ao reembolso de despesas efetuadas com conservação dos frutos e rendimentos auferidos (1.817, § ú)
o indigno não responde pelos encargos sucessórios
Da Indignidade
6. O herdeiro declarado indigno também não terá direito
ao usufruto ou à administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança (CC, 1.689)
- à sucessão eventual desses bens (CC, 1.816)
Da Indignidade
7. O efeito ex tunc da declaração do indigno não prejudica terceiro de boa-fé
Trata-se do respeito ao Princípio da boa-fé
A regra vale para alienações onerosas e atos de administração legalmente praticados (CC, 1.817)
Observação: Doações e transferência gratuitas de bens não subsistem, ainda que o donatário esteja de boa-fé.
Da Indignidade
Casos de INDIGNIDADE. Rol “taxativo” do 1.814 CC:
Posição majoritária e do STF
Mas, para M.B.D. o rol não é taxativo
I - homicídio doloso consumado ou tentado
a razão é moral da exclusão;
pode alcançar até mesmo o inimputável, até porque a responsabilidade civil é independente da penal (935, vide artigo no site sobre Responsabilidade Civil).
Não depende de condenação penal.
Exceto: reconhecimento de inexistência do crime ou ausência de autoria, a sentença faz coisa julgada no cível.
Da Indignidade
II - crimes contra a honra
Fazer acusação caluniosa em juízo (na esfera criminal, cível, administrativa ou eleitoral); ou
Independe de condenação criminal;
Incorrer em crime contra a honra (calúnia; difamação; injúria)
Necessária a condenação
III – conduta contra a liberdade de testar
causar vício na vontade do autor da herança no ato de última vontade, por violência física ou psicológica ou meios fraudulentos.
Casos polêmicos: 
1) morte piedosa (eutanásia) e a legitimidade para suceder.
 Permanece o entendimento de que todo crime é motivo de exclusão da legitimidade para suceder.
2) outras formas atentatórias contra o autor da herança que não ataque contra a vida.
 Ex: lesões corporais, fraudes e crimes sexuais.
Casos polêmicos: 
O crime de lesão corporal seguida de morte contra o genitor enquadra-se na prática de crime contra a honra, o que dá ensejo à indignidade do autor da conduta. O apelado foi condenado à pena de cinco anos de reclusão pela prática do crime de lesão corporal seguida de morte contra o próprio genitor. Em razão disso, um dos herdeiros pleiteou a exclusão do mesmo da sucessão hereditária por indignidade. O Juízo a quo julgou improcedente a declaração de indignidade sob o argumento de que a lesão corporal seguida de morte, por se tratar de crime preterdoloso, não se amolda à hipótese de exclusão da sucessão, restrita ao homicídio doloso
Casos polêmicos: 
A Turma, no entanto, entendeu que não seria razoável o recebimento de herança pelo filho que se insurge contra o genitor culminando na sua morte. Por isso, reformou a sentença e enquadrou a ofensa à integridade corporal do genitor em crime contra a honra, no qual está contida a prática de injúria real, causa de exclusão do herdeiro da sucessão. TJDFT - Acórdão n.º 826797, 20140310210892APC, Relatora: VERA ANDRIGHI, Revisor: ESDRAS NEVES, 6ª Turma Cível, Data de Julgamento: 15/10/2014, Publicado no DJE: 28/10/2014. Pág.: 242
Aspectos processuais
da indignidade
Direito de demandar – art. 1.815 CC
necessidade de Ação declaratória de indignidade
Indignação declarada por sentença (caput)
Prazo Decadencial: 04 anos (parágrafo único)
 contados da abertura da sucessão.
Aspectos processuais
da indignidade
Legitimados
todos os interessados a suceder
Ex: coerdeiros, legatários, donatários, credores e Fisco.
Observações: 
1. a sentença aproveita a todos, mesmo quem não for parte. 
2. Legitimidade extraordinária do Ministério Público quando a conduta do herdeiro for crime de ação penal pública incondicionada.
3. O reconhecimento da indignidade não está condicionado à manifestação do autor da herança
Da deserção/deserdação
A DESERÇÃO /deserdação decorre da vontade do autor da herança
É instituto da sucessão testamentária para afastar herdeiro necessários (CC, 1.845);
Dá-se por meio de testamento (CC,1.964)
DESERDADO
Da deserdação
A FORMA DO TESTAMENTO é livre, podendo ser:
 - Público, cerrado ou particular ou, ainda as formas especiais de testamento – marítimo, aeronáutico e militar.
Também a reabilitação somente é possível por manifestação expressa em outro TESTAMENTO.
Cuidado com a nulidade: Se o testamento é nulo a deserdação também o é.
Da deserdação
Casos de DESERDAÇÃO. No 1961 ss CC: 
Obs: A deserdação é específica para afastar os herdeiros necessários, porque em se tratando de colaterais, basta que o testador não os beneficie no ato de ultima vontade
Herdeiros NECESSÁRIOS são deserdados por meio de testamento, quando:
Casos de deserdação
1. em todos os casos em que podem ser excluídos por indignidade . (exclusão total – 1.814 CC)
2. Nos casos do artigo 1.962 CC
- autoriza deserdação dos descendentes
3. Nos casos do artigo 1.963 CC
- autoriza deserdação dos ascendentes
Da deserdação
Portanto, são PRESSUPOSTOS da deserdação:A) existência de herdeiros necessários
B) testamento válido
C) declaração de causa (basta o motivo)
D) posterior comprovação judicial de que a causa integra o rol constante na lei (art. 1.961 e 1.963)
Trata-se de condição suspensiva da eficácia da deserdação.
Não reconhecida judicialmente a veracidade do motivo apontado, é ineficaz a disposição testamentária, caindo por terra a deserdação (M.B.D)
ASPECTOS PROCESSUAIS
 da declaração de deserdação
A ação de deserdação é pessoal, não se sujeitando ao juízo do inventário
Vigora a regra da competência territorial – residência do réu.
A demanda deve ser instruída com a certidão do testamento (CPC, 485, VI)
Legitimados: o inventariante, o cônjuge/companheiro, o onerado (CC, 1.934, § ú), o testamenteiro e o Ministério Público.
Prazo: 04 anos a partir da abertura do testamento (CC, 1.965 § ú)
EFEITOS DA SENTENÇA na ação de confirmação da deserdação
1) caráter personalíssimo, cabendo aos seus herdeiros o direito de suceder, como se aquele fosse morto antes da abertura da sucessão. (CC, 1.816)
os filhos do deserdado representam o pai na herança do avô por DIREITO DE REPRESENTAÇÃO, se concorrer com irmão do deserdado (CC, 1852)
Indigno = pré morto.
O que seria sua cota, divide-se entre os filhos
EFEITOS DA SENTENÇA na ação de confirmação da deserdação
2) efeito retroativo (ex tunc): retroagem à data do falecimento do de “cujus”
Perda de todos os direitos já eventualmente adquiridos sobre bens do acervo hereditário.
3) dever de devolver os frutos e rendimentos da herança, desde a abertura da sucessão porque considerado possuidor de má-fé - ao herdeiro excluído subsiste indenização das despesas com a conservação deles (CC, 1817 þ ú)
EFEITOS DA SENTENÇA na ação de confirmação da deserdação
Observação: proteção do terceiro de boa-fé; opera-se EFEITO “EX NUNC” sobre quem compra de herdeiro aparente.
O Art. 1.817 do C.C: garantia de:
validade das alienações onerosas a terceiro de boa-fé (ao herdeiro subsiste perdas e danos);
validade dos atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro excluído, antes da exclusão; 
EFEITOS DA SENTENÇA na ação de confirmação da deserdação
4) perda do direito ao usufruto e administração dos bens que a seus sucessores couberem (CC, 1.816 § ú), o que seria possível caso os herdeiros fossem incapazes, na forma do CC, 1689)
 será nomeado curador para a administração dos bens dos menores.
5) proibição de receber por herança os bens que lhe foram tolhidos, caso venha a suceder seus filhos. (CC, 1.816 § ú)
POSSIBILIDADE DE PERDÃO: 
finalidade: visa a REABILITAÇÃO do indigno.
Legitimado: especificamente pelo autor da herança, por ser ato personalíssimo.
Validade: mesmo diante da caducidade ou anulação do testamento, pois não é tido como disposição patrimonial, pelo menos da forma direta.
M.B.D – se for anulado o testamento não cabe reabilitação.
POSSIBILIDADE DE PERDÃO: 
Formas: 
expressa - Somente em testamento ou ato autêntico (escrito público, escrito particular com testemunhas, codicilo) (CC, 1818)
Não existe forma tácita, mas o CC, 1.818 þ ú é assim reconhecido por alguns autores
Somente na via testamentária; 
sucede no limite da disposição testamentária, pois é caso de exclusão da legítima por indignidade;
Sobre a reabilitação
É ato irretratável
É ato passível de anular a indignidade se descoberto o documento de reabilitação, depois de excluído o sucessor
 o perdão deve ocorrer in totum, ou seja, na totalidade, uma vez que “não se admite que o ofendido perdoe seu ofensor em parte. (Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka)
APARÊNCIA E HERDEIRO APARENTE
APARÊNCIA E HERDEIRO APARENTE
Relevância da aparência para o direito: 
A aparência alcança relevância no mundo jurídico a partir do momento em que se busca preservar os atos jurídicos realizados com boa-fé sob erro invencível e comum.
APARÊNCIA E HERDEIRO APARENTE
Finalidade: garantir a ordem e a paz social, bem como a segurança nas relações negociais.
Exemplos:
pagamento feito a credor putativo (art. 309 CC), 
presunção para receber pagamento de quem é portador da quitação (art. 311 CC),
a legítima defesa putativa (direito penal), etc
A aparência no direito sucessório
No DIREITO SUCESSÓRIO reconhece-se a figura do herdeiro aparente. 
Duas hipóteses:
1. até que sobrevenha a sentença de exclusão da legitimidade de suceder.
- art. 1.817 – protegendo direito de terceiro em aquisição onerosa, somente. 
Obs: Caso de doação a título gratuito: extingue-se a doação, preponderando a situação do herdeiro real, pois não haverá prejuízo.
A aparência no direito sucessório
2. até que sobrevenha fato novo. 
(ex: aparecimento de outro herdeiro, sucedendo integral (filho ao invés de sobrinho) ou parcialmente o patrimônio (2 filhos ao invés de 1).
- art. 1.827 – garantindo direito de resgate do verdadeiro herdeiro, mas, protegendo direito de terceiro em aquisição onerosa, somente.
- art. 1828 – protegendo atos de pagamento de legado praticados por herdeiro aparente de boa-fé.
PREMORIÊNCIA
Premorência
É a morte do herdeiro antes do falecimento do autor da herança
O pré-morto está excluído da sucessão.
A exclusão atinge o cônjuge/companheiro;
NA SUCESSÃO LEGÍTIMA - Os descendentes do herdeiro pré-morto herdam por representação.
herdarão por estirpe, quando concorrerem com tios (irmãos do herdeiro pré-morto)
herdarão por direito próprio na hipótese de nenhum filho sobreviver ao pai e serem chamados somente netos 
Premoriência
NA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA 
Falecendo o beneficiado antes do testador o TESTAMENTO CADUTA (CC, 1.939 V)
Não existe direito de representação.
Havendo mais herdeiros instituídos:
A) com quota não especificada: gera direito de acrescer CC, 1.941 e 1.943)
B) com cota especificada: volta ao monte mor a favor dos legítimos;
Havendo instituição de substituto: vai para o herdeiro substituto.
COMORIÊNCIA
Comoriência
Falecimento no mesmo evento, ou em lugares diversos (conforme a doutrina), quando não se pode precisar quem faleceu primeiro;
A lei presume que morreram simultaneamente (CC, ART. 8º )
Deve ser declarada judicialmente, o que pode ocorrer nos autos de Inventário.
Restará desaparecido o vínculo sucessório entre eles
Um não herda do outro.
comoriência
Atenção: a ocorrência da morte em um mesmo momento, ainda que afaste o direito sucessório de um frente o outro , não exclui o direito de representação.
Exemplo: em um mesmo acidente falece o pai (A) e o seu filho (B). O fato não pode afastar o direito dos filhos de (B) de participarem da herança do avô (A), representando o pai (B)
comoriência
Sendo comorientes pai (a) e filho (b), os netos (filhos de b) herdarão por representação quando concorrerem com tios
Exercício
1. Maria e João são casados sob o regime da comunhão parcial, não possuem filhos, ambos tendo os pais vivos. Possuem, cada qual um veículo adquiridos antes da união e um imóvel, onde residem, adquirido em conjunto, após o casamento. Em viagem de volta para casa, sofrem acidente automobilístico, sendo a causa do falecimento de ambos. Responda como se transmitirá a herança:
A) se for reconhecido que o marido faleceu antes da mulher; mulher em comcorrencia com os demais ascendentes em 1 grau (independente de regime) 1/3 pr cada at. 1837cc
B) se for reconhecido que a mulher faleceu antes do marido; marido em comcorrencia com os demais ascendentes em 1 grau (independente de regime) 1/3 pr cada at. 1837cc
C) se, presumida a comoriência; herdarão os ascendentes de cada qual, os carros respectivos e a meação sobre o imóvel comum do casal 
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