Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aceitação: Trata-se do ato pelo qual o herdeiro confirma a transmissão da herança. Zeno Veloso ensina que “a aceitação é necessária porque ninguém pode ser herdeiro contra a sua vontade, conforme o antigo brocardo: invito non datur beneficium (ao constrangido, ou a quem não quer, não se dá o benefício)”. Deste modo, aceita e herança, torna-se definitiva a transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. Recusando-a o herdeiro, tem-se por não verificada (art. 1.804, caput e parágrafo único, do CC). Formas de aceitação da herança: Podem ser retiradas dos arts. 1.805 e 1.807 do CC. Aceitação expressa: Feita por declaração escrita do herdeiro, por meio de instrumento público ou particular.a) Aceitação tácita: Resulta apenas da prática de atos próprios da qualidade de herdeiro.b) Aceitação presumida: O interessado em que o herdeiro declare se aceita ou não a herança poderá, 20 dias após aberta a sucessão, requerer ao Juiz prazo razoável (até 30 dias) para que o herdeiro se pronuncie, sob pena de se haver aceita a herança. c) É uma exceção ao art. 111 do CC, "contrariando" máxima civilista de que quem cala não consente. Caso o herdeiro faleça antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar é transmitido aos ser herdeiros, salvo quando se tratar de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não verificada (art. 1.809, caput, do CC). Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar à primeira. Flávio Tartuce exemplifica os comandos da seguinte forma: No caso acima, B, herdeiro de A, faleceu antes de aceitar a herança. Renúncia à herança: A renúncia deverá sempre ser expressa, em instrumento público ou termo judicial. Não se admite renúncia tácita. A inércia do herdeiro importa em aceitação tácita da herança. A falta de observância da regra importa em nulidade absoluta do ato, eis que viola forma e solenidade (art. 166, IV e V, CC). A renúncia pode ocorrer por advogado constituído para tal fim, com poderes específicos. Embora exista precedentes em sentido contrário, o STJ entende que a outorga de procuração tenha que ser por nstrumento público ou termo judicial. REsp 1.236.671/SP, “Ora, se o art. 1806 estabelece que a renúncia deve constar expressamente de instrumento público ou termo judicial, daí se segue que a outorga de poderes para essa renúncia também tem de se realizar por instrumento público ou termo judicial. Ineficaz, portanto, a transmissão de poderes sem a instrumentalização por intermédio de instrumento público ou termo judicial”. Também não se admite renúncia prévia a herança, pois isso significa pacto sucessório (pacto de corvina) vedado pelo art. 426 do CC. A hipótese é de nulidade absoluta do ato, por nulidade virtual, na forma do art. 166, VII, segunda parte do CC. Modalidades de renúncia à herança:a) Renúncia Abdicativa Renúncia Translativa O herdeiro não quer a herança, de modo que ocorre cessão pura e simples a todos os coerdeiros, equivalendo à renúncia. Não há incidência do ITCMD. O herdeiro cede os seus direitos a favor de determinada pessoa (in favorem). Há um negócio jurídico de transmissão, incidindo o ITCMD. A aceitação e a renúncia à herança não podem ser feitas em partes, sob condição ou a termo. Deste modo, o aceite ou a renúncia à herança são atos jurídicos puros, sendo, ainda, irrevogáveis (art. 1.808 c/c 1.812, ambos do CC). Giselda Hironaka ensina que, por determinação legal, a herança se apresenta como um bem uno e indivisível, condições que perduram até a partilha. Assim, o herdeiro deve aceitar ou renunciar à herança in totum. Todavia, a regra comporta exceções que constam nos §§ do art 1.808 do CC, vejamos: Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo. § 1 o O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança; ou, aceitando-a, repudiá-los. § 2 o O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia. O CC/02 inovou quanto à irretratatividade, visto que o CC/16 permita. Todavia, ainda são cabíveis as alegações dos vícios da vontade, a fim de invalidar o ato jurídico de renúncia ou de aceitação. Como principal efeito da renúncia à herança, determina o art. 1.810 do CC que, na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subsequente. CAPÍTULO IV Da Aceitação e Renúncia da Herança Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança. Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro. § 1 o Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória. § 2 o Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais co-herdeiros. Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo judicial. Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança, poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita. Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo. § 1 o O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança; ou, aceitando-a, repudiá-los. § 2 o O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia. Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não verificada. Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira. Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subseqüente. Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça. Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança. Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante. § 1 o A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato. § 2 o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros. 04 - DA ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA terça-feira, 19 de outubro de 2021 16:30 O comando, embora pareça simples, esconde uma problemática. A fim de esclarecê-lo, foi aprovado o Enunciado 575 na VI Jornada de Direito Civil: Enunciado n. 575, in verbis: “concorrendo herdeiros de classes diversas, a renúncia de qualquer deles devolve sua parte aos que integram a mesma ordem dos chamados a suceder”. Ensina Tartuce que o enunciado visa a esclarecer a hipótese de coexistência sucessória de filhos – um deles renunciante –, com cônjuge ou companheiro. Conforme as suas justificativas, com o advento do Código Civil de 2002, a ordem de vocação hereditária passou a compreender herdeirosde classes diferentes na mesma ordem, em concorrência sucessória. Alguns dispositivos do Código Civil, entretanto, permaneceram inalterados em comparação com a legislação anterior. É o caso do art. 1.810, que prevê, na hipótese de renúncia, que a parte do herdeiro renunciante seja devolvida aos herdeiros da mesma classe. Em interpretação literal, v.g., concorrendo à sucessão cônjuge e filhos, em caso de renúncia de um dos filhos, sua parte seria redistribuída apenas aos filhos remanescentes, não ao cônjuge, que pertence a classe diversa. Tal interpretação, entretanto, não se coaduna com a melhor doutrina, visto que a distribuição do quinhão dos herdeiros legítimos (arts. 1.790, 1.832, 1.837) não comporta exceção, devendo ser mantida mesmo no caso de renúncia O renunciante é considerado como se nunca tivesse sido chamado a suceder, ou seja, como se nunca tivessido sido herdeiro. Tartuce traz diversos exemplos práticos sobre o assunto: Como primeira concreção, A, falecido, tem três filhos, B, C e D, que, em regra, recebem 1/3 da herança cada um. Se B renuncia à herança, a sua parte é acrescida aos herdeiros C e D, que são da mesma classe, recebendo cada um deles metade da Herança: • Ato contínuo, aproveitando a mesma ilustração, se B, renunciante, tiver dois filhos, E e F, os últimos nada receberão por direito de representação, isso porque a renúncia de seu pai afasta qualquer direito à herança dos filhos. Como outro exemplo, A falece deixando dois filhos (B e C) e um neto (E), filho de D. Caso E renuncie à herança, a sua quota será destinada para B e C, que serão herdeiros de classe anterior. Vejamos o esquema: • De igual modo, merece abordagem a regra da parte final do art. 1.811 do CC, pela qual se o renunciante for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem à herança, poderão os seus filhos vir à sucessão, por direito próprio (por cabeça) e não por direito de representação. • Exemplo: se o falecido (A) tiver um único filho (B) renunciante, os seus três filhos (C, D e E) terão direitos sucessórios por cabeça, conforme esquema a seguir, dividindo-se a herança em três partes: Ainda vale a seguinte ilustração: A tem três filhos (B, C e D), cada um com dois filhos, netos de A (E e F, G e H, e I e J). Se B, C e D, herdeiros da mesma classe, renunciarem à herança, os netos recebem por cabeça, em quotas iguais (1/6 cada um). Concretizando: Renúncia que importa em prejuízo a credores: Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante. b) § 1 o A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato. § 2 o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros. Parcela da doutrina entende que o procedimento se aproxima da ação pauliana, decorrente da fraude contra credores. Todavia, não se pode condundir a habilitação judicial dos credores no inventário com a ação pauliana, tampouco com fraude à execução. Além disso, dispensa-se a prova do conluio fraudulento. São situações previstas em lei, somadas ou não a ato de última vontade do autor a herança, em que é excluído o direito sucessório do herdeiro ou legatário (Tartuce), sendo uma espécie de pena civil. Diferentemente com o que ocorre na falta de legitimação para suceder, na indignidade e na deserdação, há uma razão subjetiva de afastamento, uma vez que o herdeiro é considerado como desprovido de moral para receber a gerança, diante de uma atitude praticada. Exclusão por indignidade Deserdação Ocorre por mera incidência da lei e por decisão judicial, podendo atingir qualquer herdeiro, na forma do art. 1.815 do CC. Há um ato de última vontade que afasta o herdeiro necessário, devendo ser confimado por sentença. Por demandar ato de disposição de ultima vontade, é tratado no capítulo da sucessão testamentária (arts. 1.961 a 1.965 do CC). Relembrando: São herdeiros necessários: Descendentes;• Ascendentes;• Cônjuge;• Companheiro - RE 878.694/MG, julgado em 10.05.2017. O STF entendeu como insonstitucional a distinção entre cônjuge e companheiro para fins sucessórios, declarando inconstitucional o art. 1.790 do CC. • As hipóteses de indignidade e deserdação foram parcialmente unificadas, constando no rol no art. 1.814 do CC. Podemos construir a seguinte tabela comparativa: Indignidade e Deserdação Deserdação Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: I - que houverem sido autores, co- autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade, será declarada por sentença. Art. 1.961. Os herdeiros necessários podem ser privados de sua legítima, ou deserdados, em todos os casos em que podem ser excluídos (por indignidade) da sucessão. Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes: I - ofensa física; II - injúria grave; III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto; IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade. Art. 1.963. Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos ascendentes pelos descendentes: I - ofensa física; II - injúria grave; III - relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou com o marido ou companheiro da filha ou o da neta; IV - desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade. Art. 1.964. Somente com expressa declaração de causa pode a deserdação ser ordenada em testamento. Tartuce ensina que ao cônjuge, somente se aplicam as hipóteses previstas no art. 1.814 do CC, vez que vedada a analogia de normas restitivas de direito. Efeitos da indignidade São pessoais, de modo que os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele fosse morto ao tempo da abertura da sucessão. Assim, a indignidade não atinge o direito de representação do herdeiros do indigno, como ocorre na renúncia. Todavia, o herdeiro indigno não terá direito ao usufruto/administração dos bens que seus sucessores receberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens. José fernando simão sustenta que esses efeitos também se aplicam à deserdação. Alienação e administração de bens hereditários feitas pelo herdeiro excluído: São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão (art. 1.817, caput, do CC). Porém, aos herdeiros que obtêm a sentença de indignidade subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos. a) Frutos e rendimentos dos bens da herança: O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas com a conservação deles (art. 1.817, parágrafo único, do CC). Como se nota, em havendo indignidade, o herdeiro declarado indigno posteriormente tem direito a receber a posse e o domínio da herança, ficando com ela até a declaração por sentença. b) Reabilitação: Admite-se a reabilitação do indigno por força de testamento ou outro ato autêntico, a exemplo de uma escritura pública (reabilitação expressa). O art. 1.818 do CC, que trata dessa possibilidade, prevê ainda a reabilitação tácita, presente quando o autor da herança contempla o indigno por testamento, quando já conheciaa causa da indignidade. c) Tartuce cria a seguinte Tabela comparativa: CAPÍTULO V Dos Excluídos da Sucessão Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários: I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade, será declarada por sentença. § 1 o O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em quatro anos, contados da abertura da sucessão. (Redação dada pela Lei nº 13.532, de 2017) § 2 o Na hipótese do inciso I do art. 1.814, o Ministério Público tem legitimidade para demandar a exclusão do herdeiro ou legatário. (Incluído pela Lei nº 13.532, de 2017) Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão. Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens. Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos. Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas com a conservação deles. Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico. Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite da disposição testamentária. 05 - DOS EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO: INDIGNIDADE E DESERDAÇÃO terça-feira, 19 de outubro de 2021 18:06 Indignidade Desardação Matéria de sucessão legítima e testamentária Matéria de sucessão testamentária Alcança qualquer classe de herdeiro Apenas atinge os herdeiros necessários: Ascendentes;- Descendentes;- Cônjuge e companheiro (RE878.694/MG).- As hipóteses de indignidade servem para a deserdação Existem hipóteses de deserdação que não alcançam a indignidade (arts. 1.962 e 1.963, ambos do CC). Há pedido de terceiros interessados ou do MP, com confirmação em sentença transitada em julgado. Realizada por testamento, com declaração de causa e posterior confirmação por sentença. É a demanda que visa incluir um herdeiro na herança mesmo após a sua divisão. Trata-se de uma ação real, visto que o direito à sucessão aberta constitui bem imóvel por determinação legal. É prevista entre os arts. 1.824 a 1.928 do CC. A jurisprudência majoritária entende que deverá ser aplicado o prazo geral de prescrição. Súmula 149 do STF, “é imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de herança”. Para essa corrente, o termo inicial seria a abertura da sucessão, aplicando-se o prazo geral (10 anos - CC/02 ou 20 anos CC/16). Todavia, o início do prazo prescricional é controvertido, havendo várias posições. Trânsito em julgado da sentença de reconhecimento de paternidade: Em 2016, o STJ (informativo 583) decidiu o seguinte: 1. "na hipótese em que ação de investigação de paternidade post mortem tenha sido ajuizada após o trânsito em julgado da decisão de partilha de bens deixados pelo de cujus, o termo inicial do prazo prescricional para o ajuizamento de ação de petição de herança é a data do trânsito em julgado da decisão que reconheceu a paternidade, e não o trânsito em julgado da sentença que julgou a ação de inventário. (...). Trata-se de ação fundamental para que um herdeiro preterido possa reivindicar a totalidade ou parte do acervo hereditário, sendo movida em desfavor do detentor da herança, de modo que seja promovida nova partilha dos bens. A teor do que dispõe o art. 189 do CC, a fluência do prazo prescricional, mais propriamente no tocante ao direito de ação, somente surge quando há violação do direito subjetivo alegado. Assim, conforme entendimento doutrinário, não há falar em petição de herança enquanto não se der a confirmação da paternidade. Dessa forma, conclui-se que o termo inicial para o ajuizamento da ação de petição de herança é a data do trânsito em julgado da ação de investigação de paternidade, quando, em síntese, confirma-se a condição de herdeiro” (STJ, REsp 1.475.759/DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, j. 17.05.2016, DJe 20.05.2016)." Abertura da sucessão: Em 2019, houve acórdão no STJ que voltou a aplicar a corrente adotada pela antiga súmula 149 do STF (Recurso Especial n. 479.648/MS). Logo, a questão precisa ser pacificada no STJ. 2. Imprescritibilidade: Tartuce traz, ainda, uma terceira corrente, sustentando a imprescritibilidade da petição de herança sob o seguinte fundamento: 3. "Ora, o direito à herança é um direito fundamental protegido na Constituição da República, que por envolver a própria existência digna da pessoa humana, para o sustento de um patrimônio mínimo, não estaria sujeito à prescrição ou à decadência". CAPÍTULO VII Da petição de herança Art. 1.824. O herdeiro pode, em ação de petição de herança, demandar o reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da herança, ou de parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua. Art. 1.825. A ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos herdeiros, poderá compreender todos os bens hereditários. Pois a herança é um bem indivisível até a partilha. Art. 1.826. O possuidor da herança está obrigado à restituição dos bens do acervo, fixando-se-lhe a responsabilidade segundo a sua posse, observado o disposto nos arts. 1.214 a 1.222. Se de boa-fé ou de má-fé. Parágrafo único. A partir da citação, a responsabilidade do possuidor se há de aferir pelas regras concernentes à posse de má-fé e à mora. Art. 1.827. O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder de terceiros, sem prejuízo da responsabilidade do possuidor originário pelo valor dos bens alienados. Parágrafo único. São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro aparente a terceiro de boa-fé. Art. 1.828. O herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não está obrigado a prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a este o direito de proceder contra quem o recebeu. Conforme Maria Helena Diniz, “herdeiro aparente é aquele que, por ser possuidor de bens hereditários, faz supor que seja o seu legítimo titular, quando, na verdade, não o é, pois a herança passará ao real herdeiro, porque foi declarado não legitimado para suceder, indigno ou deserdado, ou porque foi contemplado por testamento nulo ou anulável, caduco ou revogado”. Nesse caso, o herdeiro reconhecido posteriormente somente poderá pleitear perdas e danos do herdeiro aparente que realizou a alienação. Bibliografia: TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único, 11. ed. Rio de Janeiro, Forense; Metodo, 2021, capítulo 09: Direito das Sucessões. 06 - AÇÃO DE PETIÇÃO DE HERANÇA quarta-feira, 20 de outubro de 2021 18:18
Compartilhar