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plano de gestao sitio historico minuta final 28.03.16 (1)

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PLANO DE GESTÃO DO SÍTIO 
HISTÓRICO DE OLINDA 
Olinda, março de 2016 
 
 
DOCUMENTO 
PARA DEBATE 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
 
 
 
1. Introdução 
 
2. Antecedentes Históricos da Gestão do Sítio Histórico de Olinda 
 
3. Diagnóstico do Sítio Histórico de Olinda 
 
4. Bases para a elaboração do Plano de Gestão do Sítio Histórico de Olinda 
 
5. Premissas de Gestão do Sítio Histórico de Olinda 
 
6. Políticas Públicas Conectadas 
 
7. Objetivos do Plano de Gestão do Sítio Histórico de Olinda 
 
8. Metas do Plano de Gestão do Sítio Histórico de Olinda 
 
9. Temário/Programas/ Projetos/ Atividades do Plano de Gestão do Sítio Histórico de Olinda 
 
10.Sistema Municipal de Preservação (Governança) 
 
11. Instrumentos de monitoramento e avaliação do Plano de Gestão do Sítio Histórico de Olinda. 
 
 
 
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1.INTRODUÇÃO 
 
 
Dentro do Processo de elaboração da Revisão da Legislação Urbanística dos 
Sítios Históricos de Olinda, iniciado no primeiro semestre de 2015, ficou patente 
uma necessidade de realizar não apenas a revisão das normas jurídicas que regulam 
o uso e ocupação do solo na área histórica de Olinda, mas de rever e sistematizar a 
atividade de gestão sobre o território foco. 
Este trabalho é fruto de dois fatores fundamentais para a defesa e preservação 
do Olinda, o primeiro destes fatores é a participação ativa da população olindense, 
criticando e contribuindo com a gestão pública em busca de qualidade de vida, o 
segundo fator, a capacidade técnica instalada no serviço publico municipal, que 
permitiu a elaboração deste trabalho dentro da “casa”, sendo seus méritos e 
possíveis lacunas, um reflexo da dedicação e qualidade dos técnicos de Olinda. 
Sim, temos, todos nós, muitos motivos para nos orgulhar deste trabalho e 
para lutar diariamente para sua fiel implantação. 
Este é nosso novo desafio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2.ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA GESTÃO DO SÍTIO HISTÓRICO DE 
OLINDA 
 
 
2.1. OLINDA: OS CAMINHOS DE UMA CIDADE COM HISTÓRIA 
 
Olinda nasceu para servir aos desígnios de ocupação portuguesa no Novo Mundo, fundada pelo donatário da Capitânia de 
Pernambuco, Duarte Coelho Pereira, provavelmente pouco antes de sua Carta Foral de 12 de março de 1537, possuía como objetivo firmar o 
colonizador europeu, criando condições para a exploração das riquezas das terras tropicais. 
Deve-se notar pela sua origem, que a cidade foi criada dentro da concepção de ocupação territorial, possuindo uma posição 
estratégica na equação econômica que permitisse a exploração de riquezas, não nascia de uma ocupação ocasional ou espontânea de lugar de mercado 
ou cruzamento de caminhos, mas nascia para criar mercadorias e formar um caminho de riquezas. 
Não é por acaso que o donatário escolhe a colina mais alta da região, para de lá, com olhos no horizonte, instalar esta cidade, a 
escolha propiciava um lugar seguro, um porto marítimo abrigado, espaço para uma área destinada às hortas e ao criatório, com proximidade de grandes 
áreas produtivas de riqueza. Olinda foi criada como cidade além muralha, possuía um centro administrativo de exercício do poder e residência de seus 
fundadores, as colinas do atual Sítio Histórico, possuía os lugares de trabalho, ou melhor dizendo, os lugares do produzir riquezas, os engenhos de 
açúcar, hoje fora dos limites territoriais do município, e os caminhos, que saindo da Vila, faziam a ligação entre a produção do açúcar e o porto 
 
 
 
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escoador de mercadoria, no arrecife dos navios, hoje Porto do Recife. Estava pronta a equação de sua sustentação econômica; Vila/Plantação/Porto, 
como diz o Professor José Luiz da Mota Menezes, em documento preliminar do Plano Diretor de Olinda, 1997, “Uma enorme e racional, embora 
complexa, estrutura se armou para o fim previsto da produção de um bem econômico, que trouxe aquela prosperidade, decantada no final do Século 
XVI, para a Capitania de Duarte Coelho, e que despertou a cobiça dos estrangeiros.” 
Em 1631, a Vila de Olinda é tomada e incendiada pelos holandeses, aquela rica vila de quase 100 anos, nunca mais encontraria, 
no futuro, a posição estratégica dentro da economia regional pela qual foi criada, pois a mudança da equação econômica Vila/Plantação/Porto, para o 
Recife holandês, faz de Olinda um mero centro administrativo da Capitania, após a expulsão holandesa em 1654. 
Olinda perde sua função de centro econômico, perde seu porto, com a elevação do Recife a Vila em 1710, mesmo com a Guerra 
dos Mascates entre as mesmas, perde sua riqueza e seu território, deixando para outras localidades os engenhos e plantações de açúcar, hoje, longe da 
visão das colinas históricas. Olinda perde seu fundamento de lugar indutor de desenvolvimento, para se tornar um complemento do Recife. 
No século XIX, Olinda ganha um novo florescer, como ensina Mota Menezes: 
 
Sendo Olinda lugar de moradias e onde estava instalada, desde 1827, a Academia de Direito, ela adquire certa importância com relação ao 
lugar de trabalho, o Recife. Mas, é o interesse pelos salutares banhos de mar, recomendados pelos médicos que lhe dá nova vida. Nova 
vida que é bem representada pelo interesse de uma ligação mais rápida, através de um trem urbano, com o Recife, e esta se fez desde a 
Encruzilhada, por antigo caminho, que existia desde o século XVI. De princípio, os veranistas usavam casas de terceiros, alugadas para as 
temporadas de verão, depois, são adquiridos imóveis e se torna um hábito então morar na cidade, mesmo fora da temporada de veraneio. É 
o renascimento da cidade. Sente-se essa transformação naquelas casas próximas ao mar onde elas se revestem com roupas ecléticas, e, 
com as reformas das fachadas, são modernizadas. O que se restringia às áreas próximas às praias vai depois caminhar para as outras ruas 
da cidade. Uma transformação urbana que dá novo alento ao velho burgo. A água potável levada as casas pela Companhia de Santa Teresa 
e a eletrificação denotam a importância que readquire a cidade. Logo o trem urbano é substituído pelos bondes elétricos, nos inícios do 
século XX. 
 
 
 
 
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Olinda começa a trilhar os caminhos de uma cidade com estrutura moderna, com paisagem e modus vivendi de uma cidade 
antiga, bem propícia ao descanso e a contemplação, recebendo os primeiros visitantes do lazer. 
Olinda no século XX, sofre grandes transformações, como a ocupação das áreas litorâneas pela implantação de parcelamentos 
do solo, partindo do Carmo até a foz do Rio Doce; como a implantação de grandes conjuntos habitacionais, entre as décadas de 1940 e 1970; como o 
avanço do mar, a partir da década de 1920. 
A situação urbana de Olinda e seu Sítio Histórico, é hoje o reflexo das transformações sociais, políticas e econômicas que a 
cidade acumulou ao longo de sua história, conhecendo períodos de crescimento e estagnação, de centro político e econômico e de simples cidade 
residencial, foram estes períodos de florescimento e declínio, que construíram e preservaram, em grande parte, os bens edificados desta cidade. 
 
2.2. A PROTEÇÃO LEGAL AO PATRIMÔNIO CULTURAL DE OLINDA 
 
O patrimônio cultural de Olinda, até o momento de criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 1937, 
não possuía, por parte do poder público, uma ação preservacionista claramente identificada, podemos contrariamente afirmar que no início do século 
XX, o Sítio Histórico de Olinda sofre bruscas intervenções por parte do poder municipal como a demolição das ruínas do Convento do Carmo em 1907 
e da Igreja de São Pedro Mártir em 1915, uma das mais antigas da cidade. Outra intervenção tencionada pela municipalidade olindense, que nãoseguiu 
adiante pela falta de recursos públicos, foi o projeto de urbanização da área compreendida entre os Conventos de São Bento e do Carmo, que 
vislumbrava a abertura de uma grande via, no qual se pretendia eliminar a Igreja do Carmo e sua colina, além da casa com muxarabi, edificação 
representativa da arquitetura civil seiscentista, localizada na Praça João Alfredo (conhecida como Praça de São Pedro), que posteriormente, em 1939, 
foi tombada em nível federal, no Livro das Belas-Artes. 
 
 
 
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A presença legal do poder público na preservação do patrimônio cultural de Olinda, tem seu marco inicial com o tombamento, 
em 1938, de monumentos isolados de arquitetura religiosa e civil. São deste ano as inscrições no Livro do Tombo de Belas-Artes do Antigo Palácio 
Episcopal; Igreja da Misericórdia; Igreja de Nossa Senhora da Graça e residência anexa, antigo Colégio dos Jesuítas; Igreja de Nossa Senhora do 
Monte; Igreja de Santa Teresa; Igreja do antigo Convento de Santo Antônio do Carmo; Igreja e Convento de Nossa Senhora das Neves; Igreja e 
Mosteiro de São Bento. Em 1939, são tombadas as casas de nº 28, da Rua do Amparo e de nº 07, da Praça João Alfredo, finalizando o ciclo de 
tombamentos, em nível federal, de edificações isoladas em Olinda, tem-se, em 1966, a inscrição em Livro de Tombo, da Capela de São Pedro 
Advíncula e da edificação do antigo Aljube, na Rua 13 de Maio, além do Forte de São Francisco, ou do Queijo, em 1984. 
O patrimônio arquitetônico de Olinda, somente é tombado em conjunto, mediante a inscrição nº 44, no Livro Arqueológico, 
Etnográfico e Paisagístico; da inscrição 412, no Livro Histórico e inscrição nº 487, no Livro de Belas-Artes, todas em 19 de abril de 1968. 
Em 21 de março de 1968, o senhor Renato Soeiro, então Diretor do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, encaminha ao 
Prefeito de Olinda, Benjamim de Aguiar Machado, a Notificação nº 1004, que delimita a área tombada e faz as recomendações para a sua preservação. 
 
Para fins estabelecidos no Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, notifico a V.sa. (sic), que foi determinada a inscrição nos Livros 
do Tombo do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a que se refere a artigo 44 do mesmo diploma legal, do seguinte conjunto 
arquitetônico compreendido na área delimitada pelo seguinte perímetro, na cidade de Olinda, PE: 
Partindo-se da orla marítima pelas ruas Santos Dumont e Joaquim Nabuco até encontrar o prolongamento do rumo que passa pelas Igrejas 
de Nossa Senhora do Monte e São João Batista, por esse rumo, seguindo-se até a citada Igreja do Monte: daí por um segundo rumo, 
passando-se pelo Farol até a orla marítima: por essa orla marítima, até o inicio (sic) da rua Santos Dumont, por onde se principiou: 
Foram inscritos, dentro desse perímetro, com destaque os conjuntos urbanísticos e arquitetônicos das ruas 13 de maio, Amparo e Bernardo 
Vieira de Melo. 
Nas demais áreas e arruamentos, ficará a inscrição feita, como extensão dos tombamentos dos vários monumentos já tombados, e 
principalmente, além dos arruamentos acima referidos, das Igrejas de Nossa Senhora do Carmo (sic), de São João Batista, da Misericórdia, 
da Conceição, de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, do Amparo, do Monte, do Convento de Nossa Senhora das Neves, da Antiga (sic) 
residência dos Jesuítas e da Igreja de nossa Senhora das Graças, do Mosteiro de São Bento, do antigo Palácio dos Bispos, do antigo Aljubo 
(sic), atual Museu de Arte Contemporânea e da casa do Páteo de São Paulo (sic) [Pátio de São Pedro]. 
 
 
 
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Essa preservação se refere, principalmente, à manutenção do gabarito e do carater (sic) plástico das edificações – frontespícios (sic) e 
telhados de telhas antigas (procurando-se com o tempo, alterar as novas edificações), e a preservação da vegetação, pública e particular, 
com a fixação da densidade máxima de 20%, com vistas aos seus terrenos e limitada a um único pavimento para novas construções. A 
única excessão (sic) será na área plana, do litoral, onde não haverá limite de densidade mas tão somente limite de gabarito de dois 
pavimentos. 
 
Augusto C. da Silva Telles, em seu artigo intitulado “Centros Histórico: notas sobre a política brasileira de preservação”, na 
Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, nº19/1984, faz referência a essa época em que a preservação no Brasil amplia sua visão, saindo 
da esfera única do monumento isolado, para uma concepção que encarna a Carta de Veneza, admitindo uma visão de conjuntos urbanos: 
 
A preservação e a revitalização dos “Centros Históricos”, como assunto prioritário na política de preservação dos bens culturais e naturais 
é relativamente recente, tanto no panorama mundial, quanto no âmbito brasileiro. Realmente, até há poucos anos, o enfoque da política, 
dita preservacionista, era o do “Monumento” em seu sentido etimológico, de edificação notável a ser colocada em destaque. A Carta de 
Veneza de 1964 foi, certamente, o primeiro documento de caráter internacional a definir que “os sítios urbanos ou rurais”, assim como “as 
obras modestas que alcançaram com o tempo um significado cultural” deveriam ser equiparadas aos “Monumentos”, criações 
arquitetônicas isoladas. Igualmente afirmou esta Carta, que a “conservação de um monumento exige a preservação da vizinhança à sua 
escala”, sendo “proscrita toda a construção nova, toda demolição ou alteração que possa modificar as relações de volume e de cor. 
 
Neste sentido a Notificação Federal do SPHAN nº 1004, de 1968, revela sua fonte inspiradora, quando definindo o que ser 
preservado em Olinda, ressalta os espaços físicos compreendidos como às “áreas e arruamentos (…), como extensão dos tombamentos dos vários 
monumentos já tombados…” e quando nas determinações do preservar, fundamenta seu valor na questão da volumetria urbana, e características 
estéticas, “Essa preservação se refere, principalmente, à manutenção do gabarito e do caráter plástico das edificações.” 
Silva Telles ressalta que com base na “Declaração de Amsterdã”, do Conselho da Europa, em 1975, é proposta a adoção da 
“Conservação Integrada”, mediante um relacionamento com o “Planejamento do Uso do Solo” e o “Planejamento Urbano e Regional”. Esta nova 
postura, segundo Silva Telles, é provocada por dois fatores, o primeiro, pela inclusão de bens considerados até então sem maiores significados, como 
 
 
 
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os de arquitetura popular, ou vernacular, o que amplia o universo a ser preservado, e o segundo, pelo grande crescimento das nucleações urbanas, com 
crescente demanda para a implantação de novas vias e pelo aumento da especulação imobiliária, o que pressiona as áreas urbanas de importância 
cultural. Sobre o assunto, refere-se: 
 
No Brasil, desde quando em 1937 teve início a política de preservação dos bens culturais e naturais, vários núcleos e centros de valor 
paisagístico, urbanístico e arquitetônico foram preservados – “tombados”. Como estes núcleos ou sítios localizavam-se em áreas que, na 
época, estavam marginalizadas, econômica e socialmente, em uma primeira fase, até as décadas de 1950/60, os problemas que neles se 
apresentavam como mais sérios eram, principalmente, os de manutenção das edificações mal conservadas, muitas vezes deficientemente 
usadas ou em desuso. Na época, foram se realizando algumas campanhas de esclarecimento público, quanto ao valor desses acervos, e das 
razoes de sua preservação. Com o impacto desenvolvimentista dos anos 50/60, esses núcleos preservados e outros mais, que passaram a ser 
inscritos como de interesse cultural ou natural, começaram a ser atingidos, agredidos pela pressão demográfica, pela metropolização das 
áreas contíguas, pela implantação de indústrias em suas imediações, pela inserção dos mesmos em roteiros turísticos, pela abertura de 
rodovias emsuas proximidades. Assim ocorreu com Ouro Preto, Mariana, Tiradentes, São João Del-Rei, Parati, Olinda, Porto Seguro, com 
os núcleos do Pelourinho em Salvador e da Praia Grande em São Luiz, entre outros. 
 
Em 1973, é elaborado o Plano de Desenvolvimento Local Integrado de Olinda (PDLI), que de uma certa forma na área da 
preservação cultural, antecipa-se às recomendações da “Declaração de Amsterdã”, e responde as novas realidades existentes no município. Na década 
de 60, Olinda praticamente dobra sua população, período em que são construídos vários conjuntos habitacionais pela antiga COHAB/BNH, carreando 
para o município não só uma população vinda do Recife, como também de toda a Área Metropolitana. 
O Plano de Desenvolvimento Local Integrado de Olinda (PDLI) é elaborado simultaneamente com a Legislação Urbanística 
Básica do Município, aprovada pela Câmara Municipal, constituindo-se na Lei Municipal 3.826/73. Nesta Lei, o Livro III, trata especificamente do 
Sítio Histórico, estabelecendo um zoneamento para o conjunto urbanístico e arquitetônico, de acordo com as necessidades e critérios de preservação da 
época. 
Nesse instrumento legal, compreende-se monumento não só a criação arquitetônica isolada, como também o ambiente no qual 
ela se insere e sua conservação deve ser sempre favorecida pela atribuição de uma função útil à sociedade. 
 
 
 
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São definidas restrições para as construções e reformas; normas de ocupação para as áreas vizinhas ao polígono tombado pelo 
SPHAN e identificadas as funções primordiais das zonas de Preservação Rigorosa e Ambiental, destinadas a “Conter o Centro Cívico Administrativo e 
Cultural da cidade, as sedes do Governo Municipal, dos principais órgãos públicos, as associações civis ou religiosas e instituições culturais como 
museus, bibliotecas, arquivos e Horto Botânico, e ainda ateliês e residências de artistas e artesãos, pousadas e estabelecimentos destinados ao comércio 
de artesanato e turismo (…) O Campus universitário, além da função residencial.” 
Em seu artigo 82, a legislação, define a orientação que a conservação, valorização e restauração devem obedecer, adequando-se 
às normas da Carta Internacional sobre a Conservação e Restauração de Monumentos e Sítios (Veneza, 1964). 
Neste sentido, verifica-se que a Lei Municipal 3.826/73, nasce de alguns fatores como a explosão populacional que Olinda 
sofre, fazendo com que sua população passe de 62.435 habitantes em 1950, para 199.292 habitantes em 1970, com índices anuais de aumento da 
população de 5.8% ao ano, entre 1950 e 1960 e de 6.2% a.a., entre 1960 e 1970; nasce de uma concepção que busca tratar as áreas históricas dentro do 
macroplanejamento municipal, como parte contida no planejamento urbano de todo o território municipal, sabendo que não poderiam solucionar as 
pressões imobiliárias sobre os centros históricos com políticas setorizadas de uso do solo “cultural”. 
Um marco fundamental para a concepção desta legislação urbanística olindense de 1973, no que se refere à preservação do 
Sítio Histórico de Olinda é o movimento nacional, gerado pelos “Encontros de Governadores”. Vera Milet, em seu livro “A teimosia das Pedras: Um 
estudo sobre a preservação do patrimônio ambiental do Brasil”, 1988, fazendo referência a esse período, diz: 
 
Neste sentido, organizou os “Encontros de Governadores” em 1970 e 1971, que resultaram nos documentos conhecidos por 
“Compromisso de Brasília” e “Compromisso de Salvador”. 
Ora, é precisamente a partir das recomendações da UNESCO e dos “Encontros de Governadores” que podem ser identificados os 
princípios que irão nortear a política de preservação, no Brasil dos anos de 1970, a saber: o culto ao passado, a valorização ao patrimônio 
ambiental e o planejamento como forma de dirimir os interesses conflitantes no âmbito da preservação. 
 
 
 
 
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Neste mesmo livro, Milet cita J. B. Brasil Perrin, que faz, em termos sintéticos, uma abordagem dos valores emanados destes 
encontros: 
 
 noção de culto ao passado como elemento básico na formação da consciência da nacionalidade; 
 substituição da noção de monumento histórico pela de conjunto monumental e de sua ambiência, através de legislação adequada, 
federal, estadual e municipal; 
 adequação do patrimônio arquitetônico e ambiental aos novos requerimentos da economia, recomendando-se uma política de 
valorização que compreenda os seguintes mecanismos de ação: 
 incentivos ao investimento de capitais privados na obra de valorização dos conjuntos classificados; 
 incentivos aos proprietários através de vantagens fiscais e empréstimos a longo prazo e baixos juros; 
 assegurar através do turismo, base econômica à política de valorização dos bens culturais. 
 integração entre as esferas de planejamento, ações conjuntas entre os órgãos responsáveis pelos planos de desenvolvimento 
nacional, planos de urbanização e planos de proteção a conjuntos classificados. 
 ação supletiva à atuação federal devendo os Estados e Municípios organizarem a proteção aos bens de interesse regional. 
 criação de organismos especializados – fundações – a nível estadual e municipal com estruturas que permitam agir de maneira 
operacional com o objetivo de assegurar a revitalização de conjuntos e locais classificados. 
 adequação do aparelho escolar, tanto na formação da consciência de nacionalidade como da conservação e restauração do bem 
cultural, especialmente através de cursos de especialização nas Universidades. 
 promoção e divulgação através dos meios de comunicação de massa. 
 
A Lei Municipal 3.826/73, no seu Livro III, “Do centro histórico e acervo cultural do município”, recebeu notadamente 
influências dos “Encontros de Governadores”, se não bastasse os valores coincidentes, nota-se a participação direta de técnicos como Paulo Ormindo 
David Azevedo, que apresentou, no encontro de Salvador de 1971, o trabalho “Contribuição à criação de uma legislação específica para setores 
monumentais ou paisagísticos” e que fez parte ativamente da equipe técnica que elaborou o Plano de Desenvolvimento Local Integrado de Olinda 
(PDLI) e da legislação urbanística olindense de 1973. 
A construção do Complexo Viário de Salgadinho, abre uma nova perspectiva para o Sítio Histórico de Olinda e a possibilidade 
de intervenções nas áreas de mangues aterrados, com prováveis prejuízos à paisagem e ao meio ambiente. 
 
 
 
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Como uma decorrência desta nova situação, em 1979 é aprovada pelo Conselho Consultivo do IPHAN, proposta de ampliação 
do antigo polígono tombado em 1968, sob a denominação de “Notificação Federal 1155”, que passaria de 1,2 Km2 aproximados, para cerca de 10,4 
Km
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, quase ¼ do território municipal, onde são estabelecidas normas de proteção de visibilidade e de preservação das áreas naturais, mediante 
restrições de ocupação das áreas de entorno, sujeita ainda ao exame de seus efeitos pelo município e das modificações introduzidas na Lei Municipal nº 
3.826/73. 
 De acordo com a Recomendação do Conselho do IPHAN, foi homologado pelo Ministro da Educação e Cultura, a inscrição, 
em 04 de junho de 1979, do novo polígono de preservação de Olinda: 
 
Começando no Molhe de Olinda segue os limites do município de Olinda até encontrar a Av. Agamenon de Magalhães, de onde prossegue 
novamente seguindo os limites do município, até atingir a Av. Correia de Brito, seguindo por esta e pela Av. Antônio da Costa até o 
encontro com a Av. Presidente Kennedy; da Av. Presidente Kennedy inflete-se para leste, ao longo da mesma até a Av. Agamenon de 
Magalhães, em Olinda, pela qual prossegue até encontrar a PE-1 e continua pela Av. Joaquim Nabuco até encontrar a Estrada Bultrins, pela 
qual inflete até a Estrada Velha do Rio Doce de onde segue até o litoral pela rua Alberto Lundgren; ao longo daorla marítima retorna até 
atingir o Molhe de Olinda, por onde se iniciou. 
 
Em setembro do mesmo ano, a Lei Municipal nº4.119/79, cria o Sistema Municipal de Preservação, composto pelo Conselho de 
Preservação dos Sítios Históricos de Olinda, órgão deliberativo, a Fundação Centro de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda, órgão técnico e 
executivo das ações de preservação, o Fundo de Preservação e é instituída a figura do Tombamento Municipal. Novamente, verifica-se a influência dos 
“Encontros de Governadores”, sendo Olinda o primeiro município brasileiro, e quase o único, a adotar a recomendação de criar organismos 
especializados (fundações) em nível municipal com estruturas que permitam agir de maneira operacional com o objetivo de assegurar a revitalização de 
conjuntos e locais de interesse cultural regional. 
Em introdução ao Livro de Atas, Volume I, do Conselho de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda, 1983, o arquiteto Jorge 
Eduardo Lucena Tinoco, faz considerações sobre os fatores que influenciavam a atuação pública à época: 
 
 
 
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O movimento cultural, promovido no início da década de 60 por grupo de jovens artistas e artesãos em Olinda, propiciou uma procura à 
cidade por parte de intelectuais, de artistas e da classe média alta. Esse florescimento e o desenvolvimento rápido das potencialidades 
culturais aceleraram o processo de substituição gradual da população local tradicional e, conseqüentemente (sic), dos hábitos e usos 
comuns à vocação histórica da cidade. Aos poucos e de modo contínuo, o núcleo histórico foi caracterizando-se como um pólo (sic) de 
lazer e turismo. Surgiram bares, restaurantes, galerias de arte e artesanato, antiquários etc., localizados em antigas residências (…). A 
instalação de três grandes unidades de ensino superior, situadas no Alto da Sé (Faculdade de Ciências Humanas de Olinda), na Rua de São 
Bento (Faculdade de Direito de Olinda) e na Praça do Carmo (Faculdade de Administração), acentuaram de maneira desordenada o tráfego 
no núcleo da cidade e transformaram os largos e as ruas estreitas e ladeirosas em estacionamento de veículos (…). A construção do 
Complexo de Salgadinho e as construções da Avenida Agamenon Magalhães e da ponte Paulo Guerra permitiram a rápida e direta ligação 
de Olinda com a Zona Sul do Recife. Ofereceu-se assim, e a partir de então, o lazer noturno, através de bares e casas de shows etc. O 
exemplo maior desse fenômeno foi a ocupação total do Alto da Sé por uma feira de artesanato e de comidas típicas, situada na “praça 
maior” da Cidade. (…) A implantação do Centro de Feiras, Exposições e Convenções dentro da atual área de preservação ambiental. (…) 
Além desses fatores que caracterizam a perda da qualidade de vida da cidade, arrolamos ainda a redução da cobertura vegetal provocada 
pela ocupação intensa das encostas dos morros da Sé, do Guadalupe, de São João e do Monte. (…) e ainda pelo avanço do mar que em 
meio século já provocou o desaparecimento de ruas inteiras. 
 
A partir de 1980, a Fundação Centro de Preservação de Olinda, somado ao Conselho de Preservação, iniciam estudos para 
adequação das normas contidas na Notificação Federal 1155, à realidade da cidade, estudos estes que se estenderam até 1982, quando foi encaminhada 
proposta ao Conselho Consultivo do SPHAN, obtendo aprovação sob a denominação de “Rerratificação da Notificação 1155”. 
Esta institui o polígono tombado, constituído pelo núcleo do Sítio antigo e a área de entorno, formada ao sul pelo Complexo de 
Salgadinho, Triângulo de Peixinhos, parte do bairro de Sítio Novo e ao norte, pelos assentamentos de Bultrins e Bairro Novo. 
A proposta procura aperfeiçoar a legislação anterior e ajustar-se à realidade da cidade. Entretanto, as definições quanto à 
normatização dos usos e atividades, assunto que mais afetava o novo ritmo de vida no Sítio Histórico, seriam da exclusiva competência do município, 
estabelecendo-se a partir de então, o compromisso da municipalidade de elaboração da nova legislação urbanística do Sítio Histórico, com a 
complementação necessária ao equacionamento da questão. 
 
 
 
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A edição da “Rerratificação 1155”, não atendeu a expectativa que possuía a cidade em termos de normatização dos conflitos 
existentes, o que mais comprometia a vida em Olinda, à época, eram as questões de uso e não do intervir fisicamente nos imóveis. A explosão do lazer 
traz para Olinda um ritmo de vida e problemas nunca enfrentados no século XX, como forma de barrar este grande fluxo de usuários, que invadiam 
Olinda em busca dos bares e casas noturnas, o vereador Fernando Gondim, com o apoio de setores da população residente no Sítio Histórico, fazem 
aprovar e ser sancionada a Lei Municipal nº 4.821, em 1985, este instrumento jurídico determina a proibição de bares e restaurantes, casas noturnas e 
similares, apenas na área de Preservação Rigorosa do Sítio Histórico, funcionando como uma medida forte e emergencial de contenção da proliferação 
indiscriminada de usos incompatíveis numa área eminentemente residencial. 
Em 1987, uma Ação Judicial, impetrada na 5º Vara da Justiça Federal, contra a Prefeitura de Olinda e SPHAN, determinou, em 
março de 1987, a proibição de circulação de qualquer veículo no Sítio Histórico de forma emergencial e posteriormente de forma definitiva de veículos 
com peso superior a duas toneladas, cabendo à Prefeitura de Olinda e ao Detran fazer cumprir esta determinação judicial. 
Neste contexto de luta, entre o uso residencial e os usos geradores de tráfego e poluição sonora, que é iniciada a elaboração da 
Legislação Urbanística dos Sítios Históricos de Olinda. 
 
 
 
 
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2.3. A ATUAL LEGISLAÇÃO DOS SÍTIOS HISTÓRICOS DE OLINDA 
 
A elaboração de uma nova regra para os Sítios Históricos de Olinda, estava inserida nos estudos da Lei de Uso do Solo 
municipal, mas uma vez, Olinda procurava tratar sua área histórica, dentro de uma visão integrada ao contexto urbano que se encontrava o município. 
Nesta proposta de Lei, o Sítio Histórico é identificado como Zona Especial de Interesse Cultural e Paisagístico (ZEPC), 
incluídos também nesta classificação os demais sítios e edificações isoladas de interesse histórico, arquitetônico e urbanístico, tais como o Convento de 
Santa Tereza e a rua Duarte Coelho, a rua de Santa Tereza e a Fábrica da Tacaruna, a Capela de Santana do Rio Doce, as ruínas de Santo Amaro, a Casa 
da Pólvora, a Fortaleza do Buraco, a Capela do Engenho Fragoso e o Matadouro de Peixinhos. Deve-se salientar que a Fábrica da Tacaruna e o 
Matadouro de Peixinhos, foram incluídos na proposta inicial por uma questão de afirmação da posição em que Olinda teria direito territorial sobre os 
dois edifícios. 
Os fatos políticos, decorrentes da mobilização em torno da ação judicial que determinara o fechamento da área histórica aos 
automóveis, faz com que a municipalidade tenha urgência em dar uma resposta à situação do Sítio Histórico, assim, foi decidido que a legislação para a 
área em questão deveria ser elaborada de forma prioritária, constituindo-se numa primeira fase da futura legislação de uso do solo municipal. Depois de 
definidos os conceitos gerais de zoneamento do município, a equipe técnica da Prefeitura passou a detalhar a área histórica sob a denominação de Zona 
Especial de Interesse Cultural e Paisagístico 1 (ZEPC 1), objetivando desta forma, a integração da área ao contexto territorial urbano de todo o 
município, procurando-se uniformizar os conceitos referentes aos padrões de uso e ocupação do solo. 
O objetivo maior do Projeto de Lei, era buscar a conciliação entre os usos voltados ao lazer e ao turismo com a predominância 
residencial da área em questão, neste sentido, a Exposição de Motivos da Lei Municipal 4.849/92, faz referência:16 
Para a determinação dos parâmetros de uso e ocupação, foram considerados aspectos, aparentemente conflitantes entre si, mas passiveis de 
uma conciliação, a qual se constituiu na meta a ser atingida: a preservação da qualidade de vida da comunidade residente na área, a 
preservação do patrimônio cultural e o disciplinamento de atividades voltadas para o lazer e turismo, como principal fonte geradora de 
emprego e renda para o município. 
Com o objetivo de conciliar os aspectos acima referidos, estabeleceram-se mecanismos visando minimizar o impacto das transformações 
de usos na área, sendo a predominância da função residencial considerada ponto básico para a fundamentação da Lei. 
A setorização da área por funções específicas, a limitação do porte dos estabelecimentos conforme a localização e a determinação de uso 
misto com o uso residencial para tipos de serviços, são alguns dentre outros parâmetros fixados para alcançar os objetivos. 
 
O texto expositor dos motivos da Lei, também relaciona as diretrizes gerais que orientaram esta legislação: 
 
 Estabelecer o Sítio Histórico como área predominantemente residencial; 
 Preservar o traçado das ruas do Sítio Histórico e os edifícios de interesse histórico e arquitetônico; 
 Estabelecer setores predominantemente de comércio e serviços de turismo e lazer em função da localização e tendências; 
 Permitir nas áreas predominantemente residenciais, apenas atividades de comércio vicinal (cotidiano) e serviços domiciliares; 
 Rever e redefinir as normas de obras e posturas; 
 Definir as normas de proteção ao meio ambiente natural e urbano, proibindo entre outros aspectos a circulação de veículos pesados no 
Sítio Histórico, e modificação no relevo, corte de árvores e remoção da cobertura vegetal. 
 
A elaboração da proposta de lei, procurou incorporar as normas de obras e parâmetros preservacionistas das normas federais, 
nitidamente da “Rerratificação da Notificação Federal nº 1155/79”, do SPHAN, como forma de conciliar o olhar técnico e jurídico sobre as 
intervenções, neste ponto fica clara uma tendência aos aspectos conceituais da Carta de Veneza, influenciadores da lei municipal de 1973 (PDLI de 
Olinda) e da normatização federal. 
 
 
 
 17 
Diz a exposição de motivos da lei, “Em vista da existência de normas legais a níveis Federal e Municipal, em vigência para o 
Sítio Histórico, a preocupação que norteou de início a elaboração da nova legislação urbanística, foi a tarefa de revisão, atualização e complementação 
dessas normas, com a fixação de parâmetros urbanísticos que regulam o uso e ocupação do solo e sua adequação à situação urbana atual do sítio e às 
expectativas da comunidade.” 
Um aspecto que deve ser levado em consideração, na análise sobre os fundamentos desta legislação, é a grande influência 
recebida da Lei de Uso e Ocupação do Solo da Cidade do Recife, Lei Municipal nº 14.511/83, desde a metodologia até o formato final da estrutura do 
texto. Esta influência não foi sem sentido, já que no início dos trabalhos em 1986, a Prefeitura de Olinda, recebera recursos financeiros e humanos do 
órgão metropolitano, para a elaboração do texto legal. Na época era intenção da FIDEM (Fundação de Desenvolvimento da Região Metropolitana do 
Recife), harmonizar os conceitos e metodologias de uso do solo em nível metropolitano, tomando como modelo a Lei do Recife. 
A proposta para a Legislação Urbanística do Sítio Histórico de Olinda, é apresentada em junho de 1987, iniciando um longo 
período de discussão que se encerra em 1992, quando de sua sanção em 23 de junho de 1992, cinco anos após sua apresentação a comunidade e aos 
órgãos técnicos, como o SPHAN, a Fundação de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife (FIDEM), a Fundação do Patrimônio Histórico 
e Artístico de Pernambuco (FUNDARPE) e o Conselho de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda. Neste período marcado por mudança de gestão 
no município, a legislação urbanística foi encaminhada e retirada do legislativo municipal, duas vezes, pelo chefe do Executivo local. 
Em 1991, a Fundação Centro de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda, realiza o “Diagnóstico do Sítio Histórico de 
Olinda”. Esse trabalho possuía o objetivo de delinear o perfil social e o comportamento dos moradores da área, frente às questões de preservação e 
conservação dos bens culturais da cidade e de cadastrar toda a infraestrutura urbana e usos existentes, com a finalidade de subsidiar o planejamento 
pertinente às ações governamentais que incidiam sobre a área tombada da cidade. Este documento baseou a retomada da necessidade de aprovar a 
legislação que não encontrava mais respaldo político para ser implementada. 
 
 
 
 18 
Finalmente, em 09 de outubro de 1991, uma comissão nomeada pelo Conselho de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda, 
apresenta seu relatório de análise sobre o Projeto de Lei, neste momento as discussões estão chegando ao final e a lei entra na fase final de processo 
legislativo dentro da Câmara Municipal. Diz o relatório, assinado por Ernesto Lucas Vilaça (representante do Instituto Brasileiro do Patrimônio 
Cultural – IBPC), Maria José Marques (representante da FIDEM) e Djalma Costa (representante do Instituto Histórico de Olinda): 
 
O Projeto de Lei foi abordado pelos integrantes da Comissão dentro da ótica das instituições ali representadas, considerando ainda as 
contribuições formuladas sobre o assunto pela SODECA, constantes do Ofício nº 52/91, enviado ao Diretor Geral da FCPSHO. 
Do ponto de vista do IBPC, a Legislação se harmoniza e se encontra em perfeita superposição com a Rerratificação da Notificação 1155/79 
da SPHAN. 
Frente aos interesses metropolitanos definidos em planos e projetos elaborados pela FIDEM até o presente, a legislação em pauta encontra-
se compatível, tendo inclusive incorporado propostas específicas além dos Sítios Históricos propriamente ditos, como é o caso dos Parques 
de Salgadinho e Horto de Olinda, integrantes do Sistema de Parques Metropolitanos. 
Unanimemente, a Comissão apresenta ao Conselho de Preservação o seu parecer favorável em relação à legislação analisada. 
 
A Legislação Urbanística dos Sítios Históricos de Olinda, Lei Municipal nº 4.849, é aprovada na Câmara de Vereadores de 
Olinda em 17 de junho e sancionada em 23 de junho de 1992 pelo chefe do Poder Executivo municipal. Esta lei encontra-se composta por 125 artigos, 
agrupados em 9 títulos e tendo como sua parte integrante, 10 anexos, contendo mapas do Zoneamento Funcional, quadros de usos permitidos e de 
índices urbanísticos, além da listagem de usos e atividades. 
No Título I, “Das Disposições Gerais”, estabelece a criação das Zonas Especiais de Proteção Cultural e Paisagística (ZEPC), 
classificando-as em: 
 ZEPC 1, como a área que “corresponde ao sítio constituído pelo núcleo urbano primitivo do Município de Olinda, definido a 
partir das citações da Carta Foral de Olinda e cartografia do Século XVI, compreendendo edifícios e áreas verdes de reconhecido valor 
arquitetônico, histórico, arqueológico, estético e sócio cultural (sic), que é envolvido por uma extensa área de entorno, como definida pela 
rerratificação da Notificação Federal nº 1155/79 do extinto SPHAN, em cuja poligonal, denominada Polígono de Preservação do 
Município de Olinda, estão inseridas também outras categorias de ZEPC.” 
 ZEPC 2, caracterizadas como “área de preservação de edificação em conjunto ou isolada, de valor histórico-cultural.” 
 
 
 
 19 
 ZEPC 3, caracterizadas “pelas ruínas de edificações e seu entorno, que tenham grande importância histórico-cultural.” 
 
O Título II, “Da Divisão e Setorização das Zonas Especiais de Proteção Cultural e Paisagística”, define o zoneamento funcional 
e conceitua os setores de cada zona. Aqui estãodivididos, segundo os critérios de predominância de usos, em setores com características residenciais 
(Setor Residencial Rigoroso SRR; Setor Residencial Ambiental SRA; Setor Residencial SR), setores comerciais (Setor Cultural do alto da Sé SCA; 
Setor de Interesse Turístico ST; Setor Comercial do Varadouro SCV); e de proteção ambiental natural (Setores Verdes 1, 2 e 3), além dos Setores de 
Especial Interesse Social SEIS e Eixos de Atividades Múltiplas, como a Av. Sigismundo Gonçalves, a Rua Santos Dumont, a Rua do Farol, a Av. 
Joaquim Nabuco e a Estrada do Bonsucesso. 
O Título III, “Do Uso e Ocupação”, define as condições de uso e ocupação do solo nas ZEPC, mediante índices urbanísticos 
determinados para cada setor e zona. Este Título conceitua e classifica os usos como: “Uso Permitido”, como o admitido e desejado em determinado 
setor, para possibilitar o bom desempenho das funções urbanas, o “Uso Não Conforme”, como aquele regularmente instalado antes da vigência da Lei e 
incompatível com os usos definidos para o setor, vedada a ampliação das instalações e da atividade e o “Uso Proibido”, como aquele não relacionado 
entre os usos permitidos em cada setor ou que não esteja instalado regularmente, antes da vigência da Lei. 
Neste Título, são estabelecidos e conceituados os índices urbanísticos, “Taxa de Ocupação”, sendo o percentual expresso pela 
relação entre a projeção da área edificada sobre o plano horizontal e a área do lote; “Gabarito”, como a altura máxima permitida para a edificação e o 
índice urbanístico “Afastamento”, como as distâncias mínimas entre a edificação e as linhas divisórias do terreno, medidas perpendicularmente a estas 
últimas. 
O Título IV, “Das Obras”, normatiza os critérios edilícios para o construir no Sítio tombado e sua área de entorno, aqui 
destacam se as seguintes determinações e valores: 
 
 
 
 
 20 
 Conceito de “Obra de Conservação”: A intervenção de natureza preventiva, que consiste na manutenção da edificação e na reparação de 
instalações e elementos não estruturais; 
 Conceito de “Obra de Restauração”: A intervenção de natureza corretiva, que consiste na reconstituição da edificação, recuperando as 
estruturas afetadas e os elementos destruídos ou danificados, procurando entretanto preservar os elementos de maior relevância, que foram 
acrescidos ao longo do tempo, resguardando a história da edificação; 
 Conceito de “Obra de Reforma ou Nova Edificação”: As intervenções que deverão respeitar as características da vizinhança, nos 
aspectos de volumetria, implantação, forma e densidade de ocupação do terreno, tipo e inclinação da coberta, materiais de revestimento 
externo e esquadrias; 
 Conceito de “Demolições”: As intervenções referentes especificamente à eliminação de acréscimos desvinculados do contexto 
arquitetônico ambiental, ou à necessidade de substituir elementos que serão reconstruídos, só poderão ocorrer quando da liberação do 
licenciamento correspondente. 
 São consideradas de interesse para a revalorização do Conjunto Monumental, as obras de restauração, que realizem eliminação de 
acréscimos, comprovadamente desvinculado do contexto arquitetônico e ambiental; modificação das fachadas, restabelecendo as relações 
compatíveis com as dimensões do imóvel e da vizinhança imediata, utilizando elementos de acabamento adequados ao conjunto; 
recomposição dos telhados no que se refere aos materiais, disposições e detalhes, com eliminação dos elementos incompatíveis com as 
características da edificação e do conjunto; 
 Os imóveis do Conjunto Monumental poderão realizar modificações internas para usos permitidos, desde que não se reflitam no exterior; 
 Poderão ser realizadas intervenções para melhoria da habitabilidade, tais como: instalações sanitárias adequadas; instalações de cozinha 
e serviços; disposição de mezanino; abertura de poço ou área para ventilação, desde que não se reflita na coberta; 
 Não poderão refletir-se, nem ficar aparentes nas fachadas, tubulações para escoamento de águas pluviais e esgotos; aparelhos de ar 
condicionado; 
 No Setor Residencial Rigoroso não serão permitidas construções novas, sendo apenas admitida a reconstrução de ruínas. 
 
Os Títulos V e VI, “Do Parcelamento e Da Publicidade e Letreiro”: determinam as normas e os procedimentos administrativos 
para o parcelamento e estabelece os critérios para a publicidade em logradouro público e a instalação de letreiro nas edificações do sítio tombado e 
ambiência. 
O Título VII, “Das Posturas na ZEPC”: discrimina os instrumentos administrativos do controle urbanístico e regulamenta as 
atividades em logradouro público, com a proteção ao meio ambiente natural e urbano. 
 
 
 
 21 
Os Títulos VIII e IX, “Das Infrações e Penalidades e Das Disposições Finais”: determinam as sanções ao descumprimento legal 
e realizam o fechamento da Lei. 
A Legislação Urbanística dos Sítios Históricos de Olinda, Lei Municipal nº 4.849/92, foi fruto de um momento histórico onde a 
nucleação tombada muito necessitava do disciplinamento das atividades e usos não residenciais, sendo assim, uma legislação que realizou avanços 
neste campo e não procurou avançar no intervir fisicamente nas edificações do Sítio Histórico, consolidando as diretrizes da Rerratificação da 
Notificação Federal 1155 e conceitos da Carta de Veneza. 
O professor Joaquim de Arruda Falcão Neto, em carta endereçada à Diretoria da Fundação Centro de Preservação dos Sítios 
Históricos de Olinda, em 25 de junho de 1988, analisa o Projeto de Lei Preservacionista do município, enfatizando, “Acabei de ler a proposta de 
Legislação Urbanística do Sítio Histórico. Parabéns! É um avanço incrível! Local e nacional..Mas gostaria de sugerir dois aspectos que considero da 
maior importância.” 
 
Primeiro. Toda a legislação está voltada para os imóveis. Não está voltada para as ruas, praças, serviços públicos etc… Deveria haver 
também um mínimo de legislação sobre a infra estrutura (sic) urbana. Afinal de contas Olinda, e as demais cidades tem (sic) sido mais 
depredadas pelas autoridades públicas do que pelos moradores, ou pelo menos há um empate técnico (…). Sugiro pois disposições dizendo 
qual o calçamento e tipo de pavimentação que os futuros prefeitos deverão obedecer; a proibição de Prefeitura autorizar espetáculos 
comerciais ao ar livre na SR1, autorizando apenas no carnaval e as manifestações da sociedade; necessidade da Compesa e Celpe se 
adaptarem aos padrões a serem definidos pelo Centro e Sphan, prevendo inclusive multa municipal se estas empresas estaduais vierem a 
desrespeitar a legislação de proteção; a proibição da prefeitura dar os logradouros públicos, como as praças e ruas, para exploração 
comercial continuada etc… 
Segundo. Os dispositivos que regulamentam as licenças prevem(sic) apenas obrigações para as partes, e nada para o governo municipal. É 
a deformação dos vinte anos de administrações todo-poderosas. por isto sugiro que se estabeleçam prazos para o governo aprovar as 
licenças requeridas, esgotados, as licenças estão concedidas; definir a obrigação do governo dar publicidade as suas decisões com a 
explicitação da motivação, isto é os fundamentos, que por exemplo, aceitaram ou não a transformação do uso conforme para uso tolerado; 
estabelecer que da decisão da instancia (sic) administrativa cabe recurso ao prefeito etc… 
 
 
 
 
 22 
 
2.4. BASES LEGAIS PARA O CONTROLE URBANÍSTICO DOS SÍTIOS HISTÓRICOS DE OLINDA 
 
O tombamento do conjunto arquitetônico de Olinda, em 19 de abril de 1968 e a expedição da Notificação nº 1004 do 
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, abre uma nova perspectiva no controle urbanístico da cidade. Primeiramente o órgão federal de preservação 
cultural passa a ter um poder de polícia significativamente maior do que antes,quando atuava, desde 1938, na preservação dos monumentos isolados. 
Em segundo ponto a municipalidade passa a ter novos compromissos sobre o ambiente cultural. 
Existem dois agentes públicos no exercício do controle urbanístico no Sítio Histórico de Olinda, o órgão federal de preservação 
cultural, por força do Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, em seu artigo 20, quando determina que as coisas tombadas ficam sujeitas à 
vigilância permanente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que poderá inspecioná-las sempre que for julgada conveniente, não 
podendo os respectivos proprietários ou responsáveis criar obstáculos à inspeção e por força do artigo 18, quando determina que sem prévia 
autorização deste órgão federal, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construções que lhe impeçam ou reduzam a visibilidade, nem 
nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o objeto. 
O outro agente público de controle urbanístico em Olinda é a Municipalidade que, antes da criação do Sistema Municipal de 
Preservação dos Sítios Históricos de Olinda, em 1979, realizava o seu papel mediante sua estrutura de controle urbanístico, montada em 1936, e que 
abrangia de forma global todo o território municipal. Sobre a necessidade de criar uma estrutura específica de controle urbanístico para as áreas de 
preservação cultural, Jorge Eduardo Lucena Tinoco, em Atas do Conselho de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda, volume I, 1983, escreve: 
Estas leis, conflitantes em muitos pontos e até mesmo em alguns casos incoerentes (referindo-se a Notificação nº1155 do Sphan e a Lei 
municipal nº 3.836/73), tornaram difícil o processo de concessão e controle do uso do solo no atual perímetro de tombamento de Olinda. O 
problema alcançou maiores dimensões na medida em que esses estatutos definiram estruturas físicas que vão de encontro à realidade 
existente (já irreversível) e a certas tendências espontâneas que o convívio demonstra serem válidas. Por outro lado, a falta de um aparelho 
 
 
 
 23 
administrativo municipal ou federal capacitado para fazer cumprir as determinações expressas nessas legislações agravou 
consideravelmente a gestão da área histórica da Cidade. 
Embora o PDLI tenha sugerido e definido as linhas básicas de um organismo para gerenciar o “Centro Histórico de Olinda”, no caso uma 
fundação, o fato é que até aquele momento não tinha sido propiciada uma situação política favorável ao empreendimento. A Assessoria de 
Planejamento Integrado era a agência municipal responsável pela gestão dos sítios delimitados nas notificações do IPHAN e SPHAN. 
Constatamos que a tramitação de um processo simples , após cumprir as exigências da praxe da Municipalidade e inclusive estar de 
acordo com as posturas de preservação, levava no mínimo 60 a 90 dias para aprovação. A Assessoria, após analisar os assuntos específicos, 
enviava os processos à Diretoria Regional do IPHAN para pronunciamento que, caso não enviasse à Diretoria Geral, no Rio de Janeiro, 
para apreciação final, encaminhava-o diretamente ao Gabinete do Prefeito, que, nem sempre, concordava com a decisão. 
 
Com a criação da Fundação Centro de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda, órgão executivo do Sistema Municipal de 
Preservação e com a abertura do Escritório Técnico do IPHAN em Olinda, descentralizando a tramitação de processos sobre obras em Olinda na órbita 
daquele órgão federal, muda-se aquele caminho burocrático, tão bem descrito por Tinoco, passando a tramitação, pelo menos em tese, a possuir mais 
velocidade. Nesta fase, começa a ser estabelecido um pacto técnico, onde quaisquer dos órgãos envolvidos no controle urbanístico da área histórica, 
Prefeitura e IPHAN, poderiam ser a porta de entrada da tramitação de processos, melhorando um pouco a relação poder público e cidadão requerente. 
A municipalidade passa a realizar um controle urbanístico específico, mesmo que formalmente, todos os documentos como 
alvarás e laudos de vistorias administrativas tenham que ser expedidos pela Empresa de Urbanização e Desenvolvimento Integrado de Olinda (Urb-
OLINDA), responsável, à época, pelo controle urbanístico municipal e detentora do poder de polícia construtivo, como sucessora das atribuições da 
antiga Secretaria de Obras. Aqui temos a Fundação Centro de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda, como parecerista dos processos de obras na 
área histórica e com certa autonomia de fiscalização, tendo três fiscais de obras, especificamente voltados para o controle da área tombada. 
A Legislação Urbanística dos Sítios Históricos de Olinda, Lei Municipal nº 4.849/92, finalmente reconhece, legalmente, a 
autonomia do órgão preservacionista municipal, no exercício do poder de polícia na área. 
 
Art. 123 – Caberá à Fundação Centro de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda, Além das atribuições enumeradas 
no art. 11 da Lei Municipal nº4.119 de 28 de setembro de 1979, as seguintes atribuições: 
 
 
 
 24 
I – aprovar projeto de obras de construção, conservação, reparação, restauração, acréscimo e demolição, bem como os 
pedidos de localização e funcionamento de atividades comerciais ou de prestação de serviços, os pedidos de instalação 
de letreiros em imóveis situados em ZEPC; 
II – aprovar a autorização de publicidade e de comércio e prestação de serviços nos logradouros públicos situados em 
ZEPC; 
III – Aplicar e executar as penalidades previstas nesta lei, na Lei Municipal nº 3.826 de 29 de janeiro de 1973 e na Lei 
Municipal nº 4.714 de 29 de dezembro de 1989, nas infrações cometidas em ZEPC. 
 
O outro órgão, na esfera municipal, que exerce atribuições de controle na área do Sítio Histórico, é o Conselho de Preservação 
dos Sítios Históricos de Olinda, que possui, entre outras atribuições, as seguintes de controle urbanístico: 1. analisar casos especiais que apresentem 
justificativas ou melhores condições que as estabelecidas pela legislação municipal preservacionista; 2. dar parecer sobre casos omissos da Lei 
municipal nº 4.849/92; 3. dar parecer nos casos de: a) acréscimos de áreas para sanitários e serviços no SRR e SCA do Conjunto Monumental, b) 
projetos nos Setores Verdes 2 e 3 do Conjunto Monumental, c) aberturas nos telhados de imóveis situados no SRA e SRR, d) parcelamento do solo em 
ZEPC, e) oposição a mudanças de uso residencial para outros não residenciais, no Conjunto Monumental, f) instalações de atividades comerciais 
provisórias e equipamentos de prestação de serviços em logradouros públicos em ZEPC. 
Com a extinção da Fundação Centro de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda, em 1994, suas atribuições foram 
direcionadas para a Secretaria do Patrimônio Cultural e Turismo (SEPACTUR). Em 2005 o controle urbanístico de Olinda foi centralizado na antiga 
SEPLAMA, passando o disciplinamento do Sítio Histórico a ficar integrado ao de todo o município. 
Atualmente, o controle urbanístico é exercido pela Secretaria de Planejamento e Controle Urbano. 
 
 
 
 
 
 
 25 
3. DIAGNÓSTICO DO SÍTIO HISTÓRICO DE OLINDA 
 
3.1.CARACTERÍSTICAS E DIAGNÓSTICO DO SÍTIO HISTÓRICO DE OLINDA 
 
3.1.1. OLINDA – DADOS GERAIS – LOCALIZAÇÃO, POPULAÇÃO E CARACTERÍSTICAS 
 
O Município de Olinda, com uma área de 41,70 km², dos quais 36,38 km² estão na área urbana e 5,32 km² na área rural, localiza-se na Região Metropolitana 
do Recife – RMR, dista da capital cerca de 6 km e constitui-se no menor município da RMR, correspondendo a 1,49% da área metropolitana total. 
 Limita-se ao norte com o município do Paulista, ao leste com o Oceano Atlântico, ao oeste e ao sul com o Recife. Tem uma altitude de 16 metros, 
temperatura bastante agradável com média anual de 27º C e umidade do ar de 80%. 
 Olinda tem uma população de377.779 habitantes (3ª dentre os municípios da Região Metropolitana do Recife); a 1ª em densidade demográfica (9.068,36 
hab/km²) em relação ao Estado e a 7ª em relação ao País. Essa população é composta de 174.724 homens e 203.055 mulheres; 98,03% da localizada na zona urbana 
e 1,97% na zona rural. O município apresentou para o período 1996 a 2000 uma taxa de crescimento da ordem de 1,35% ano; e, entre 2000 a 2010 uma taxa de 
apenas 0,20(
1
). 
 É o 3º município no ranking do Estado (185 municípios), em termos do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH (2010), e o 897ª posição dentre os 5.565 
municípios do país (
2
). 
Olinda é composta basicamente por 3 áreas determinantes de sua vida social e econômica: a área rural, a área urbana fora do perímetro histórico e o Sítio 
Histórico (SH). 
 
1 Fonte: IBGE. Censo Demográfico - 2010 
2 Fonte: PNUD. Atlas do Desenvolvimento do País – Perfil Municipal – Olinda - 2010 
 
 
 
 26 
 A área rural, localizada às margens da II Perimetral, via de porte metropolitano, representa aproximadamente 12,76% da área do município. A área é 
basicamente ocupada por atividades agrícolas de subsistência; criação de animais em pequena escala; vegetação natural; assentamentos tipo granjas, chácaras, sítios 
e condomínios. 
 A área urbana fora do Sítio Histórico é composta por conjuntos habitacionais; por bairros de classe média próxima ao litoral, onde predominam atividades de 
comércio e prestação de serviços de porte médio, principalmente ao longo da Avenida Getúlio Vargas; e por bairros populares, junto ao limite com o Recife, 
concentrando uma alta densidade populacional e alguns eixos de comércio. Também compreende as urbanizações a oeste do município, com relevo acidentado e 
ocupação predominante por população de renda baixa ou média baixa; e, ainda duas importantes áreas de proteção ambiental - as matas do Ronca e do Passarinho. 
 O polígono de tombamento do Sítio Histórico de Olinda está inserido num área de preservação, com características predominantemente residencial. 
Concentra as atividades compatíveis com sua especificidade de núcleo urbano histórico, especialmente cultural e de lazer; atividades comerciais varejistas de âmbito 
local e voltadas para atendimento turístico; de prestação de serviços de pequeno porte, inclusive de hotelaria (pousadas e pequenos hotéis); e restaurantes; além de 
concentrar toda administração municipal. O Sítio Histórico tem mais de 300 imóveis tombados, cerca de 80 artistas plásticos, mais de 50 ateliês de artes plásticas, 
espaços culturais, museus, igrejas, mosteiros e conventos. Esse polígono de tombamento abriga a maior diversidade de áreas de interesse ambiental do município 
destacando-se: sítios, mangues, horto, lagoas e praias. 
 
3.1.2. ESPAÇO DE ABRANGÊNCIA 
 
3.1.2.1.Delimitação das áreas de Abrangência ou Polígono do Plano de Gestão do Sitio Histórico de Olinda - PGSHO 
Os limites físico-territoriais como objeto do Plano foram estabelecidos tendo como base a Legislação Urbanística dos Sítios Históricos de Olinda, Lei 
Municipal nº 4.849, aprovada na Câmara de Vereadores de Olinda em 17 de junho e sancionada em 23 de junho de 1992, e a Notificação Federal nº 1.155/79 do 
SPHAN. 
A Lei nº 4.849/1992, atualmente em processo de revisão, instituiu as Zonas Especiais de Proteção Cultural e Paisagística – ZEPC, assim como as Zonas 
de Entorno conforme estabelecidas na Notificação do SIPHAN nº 1.155/79. O ordenamento territorial do Município, estabelecido através do Plano Diretor – PD 
 
 
 
 27 
elaborado em 2004, institui nova divisão para o território da Cidade e define que apenas para o Sítio Histórico Bonsucesso-Monte (ZEPC 02), Sítio Histórico Carmo-
Varadouro (ZEPC 03) e o Sítio Histórico Santa Tereza (ZEPC 04), ficam mantidos os parâmetros urbanísticos da Lei Municipal nº. 4.849/92. Ver delimitação da área 
conforme representação no MAPA 1. 
Ressalta-se que nas zonas de entorno, apesar dos parâmetros urbanísticos atualizados em 2004, os índices determinados permaneceram os mesmos na prática 
do licenciamento tendo em vista a prevalência da normativa federal (Notificação nº 1.155/79 do SIPHAN) sobre a legislação municipal (artigo 88 da Lei 026/2004 
do PD). 
Destaca-se ainda, que estas zonas além de garantirem a visibilidade do Sítio Histórico e meio ambiente natural, são estratégicas para fomentar o 
desenvolvimento econômico e sustentável do município e seu SH, principalmente pela relação com o centro do Recife, e por comportar equipamentos de escala 
metropolitana. Atualmente esta área está ocupada de forma rarefeita e subutilizada, com alguns espaços degradados, sendo eleita em planos metropolitanos como 
território de oportunidade para atração de empreendimentos relacionados ao desenvolvimento metropolitano. 
Desta forma, para delimitação da área de estudo do PGSHO foram incorporadas estas zonas de entorno para a promoção de diretrizes a serem consideradas na 
revisão do PD. Foram definidas 5 áreas contidas na poligonal de abrangência do Plano: 1) Conjunto Monumental - CJM; 2) Área de Entorno de Proteção do 
Conjunto - AEPCJM; 3) Zona Residencial - ZRE; 4) Conjunto Isolado de Valor Histórico - CIVH e 4) Área de Abrangência Estratégica - AAE. (Ver Mapas 2 e 3, a 
seguir, e Tabela1.1., ANEXO I). 
 Área 1 - Conjunto Monumental - CJM - corresponde, na Lei 4.849, à ZEPC 1, a parte da Zona Especial de Proteção Cultural e Paisagística - constituída 
pelo núcleo urbano primitivo do Município de Olinda, definido a partir das citações da Carta Foral de Olinda e cartografia do séc. XVI, compreendendo 
edifícios e áreas verdes de reconhecido valor arquitetônico, histórico, arqueológico, estético e sociocultural. 
 A área 2 - Área de Entorno de Proteção do Conjunto Monumental - AEPCJM - área também contida na ZEPC 1, que compreende o território 
contíguo e que envolve o CJM, cuja finalidade é de atenuar as diferenças entre este e as áreas circunvizinhas. 
 Zona Residencial – ZRE – inserida conforme a Lei 4. 849 nas Zonas de Entorno do Sítio Histórico, são aquelas contidas na poligonal de preservação 
definida pela rerratificação da Notificação Federal n.º 1.155/79 da SPHAN, e que não se classificam como ZEPC, com uso predominantemente 
residencial, das quais se preserve a visibilidade do SH e meio ambiente natural. 
 
 
 
 28 
 Área 4 - Conjunto Isolado de Valor Histórico – CIVH – corresponde à ZEPC 2, da Lei 4.849, que se caracteriza como área de preservação de 
edificação em conjunto ou isolada, de valor histórico-cultural, assim discriminada: 
I. Av. Olinda, Presidente Kenedy, Rua Duarte Coelho e Convento de Santa Tereza, inclusive a Lagoa de Santa Teresa. 
II. Rua Santa Tereza. 
 Área de Abrangência Estratégica - AAE - área de articulação, de interesse paisagístico, e de espaços estratégicos e de oportunidades. 
De acordo com o mapeamento dessas delimitações foram calculadas as áreas das poligonais
3
, superpondo-se sobre essas os setores censitários incidentes 
(IBGE, Censo 2010), para o cálculo de população, domicílios, densidade demográfica
4
 e outros indicadores. A seguir são apresentados dados gerais sobre os 5 
espaços: 
 Conjunto Monumental – CJM, área de 1,346 km²; 6.583 habitantes, densidade demográfica de 4,891 hab/km² e 2.405 domicílios; 
 Área de Entorno de Proteção do Conjunto Monumental (AEPCM), medindo 0,723 km², população de 11.688 habitantes; densidade demográfica de 
16.171,39 hab/km² e 3.514 domicílios; 
 Zona Residencial (ZRE), área de 0,486 km², população de 10.185 pessoas; densidade de 20.959,47 hab/km² e 3.076 domicílios; 
 Conjunto Isolado de Valor Histórico (CIVH), com uma área de 0,357 km², população de 1.546 habitantes, densidade demográfica de 4.331,99 hab/km² 
e 525 domicílios; 
 Áreade Abrangência Estratégica (AAE), com a maior área dentre os 5 polígonos medindo 5,105km², agregando uma população de mais de 36.022 
pessoas, densidade de 7.055,67 hab/km² e um total de 11.803 domicílios. (MAPA 3) 
A junção das 5 áreas forma o ESPAÇO DE ABRANGÊNCIA DO PLANO, com 8,017 km², 19,88% da área total do município (41,7km²); população de 
66.024 pessoas e 21.323 domicílios. As áreas do CJM, de APCJM e a ZRE constituem a área definida pela Lei 4.849/92 como Sítio Histórico de Olinda. A 
participação de cada uma das 5 áreas no total do Polígono e na área total do município (Tabela 1. e Gráfico 1) se dá da seguinte maneira: a) CJM, - 16,79% da área 
 
3 Para os casos de não correspondência dos limites das poligonais com os limites dos setores censitários, foi considerado o setor inteiro. 
4 Densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressada pela relação entre a população e a superfície do território. É geralmente expressa em habitantes por quilômetro quadrado. Método 
de cálculo: Densidade demográfica Dd = Pa/A - Onde: Dd = Densidade demográfica; Pa = População absoluta; A = Área 
 
 
 
 29 
16,79 
8,51 
6,57 
4,45 63,68 
Gráfico 1 Distribuição % da área de cada 
área em relação ao Polígono 
CJM APC ZR CVIH AAE
do Polígono e 3,23% da área do município; b) APCJM – 9,02% da área do Polígono e 1,73 % da área do município; c) ZRE - 6,06% da área do Polígono e 1,17% 
da área do município; d) CVHI - 4,45% do Polígono; e 0,86% da área do município; e, e) AAE - 63,68% da área do Polígono e 12,24% da área do município 
 
 
 
 
 
Tabela 1 - Distribuição % das áreas do Polígono 
INDICADOR MUNIC PPGSH CJM APCJM ZR CVHI AAE 
Km² 41,7 8,017 1,346 0,723 0,486 0,357 5,105 
% em relação ao Polígono - - 16,79 9,02 6,06 4,45 63,68 
% em relação município - 19,23 3,23 1,73 1,17 0,86 12,24 
Densidade demográfica hab/km² 9.059,45 7055,67 4.891,66 16.171,39 20.959,47 4331,99 7055,67 
 
Fonte dos dados básicos: IBGE. Censo Demográfico 2010- 
Elaboração do Departamento de Informações Municipais – DIM/Secretaria de Meio Ambiente Urbano e Natural, Olinda, 2016 
 
 
 
 
 30 
3.1.2.2.Caracterização físico-territorial 
5
 
 Para a caracterização físico-territorial, quanto aos aspectos topográficos utilizou-se como suporte de informações a Base Cartográfica da Secretaria da 
Fazenda e da Administração, de 2004, com as atualizações inseridas pela Secretaria de Planejamento e Controle Urbano/PMO até 2015. 
Olinda está situada a 08º 01’48’’ (oito graus, 1 minuto e 48 segundos) de latitude sul e 34º51’42’’ (34 graus, cinquenta e um minutos e quarenta e dois 
segundos) de longitude oeste de Greenwich, coordenadas de seu observatório no Alto da Sé. Está, pois, no extremo leste do Brasil, sendo, com o Recife, Cabedelo e 
João Pessoa, as primeiras a receber os raios do sol nascente no Novo Mundo. 
O município de Olinda está geologicamente localizado na Faixa Sedimentar Cretácica-Paleocênica, a qual é caracterizada por apresentar, ao norte e ao 
sul do Recife, comportamento diferente tanto no sentido litológico (tipo de rochas), como cronológico (idade). 
Esta faixa é subdividida em dois domínios distintos: a) Faixa Vulcano-Sedimentar Sul de Pernambuco; e, Faixa Sedimentar Norte de Pernambuco na 
qual Olinda está localizada; e b) Faixa Sedimentar Norte de Pernambuco é afetada por falhamentos paralelos e normais à costa. A largura média dessa faixa 
sedimentar, excluindo as coberturas areno-argilosas do Grupo Barreiras, vai de 25 a 35 km. A espessura máxima ao nível da orla é de 390m. 
 Tendo em vista os aspectos hipsométricos e topologia das formas de relevo, identificam-se três grandes unidades relacionadas a compartimentos 
topográficos diferenciados: a) planícies marinha; b) planície flúviomarinha; c) tabuleiros costeiros (formas tabulares); d) praias; e, e) relevo, composto pela baixada 
litorânea e por um conjunto de montes cuja altura varia em torno de 10 a 60 metros. 
Os fatores que influíram na localização de Olinda foram: topografia – colinas que favoreciam a defesa6, especialmente contra os ataques dos silvícolas; 
água – abundância de fontes (bicas) naturais nas encostas, além do rio Beberibe; porto – proximidade de um porto natural (que seria mais tarde o do Recife) uma 
légua ao sul, ponto do continente americano mais próximo da Europa e da África. 
Suas oito colinas
7
 (MAPA 4.) têm apenas algumas dezenas de metros de altitude: 56 metros no Alto do Seminário; 55 metros na base da caixa d’água 
(Alto da Sé), 55 metros no pátio da igreja de Nossa Senhora do Monte. 
 
5 As informações relativas aos aspectos físico-territorial e morfológico têm como base: BELTRÃO, Adelmo de L, et alli. Diagnóstico Ambiental do Município de Olinda – 1995. Uma Contribuição ao Plano Diretor. Companhia 
Pernambucana de Controle da População- CPRH, Recife, 1995 e informações prestadas pela Secretaria de Meio Ambiente de Olinda. 
6) Fica evidenciada na topografia dessa área a sua escolha na condição de sítio-defesa, quando da fundação da cidade. A escolha, por Duarte Coelho Pereira, de um sítio elevado para os assentamentos iniciais da vila de Olinda, 
leva a acreditar que se tratava de uma estratégia do sistema de defesa adotado em Portugal desde fins da Idade Média. 
 
 
 
 31 
As colinas com suas ladeiras são uma marca de Olinda e foram determinantes para o traçado da cidade, especialmente o Sítio Histórico. Ao escolher um sítio para 
fundação de sua vila, Duarte Coelho Pereira se fixa na colina mais alta, hoje conhecida como Alto da Sé, e nela constrói uma torre, cujas ruínas ainda se podiam ver 
na primeira metade do século XVIII. Desde essa torre se vão distribuindo ao longo da parte mais alta da citada elevação o casario, provavelmente, de início, 
protegido por uma paliçada de madeira, à maneira dos indígenas. 
 “O crescimento urbano da vila pode ser dividido em duas partes distintas e sucessivas: o crescimento da área mais antiga da cidade e o crescimento de 
localidades e novos bairros. Em primeiro lugar temos os assentamentos que se fizeram inicialmente na colina da Matriz do Salvador do Mundo e, depois, a 
expansão para as partes mais baixas, em direção ao Rio Beberibe e ao salgado, o mar”8. O Conjunto Monumental ou Sítio Histórico de Olinda - SHO conserva até 
hoje seu traçado original, onde se pode reviver a sua história descendo suas ladeiras a partir da Igreja da Sé. 
 
O município foi inicialmente crescendo ao redor do Conjunto, de forma espontânea. Entre 1931-1940 foram registrados os primeiros loteamentos (MAPA 5)
9
 
compreendendo as áreas do Umuarama e de Salgadinho. Entre 1941-1950 a maioria dos loteamentos seguiam duas vertentes: as áreas fronteiriças com Recife (Alto 
da Nação, Salgadinho, São Benedito e Caixa d’Água); e áreas próximas, ou ao redor, do Sítio Histórico, especialmente as áreas das praias, a exemplo de Bairro 
Novo, terreno de São Francisco (Rua do Sol), área da Av. Santos Dumont. A ocupação das praias próximas ao Sítio é reforçada, ou é a causa, da ligação mais rápida 
com o Recife, através de um trem urbano, que vai desde a Encruzilhada até o terminal do Carmo. A esse respeito Luiz da Mota Menezes (8) cita que “com o Bonde 
elétrico o terminal seguirá até o Farol, dando lugar a um caminho, hoje Rua do Sol, que de futuro definirá o desenho dos loteamentos que se farão daqueles sítios 
localizados ao longo das praias do Norte até o Rio Doce”. Nesse mesmo estudo, chama a atenção para o processo de integração de Olinda com Recife quando 
afirma: “É interessante como se percebe um maior incremento de projetos de parcelamentos que se dá na proporção em que escasseiam as moradias no Recife e, 
aquele interessepelo lugar como decorrência dos banhos de mar, perde toda a sua importância” A ocupação urbana se intensifica em Olinda, em novos 
parcelamentos nas décadas de cinquenta e sessenta, e tem seu auge, entre sessenta e setenta, com os planos habitacionais da COHAB, através do BNH, que permitiu 
 
7) As 8 colinas consideradas estão localizadas dentro do espaço ou do polígono definido como objeto do Plano de Gestão do Sítio Histórico. O ponto culminante do município está, entretanto, afastado da cidade, no Monte 
Berenguer, com 72 metros de altitude no vértice, localizando-se nos limites dos municípios do Recife e do Paulista, perto de Beberibe. 
8) MENEZES, José Luiz da Mota. Olinda Evolução Urbana. IN: Construindo um Querer Coletivo: O Processo de Elaboração do P.D.O. Secretaria de Planejamento, Transportes e Meio Ambiente – SEPLAMA, Olinda, 1997. 
9 Cabe lembrar que as ocupações nem sempre seguem os parcelamentos previstos, acontecendo invasões e desorganizações em certas áreas. 
 
 
 
 32 
o acesso da classe média ao financiamento da casa própria. “A COHAB em Pernambuco teve em Olinda a sua principal área de atuação. Ela implantou uma 
experiência pioneira de construção residencial para a população de baixa renda que morava em mocambos: Projeto “Casa Embrião”, em Jatobá, Rio Doce e 
Peixinhos. Também ocorreram construções residenciais que originaram bairros como: Vila Popular, Jardim Atlântico, Ouro Preto, Jatobá, Jardim Brasil, Tabajara, 
dentre outros
10
. Essas construções, todas periféricas ao Sítio Histórico, foram ocupando áreas de antigas chácaras, na zona rural de Olinda, ou ao longo da orla 
marítima. 
Concomitante à criação desses espaços ocorreu a implantação de vias e avenidas, formando um sistema viário composto pela: PE-15 – 1956, que partia da 
Fábrica da Tacaruna com acesso aos centros industriais de Paulista e Goiana; Agamenon Magalhães - 1960, ligando Recife à PE_15; Complexo Viário de Salgadinho 
- 1974, interligando Av. Agamenon Magalhães, Av. Cruz Cabugá, em Recife, à Av. Kennedy em Olinda. 
Esse sistema viário, que consolida a integração de Olinda com Recife e com Paulista, permite o deslocamentos dessas populações sem passar pelo Sítio 
Histórico, o que certamente favoreceu a preservação das características do Sítio. A implantação/ou modernização do sistema viário intermunicipal, também ocorreu 
margeando o Sitio Histórico, com destaque para a construção da Avenida Beira Mar, ligando a Praça do Carmo ao Bairro Novo; a Avenida Carlos de Lima 
Cavalcanti, paralela à orla marítima; e, a integração da Avenida Joaquim Nabuco, em frente a Vila da COHAB, com o bairro de São Benedito. 
 
 
3.1.2.3. IDENTIFICAÇÃO DE BAIRROS E LOCALIDADES 
Até 1998, Olinda possuía 60 localidades que a população identificava como “bairros”. Em 1999 foi promulgada a Lei Nº. 5161/99: DEFINIÇÃO DOS 
LIMITES DOS BAIRROS DE OLINDA determinando a quantidade e os perímetros descritivos de cada bairro. A elaboração dos limites dos bairros foi pautada em 
uma metodologia que considerou marcos geográficos e urbanos visíveis, as freguesias e os setores censitários do IBGE, como determinantes para a definição do 
desenho institucional da cidade de Olinda. Nesse desenho foram definidos 32 bairros (inclusive área rural) agregando as 60 localidades. 
 
10 SOARES. Lucia. Não é mais um sonho impossível. IN: NASCIMENO, Eliane Maria Vasconcelos do. Olinda: uma leitura histórica e psicanalítica sobre a memória da cidade- Tese (Doutorado) – Universidade Federal da 
Bahia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 2008. 
 
 
 
 33 
Sobrepondo o Mapa do Polígono do Plano de Gestão sobre o Mapa de Limite de Bairros identificam-se 5 áreas que formam a poligonal
11
 do Plano (MAPA 
6. e Tabela 2) sendo: 
 Conjunto Monumental - (5 bairros e 7 setores censitários) - Amparo (1 s.c.)12, Bonsucesso (1 s.c), Carmo (3 s.c – bairro todo), (1 s.c), Monte (1 s.c) e 
Varadouro (1 s.c); 
 Área de Entorno de Proteção do Conjunto Monumental (AEPCJM) - (4 bairros e 13 setores censitários) – Amaro Branco (4 s.c), Bonsucesso (2 
s.c.), Amparo (1 s.c.) e Monte (5 s.c), Guadalupe (1 s.c.); 
 Zona Residencial (ZRE) - (3 bairros e 12 setores censitários) – Alto da Nação (5 s.c.), Guadalupe (5 s.c.), e Monte (2 s.c.); 
 Conjunto Isolado de Valor Histórico (CIVH) - (1 Bairro e 2 setores censitários) – bairro de Santa Teresa; 
 Área de Abrangência Estratégica (AAE) – (7 bairros e 47 setores censitários) – Bairro Novo (5 s.c.), Bultrins (2 s.c.), Salgadinho (10 s.c.), Santa 
Teresa (4 s.c.), Sítio Novo (7 s.c.), Varadouro (8 s.c.) e Peixinhos (11 s.c.). Dada a extensão dessa área e a sua composição formada por espaços com 
características, demográficas e socioeconômicas diferenciadas, optou-se por subdividi-la em 3 subáreas: Subárea AAE-I, basicamente composta pelos 
setores censitários do Bairro Novo; a subárea AAE – II composta pelos setores censitários de Sítio Novo e a subárea AAE – III, com os setores 
censitários dos bairros, de Varadouro, Bultrins, Salgadinho, Santa Teresa, Sítio Novo, Varadouro e Peixinhos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 ) Considerando que a poligonal adotada neste trabalho não corresponde às poligonais dos bairros, na superposição dos Mapas as poligonais de cada uma das 5 áreas envolvem vários bairros ou cada 
área pode envolver setores censitários de bairros diferentes ou dos mesmos bairros. 
12 ) s.c.: Setor Censitário 
 
 
 
 34 
Tabela 2. Caracterização dos Bairros e Setores Censitários das áreas do Polígono 
13
 
BAIRROS RPA 
SETORES CENSITÁRIOS 
BAIRRO CJM AEPCM ZR CVHI AAE POLIGONO 
% Setores do 
Polígono/ Setores 
bairro 
Alto da Nação 6 5 - - 5 - - 5 100,00 
Amaro Branco 8 4 - 4 - - - 4 100,00 
Amparo 8 2 1 1 - - - 2 100,00 
Bairro Novo 7 11 - - - - 5 5 45,45 
Bonsucesso 8 3 1 2 - - - 3 100,00 
Bultrins 2 5 - - - - 2 2 40,00 
Carmo 8 3 3 - - - - 3 100,00 
Guadalupe 8 6 0 - 6 - - 6 100,00 
Monte 8 8 1 5 2 - - 8 100,00 
Peixinhos 3 44 - - - - 11 11 25,00 
Salgadinho 3 10 - - - - 10 10 100,00 
Santa Tereza 8 6 - - - 2 4 6 100,00 
Varadouro 8 9 1 - - - 8 9 100,00 
Sítio Novo 3 7 - - - - 7 7 100,00 
TOTAL 123 7 12 13 2 47 81 65,85 
 
13
Algumas característica são apresentadas considerando-se as informações agregadas por bairros, uma vez que o IBGE não apresenta para 2010 todas a informações censitárias por setor. No entanto, uma vez que dos 14 bairros 
11 têm 100% das suas áreas de perímetros dentro do Polígono do Plano e apenas 3 têm parte das suas áreas contidas no Polígono: Bairro Novo (45,5%), Bultirns (40%) e Peixinhos (25%) a apresentação das informações 
quando agregadas por bairros são significativas para o Polígono. 
 
 
 
 
 35 
Fonte dos Dados Básicos: IBGE. Censo demográfico 1010 
Elaboração do Departamento de Informações Municipais – DIM/Secretaria de Meio Ambiente Urbano e Natural, Olinda, 2016 
 
O Polígono do Plano congrega então 14 bairros, 81 setores censitários e 4 Regiões Político-Administrativas – RPA, como demostrou a Tabela 2. Dos 14 
bairros, 11 têm 100% das suas áreas de perímetros dentro do Polígono do Plano, e, 3 têm apenas parte de suas áreas contidas no Polígono do Plano: Bairro Novo 
(45,5%), Bultirns (40%) e Peixinhos (25%). 
 
Convém destacar, ainda, algumas localidades contidas nas 5 áreas área do polígono: são as áreas pobres, ou aglomerados subnormais (como classificados 
pelo IBGE), que

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