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3a aula proc trab.2017 20170316 1447

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3ª AULA PROCESSO DO TRABALHO
Introdução
Os princípios representam a base do ordenamento jurídico. Prevalece, na doutrina, 3 funções para os princípios:
1) função interpretativa: auxiliam os operadores do direito na compreensão e aplicação do sistema jurídico.
2) função informadora: inspiraram o legislador na elaboração das leis.
3) função integrativa: na concepção positivista (legalista), os princípios possuíam função meramente subsidiária e supletiva da ordem jurídica, tendo a finalidade de completar as lacunas deixadas pelo legislador. É o que se verifica inclusive nos arts. So da CLT e 4° da Lei de introdução às normas do direito brasileiro (antiga LICC).
Atualmente, o pós-positivismo concedeu aos princípios o status de norma jurídica, conferindo-lhe força normativa, como se dá com as regras jurídicas (por exemplo, a lei). Noutras palavras, os princípios deixam de ter atuação apenas supletiva nessa nova concepção, para agir de forma autônoma, podendo inclusive contrariar uma regra jurídica. Tem-se, pois, que, na atualidade, as normas jurídicas (gênero) englobam as regras jurídicas e os princípios.
Antes da exposição dos princípios específicos do direito processual do trabalho, serão expostos os princípios constitucionais que regem o sistema processual brasileiro como um todo.
Dessa forma, quanto aos princípios constitucionais, pode-se apresentar a seguinte ilustração:
DEVIDO PROCESSO LEGAL
 CONTRADITÓRIO
Celeridade e duração razoável do processo
publicidade
imparcialidade
motivação
inafastabilidade
Duplo grau de jurisdição
Gratuidade judiciaria
 AMPLA DEFESA
Devido processo legal 
O processo deve seguir o procedimento adequado (art. 5º, LIV da CRFB/88), observando as regras positivadas pelo ordenamento, respeitando a igualdade, assegurando o acesso ao Judiciário (art. 5º, XXXV da CRFB/88), garantindo o princípio do juiz natural, mediante a não criação de juízos de exceção (art. 5º, XXXVII da CRFB/88), e assegurando o contraditório, assim como a ampla defesa (art. 5º, LV da CF).
Celeridade e razoável duração do processo 
A duração razoável do processo é uma garantia que decorre do sistema constitucional de 1988. No entanto, foi explicitada no inciso LVIII, do artigo 5º, da CRFB/88, pelo constituinte derivado, através da Emenda Constitucional n.º 45/2004 (Reforma do Poder Judiciário). 
A todos, no âmbito judicial e administrativo, é assegurada a razoável duração do processo, assim como os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
Consabido, a excessiva demora na prestação da tutela jurisdicional causa, em não raros casos, a ineficácia de sua decisão, e, consequentemente, o desrespeito de diversas garantias humanas. 
O princípio em estudo tem os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário como destinatários, pois não apenas o Executivo, no âmbito do processo administrativo, e o Judiciário, no âmbito do processo judicial, podem garantir celeridade processual se o Legislativo não estiver comprometido na elaboração de leis que possibilitem a efetivação substancial de meios céleres à obtenção de uma duração razoável do processo. 
Note-se, no entanto, que a celeridade não pode ser extrema, a ponto de se faltar com a prestação de justiça à sociedade, não mais em razão da demora excessiva, mas sim em razão de análises pouco ou nada pormenorizadas dos casos concretos. Para que se fale em celeridade, há que se interpretá-la conjuntamente com a expressão constitucional de razoável duração, isto é, um processo que seja não tão lento a ponto de tornar ineficaz sua decisão, mas não tão célere a ponto de não permitir análises pormenorizadas dos direitos envolvidos, e, consequentemente, gerar decisões baseadas em julgamentos precipitados.
Publicidade 
O artigo 5º, inciso LX, da Constituição Federal, dispõe que “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”. 
Via de regra, portanto, a publicidade dos atos processuais deve sempre se fazer presente. É a publicidade que garante o controle das decisões judiciais e consagra o direito à informação. 
No entanto, quando nociva à intimidade ou ao interesse social, ela pode ser restringida, casos em que o direito de consulta aos autos e solicitação de certidões se restringirá às partes e a seus procuradores. 
Junto a este, há que se acrescer a necessidade encampada no artigo 93, inciso X, da Constituição Federal de 1988, que dispõe: “as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros”. 
Juntamente com a publicidade, a necessidade de fundamentação das decisões judiciais garante a eficiência e a moralidade da atividade jurisdicional. Mais que públicas, as decisões judiciais devem ser, pois, devidamente fundamentadas, sem o que estarão maculadas de nulidades.
Motivação das decisões 
Como mencionado, todas as decisões proferidas pelo Poder Judiciário devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade (art. 93, IX da CF.)
Duplo grau de jurisdição 
O princípio do duplo grau de jurisdição decorre da estrutura judiciária disciplinada pela Constituição Federal de 1988. O sistema constitucional, quando impõe a existência de Tribunais com competência recursal, nada mais faz do que assegurar o princípio em análise. 
Por exemplo, o artigo 108, inciso II, da Constituição Federal, ao estipular que compete aos Tribunais Regionais Federais julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição, nada mais faz do que garantir o duplo grau de jurisdição. 
A existência de um duplo grau garante maior lisura à atividade jurisdicional do Estado, pois o juiz que profere sua decisão tem prévia ciência de que esta poderá ser revista por outro órgão. Essa revisão, via de regra, depende de provocação da parte interessada. Assim como a atividade jurisdicional de primeira instância é prestada apenas mediante provocação, também a atividade jurisdicional de grau recursal o é. Ressalva seja feita, contudo, em relação ao reexame necessário, caso em que instância superior reanalisa decisão proferida pela instância inferior sem qualquer provocação, mas sim por expressa determinação legal. 
Como princípio implícito, nada impede que o duplo grau de jurisdição não seja assegurado em algumas e específicas situações. Como mencionado, o princípio em estudo decorre do sistema jurisdicional determinado na Constituição Federal de 1988, sistema este que não prevê obrigatoriedade acerca da existência de instâncias recursais em todas as hipóteses.
Garantia de assistência judiciária gratuita 
A todos que não possuírem meios para demandar perante o Poder Judiciário, sem se privar do necessário à subsistência, o Poder Público garante a prestação de assistência jurídica integral (art. 5º, LXXIV da CF).
Segurança jurídica 
O princípio da segurança jurídica decorre da proteção conferida à coisa julgada (art. 5º, XXXVI da CRFB/88) pelo ordenamento jurídico brasileiro, sobre a qual já se teve a oportunidade de esclarecer.
Contraditório e ampla defesa 
É importante, primeiramente, salientar que o princípio do contraditório não se confunde com o princípio da ampla defesa. São dois princípios tratados frequentemente em conjunto por conveniência acadêmica. 
Basicamente, enquanto o contraditório reflete a necessidade de entrega de prazo à parte contrária, para que discuta as alegações ou provas produzidas pela outra parte, a ampla defesa reflete a impossibilidade de vedação no uso dos mais variados métodos de defesa, desde que lícitos, evidentemente, ou, em outras palavras, a produção e articulação da defesa deve ter a maior magnitude possível, permitindo às partes a exposição fática e probatória que mais lhes seja adequada às pretensões que manifestem. 
O princípio do contraditório não é absoluto, assim como nenhum outro princípio. A possibilidadede concessão de medida liminar, sem oitiva da parte contrária (inaudita altera pars), em sede de ação cautelar, assim como a concessão de medida antecipatória dos efeitos da tutela, em sede de qualquer outra ação, são exemplos do exposto. A concessão dessas medidas não suprime o princípio em estudo. Nesses casos, há mera postergação do exercício do contraditório, em razão de determinados direitos postos em questão, direitos estes que, em função da relevância e urgência autorizam a postergação do exercício dos direitos ao contraditório e à ampla defesa. 
O princípio do contraditório e o princípio da ampla defesa estão consagrados no artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal de 1988, que dispõe: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
Inafastabilidade do controle jurisdicional 
Dispõe o artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal de 1988, que 
“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. 
O exercício do direito de ação deve atender a determinadas condições, assim como preencher certos pressupostos, sem o que não será possível ao Poder Judiciário exercer sua função de “dizer o direito” aplicável 
à situação. Nos casos em que se faça pedido juridicamente impossível, ou naqueles em que falte legitimidade ou interesse ao postulante, caberá ao Judiciário apenas um provimento terminativo, isto é, de extinção processual sem manifestação sobre as questões de mérito nele contidas. Contudo, sanadas as irregularidades, a parte pode repropor sua demanda, quando então terá julgado seu pedido. 
Há que se lembrar, também, que não se exige o prévio exaurimento de qualquer instância administrativa, para apenas depois se postular judicialmente uma pretensão, salvo na hipótese da Justiça Desportiva, nos termos do artigo 217, parágrafo primeiro, da Constituição Federal de 1988, que dispõe: “o Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei”.
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS
Além dos princípios constitucionais, existem outros que são propícios à aplicação perante o direito processual do trabalho. Dentre o imenso rol, pode-se apontar, como principais, os seguintes princípios: 
Proteção
subsidiariedade; 
concentração; 
conciliação; 
dispositivo; 
instrumentalidade das formas; 
oralidade;
livre convicção do juiz; 
lealdade processual; 
eventualidade; 
impugnação especifica
indisponibilidade de direitos; 
 identidade física do juiz; 
non reformatio in pejus; 
aplicação imediata das leis processuais; 
dialeticidade; 
interesse público; 
 estabilidade da lide; 
equidade; 
delimitação recursal; e 
jus postulandi 
extrapetição
Proteção
o direito do trabalho tem como base o princípio da proteção. Considerando que
o processo do trabalho é instrumento de realização do direito material, aplica-se no campo processual, o princípio da proteção.
No entanto, tal princípio deve ser bem analisado na seara processual, para que
não se criem desigualdades entre as partes.
Com efeito, o princípio da proteção, no processo do trabalho, tem incidência na função informadora, ou seja, inspira o legislador na criação da norma. Exemplo:
a ausência do reclamante na audiência inaugural provoca o arquivamento da reclamação, enquanto a ausência do reclamado implica a revelia e a consequente confissão ficta (CLT, art. 844); o depósito recursal é exigido apenas do empregador.
Frisa-se, porém, que a doutrina não tem feito essa restrição, admitindo a aplicação desse princípio nas demais funções, especialmente na função interpretativa.
De qualquer modo, ele não poderá ser utilizado no campo probatório, inclusive para suprir deficiência probatória, observando-se, nessa hipótese, as regras pertinentes ao ônus da prova.
Subsidiariedade 
O direito processual civil é fonte subsidiária do direito processual do trabalho nos casos de omissão, desde que não haja incompatibilidade das normas daquele com as deste, nos termos do artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho.
Art. 889- Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública FederaL
Desse modo, podemos esquematizar as regras aplicáveis ao processo do trabalho da seguinte forma:
- -
1° (fonte principal) CLT CLT
2° (fonte subsidiária) CPC (processo comum) Lei de Execuções Fiscais
3°(fonte subsidiária) CPC (processo comum)
Por fim, cabe fazer uma observação quanto à omissão.
A doutrina clássica entende que haverá omissão quando existir lacuna normativa, ou seja, ausência de lei.
Já a doutrina moderna descreve que temos três espécies de lacunas: 
a) normativa; 
b) ontológica 
e c) axiológica. 
A lacuna normativa ocorre quando não se tem norma para determinado caso. 
Haverá lacuna ontológica quando existe a norma, mas ela não corresponde à realidade social, como, por exemplo, uma norma que se torna obsoleta diante da evolução tecnológica. 
Por outro lado, terá lacuna axiológica quando existir uma norma, mas, se for aplicada, a solução do caso será injusta.
Concentração 
A resolução do conflito no âmbito do direito do trabalho deve ser buscada de maneira célere, em uma única audiência (de conciliação e julgamento), admitindo-se a realização de outra apenas excepcionalmente. 
É dever das partes, na audiência de conciliação e julgamento, caso infrutífera a tentativa de conciliação, apresentar todas as provas que possuam e requerer as que devam ser produzidas.(art.849 CLT)
Em verdade, os juízes do trabalho vêm adotando a praxe, no procedimento comum, de dividir a audiência em três sessões (audiência de conciliação, audiência de instrução e audiência de julgamento), somente realizando audiência única quando o feito envolver matéria exclusivamente de direito, ou quando a comprovação dos fatos depender apenas de prova documental, esta já esgotada com a apresentação da peça vestibular e defesa.
Não obstante, ainda existem alguns juízes que, mesmo no procedimento comum, realizam sessão única, concentrando todos os atos processuais em um só momento.
Em relação ao procedimento sumaríssimo, o art. 852-C determina que as demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em audiência única, consagrando o princípio da concentração dos atos processuais em audiência.
A concentração dos atos processuais em audiência, sem dúvida, objetiva prestigiar o princípio da celeridade processual, agora mais ainda evidenciada pela Constituição Federal de 1988, que, no art. 5.°, LXXVIII, com redação dada pela EC 45/2004, assegura a todos, no âmbito judicial e administrativo, a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Conciliação 
A todo momento deve ser tentada a obtenção de uma solução pacífica do conflito laboral, mediante a celebração de acordo entre as partes, nos termos dos artigo 846 e 850 da CLT.
O processo do trabalho dá ênfase à solução do conflito por meio da conciliação.
É nesse contexto que o caput do art. 764 da CLT impõe que os "dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação". 
A propósito, o§ 10 do referido artigo prevê que "os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos".
Ademais, no rito sumaríssimo, o art. 852-E da CLT descreve que "aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes presentes sobre as vantagens da conciliação e usará os meios adequados de persuasão para a solução conciliatória do litígio, em qualquer fase da audiência".
Já no rito ordinário, a CLT prevê dois momentos obrigatórios de tentativa de conciliação a ser conduzida pelojuiz:
1'. na abertura da audiência inicial e antes da apresentação da defesa (CLT, art. 846);
2•. depois das razões finais e antes da sentença, como declina o art. 850 da CLT.
É importante observar que a obrigatoriedade está na tentativa da conciliação
e não, necessariamente, na sua celebração. Ademais, o juiz não está obrigado a homologar o acordo apresentado pelas partes (Súmula 418 do TST).
Dispositivo /da demanda/da inercia
O processo do trabalho não pode ser iniciado de ofício pelo juízo, que é inerte. O início da marcha processual depende do exercício do direito de ação, pelo autor, nos termos do artigo 2º do Código de Processo Civil. 
	
No entanto, o princípio dispositivo ocorre em relação ao ajuizamento da ação, mas não em relação a produção probatória, que é regida pelo principio inquisitivo. 
Portanto, o processo do trabalho se inicia exclusivamente por ação do autor, mas move-se por impulso judicial, isto é, por iniciativa do juiz, especialmente em relação a matéria probatória.
Por fim, cumpre mencionar que também não se sujeita à provocação de qualquer das partes, podendo ser iniciada de ofício, a execução trabalhista.
A jurisdição tem como característica essencial a inércia, de modo que o judiciário somente atuará quando provocado. É o que se denomina de princípio dispositivo ou princípio da demanda. Excepcionalmente, admite-se a atuação sem provocação.
É o que ocorre com o princípio da extrapetição, o qual "permite que o juiz, nos
casos expressamente previstos em lei, condene o réu em pedidos não contidos na petição inicial, ou seja, autoriza o julgador a conceder mais do que o pleiteado, ou mesmo vantagem diversa da que foi requerida"•.
Consigna-se que o juiz somente poderá agir de ofício nos casos expressos em
lei. Cita-se como exemplo:
+ os juros de mora e a correção monetária que se incluem na liquidação, ainda que omisso o pedido inicial ou a condenação (Súmula nº 211 do TST);
+ concessão do adicional de horas extras de, no mínimo, 50% quando houver pedido de pagamento das horas extraordinárias, mas não houver pedido expresso do pagamento do adicional;
+ deferimento do adicional de 1/3 de férias, quando houver apenas pedido do pagamento das férias, sem previsão expressá ao adicional constitucional;
+ anotação da CTPS - Carteira de Trabalho e Previdência Social – quando houver pedido de reconhecimento de vínculo, sem que haja pedido expresso da anotação da carteira :do empregado;
+ decisão que deferir salário quando o pedido for de reintegração, dados os termos do art. 496 da CLT (Súmula nº 396; 11, do TST}.
Instrumentalidade das formas /fungibilidade
As formalidades processuais devem ser encaradas como instrumento e não como finalidade. A feitura de determinado ato, ainda que em discórdia com a melhor forma legalmente prevista, não podendo impedir a entrega da prestação jurisdicional quando se tiver atingido a finalidade a que se destinava, nos termos dos artigos 154 e 244 do Código de Processo Civil.
Oralidade 
No processo do trabalho predomina a forma oral sobre a escrita, conforme se constata a partir da análise dos artigos 847 e 850 da CLT.
Embora o princípio da oralidade não seja próprio do processo do trabalho, ele tem maior incidência nessa seara processual. Isso porque, em regra, os atos praticados no processo trabalhistas são orais (verbais).
No processo do trabalho o princípio da oralidade é muito aplicado, podemos mencionar os seguintes exemplos:
a) leitura da reclamação – art. 847 da CLT;
b) defesa oral em 20 minutos – art. 847 da CLT;
c) 1.a e 2.a tentativas de conciliação – arts. 846 e 850 da CLT;
d) interrogatório das partes – art. 848 da CLT;
e) oitiva das testemunhas – art. 848, § 2.°, da CLT;
f) razões finais em 10 minutos – art. 850 da CLT;
g) protesto em audiência – art. 795 da CLT.
É interessante observar que o princípio da oralidade se subdivide em três Princípios
- identidade da pessoa física do juiz, que consiste na vinculação do órgão julgador àquele que concluiu a audiência de instrução (art. 132 do CPC).
Antigamente, o TST não aplicava esse princípio na seara trabalhista, criando a Súmula no 136, em razão da existência, na época, dos juízes classistas. No entanto, de modo acertado, o C. TST cancelou referida súmula, razão pela qual, nos dias atuais, pensamos que há de se aplicar o princípio da identidade física do juiz na justiça do Trabalho;
-irrecorribilidade das decisões interlocutórias, que analisaremos a seguir:
. Princípio da irrecorribi/idade das decisões interlocutórias
Com o intuito de alcançar, de forma mais célere e efetiva, a resolução da pretensão colocada em juízo, a CLT, em seu art. 893, § 1°, estabeleceu que as decisões interlocutórias são irrecorríveis de imediato.
Isso significa que, no processo do trabalho, tais decisões não serão recorríveis imediatamente, mas tão somente no momento da impugnação da decisão final (que resolve ou não o mérito).
Há de se consignar que o C. TST criou algumas exceções quanto ao referido princípio, como se verifica pela Súmula n• 214 do TST:
Súmula n• 214 do TST. Decisão interlocutória. lrrecorribilidade
Na justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1•, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:
a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;
b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2•, da CLT.
Portanto, nas hipóteses das alíneas "a" a "c" da referida súmula, cabe recurso~
imediatamente, da decisão interlocutória.
É interessante observar, ainda, que na hipótese de declaração de incompetência em razão da matéria, com o encaminhamento dos autos a outra justiça (Federal ou Estadual), é cabível o recurso de imediato. Isso ocorre porque, embora se trate de decisão interlocutória, no caso o processo termina na justiça do Trabalho, motivo pelo qual o art. 799, § 2° da CLT admite a interposição de recurso.
Livre convicção do juiz 
A análise do conjunto probatório deve ser feita de maneira livre pelo juiz, que se não está sujeito a uma escala hierárquica entre as provas apresentadas pelas partes, conforme prevê o artigo 131 do Código Civil.
Lealdade processual 
É dever das partes processuais contribuir para o esclarecimento da verdade (art. 14, I do CPC), furtando-se ao emprego de meios carentes de lealdade e boa-fé (art. 14, II do CPC) e de instrumentos de protelação processual sem fundamento, sob pena das sanções legais (art. 17 do CPC).
Eventualidade 
As partes devem estar atentas ao momento processual oportuno para apresentarem suas alegações ou requerimentos, sob pena de preclusão, nos termos do artigo 303 do Código de Processo Civil. 
O princípio da eventualidade determina que as partes aduzam, de uma só vez, todas as matérias de ataque e defesa, objetivando resguardar seu próprio interesse, sob pena de operar-se a denominada preclusão.
Em outras palavras, o autor deverá alegar e requerer todo o seu direito na peça
vestibular (petição inicial) e o réu deve esgotar, na peça de resistência, toda a matéria de defesa.
O art. 300 do CPC contempla o princípio da eventualidade ao dispor que compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.
Neste contexto, deverá o reclamado, exemplificativamente, alegar na contestação, simultaneamente, a matéria relacionada com as preliminares (art. 302 do CPC), como também a matéria relativamente ao mérito, tendo em vista a eventualidade de não ser(em) acolhida(s) a(s) preliminar(es) arguida(s).
Em face da omissão da Consolidação das Leis do Trabalho, é perfeitamente possívela aplicação do princípio da eventualidade ao processo do trabalho (art. 769, CLT), sendo prudente, porém, ao magistrado trabalhista que alerte às partes para que produzam suas razões de defesa no momento oportuno
impugnação especificada
Pelo princípio da impugnação especificada, o reclamado deve manifestar-se, precisa e especificamente, sobre os fatos narrados na petição inicial, não se admitindo a defesa por negação geral.
Logo, o reclamado, ao impugnar os pedidos elencados na peça inaugural pelo
reclamante, deverá contestar cada parcela individualmente.
A defesa por mera negativa geral não produz qualquer efeito jurídico, equivalendo à própria inexistência de contestação.
O art. 302 do CPC, de aplicação subsidiária ao processo do trabalho, contempla o princípio da impugnação especificada, in verbis:
“Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo:
I – se não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II – se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do ato;
III – se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto;
Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público”.
Indisponibilidade de direitos 
Não pode haver acordo entre as partes sobre direitos indisponíveis. Nesse sentido, estipula o artigo 9º da CLT, que serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos nela contidos.
Non reformatio in pejus 
No âmbito do direito processual do trabalho, proíbe-se que a decisão proferida após um recurso prejudique a situação daquele que recorreu. O tribunal cinge sua atuação, portanto, ao tantum devolutum quantum appellatum, nos termos dos artigos 505 e 515 do Código de Processo Civil.
Aplicação imediata das leis processuais 
Publicada a lei processual, ela deve ser imediatamente aplicada, ressalvada a proatividade das leis processuais que dispõem sobre recursos, casos em que os já interpostos devem ser julgados, ainda que tenham deixado de figurar no rol de recursos cabíveis (MARTINS FILHO, 2009, p. 233).
Dialeticidade 
Os recursos devem atacar com especificidade os pontos de divergência em relação a decisão recorrida, Conforme salienta a súmula n.º 422 do Tribunal Superior do Trabalho, não se conhece de recurso para o TST, pela ausência do requisito de admissibilidade inscrito no artigo 514, inciso II, do Código de Processo Civil, quando as razões do recorrente não impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos termos em que fora proposta.
Interesse público 
As normas regentes do direito processual são de ordem pública, estando excluídas da esfera de disposição pelas partes.
Estabilidade da lide 
Todos os fatos, acompanhados de suas pretensões, devem ser trazidos aos autos pelas partes através da petição inicial e da contestação, com o que se estabiliza a lide, não se admitindo sua inovação a qualquer momento, conforme conjugação dos artigos 294 e 300 do Código de Processo Civil com o artigo 845 da CLT.
Equidade 
A equidade é princípio básico e geral, especialmente aplicável ao processo do trabalho, por meio do qual aplica-se o direito considerando o caso concreto e adaptando as normas positivadas à ele, objetivando os fins sociais da lei e às exigências do bem comum, nos termos do artigo 852-I, parágrafo primeiro da CLT (MARTINS FILHO, 2009, p. 233).
Delimitação recursal 
A matéria recursal a ser examinada é apenas aquela constante da peça recursal, em decorrência dos princípios da preclusão e da devolutividade restrita, nos termos dos artigos 303 e 515, caput, ambos do Código de Processo Civil.
Jus postulandi 
Segundo prevê o artigo 791 da CLT, os empregados e empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar suas reclamações até o final, independentemente da presença de advogado. Nesse sentido, é importante conhecer o teor da súmula n.º 425 do Tribunal Superior do Trabalho, que delimita o alcance do jus postulandi:
SUM- 425 - JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE - Res. 165/2010, DEJT divulgado em 30.04.2010 e 03 e 04.05.2010 
O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.
Por último, frise-se que, após a EC 45/2004, que ampliou a competência material da Justiça do Trabalho para processar e julgar qualquer lide envolvendo relação de trabalho (art. 114 da CF/1988), entendem-se que o jus postulandi da parte é restrito às ações que envolvam relação de emprego, não se aplicando às demandas referentes à relação de trabalho distintas da relação empregatícia.
Logo, em caso de ação trabalhista ligada à relação de trabalho não subordinado, as partes deverão estar representadas por advogados, a elas não se aplicando o art. 791 da CLT, restrito a empregados e empregadores.
Uma corrente minoritária defendia que, após a Constituição Federal de 1988, em função de o art. 133 estabelecer que o advogado é indispensável à administração da justiça, o art. 791 da CLT não mais estaria em vigor, em face da incompatibilidade com o texto constitucional mencionado.
Essa corrente ganhou mais força com a edição da Lei 8.906/1994 (Estatuto da
OAB) que, em seu art. 1.°, I, considerava atividade privativa da advocacia “a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais” (grifo nosso).
Os tribunais trabalhistas, contudo, em sua maioria, firmaram jurisprudência no sentido de que o art. 791 da CLT está em vigor, permanecendo o jus postulandi da parte na Justiça do Trabalho, mesmo após a promulgação da Constituição Federal de 1988.
Tal jurisprudência restou confirmada com o julgamento da ADI 1.127, proposta pela Associação dos Magistrados do Brasil – AMB, na qual o Supremo Tribunal
Federal declarou inconstitucional a expressão “qualquer”, constante do art. 1.°, I, da Lei 8.906/1994 (Estatuto da OAB), prevalecendo o entendimento de que é possível a parte postular sem a presença do advogado, em algumas hipóteses.
Em 2010 foi publicada a Súmula 425 do TST, supracitada
FONTES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Definição de fontes:
	Fonte na linguagem comum significa o lugar das emanações, das origens das coisas. Em Direito tem a conotação de “lugar da origem das regras do Direito
Distinção entre fontes formais e materiais:
	O Direito distingue fontes formais de fontes materiais. 
As fontes materiais são os fatos sociais, naquilo que eles possuem de prática reiterada e valorada socialmente. 
No campo do processo é possível reconhecer a produção doutrinária e da jurisprudência como fontes materiais de Direito Processual, inclusive em matéria de Processo do Trabalho. 
As fontes formais, por sua vez, são aquelas expressões normativas que o Estado reconhece como aptas para a produção de efeitos jurídicos na sociedade. Em termos de processo, por conta do devido processo, as fontes formais são as de exclusiva incidência.
	A doutrina possui, no nosso entender, relevante papel na produção do direito positivo, inclusive no que respeita ao Processo do Trabalho. 
Veja-se, por exemplo, que a Exceção de Pré-executividade não é prevista na legislação e é amplamente praticada a partir da criação da doutrina e da aceitação da jurisprudência. Os casos de alteração legislativa ou mesmo de inovação em matéria processual são muitos e expressivos, o que demonstra a força da produção literária no que tange à influência do legislador.
	A jurisprudência, por sua vez, também tem importante destaque na influência do legislador. Muitas regras de Direito Material e de Direito Processual têm origem nas decisões reiteradasdos Tribunais. O legislador, então, pela força ideológica das decisões, sobretudo quando sumuladas, acaba editando diploma legislativo que incorpora a interpretação dos Tribunais ao ordenamento jurídico.
As fontes formais de DPT:
a) A CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
	A CF é fonte do processo do trabalho na parte que dispõe sobre a estrutura, a organização e sobre a competência da Justiça do Trabalho – arts. 111 a 116 da CF. 
É de se destacar, contudo, a importância dos princípios processuais constitucionais, previstos no art. 5º da CF, e que são praticados em todos os processos: civil, penal e trabalhista. Podemos destacar, entre eles, o princípio do devido processo legal, o princípio do juiz natural, o princípio da ampla defesa e do contraditório, o princípio da publicidade dos atos processuais, o princípio da necessidade de fundamentação das decisões, o princípio do acesso à Justiça e o princípio da entrega jurisdicional num prazo razoável.
b) A CLT: 
	As regras sobre processo na CLT estão previstas entre os arts. 643 e 901. Ali temos inúmeras regras que versam sobre a competência das Varas do Trabalho e Tribunais, sobre atos, forma e prazos processuais, relativamente às partes e representantes, sobre as postulações (petição inicial e defesa), em torno das provas, relativamente à sentença trabalhista, sobre o sistema recursal e quanto à execução das decisões.
A CLT se ressente, todavia, de uma sistematização razoável e reconhece a possibilidade de omissões na regulação da tramitação dos processos, no que remete os aplicadores do direito ao uso supletivo do processo comum – arts. 769 e 889 da CLT. De fato, a CLT em matéria de processo é com sistema defeituoso, sem racionalidade e com omissões significativas. Quanto a este último aspecto, destacamos, por exemplo, que a CLT não contempla regras sobre a intervenção de terceiros e sobre medidas cautelares.
c) A Lei n. 5.584/70:
	Dispõe sobre um rito procedimental especial aplicável às ações de até 02 salários mínimos. Há quem interprete, contudo, que o referido rito procedimental não exista mais porque ele teria sido incorporado pelo rito sumaríssimo. Subsiste, no entanto, a constatação de que esta lei regula a assistência judiciária por sindicatos no processo do trabalho, a restrição do recurso contra a sentença, uma disciplina mínima da prova pericial e uma forma mais simples de registrar os fatos que forem trazidos ao processo pelas partes e pelas testemunhas.
d) O Direito Processual Comum:
	Por força do que estabelecem os arts. 769 e 889 da CLT, o direito processual comum é fonte formal do processo do trabalho. De destacar, quanto ao processo comum os seguintes diplomas de aplicação ao processo do trabalho: CPC, CDC, ECA, Lei da Ação Popular, Lei da Ação Civil Pública e o Decreto-lei n. 779/69.
Não podemos perder de vista, no entanto, que temos duas condições à aplicação das regras do processo comum no processo do trabalho. Essas condições são: a omissão da CLT e a compatibilidade da norma que se pretende aplicar.
Como dissemos noutra oportunidade, um dos problemas mais instigantes da atualidade do processo do trabalho é o relativo à aplicação supletiva das regras do processo comum. É que a aplicação supletiva de outras regras processuais que não a CLT deve se amparar em lacuna do diploma celetista e em compatibilidade do dispositivo a ser aplicado com os princípios do processo especial, conforme a já mencionada regra de contenção que consta no art. 769 da CLT.
Corrente de interpretação que tem ganhado força assevera que a lacuna que autoriza a aplicação supletiva do processo comum não é apenas a lacuna normativa, mas também as chamadas lacunas ontológicas e axiológicas. A lacuna ontológica é aquela configurada pela falta de contemporaneidade da norma existente. Há uma norma regulando a questão na CLT, mas ela não é adequada em vista dos avanços históricos. Exemplo desse tipo de lacuna nós encontrávamos no art. 830, alterado recentemente, que desconsiderava a existência dos modernos meios de reprodução de documentos, xerox e fax. 
A lacuna axiológica considera o valor da regra existente em confronto com a regra a ser utilizada em substituição. A regra pode ser aplicada em substituição da existente se ela contiver um valor social que se sobreponha ao valor da regra específica, segundo essa interpretação. É o caso, por exemplo, da previsão de julgamento da exceção de suspeição ou de impedimento pelo próprio órgão cuja imparcialidade a parte suscita. Nesse caso, é evidente que a regra da CLT deve ser substituída pelas regras do CPC, que se sobrepõem do ponto de vista ético. No caso retratado também consideramos a existência de uma lacuna ontológica, já que as regras da CLT sobre as exceções em questão são do tempo em que a composição dos juízos de primeiro grau era paritária. 
Relativamente à questão da compatibilidade, observamos que não se trata de critério objetivo. A essência do que é ou não compatível é juízo subjetivo, variável e, destarte, controverso. Interpretamos, de qualquer modo, que a compatibilidade da regra do processo comum a ser deve ser aferida à luz dos princípios do Processo do Trabalho. Assim, uma norma do processo comum pode ser aplicada no Processo do Trabalho se for compatível com os princípios desse processo, em especial com o princípio da sumariedade dos ritos, da proteção etc. 
e) Lei n. 6.830/80:
	Na execução - art. 889 da CLT. Essa lei regula a Execução Fiscal, ou seja, a execução promovida pela Fazenda Pública contra o contribuinte. Ela trata de forma extremamente favorável a Fazenda Pública e pode ser aplicada na execução trabalhista. Destarte, a execução trabalhista é regida primeiramente pela CLT e em seguida pela Lei de Execução Fiscal. Se ainda assim não houver a regra necessária, o aplicador vai buscar supressão da falta no processo comum (CPC e outros diplomas).
Outrossim, com a previsão de que a Justiça do Trabalho tem competência para a execução de multas aplicadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a Lei n. 6.830 é a que rege esse procedimento executório ou executivo e, nesse caso, a Lei n. 6.830/80 deixa de ser fonte subsidiária e passa a ser fonte principal.
f) Lei n. 7.701/88:
	Esse diploma estabelece normas sobre a organização e especialização dos Tribunais do Trabalho. Dispõe sobre a estrutura do TST e a competência de seus órgãos e estatui situações nas quais os Regionais devam especializar seus órgãos.
g) Lei complementar 75/93:
	A lei complementar em comento nos interessa na parte que regulamentou o MPT. Ela traça as atribuições desse órgão que é relevante instrumento de efetivação do Direito do Trabalho que é o Ministério Público do Trabalho. Na lei encontramos os instrumentos que se reconhece ao MPT para o desempenho de suas relevantes atividades, quais sejam: o inquérito civil; a ação civil pública e o termo de ajustamento de conduta.
h) As Súmulas vinculantes do STF:
	Após a emenda 45 o STF passou a ter o poder de editar súmulas vinculantes. Essas súmulas são de observação obrigatória e, eventualmente, podem dispor sobre forma de procedimentalização. É possível, então, que venhamos a ter alguma regra processual prevista em súmula vinculante. Vejamos as súmulas vinculantes que nos interessam no processo do trabalho:
Súmula Vinculante 4 
Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial. 
Súmula Vinculante 22 
A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional no 45/04. 
Súmula Vinculante 23 
A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelostrabalhadores da iniciativa privada. 
Súmula Vinculante 25 
É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.
i) O Processo do Trabalho, as Súmulas do TST e as Orientações Jurisprudenciais:
	As Súmulas e as Orientações Jurisprudenciais (OJ,s) do TST são extremamente importantes no que respeita ao Direito Material e ao Direito Processual do Trabalho. Podemos até dizer que quem não conhece as súmulas e as OJ,s do TST não conhece o Direito ou o Processo do Trabalho. As Súmulas e as OJ,s diferem entre si a partir do órgão jurisdicional que as aprovam, sendo que as OJ,s tendem, a se tornar súmulas. 
Acontece, porém, que as súmulas e as OJ,s não são de incidência obrigatória. Elas são observadas, no mais das vezes, mas não podem ser invocadas como se leis fossem. Enfim, elas são importantes diretrizes de interpretação, porém não obrigam os juízes e as partes. É oportuno destacar, no entanto, que as Súmulas podem impedir ou justificar recursos, o que pode ser compreendido, nesse caso, com uma função de fonte de Direito processual do Trabalho.

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