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duas correntes de legitimidade conclusao

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O Ministério Público tem legitimidade para Presidir Inquérito
Sumário
1. Introdução.... 2, 2. Corrente favorável à investigação direta pelo ministério público.... 2, 3. Corrente desfavorável à investigação direta pelo ministério público ... 
O Ministério Público tem legitimidade para Presidir Inquérito
1. Introdução 
Atualmente, há duas correntes doutrinarias no direito brasileiro uma legitimando o Ministério Público (MP) a realizar, diretamente, investigações criminais e outra considerando ilegítima a presidência policial do inquérito pelo Ministério Público. O tema é palpitante, com fortes discussões acadêmicas, doutrinárias e jurisprudenciais.
No decorre do artigo tentaremos apresentar respostas a essas questões, mostrando que o MP possui ou não legitimidade para presidir inquérito, no Brasil, principalmente diante da ausência de autorização constitucional o tema torna-se polêmico com diversos posicionamentos doutrinário. No decorrer do trabalho arrolaremos os principais argumentos das duas correntes antagônicas e demonstraremos os riscos do modelo do promotor investigador, sem a pretensão de encerrar a discussão.
2. Corrente favorável à investigação direta pelo ministério público 
O disposto no artigo 144, § 4º, da Constituição Federal, determina que “às polícias civis incumbem às funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares”. A questão é saber se esta atribuição investigatória, quanto aos crimes comuns, é exclusiva da polícia civil e, quanto aos crimes militares, é exclusiva da polícia militar. 
Para alguns autores o parágrafo único do artigo 4º (CPP) deixa entrever que essa competência atribuída à Polícia (investigar crimes) não lhe é exclusiva, nada impedindo que autoridades administrativas outras possam, também, dentro em suas respectivas áreas de atividades, proceder a investigações, dentre dessa linha podemos citar Mirabete: 
Os atos de investigação destinados à elucidação dos crimes, entretanto, não são exclusivos da polícia judiciária, ressalvando expressamente a lei a atribuição concedida legalmente a outras autoridades administrativas (artigo 4º., do CPP). Não ficou estabelecido na Constituição, aliás, a exclusividade de investigação e de funções da Polícia Judiciária em relação às polícias civis estaduais. Tem o Ministério Público legitimidade para proceder investigações e diligências, conforme determinarem as leis orgânicas estaduais.
Conforme deixa claro o parágrafo único, os atos de investigação destinados à elucidação dos crimes não são exclusivos da polícia judiciária, ressalvando-se expressamente a atribuição concedida legalmente a outras autoridades administrativas. Tem o Ministério Público legitimidade para proceder a investigações e diligências conforme determinarem as leis orgânicas estaduais. 
No dia 7 de dezembro de 1998, a 2ª Turma julgou o HC 77.770-SC, relatado pelo Ministro NÉRI DA SILVEIRA, onde, mais uma vez, a Corte Suprema decidiu no sentido da ampla liberdade de investigação do Ministério Público. Consta do respectivo acórdão: 
Com apoio no art. 129 e incisos, da Constituição Federal, o Ministério Público poderá proceder de forma ampla, na averiguação de fatos e na promoção imediata da ação penal pública, sempre que assim entender configurado ilícito. Dispondo o promotor de elementos para o oferecimento da denúncia, poderá prescindir do inquérito policial, haja vista que o inquérito é procedimento meramente informativo, não submetido ao crivo do contraditório e no qual não se garante o exercício da ampla defesa.
A Carta Magna de 1988 atribuiu algumas prerrogativas ao ministério público como a participação na persecução penal, pois lhe é conferido o poder de requisitar diligências investigatórias, requisitar a instauração de inquérito policial, exercer o controle externo da atividade policial, entre outras, tudo devidamente assentado nos artigos 127, 129 da CF, Lei Complementar Estadual e na Lei Complementar n. 75/93 que em seu artigo 8., confere a atribuição de notificar testemunhas e requisitar sua condução coercitiva, no caso de ausência injustificada, requisitar informações exames, perícias e documentos às autoridades da Administração Pública direta e indireta, requisitar documentos informações e documentos a entidades privadas, realizar inspeções e diligências investigatórias e expedir notificações e intimações necessárias aos procedimentos e inquéritos que instaurar, salutar para o efetivo exercício da ação penal; que depende de um trabalho direto aos instrumentos e meios investigativos para a melhor colheita de elementos que revele com certeza a existência da materialidade do crime e de seu executor.
Com este conjunto de atribuições alguns doutrinadores e juristas, entende-se que é implícita a legitimidade do Ministério Pública na presidência da persecução criminal, ou seja, alguns estudiosos do direito tem admitido a possibilidade de a investigação criminal ser realizada pelo Ministério Público, aduzindo que o artigo 4. do Código de Processo Penal não deu exclusividade neste mister para policia judiciária.
3. Corrente desfavorável à investigação direta pelo ministério público 
Por outro lado há outra corrente que anuncia que a constituição atribui como função institucional ministerial, a promoção da ação penal, do inquérito civil público e da ação civil pública, restando apenas à força legal para requisitar a instauração do Inquérito policial e não para presidi-lo. 
Preleciona ainda o artigo 47 do Código de Processo Penal: “Se o Ministério Público julgar necessários maiores esclarecimentos e documentos complementares ou novos elementos de convicção, deverá requisitá-los, diretamente, a quaisquer autoridades ou funcionários que devam ou possam fornecê-los”. 
Neste sentido o Supremo Tribunal Federal, em decisão no RHC 81.326-7, decretou categoricamente a total impossibilidade do Ministério Público de realizar e presidir inquérito policial, na forma da ementa e alguns trechos do referido decisium a seguir transcritos:
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. MINISTÉRIO PÚBLICO. INQUÉRITO ADMINISTRATIVO. NÚCLEO DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL/DF. PORTARIA. PUBLICIDADE. ATOS DE INVESTIGAÇÃO. INQUIRIÇÃO. ILEGITIMIDADE.(...) 
A Constituição Federal dotou o Ministério Público do poder de requisitar diligências investigatórias e a instauração de Inquérito policial (CF, art. 129, VIII). A norma constitucional não contemplou a possibilidade do parquet realizar e presidir inquérito policial. Não cabe, portanto, aos seus membros inquirir diretamente pessoas suspeitas de autoria de crime. Mas requisitar diligência nesse sentido à autoridade policial.(STF - RHC 81.326-7 - Relator Ministro Nelson Jobim – D.J. 01.08.2003).
O Ministro Marco Aurélio consignou textualmente no Recurso Extraordinário de n. 233.072-4 RJ, que: “O Ministério Público não pode fazer investigação, porque ele será parte na ação penal a ser intentada pelo Estado e, também, não pode instaurar um inquérito no respectivo âmbito”.
O Ministério Público Federal, através do subprocurador da República, emitiu parecer datado de 26.11.1998, perante o Superior Tribunal de Justiça, no RHC de n. 8106/DF, lavra do procurador Jair Brandão de Souza Meira, desta forma opinou, in verbis:
(...) Em princípio, pode o Ministério Público dispensar Inquérito Policial, quando lhe são encaminhadas peças de informação suficientes podendo ainda requisitar diligências necessárias, para o oferecimento da denúncia. Contudo, no caso sub judice, verifica-se um extrapolamento das funções institucionais do Ministério Público, ao substituir à Polícia Judiciária, formulando a investigação e a denúncia, (...).
O acórdão também unânime proferido pela 2ª. Turma do STF no RO nº. 81.326-DF pelo relator Ministro NELSON JOBIM, tendo também votado os Ministros CARLOS VELLOSO e GILMAR MENDES. Consta na ementa: 
A Constituição Federal dotou o Ministério Público do poder de requisitar diligências investigatórias e ainstauração de inquérito policial (CF, art. 129, III). A norma constitucional não contemplou a possibilidade do parquet realizar e presidir inquérito policial. Não cabe, portanto, aos seus membros inquirir diretamente pessoas suspeitas de autoria de crime. Mas requisitar diligência nesse sentido à autoridade policial. Precedentes. O recorrente é delegado de polícia e, portanto, autoridade administrativa. Seus atos estão sujeitos aos órgãos hierárquicos próprios da Corporação, Chefia de Polícia, Corregedoria. Recurso conhecido e provido. (grifamos) Convém ressaltar que o STF e o STJ se limitaram a tratar da questão da notificação do Delegado para depor junto ao Ministério público, não se manifestando sobre o pedido de declaração de ilegalidade na instauração do respectivo procedimento administrativo.
O Ministério Público, em si, é parte e não atua no campo da percepção criminal como fiscal da lei. E, sendo parte, deve ser preservada a postura de parte. É inconcebível que se chegue à conclusão de que o Ministério Público deva, ele próprio, atuar como parte e, também, como órgão investigador das circunstâncias de um possível crime.
4. Conclusão
Como podemos evidenciar há duas correntes contraditórias, uma defendendo que o ministério público pode presidir inquérito policial e outra defendendo que o parquet não tem legitimidade para conduzir diretamente as investigações.
Mesmo com fortes argumentos favoráveis notamos que o Ministério Público é ilegítimo para presidir inquérito, pois não haveria imparcialidade do membro do Parquet quando do oferecimento da denúncia. Além disso, do ponto de vista constitucional, é possível afirmar a impossibilidade de o Ministério Público investigar por conta do preceito do artigo 144 da Constituição Federal que atribui à polícia federal exercer com exclusividade as funções de polícia judiciário da união. Nesse sentido “cuida-se de função exclusivamente atribuída pela Constituição Federal à Polícia Federa l”. Essa corrente funda-se em uma interpretação gramatical do art. 144. da CF, segundo o qual somente às Polícias cumpriria tal missão.
Além disso, se percorremos todos os incisos do art. 129 define que define as funções institucionais do Ministério Público não encontraremos nada que autorize os membros da instituição a proceder à investigação diretamente. Da mesma forma dentre as funções previstas para o Ministério Público não foi previsto o poder de investigar, pois em momento algum o texto constitucional menciona sobre a possibilidade de investigação pelo Ministério Público quando menciona suas atribuições. Desta maneira conclui-se pela ilegitimidade do ministério público de presidir o inquérito policial.

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