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Universidade de São Paulo Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade Departamento de Administração Restaurante FAU Daniela Lie Yamato – 10317068 João Huber – 9325392 Julia Mizue Nakata – 10826726 Julio Ferradans – 8538182 Gabriel Costa Ribeiro Brito – 9322861 Letícia Frizzarini – 10268085 Mariah Montenegro – 9425977 Patricia Emy Kanô – 10393377 Trabalho apresentado como pré-requisito da EAD0762 – Fundamentos de Excelência em Operações Prof. Dr. Paulo Tromboni de Souza Nascimento e Prof. Dr. Leonardo Augusto de Vasconcelos Gomes São Paulo 2018 2 SUMÁRIO RESUMO .......................................................................................................................... 3 1 A EMPRESA ................................................................................................................. 3 2 PROCESSO PRODUTIVO ........................................................................................... 4 2.1 Pedido e estocagem .................................................................................................... 4 2.2 Preparo ........................................................................................................................ 4 2.3 Self-service ................................................................................................................. 4 2.4 Lanchonete .................................................................................................................. 5 2.5 Limpeza ...................................................................................................................... 5 2.6 Controles ..................................................................................................................... 5 3 IDENTIFICAÇÃO E ESCOLHA DO PROBLEMA .................................................... 5 4 MAPEAMENTO DO PROCESSO ............................................................................... 6 6 PDCA ............................................................................................................................. 8 6.1 O problema ................................................................................................................. 8 6.2 Diagrama de Ishiikawa ............................................................................................... 9 6.3 Teste de Hipóteses .................................................................................................... 11 6.4 Plano de ações .......................................................................................................... 14 6.4.1 Ações propostas ..................................................................................................... 14 6.4.2 Viabilidade financeira ............................................................................................ 15 6.4.3 Indicadores propostos ............................................................................................ 16 7 MAPEAMENTO DO NOVO PROCESSO ................................................................ 17 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 19 8.1 Limitações ................................................................................................................ 19 8.2 Lições aprendidas ..................................................................................................... 19 3 RESUMO O presente estudo tem como objetivo identificar um problema, apontar suas causas e propor soluções para resolvê-lo. Para isso, foram aplicados os conhecimentos adquiridos ao longo da disciplina de operações organizacionais, que incluem o uso das ferramentas PDCA e MASP, o manuseio do software Bizagi para fins de mapeamento de processos, e a definição de indicadores. Adicionalmente, foram organizadas três visitas à organização durante os meses de setembro e novembro a fim de conhecer de maneira mais profunda os processos e a realidade do Restaurante para aumentar a assertividade do diagnóstico realizado. Assim, o problema selecionado foi o das grandes filas durante o horário de almoço no self-service do Restaurante FAU. Com apoio neste conjunto de ferramentas, foram identificadas 5 causas principais para esta questão: insuficiência de mão de obra; reposição de utensílios e alimentos; pesagem e pagamento; disposição de alimentos; e espaço físico pequeno. Estas são melhor detalhadas ao longo do trabalho, juntamente com a proposição de ações para saná-las. 1 A EMPRESA O Restaurante FAU, empresa objeto de estudo do presente trabalho, é uma microempresa comercial, uma vez que vende suas mercadorias diretamente ao consumidor. Esta faz parte do ramo de alimentação, estando incluída mais especificamente no setor de alimentação fora de casa ou, como é popularmente conhecida, bares e restaurantes. Esta organização surgiu em 2005 e conta com a colaboração de um quadro de vinte funcionários, sendo estes: 2 chapeiros e 1 ajudante de chapeiro, 1 cozinheiro e 1 ajudante de cozinha, 6 balconistas, 2 caixas, 2 auxiliares, 1 repositor de self-service e 4 gerentes. Juntos, os colaboradores trabalham a fim de prestar a melhor experiência para o consumidor ao adquirir os produtos e serviços oferecidos pelo estabelecimento. A empresa trabalha com dois modelos distintos de atendimento ao cliente. De um lado, há o self-service, que funciona exclusivamente no período de almoço (entre 11h00 e 15h00), em que o próprio consumidor escolhe dentre uma variedade de opções de comida e se serve, pesando seu prato e pagando ao final. Do outro, há uma lanchonete, que opera o dia todo (07h40 – 20h40) por meio de pedidos. Neste processo, o cliente faz o seu pedido no caixa e retira o pedido no balcão. Na lanchonete é oferecida uma variedade de alimentos e bebidas, que engloba, entre outros, lanches, pratos feitos, doces, salgadinhos, e bebidas frias e quentes. 4 O Restaurante FAU está localizado no Campus da USP de São Paulo e atende, principalmente, ao público de alunos e funcionários da instituição. Deste modo, sua concorrência engloba toda a gama de lanchonetes e restaurantes existentes nesta área, que totalizam aproximadamente 50, como os Restaurantes Universitários (Bandejões) Central, da Física, das Químicas e o PUSC-P, o Restaurante Sweden, Restaurante da Poli, Lanchonete do CAC. Para se destacar entre os concorrentes e garantir seu sucesso, a empresa busca garantir a qualidade de seus produtos e serviços a um preço justo para o cliente. 2 PROCESSO PRODUTIVO 2.1 Pedido e estocagem Segundo o gerente do Restaurante, o processo começa com os pedidos aos fornecedores. Há uma pessoa responsável pelo estoque, que verifica diariamente as quantidades dos produtos e, conforme necessário, realiza os pedidos. Não há um método específico para a realização dessa tarefa. Os principais fornecedores são os de bebidas e hortifrúti (ingredientes frescos diários). O pedido aos fornecedores é realizado através do telefone por meio do contato direto. Quando os produtos são entregues, há uma pessoa responsável pela verificação da entrega. Nesta parte do processo, o gerente afirma que existe um problema recorrente de erros nas entregas dos fornecedores. Após a verificação, os produtos seguem para o estoque interno, que é composto por prateleiras e pallets. A organização procura estocar a quantidade mínima possível de cada produto. Porém, assim como na etapa anterior, também não existe nenhum tipo de método específico de controle e definição de quais são estas quantidades. 2.2 Preparo Do estoque, os produtos vão direto paraa cozinha. Sempre no começo do expediente, diariamente, é feito um pré-preparo dos ingredientes que serão utilizados. Neste momento há uma bifurcação dos preparos: uma parte vai para a produção do almoço Self-Service e a outra parte vai para a preparação dos lanches que serão vendidos na lanchonete. 2.3 Self-service O self-service funciona durante o horário do almoço, entre às 11h e 15h. Os produtos são colocados em um carro térmico de self-service, em que ficam à 5 disposição dos clientes. Conforme estes chegam, formam uma fila para se servirem e, uma vez servidos, dirigem-se até a balança para pesar o prato e realizar o pagamento, que é feito de acordo com a peso. Feito o pagamento, o cliente escolhe uma mesa para se sentar e comer e, em seguida, termina sua experiência no restaurante. 2.4 Lanchonete A lanchonete, por outro lado, funciona durante todo o expediente. Os clientes se dirigem ao caixa (onde esperam sua vez em fila), fazem seu pedido e pagam por ele. Se o pedido for um salgado ou doce, este já estará preparado e pronto para o consumo, o cliente só precisa se dirigir ao balcão, onde irá retirá-los. Contudo, os lanches e pratos feitos são preparados de acordo com os pedidos. Nestes casos, os pedidos são levados à cozinha por meio de anotação em comandas numéricas de papel. Quando prontos, os clientes fazem a retirada no balcão. 2.5 Limpeza A medida em que os clientes saem, seja após consumo no self-service ou na lanchonete, um funcionário limpa as mesas, de forma periódica, durante o horário de almoço para que estejam sempre limpas para os próximos consumidores. Ao fim do expediente, é feita a limpeza geral tanto cozinha quanto do salão. 2.6 Controles Segundo um dos gerentes, ainda, o controle do fluxo de caixa atual e futuro é realizado, mas não foi detalhado o método segundo o qual este processo ocorre. Já o controle de vendas é feito através de anotações em um caderno. 3 IDENTIFICAÇÃO E ESCOLHA DO PROBLEMA Analisando o funcionamento do restaurante e avaliando a conversa realizada com um dos gerentes, foram observados dois grandes problemas: fila no self-service e erros nas entregas. A fila no self-service ocorre em decorrência do grande fluxo de clientes no período do almoço. As cubas em que os alimentos são dispostos acabam se tornando um gargalo, já que são poucas ou pequenas para a quantidade consumida pelos clientes. Isto faz com que o fluxo fique lento, acarretando em uma longa fila. Ao passo que o segundo problema apontado, os erros nas entregas dos fornecedores, que prejudicam o estoque do restaurante, acontecem por conta dos próprios fornecedores escolhidos pela gerência. 6 Pensando nestas falhas, optou-se por trabalhar, neste estudo, com o problema relacionado à fila do self-service. Esta escolha se deu não só por ser um fenômeno recorrente, que afeta diretamente a satisfação dos clientes, mas também por ser fácil observar quando e porque ocorre de modo a possibilitar sua mensuração. Os erros dos fornecedores são importantes, mas não é um problema do processo em si, por isso não será trazido como foco principal desse trabalho. O restaurante vende os alimentos produzidos no próprio estabelecimento. Contudo, existem também serviços envolvidos na entrega do produto relacionados ao atendimento dos funcionários (no caixa e no balcão) e em toda a experiência que o consumidor vivência naquele ambiente. Neste sentido, uma das principais características de um restaurante desse modelo é a agilidade, pois o consumidor se serve de uma comida já pronta e a consome. Se tiver que enfrentar uma demora muito grande, ele pode não voltar ou até mesmo desistir da compra. Considerando, ainda, que os principais clientes são alunos e funcionários da USP que possuem um tempo de almoço determinado, é extremamente importante pensar na questão do tempo. É interessante notar que o gerente tem conhecimento sobre os horários de pico, mas não possui dados que mensuram este problema. Seria interessante saber, por exemplo, quanto tempo é gasto pelo consumidor desde quando ele chega até se sentar para comer, ou a média de clientes por dia, e, a partir disso, pensar em como resolver o problema. 4 MAPEAMENTO DO PROCESSO O problema das grandes e demoradas filas acontece no self-service. Assim, mapeou-se todo o processo que engloba o self-service (Figura 1). Isto foi feito com o objetivo de facilitar o desenvolvimento do trabalho no que diz respeito à identificação do gargalo e suas possíveis soluções. 7 Figura 1: Mapeamento de processo Fonte: Elaborado pelos autores. 8 5 PDCA Com o objetivo de solucionar o problema selecionado, as filas no self-service do Restaurante FAU, utilizou-se o método do PDCA com auxilio das técnicas de MASP. PDCA se refere a quatro importante ações relacionadas ao ciclo de gerenciamento da qualidade de um processo, sendo elas: Planejar (P, do inglês “plan”), Executar (D, do inglês “do”), Controlar (C, do inglês “check”) e Agir (A, do inglês “action”). O MASP auxilia o desenvolvimento de cada uma destas etapas. No planejamento, é feita a identificação do problema, a análise de suas potenciais causas e a elaboração de um plano de ação para bloqueá-las. Na fase seguinte, de execução, implementa-se o plano de ação. Para controlar, é feita a verificação dos resultados obtidos. Por fim, a ação envolve o desenvolvimento de correções para implementação e o atingimento do objetivo final. 5.1 O problema Dentre os produtos e serviços oferecidos pelo Restaurante FAU, o self-service é o que traz os maiores resultados. Como o problema da fila ocorre exatamente durante o serviço da comida self-service, tem grande relevância para a empresa, uma vez que afeta a experiência do cliente no estabelecimento. Além disso, dado o perfil dos clientes, caracterizado por alunos e funcionários da USP, é possível inferir que estes prezam pela agilidade deste processo já que são pessoas que possuem intervalos determinados e curtos de almoço. A fim de explorar com maior profundidade o problema em questão e a sua dinâmica, elaborou-se uma análise 5W1H. Esta sistemática permite analisar com maior clareza o problema e as suas causas, sendo que a sigla 5W1H se refere a seis perguntas: what? (o quê?), who? (quem?), where? (onde?), when? (quando?), why? (por quê?) e o 1 how (como?). O quê: longas e demoradas filas no self-service. Onde: o problema se encontra no subprocesso de self-service em todas as etapas que vão desde o posicionamento do cliente na fila até a pesagem do prato (Figura 2). Figura 2: Parte do processo em que o problema das filas ocorre. Fonte: Elaborado pelos autores. 9 Quando: as filas se tornam um problema para o desenvolvimento do processo durante o horário de pico, no período do almoço, que acontece das 12:20 às 13:00. Por quê: o problema ocorre pela combinação de diversos fatores, entre eles, o baixo número de funcionários trabalhando na reposição de utensílios e alimentos e no caixa, ociosidade de equipamento (uma das balanças não é usada), e a disposição dos espaços destinados ao self-service em si e ao caixa se atrapalham, afetando o andamento da fila um do outro. Quem: a gestão é responsável pela alocação das funções de cada funcionário de modo que, uma vez existindo colaboradores ociosos, deve ser feita uma realocação de tarefas. Os funcionários, por sua vez, são responsáveis pela reposição dos utensílios para uso pelos clientes (pratos e talheres) e dos alimentos nas cubas, bem como pela pesagem do prato e pelo processo de pagamento. Como: por conta das causas já citadas, osclientes acabam demorando mais para se servir (seja por falta de alimento e/ou talheres que estão em processo de reposição, seja por ter que esperar outro se servir antes) e/ou pesar e pagar pelo prato feito. O processo de se servir em um restaurante self-service é em cadeia de modo que um afeta o outro, ou seja, o tempo gasto por um cliente afeta todos os que estão atrás dele, assim, quando há alguma falha que contribui para aumentar o tempo despendido nesta atividade e parar a fila, os demais clientes também são afetados, levando a um problema mais amplo e impactante. 5.2 Diagrama de Ishiikawa O primeiro passo foi elaborar um diagrama de causa e efeito (Figura 3) para elencar hipóteses de fatores que fazem com que o problema ocorra. As hipóteses foram levantadas em uma sessão de brainstorming e, em seguida, agrupadas em cinco grupos conforme afinidade das categorias: (1) Mão de Obra: mão de obra insuficiente e falta de comunicação; (2) Matéria Prima: reposição de utensílios e reposição de alimentos; (3) Máquina: pesagem; (4) Método: pagamento e distribuição dos alimentos; (5) Meio Ambiente: espaço físico pequeno. A partir do agrupamento das hipóteses feito no Diagrama de Ishiikawa, foram feitas análises a respeito de como a hipótese está relacionada ao problema em questão, ou seja, de que forma cada uma das causas listadas contribuem para a ocorrência das grandes filas no restaurante self-service. 10 Figura 3: Diagrama de Ishiikawa Fonte: Elaborado pelos autores. Acredita-se que existam poucos funcionários responsáveis pelo processo de self- service, que atualmente são três, o que acarreta em sobrecarga de atividade, podendo afetar o desempenho de suas atividades e contribuir para as longas filas, por isso identificou-se a possibilidade da mão de obra ser insuficiente e ser uma das causas para a formação das filas. Como não existe nenhum sistema de comunicação entre os funcionários além da informalidade, pensou-se que falhas e lentidão neste processo poderiam ser recorrentes e acabar causando as filas, uma vez que se o garçom não avisa rapidamente que acabou determinado alimento em uma gôndola, os cozinheiros não sabem quando preparar mais e nem quando disponibilizar mais alimentos para reposição. Outra suposição é de que a reposição de utensílios e de alimentos seja um processo demorado o suficiente para causar as filas. Ademais, como as cubas do self-service parecem pequenas se comparadas a outros estabelecimentos do mesmo ramo na região, apontou-se este fator como possível causa, já que por comportar uma quantidade menor de alimento, as reposições deveriam acontecer com maior frequência, impactando o andamento da fila. Também foram apontados o tempo de pesagem e pagamento, que, por ser demorado, contribui para a formação de filas; a disposição dos alimentos, que é feita em duas fileiras diferentes de modo que o mesmo cliente precise passar por ambas e, assim, contribua para que a fila fique parada por mais tempo; e o espaço físico limitado, que pode causar conflitos de espaço durante o processo e gerar as filas. MÃO DE OBRA MATÉRIA PRIMA MÁQUINA MÉTODO MEIO AMBIENTE MÃO DE OBRA INSUFIENTE FALHA NA COMUNICAÇÃO ENTRE FUNC. REPOSIÇÃO DE UTENSÍLIOS REPOSIÇÃO DE ALIMENTOS BALANÇAS USADAS PARA PESAGEM DISPOSIÇÃO DOS ALIMENTOS EM DUAS FILEIRAS PROCESSO DE PAGAMENTO ESPAÇO FÍSICO LIMITADO POUCAS E PEQUENAS CUBAS FILA NO SELF-SERVICE 11 5.3 Teste de Hipóteses Em seguida, foram propostas medidas a serem tomadas a fim de verificar a probabilidade real de que determinada causa esteja realmente relacionada ao problema. A partir da realização destes testes, a probabilidade das causas foi avaliada e determinada entre pouco provável (PP), provável (P) e muito provável (MP.), conforme descrito abaixo (Tabela 1). (1) Mão de obra insuficiente: observando o movimento do restaurante no horário de almoço, pôde-se observar que mesmo em momentos de pico, os quatro garçons responsáveis pela entrega de bebidas e pratos feitos da lanchonete, que não fazem parte do self-service, não auxiliam os dois garçons do self-service mesmo quando não há clientes para serem servidos. Isto sobrecarrega os funcionários do self- service, responsáveis por executar a pesagem e o pagamento, bem como fazer a reposição de talheres e utensílios. Além disso, a pesagem do prato e o pagamento são feitos antes do consumo e, apesar de haverem duas balanças, apenas uma pessoa realiza esta tarefa. Dessa forma, apesar de haver uma máquina para auxiliar e otimizar esta etapa do processo, seu potencial não é totalmente utilizada devido à não alocação de uma pessoa para operá-la. Esse fato acaba fazendo com que a fila inteira tenha que parar muitas vezes para que a aglomeração no caixa diminua. Pensando nisto, esta causa foi classificada como MP. (2) Falha na comunicação entre funcionários na área do self servisse e funcionários da cozinha: durante a observação da atividade do restaurante, dando especial atenção para a comunicação entre os funcionários nos diferentes ambientes, este fator não foi verificado, por isso foi classificado como PP. (3) Reposição de Utensílios e Alimentos: existe uma funcionária responsável pela observação das gôndolas e reposição de comida e utensílios (como talheres e pratos). Durante a visita, observou-se, por exemplo, que no horário de pico faltaram pratos duas vezes e, consequentemente, a fila aumentava, atrasando assim todo o andamento do self-service, de maneira que os espaços com as cubas de alimentos ficassem livres ao mesmo tempo em que, pela falta de acesso aos pratos pelos clientes, o andamento da fila ficava rompido. Com isso, a média de tempo em que a fila permanecia parada por conta de falta de alimento ou utensílios foi de 2 minutos, tempo necessário para que a funcionária pudesse repor o produto ou item faltante. Portanto, esta hipótese foi classificada como MP. 12 (4) Poucas e pequenas cubas de alimento: incialmente, observou-se que o tamanho das cubas de alimento parecia pequeno. No entanto, em uma segunda visita, percebeu-se que outros fatores como a forma de disposição dos alimentos e a quantidade de talheres dispostos para pegar alimentos acabaram afetando mais o andamento da fila do que esse fator, que foi classificado como PP. (5) Tempo de pesagem e pagamento: durante o horário de pico, uma das razões pelas quais a fila fica parada é a demora no processo de pesagem e pagamento. Isto pôde ser comprovado quando, mesmo sem fila, ao chegar um grupo de 4 pessoas, uma aglomeração no caixa foi formada, atrapalhando a passagem. O tempo de pesagem e pagamento é crucial para a fluidez da fila, já que, uma vez que não existe um espaço considerável entre as cubas de alimento e o caixa, os clientes da fila do caixa que já finalizaram sua escolha de alimentos, mas ainda não pagaram, têm de ocupar o espaço da fila do self-service para esperar sua vez de executar o pagamento no caixa. Sem filas, o tempo médio de execução deste processo é de 34 segundos por cliente, ao passo que, com filas, este valor sobe para 53 segundos por cliente (aumento de 55%). Levando isso em consideração, a causa é MP. (6) Disposição dos alimentos: mesmo havendo duas filas, os alimentos dispostos em cada lado dos expositores de alimento são diferentes e, para cada porção de alimento, há somente 1 talher. Portanto, somente um pode pegar cada alimento por vez, desencadeando no descompasso entre clientes de filas opostas, por que um precisa esperar o outro (do lado oposto) se servir, para que, então, possa se servir. Desta forma, as filas acabam demorandoum tempo extra. Em média cada cliente demora 47 segundos para escolher a comida (dado observado durante a visita, e calculado com base na média que os clientes têm de esperar para que o cliente do lado oposto de sua fila possa se servir). Assim, esta causa foi classificada como P. (7) Espaço físico pequeno: a pesagem e pagamento do self-service é feita muito próxima ao espaço onde estão dispostas as cubas e ao ambiente da lanchonete. Isto acarreta em uma aglomeração de pessoas que já pegaram todos os alimentos do self-service, mas que não saem do espaço de disposição dos alimentos por ter de esperar a fila do caixa, que em geral é mais demorada. Ou seja, o fato de não ter uma metragem extra de 3,5 metros de distância entre o caixa e o local onde os alimentos do self-service ficam expostos, acaba resultando em mais filas no self- service. Por isso, esta hipótese foi classificada como MP. 13 Tabela 1: Análise da probabilidade das causas. Fonte: Elaborado pelos autores. Causas Descrição Teste Probabilidade Mão de obra insuficiente Mão de obra insuficiente, sobrecarga dos funcionários - Observação da movimentação dos funcionários durante o horário do self-service MP Falha na comunicação A comunicação ineficiente atrasa a preparação e reposição dos alimentos - Observar como é realizada a comunicação entre salão e cozinha PP Reposição de utensílios Demora ao repor os utensílios (pratos e talheres) limpos para uso - Medir o tempo de reposição e o tempo em que a fila fica parada por conta disso MP Reposição de alimentos Demora ao repor os alimentos que acabam/estão para acabar - Medir o tempo de reposição e o tempo em que a fila fica parada por conta do problema MP Poucas e pequenas cubas de alimentos Cubas pequenas comportam menor quantidade de alimentos, necessitando mais reposições - Analisar se são feitas reposições excessivas PP Pesagem Existem duas balanças para pesagem, mas, na maior parte do tempo apenas uma é usada, aumentando o tempo de espera para pesar, pagar e sair da fila - Medir tempo de demora para pesagem MP Pagamento O pagamento realizado na fila atrasa o fluxo da fila - Medir tempo demora para pagamento P Disposição do alimento A disposição de muitos alimentos em um mesmo espaço (espaço) faz com que o cliente demore muito tempo em um mesmo lugar - Medir o tempo que o cliente fica em uma mesma cuba (para pegar o alimento e os temperos que ficam em cima) e o tempo em que a fila fica parada por conta disso P Espaço físico pequeno O espaço físico pequeno limita a organização das atividades e alocação das cubas, balança e caixa. - Analisar conflitos de espaços MP 14 5.4 Plano de ações 5.4.1 Ações propostas Uma vez definido o nível de probabilidade de cada uma das possíveis causas, foram identificadas as principais e que deveriam ser priorizadas, sendo aquelas classificadas como MP e P (Tabela 2). Isto feito, foram propostas diferentes ações com o objetivo de eliminá-las para, assim, eliminar o problema. (1) Mão de obra insuficiente: esta causa se dá pela má alocação dos funcionários. Logo, a realocação de ao menos um funcionário do balcão para o self-service para auxiliar na pesagem e pagamento ou checagem e reposição de utensílios e comida, durante os horários de pico, ajudaria na diminuição das filas e na sobrecarga dos outros funcionários. Adicionalmente, seria benéfico flexibilizar um pouco as funções. (2) Reposição de utensílios e alimentos: para impedir que esta causa ocorra, faz-se duas sugestões. A primeira delas seria realocar um dos funcionários do balcão para auxiliar a funcionária responsável pela checagem e reposição de utensílios e alimentos. A outra seria uma rotação de tarefas para que a atual funcionária não se canse da atividade, levando mais tempo para desempenhá-la, de forma a manter todos motivados. (3) Tempo de pesagem: como solução para esta causa, aponta-se para o funcionamento das duas balanças durante os horários de pico, que possibilitaria desafogar a fila para pesagem e posterior pagamento, dividindo-a em dois caixas. (4) Tempo de pagamento: uma máquina de cartão a mais para processar os pagamentos também tornaria o processo mais ágil, pois possibilitaria que dois clientes pagassem quase que simultaneamente, dobrando a produtividade. (5) Disposição dos alimentos: a simples adição de mais um talher em cada recipiente de alimento nas cubas, resolveria esta causa, uma vez que, com isso, os clientes em ambas as filas conseguiriam se servir ao mesmo tempo, reduzindo o tempo em que a fila permanece parada por conta disso. (6) Espaço físico pequeno: a aglomeração gerada pela proximidade entre o local de pesagem e pagamento e a área de exposição do self servisse pode ser resolvida pelo distanciamento dessas duas áreas em mais 2 metros. Assim, os cliente que estão à espera para passar no caixa não atrapalhariam a fluidez da fila do self- service. 15 Tabela 2: Causas a serem priorizadas (classificadas como MP ou P) Fonte: Elaborado pelos autores. 5.4.2 Viabilidade financeira Quando levamos em consideração as soluções propostas para as causas, percebe- se que as ações afetam muito pouco o financeiro, mas mudam a maneira que a operação ocorre. Por exemplo, a flexibilização das funções apenas mudaria as atividades dos funcionários que já trabalham no restaurante. Não seriam contratados novos funcionários e não haveria um treinamento, apenas uma rotação. Com relação às balanças, é a mesma coisa, dado que o restaurante já possui as duas, trata-se apenas uma questão de mudar a maneira que a pesagem é feita atualmente, com apenas uma balança, passando a usar a capacidade total e aumentando a produtividade. Como já dito, assim seria possível sanar a mão de obra insuficiente e a reposição de utensílios e alimentos, sem fazer investimentos. A respeito de colocar mais talheres nas cubas, é um pouco diferente, já que seria necessário comprar mais utensílios. Entretanto, considerando que o restaurante tem um faturamento mensal médio de R$ 60 mil, e que os talheres utilizados para pegar os alimentos custam, em média, R$ 10,00 cada. Como são 20 cubas no total, seriam gastos Causas Descrição Probabilidade Mão de obra insuficiente Mão de obra insuficiente, sobrecarga dos funcionários MP Reposição de utensílios Demora ao repor os utensílios (pratos e talheres) limpos para uso MP Reposição de alimentos Demora ao repor os alimentos que acabam/estão para acabar MP Pesagem Existem apenas duas balanças para pesagem, além disso, na maior parte do tempo apenas uma é usada, aumentando o tempo de espera para pesar, pagar e sair da fila MP Pagamento O pagamento realizado na fila atrasa o fluxo da fila P Disposição do alimento A disposição de muitos alimentos em um mesmo espaço (espaço) faz com que o cliente demore muito tempo em um mesmo lugar P Espaço físico pequeno O espaço físico pequeno limita a organização das atividades e alocação das cubas, balança e caixa. MP 16 R$ 200,00. Este investimento seria muito baixo para calcular o VPL, além de que o payback é de um mês. Junto da flexibilização das funções, esse pequeno investimento resolveria a disposição dos alimentos, que contribui para a formação das filas de espera. Em última instância, a questão do espaço físico é a mais complicada. Por mais que pareça simples mudar a posição das cubas, das balanças e do local de pagamento, essa ação não depende apenas do restaurante. Isso porque o espaço físico pertence à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), e a operação do restaurantenão pode exceder o espaço concedido. Portanto, esta ação tem a sua viabilidade atrelada a uma decisão da FAU de fornecer ou não um espaço maior para o restaurante diminuir a aglomeração na sua operação. Por falta de acesso às negociações entre o restaurante e a faculdade, no presente momento, a questão fica em aberto. Em termos gerais, além das mudanças no espaço físico, todas as ações propostas parecem viáveis, principalmente, tendo em vista o impacto gerado pela solução do problema aqui estudado, as filas do self-service no Restaurante FAU. Neste sentido, uma vez aplicadas as referidas ações e sanado o problema, a tendência é de que a quantidade de clientes atendida cresça, aumentando o faturamento, e que a qualidade do serviço prestado melhore, deixando o cliente mais satisfeito e aumentando as chances de fidelização. 5.4.3 Indicadores propostos Para avaliar o impacto das ações apontadas, uma vez aplicadas, sugere-se a aplicação de alguns indicadores, sendo estes: (a) tempo médio de espera na fila. (b) quantidade de clientes atendidos; (c) tempo de reposição dos alimentos nas cubas e utensílios. O primeiro deve ser medido pela cronometragem do tempo que o cliente leva desde o momento em que entra na fila para se servir no self-service até o momento em que é atendido no caixa. O tempo médio de duração deste processo por cliente atualmente é de 3min40s. Se as ações foram assertivas, o ideal é que este número diminua. O segundo procura avaliar o impacto gerado pela solução do problema na atividade do estabelecimento por meio da contagem dos clientes atendidos durante o almoço mês a mês, sendo que a situação esperada é que a quantidade aumente ou, pelo menos, permaneça estável. O último se refere à medição do tempo de reposição dos alimentos nas cubas e dos utensílios, realizada pelos funcionários. O objetivo é verificar se a rotação da 17 atividades e/ou realocação dos funcionários, ajudou de fato na diminuição do tempo gasto nesta tarefa e no, consequente, período em que a fila fica parada por conta disto. 6 MAPEAMENTO DO NOVO PROCESSO Não houveram alterações no processo em si, porém, foi feita uma nova modelagem do processo (Figura 4), indicando quais etapas seriam afetadas pelas ações propostas. 18 Figura 4: Novo mapeamento de processos. Fonte: Elaborado pelos autores. 19 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 7.1 Limitações Ao longo do presente trabalho, o grupo teve três grandes dificuldades. Num primeiro momento, houve dificuldade em relação à escolha da empresa que seria objeto de estudo do trabalho. Assim, dado que quase todos os integrantes trabalham e/ou estagiam, inicialmente, optou-se pela empresa na qual um dos membros trabalha, no caso, um hospital. Contudo, como a abertura dos processos internos era baixa, foi preferível trabalhar com uma empresa conhecida de outro membro. No entanto, dado que sua localização era em Campinas, a coleta das informações tornou-se inviável. Deste modo, decidiu-se priorizar a localização da empresa e o nível de abertura dos seus processos, o que levou à escolha do Restaurante FAU. Já em um segundo momento, a identificação do problema apresentou-se como uma dificuldade, pois apesar de os gestores terem apontado diversos problemas durante os questionamentos conduzidos, que foram comprovados durante as visitas realizadas, as constatações eram errôneas, uma vez que muitos destes supostos problemas, na verdade, tratavam-se de causas relacionadas a um número bem menor deles. Além disso, uma vez selecionado o problema a ser estudado neste trabalho, a aplicação do ferramental oferecido em classe demandou especial atenção por parte dos membros do grupo, pois, apesar destas ferramentas serem facilitadoras para as atividades de gestão, ainda assim se apresentaram complexos, dado a pouca familiaridade dos autores do trabalho com o ferramental. 7.2 Lições aprendidas Ao fim deste trabalho obtivemos conhecimentos que podemos dividir em macro e micro. No que tange aos conceitos macro, avaliamos que houve um desenvolvimento no processo de comunicação e divisão de tarefas entre os membros do grupo no sentido de que foi preciso compreender todos os conceitos teóricos para que, antes de aplicá-los, houvesse um entendimento interno do que era mais assertivo dentro do trabalho, e aprender a dividir as tarefas para que todos contribuíssem e ninguém ficasse sobrecarregado. Ademais, também houve aprendizado em relação ao estabelecimento de comunicação com a empresa (no qual tivemos que levantar uma ponte entre o aprendido em sala com o que queríamos coletar de informações in loco, adequando a linguagem teórica à prática). 20 Já em relação ao conceitos micro, referimo-nos ao ferramental obtido em classe, ou seja, a ferramentas como o PDCA, MASP, diagrama de causa e efeito e 5W1H. Entendemos como micro, pois apesar de serem métodos e ferramentas que podem nos auxiliar em grande parte dos problemas de qualquer empresa, essas necessitam de atenção, de uma análise minuciosa dos processos e, em especial, de grande cuidado para que apresentem assertividade na busca de excelência no processo produtivo. Por fim, em relação à matéria como um todo, observamos que, apesar de em classe ela se apresentar muito mais prática, como por exemplo a aplicação de cases, somente com às adversidades encontradas no mundo real (mercado e/ou empresas), pudemos aperfeiçoar o que os conceitos teóricos têm a nos oferecer. Nesse sentido, há um entendimento de que apesar de cada caso ser algo em específico, há, na maioria das situações, soluções que podem nos auxiliar enquanto administradores, mas sempre respeitando e dando a devido cuidado em buscar nas suas especificidades a solução do problema.
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